conversa de beco escrita por yuanfen
eu ando meio a meio
meio à esmo
meio à deriva
eu demorei mas
achei o nome
é inquietude
as palavras frequentemente me fogem
nunca parecem adequadas
nunca têm a exatidão
que eu procuro
já me são estranhas
estranhas que eu tenho a impressão
de um dia ter conhecido
mas nunca foram minhas
não são de ninguém
não são de se dominar
a palavra é o que a gente não consegue expressar em palavras
(é aquela que te escapa, fica na ponta da língua
e que você lembra um dia enquanto faz café
"eh, era essa!",
"espectro!")
eu flutuo por aí
translúcida
pensando pra que eu sirvo
qual a minha utilidade?
(o ser humano se esqueceu
de que é humano
cismou que é ferramenta
cismou que precisa ser útil,
precisa ter propósito)
a gente não é martelo
pra servir
a gente é gente
gente real, gente crua
de carne e osso
carbono
abstração
queria eu
viver sem propósito
ser útil pra mim
viver numa busca particular
ser ser apressada
sem ser cobrada
sem "mas" nem "se"
sem essa inquietude
que me empurra em direção
ao que é esperado de mim
mas eu divago, mais uma vez
(divagar,
era essa que eu queria)
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