conversa de beco escrita por yuanfen


Capítulo 18
In Quietude




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eu ando meio a meio

meio à esmo

meio à deriva

 

eu demorei mas

achei o nome

é inquietude

 

as palavras frequentemente me fogem

nunca parecem adequadas

nunca têm a exatidão

que eu procuro

 

já me são estranhas

estranhas que eu tenho a impressão

de um dia ter conhecido

 

mas nunca foram minhas

não são de ninguém

não são de se dominar

 

a palavra é o que a gente não consegue expressar em palavras

(é aquela que te escapa, fica na ponta da língua

e que você lembra um dia enquanto faz café

"eh, era essa!",

"espectro!")

 

eu flutuo por aí

translúcida

pensando pra que eu sirvo

qual a minha utilidade?

 

(o ser humano se esqueceu

de que é humano

cismou que é ferramenta

cismou que precisa ser útil,

precisa ter propósito)

 

a gente não é martelo

pra servir

a gente é gente

gente real, gente crua

de carne e osso

carbono

abstração

 

queria eu

viver sem propósito

ser útil pra mim

viver numa busca particular

ser ser apressada

sem ser cobrada

sem "mas" nem "se"

 

sem essa inquietude

que me empurra em direção

ao que é esperado de mim

 

mas eu divago, mais uma vez

 

 

 

 

 


(divagar,
era essa que eu queria)


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