Coração que Cura escrita por Carolina Muniz


Capítulo 25
26


Notas iniciais do capítulo

Voltei :)



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× Capítulo 26 ×

Quando um ser humano é considerado morto: quando o cérebro não funciona ou quando o coração para de bater?

morte ainda era uma dúvida médica.

Para Ana - formada na escola da vida - o cérebro era realmente importante, mas o coração era o centro de tudo. Ela sabia daquilo porque por causa de um coração ela teve uma vida regada a medicina e impossibilidades. Então aquele bebê que não tinha um coração batendo, estava morto.

Grace ainda não havia escolhido o nome dele, e Ana nem havia pensado sobre aquele assunto para não fantasiar nada. Então, aquele serzinho que os médicos tentavam mais do que tudo trazer a vida, não tinha nome, não tinha uma identificação.

O que estaria escrito em sua ficha? Não havia sinais vitais, não havia um nome próprio, não havia mãe, não havia nada. 

Mas Ana podia ser alguma coisa para ele, não é? Ela podia ser um algo que ele não tinha. Ela mirava o bebê, mas não via de verdade, não conseguia se concentrar enquanto seus pensamentos funcionavam a mil por segundo.

— Conseguimos! - o grito da Drª Greene veio regado de felicidade e alivio.

Ana voltou a realidade, os pensamentos já se misturando, mas era possível ver e então ouvir. O bebê não estava mais tão roxo, ele estava ficando de um vermelho vivo, e cada vez mais pela força que fazia ao que os primeiros choros eram audíveis.

Era esganiçado e agudo, o que fez Ana se lembrar de uma mandrágora bebê em seu estado de letargia.

Ela não conseguia mais se concentrar em nada de verdade ali, e a enfermeira ao seu lado lhe avisou sobre aquilo, lhe deu detalhes sobre sentir um sono pesado e que iria dormir logo logo.

Ana não se concentrou em suas palavras, não se concentrou no choro do bebê ou na cor dele não sendo mais roxa.

Conseguimos...

O bebê estava corado, o sangue estava sendo bombeado por seu corpo, o coração estava fazendo sua função.

O coração voltou a bater.

O bebê ainda chorava quando foi levado da sala, e aquele som parecia ecoar pela cabeça de Ana até quando a garota já estava no quarto, limpa e confortável. Ele não voltou para ela até três horas mais tarde, num pequeno berço, enrolado em uma manta azul.

Ana havia acabado de ter um bebê e ele estava ali, uma vida de verdade. Uma vida pequena, gordinha e com as bochechas vermelhas, usando uma toca branca por cima dos cabelos negros e escorridos, os olhos azuis tão brilhantes que nem parecia que aquele ser havia acabado de nascer.

O bebê foi colocado ao lado da cama de Ana numa ação automática da enfermeira que a garota já conhecia, Katherine.

Ana prontamente se virou para o lado e mirou o bebê, tocou levemente com a ponta dos dedos o nariz mínimo, sentindo as lágrimas inevitáveis escorrendo por seu rosto.

— Ele é tão lindinho -  murmurou Kate baixinho. - Parece com você. 

Ana a encarou e sorriu.

Ele se parecia mesmo, talvez porque Mia tivesse o cabelo escuro e os olhos claros, talvez o pai do bebê tivesse olhos azuis, de qualquer forma o bebê realmente se parecia com Ana.

— Você tem visitas - disse a enfermeira, tocando a touca do bebê para ajeitá-la.

Ana balançou a cabeça e apenas continuou encarando o bebê. Era tão perfeito, encantador e fascinante. Ela o amava. Era isso. Pronto. Ela amava aquele bebê de uma forma que nunca imaginou que poderia sentir tal sentimento.

Ana nunca havia sido mãe, nunca havia sequer tido um animal de estimação, e também nunca foi apegada a brinquedos, nunca sentiu aquele sentimento de ter algo pertencente a si de tal forma que transformava em amor. Ela não sabia identificar o que sentia, ela apenas o amava, não conseguia explicar como, não era comparado a nenhum outro tipo de amor.

Kate saiu da sala e Ana nem se deu conta. A garota passou o indicador pelas bochechas e então segurou a mãozinha do bebê.

— Você é lindo - sussurrou para ele que já dormia sereno e profundo. - Eu acho que eu seria uma boa...

Uma batida na porta interrompeu seu momento, a garota limpou as lágrimas rapidamente e pediu para quem quer fosse que entrasse, logo se ajeitando na cama corretamente.
Era Christian.

Ana sorriu largo para ele e sentiu o coração acelerando.

Seria sempre assim mesmo?

O Grey entrou no quarto, sem dizer nada, beijou o cabelo de Ana e então sua boca rapidamente.

— Como se sente? - questionou ele.

— Eu estou bem, nem parece que fui cortada há algumas horas - ela brincou.

Realmente se sentia bem, um pouco cansada, com certeza não estava a fim de levantar, mas nada que a fizesse querer dormir pelo resto da tarde ou não querer olhar para o bebê no berço.

— Ele é lindo, não é? - ela comentou quando percebeu Christian já ajoelhado ao lado do berço.

— Uhum - ele concordou enquanto pegava a mãozinha do bebê. - Mas tem cara de joelho.

Ana semicerrou os olhos.

Seu bebê não tinha cara de joelho.

— Ele não tem cara de joelho, ele é lindo. Arrasou no berçário, tenho certeza - ela disse convencida, ignorando o coração disparado com o pensamento do bebê sendo seu.

Christian riu e se levantou, beijando a garota novamente.

— Não quero passar por isso de novo - ele resmungou enquanto ainda tinha os lábios nos dela.

A garota sorriu.

— Mas eu quero - ela rebateu.

— Para que engravidar? Podemos adotar.

— Também podemos, mas eu vou engravidar também.

— Eu acho que nem precisamos ter filhos, podemos ter apenas um cachorro, já está ótimo.

Ana revirou os olhos.

— Mas eu quero - insistiu.

Christian beijou sua bochecha e observou a garota que não tirava os olhos do bebê. 

— É claro que você quer ter filhos, ainda mais agora que tem um bebê aqui, você é tão maternal que vai querer um para você.

Ele não fez por mal, o jeito que falou foi tão despojado que Ana sentiu o baque vindo devagar. Ela estava tão envolta daquele sentimento de encanto pelo bebê que nem lembrava do mais importante: não importava o quanto ela o amava, ele não era dela.

E como para confirmar aquilo, uma batida na porta e em seguida Grace, Carrick e Carla entraram no quarto.

Ana sorriu para os três, não era hora de desavenças, e ela acreditou mais ainda naquilo quando observou Grace e Carrick de mãos dadas. Os dois se aproximaram do bebê no berço, Grace prontamente o pegou nos braços, já aos soluços.

Era emocionante aquela cena: uma mãe que perdeu a filha e agora tinha um neto filho dela.

Como Ana sentia, lá no fundo, nas profundezas dos pensamentos e sentimentos, onde ela nunca chegava... Como poderia sequer pensar em tirar aquilo de alguém? Ela se sentia mal com o pensamento, se sentia mal em querer aquele bebê para si, em tirar a única coisa Grace tinha de sua filha.

Ana sentiu os lábios de sua mãe em seu cabelo e a encarou, Carla também tinha os olhos cheios de lágrimas, mas olhava diretamente para Ana.

— Eu te amo tanto - sussurrou para a filha. 

Ana recostou a cabeça contra sua mãe e permitiu que a mulher a abraçasse como podia, ainda tendo uma das mãos sendo seguradas por Christian mesmo que ele estivesse completamente concentrado no bebê nos braços de sua mãe.

Ana voltou a observar os Grey, Grace principalmente. Ela segurava o bebê como se dependesse dele para viver, como se ele fosse o ar que existia no mundo. De certa forma, era exatamente aquilo que aquela criança representava: a coisa mais importante. Tudo foi feito por causa dele, toda a confusão, todas as lágrimas, toda a dificuldade, tudo para que aquele pequeno coração batesse. 

Ana não sabia qual era o sentimento de uma mãe, não podia sequer ter ideia. Ela passou a vida vendo Carla se sacrificar por ela: aquilo era ser mãe. Viu Grace se esforçando a cada dia para viver sem sua filha e agora a via abraçando o neto com tanto amor que até as pessoas que não tem sentimento o sentiria naquele momento: aquilo era ser mãe.

Então ali estava Ana, se sentindo uma pessoa horrível por aquele sentimento de poder sobre o bebê, sobre por alguns segundos dos últimos meses - pequenos segundos de descontrole - pensar em tê-lo para si, em tirar aquilo de Grace e Carrick. Ela estava ali, depois de colocar uma criança que amava no mundo, tentando entender o amor de uma mãe, e quando Grace e Carla se pronunciaram, finalmente ela entendeu.

— Obrigada, obrigada - Grace pediu num sussurro difícil pelas lágrimas. - Eu nunca poderei te agradecer o suficiente.

— Nós é que agradecemos, Grace. Eu não acho que exista no mundo algo que se equipare ao que fez por minha filha - Carla rebateu.

Então o amor de uma mãe era sacrifícios. Ser mãe era sacrificar, era dar o que tinha, era ignorar tudo o que sentia para o bem do outro. O amor de uma mãe era sacrificar seu próprio amor.

Quando Grace encarou Ana, a garota apenas sorriu e concordou.

— Ele vai ser muito feliz com vocês, eu tenho certeza - falou a morena.

Ela precisava dizer muita coisa naquele momento, mas ela não disse. E ninguém mais disse. Para Ana, era óbvio o que precisava ser dito, talvez por isso ninguém se importou em dizer.

E sendo mãe do bebê ou não, Ana sacrificou seu próprio amor.

Mas então, aquilo a fazia ser mãe?

Theodore Trevelyan Grey.

Christian o chamava de Teddy.

E Ana gostava mais de Teddy. Entao, era Teddy.

Teddy era o nome do ser que fazia Ana mal conseguir respirar em alguns momentos.

Aquilo acontecia pelo menos três vezes ao dia, era como se ela tivesse entrado em depressão. Acontecia apenas porque ela não disse nada.

E, é sério, o óbvio também precisa ser dito. Isso é um fato. E, sabe, você precisa dizê-lo para si mesmo às vezes para se entender, precisa dizer para os outros para que eles possam entender e, acima de tudo, você precisa deixar claro o que disse.

Ana não sabia daquilo, engraçado, logo ela que sabia de tantas coisas.

Uma delas era que o futuro é incerto, e as pessoas também. Daquilo Ana sempre soube. Afinal, ela foi ensinada a esperar durante a sua vida, e nunca soube por tanto ela teria que esperar.

Aquele foi um mês difícil. Um mês e duas semanas. Ana não colocava em palavras as coisas que estavam em sua mente e em seu coração. Ela entregou o bebê de Mia, ele seria cuidado e feliz. Ele seria tão feliz quanto possível, ela viu a felicidade de Grace e Carrick só em pegá-lo pela primeira vez. O bebê estava feliz, Carla estava feliz, seu pai deveria estar - mesmo que ela só tenha o visto duas vezes depois que ele foi embora de casa. Grace e Carrick estavam felizes e Mia também deveria estar em qualquer lugar que estivesse. O problema era que Ana só não via a sua própria felicidade.

Ela se fechou em seu quarto depois chegou do hospital, sua mãe a ajudava com tudo na primeira semana - aquela foi a pior. Mas a cicatrização rápida a fez nem parecer que havia acabado de ter sete camadas do corpo rompidas.

Foi um mês horrível, a cada dia e minuto. A coisa toda foi. Os últimos quarenta e cinco dias foram constituídos de erros e tentativas, e várias noites em que Christian não sabia o que fazer a não ser deixar Ana abraça-lo enquanto mirava um ponto cego no quarto, de repente tendo uma lágrima escorrendo pelo rosto, e nunca dizendo o motivo. Ela era uma completa incerteza para ele naqueles tempos, e não havia nada que ele pudesse fazer para mudar aquilo - pelo menos era o que ele achava. Não importava o quanto perguntasse, o quanto questionasse, o quanto tentasse ser autoritário para conseguir mais do que um 'não é nada', ela nunca dizia.

Nos últimos dias ela até estava tentando, depois que sua mãe falou sobre levá-la a um psicólogo, ela pareceu querer mudar para que não precisasse. Mas não conseguia enganar.

— Eu não estou com depressão pós-parto - ela vociferou durante o jantar em uma das noites, quando sua mãe falou do assunto.

— Você não sai do quarto Ana, não fala com ninguém...

— Eu falo com o Christian - ela rebateu.

— Nem com ele você fala - sua mãe insistiu. - Eu sei que vocês só ficam em silencio mesmo que ele venha aqui todos os dias.

Ana bateu com o garfo no prato e olhou com raiva para a comida.

— Eu não quero psicólogo nenhum, e eu estou bem.

— Bem? Isso é está bem? Você não mais a mesma...

— Como queria que eu estivesse? - Ela voltou a encarar a mãe. - Você colocou um bebê dentro de mim sem a minha autorização e...

— Achei que já tínhamos superado isso.

— Superado!? - a garota gritou, levantando-se. - Nunca vamos superar isso. Não existe nada que você possa fazer, nada que possa acontecer para que eu volte a ser a mesma, entendeu? Você acabou com a minha vida, destruiu tudo. Isso não era para estar acontecendo? Você não faz ideia de como eu estou me sentindo. Que tipo de mãe faz uma coisa dessas com a filha? Eu nunca vou te perdoar por isso. Nunca!

Ana saiu da sala correndo, subiu as escadas e se fechou em seu quarto novamente. Seu rosto já molhado com as lágrimas, os soluços escapulindo inevitavelmente. Ela havia conseguido não chorar durante o mês inteiro, não daquele jeito pelo menos, quando uma lágrima escapava era só um deslize, mas nada acontecia de fato.

E seria do mesmo jeito naquele momento, em alguns segundos, com ela sentada na cama de forma ereta e respirando fundo, os soluços até diminuíram, já não escorria lágrimas por seu rosto e ela não sentia mais o nó em sua garanta. Estava bem, quase bem, na verdade, se não fosse por Christian ter entrado em seu quarto naquele instante.

Não dava, a represa estava ali ainda, seu coração cheio com tudo o que estava sentindo, ela não podia falar se não desabava.

— Hey - Christian se ajoelhou a sua frente e pegou suas mãos. - Ouvi você e sua mãe discutindo quando cheguei - ele confessou.

A garota inspirou o ar profundamente.

Respirar. Respirar. Respirar.

Apenas respirar. Não pensar.

Aquilo era um mantra e ela precisava segui-lo.

— Ana - ele chamou, tocando em seu rosto gentilmente para fazê-la encará-lo. - O que está acontecendo com você? 

Ela mirou os olhos cinzentos do outro, os seus automaticamente voltaram a ficar embaçados.

— Não - sussurrou. - Não dá - falou esganiçado com o nó voltando a garganta.

— O que não dá?

As lágrimas escorriam sem parar, o sangue corria muito rápido em suas veias, seu coração estava disparado de uma forma preocupante e ela não conseguia respirar direito.

— Eu não posso... Não posso falar... Eu não consigo. Eu não quero chorar, não quero passar por isso. Por favor. Por favor, faz isso parar. Eu não aguento mais, isso dói. É horrível.

Sua voz estava mais quebrada do que seu coração, as lágrimas desciam silenciosas por seu rosto, como num consenso para não atrapalha-la. 

— Amor, o que você está sentindo? - Christian questionou, chegando tão perto dela, ainda ajoelhado no chão que suas respirações se misturaram.

— Eu... E-eu... - ela balançou a cabeça. - Eu quero ele - confessou.

— Quer quem?

— Teddy. Eu quero o Teddy - ela declarou pela primeira vez em voz alta seus sentimentos mais profundos. - Eu quero ele para mim. 

Christian abriu a boca e voltou a fechá-la, ainda com uma das mãos no rosto de Ana, ele a trouxe para perto.

— Eu sinto muito - sussurrou ela em seguida. - Eu sei que eu não deveria, isso é errado. Ele não é meu e seus pais precisam dele. Mas eu não consigo parar de me sentir assim, eu me sinto uma droga por isso. 

Ela fechou os olhos com força e deixou Christian a puxar para seu colo, ainda no chão, o rosto em seu ombro.

— Calma - ele sussurrou contra seu ouvido. - Vai ficar tudo bem.

— Não, não vai! - ela tentou sair do colo de Christian, mas ele a segurou com força. - Nada vai ficar bem, nunca mais!

Eles se encaram intensamente. Christian não parecia julgá-la, ele apenas a ouvia e não a deixava sair de perto, mesmo que ela gritasse e tentasse a todo custo se afastar.

— Eu entendo que você ame o Teddy. Você não seria você se não amasse - ele falou. - Amor, você passou meses com ele, foi dentro de você que ele cresceu e se formou, era você quem sentia todas os chutes e era dentro de você que o coração dele batia. É completamente normal você amá-lo, isso não é errado.

— Você não entende - ela insistiu.

— Acho que eu sou a única pessoa nesse mundo que pode te entender, foi eu quem ficou com você durante todo esse tempo e via como você tratava o Teddy. Ninguém vai te julgar por você amá-lo e por querer ficar com ele. Muito menos os meus pais. Eu tenho certeza que vamos encontrar um jeito, tudo bem? - ele beijou sua cabeça suavemente. - Não se sinta uma droga, você é a melhor pessoa do mundo, nunca deveria sequer pensar em se sentir assim.

Ele segurou seu rosto com uma das mãos e tocou os lábios nos dela, nada mais do que alguns segundos, mas era como se fosse um sino de paz para Ana.

Ana limpou o rosto com as costas da mão, se ajeitou no colo de Christian, e o encarou, o lábio inferior entre os dentes.

— Eu não sei o que faria sem você - declarou ela.

— Você nunca vai ter que descobrir - ele rebateu.

A garota fungou e então suspirou, tocando a barra da blusa de mangas azul que usava.

— Não acredito que estou deixando você me ver de tão perto nesse estado - murmurou se referindo a sua aparência.

Realmente Ana não estava em seu melhor momento com o nariz vermelho, as bochechas ainda molhadas, os olhos inchados e o cabelo despenteado, a blusa antiga e a calça desbotada.

Mas para Christian ela ainda era a garota mais linda do mundo.

— Você está linda - ele garantiu, tocando em seu cabelo e o colocando atrás de sua orelha.

— Até parece, eu estou destruída - ela resmungou.

— Bom, isso não é o que eu vejo - ele insistiu. -  E não é possível que você veja isso. Vem aqui - ele se levantou com ela nos braços e a colocou de pé no chão, de frente para o espelho da escrivaninha. - Olha para você.

— Eu já olhei. Eu faço isso todos os dias, sabia? - ela resmungou, desviando o olhar.

Ultimamente não estava se cuidando muito, e mesmo que seu corpo esteja voltando ao normal provavelmente porque não comia como deveria e ainda tinha o fato de tirar o leite do peito numa bombinha para Teddy, aquilo a fazia se esforçar. Mas em todo caso, ela estava sem maquiagem, o rosto todo inchado e o cabelo sem brilho e penteado de qualquer forma, a roupa nem seu falava.

— Que privilégio - Christian elogiou. - Eu queria poder te olhar todos os dias. Ah, espera, eu faço isso.

A garota revirou os olhos.

— Você é louco - murmurou envergonhada.

— Completamente... Completamente louco por você - ele confessou.

— Ta', Christian para - ela pediu.

Não é que ela não gostasse de ouvir, apenas ficava sem graça, não se sentia daquele jeito naquele momento, então era desconfortável. Mas Christian não se importava com aquilo.

— Não, para você. Olha para o espelho. Você é tão bonita, não importa como esteja - insistiu ele. - É fascinante. Eu estou olhando para você agora e vejo uma garota perfeita. Realmente deslumbrante - disse encantado. - A garota que eu amo - sussurrou em seu ouvido, fazendo ela se arrepiar com o tom grave. - E tem esse corpo, com essas curvas que me fazem realmente ficar louco - ele riu para ela. - Amor, se você tivesse ideia do quanto eu te desejo, nunca mais iria reclamar de um fio de cabelo fora do lugar. Quando eu olho para você, eu vejo o quanto tenho sorte por ao menos poder olhar para você, porque muitas milhões de pessoas no mundo nunca vão ter esse privilégio - de repente ele a virou de frente para ele, olhando em seus sem deixá-la desviar. - Mas, sabe, o espelho só pode refletir quem você é por fora. E, acredite, você é ainda mais perfeita por dentro. Você é tão inteligente, gentil e carinhosa. Teddy tem tanta sorte de ter sido gerado por alguém como você, de ter alguém como você o amando. E eu? Nem acredito que você é real quando vem com as suas ideologias sobre o mundo e o universo para cima de mim - ele beijou a ponta de seu nariz e segurou sua cintura. -  Você é tão encantadora. Eu me perco no som da sua voz, no jeito de você falar e olhar para as pessoas enquanto faz isso, dando total atenção, na forma que você sempre quer que as pessoas estejam bem e felizes. Você é linda, meu amor. E você não está destruída. Pode estar um pouco confusa e desarrumada, mas não é nada que não tenha concerto.

Ela piscou, fechando os olhos com força para que as bolotas de lágrimas que já embaçavam sua visão escorressem por seu rosto. Ela se desviou dele e seguiu em direção a cama, limpando o rosto no caminho. Já estava cansada de chorar na frente de Christian.

— Droga, por que você tem que ser tão perfeito? - ela revirou os olhos, voltando a se virar para Christian. - Eu nunca vou conseguir dizer coisas tão bonitas na minha vida - comentou.

Christian riu e se sentou na cama, logo puxando a garota para seu colo, que prontamente foi sem hesitar.

— Às vezes eu acho que não mereço você, é bom demais para mim - confessou ela em voz baixa.

Christian balançou a cabeça e mordeu seu queixo de leve, passando um dos braços por sua cintura.

— Você merece o mundo, gatinha - ele murmurou. - E eu vou dá-lo a você - prometeu.

E não era como se Ana pudesse duvidar. Ela tinha certeza que ele daria o mundo a ela, abriria todas as portas e a deixaria seguir.

Christian nunca foi uma dúvida para Ana.

A garota contou cinco segundos lentamente, aproximou o rosto do de Christian e fechou os olhos antes de tocar os lábios nos dele. Ele não hesitou, apenas a apertou um pouco mais na cintura, trazendo-a de encontro a si de forma apertada, nunca deixando o contato dos lábios se perder.

E ela continuou beijando-o, cada vez mais profundo e mais intenso, fazendo questão de deixar claro o que queria. Christian segurou seu rosto entre as mãos e deixou a garota guiar o beijo, dando total domínio a ela.

Ana sentiu o coração acelerar, tinha certeza do que queria, há muito tempo Christian era a única certeza que tinha em sua vida.

Ela desabotoou a blusa azul que usava botão por botão, mostrando que estava sem sutiã por baixo, e Christian sentiu a pele nua dela tocar em seu corpo, só então percebendo o que a garota havia feito. Ele se afastou minimamente, surpresa.

— Ana - ele inspirou o ar fortemente após olhar para os seios dela, e então para seus olhos. - Eu não acho que você esteja no melhor momento para isso.

— É o que eu quero - ela foi segura.

— Depois de tudo o que você passou...

— Exatamente, depois de tudo o que aconteceu, você é a única certeza que eu tenho.

— Você só quer esquecer tudo - ele sentenciou, e estava certo.

— É, eu quero mesmo - Ana confessou. - Eu quero esquecer de tudo com você. Eu quero você. E quero agora. E não é coisa de momento, porque eu ainda vou querer esquecer o mundo amanhã com você, e depois também. Pelo resto da minha vida.

A garota simplesmente retirou a blusa e a deixou cair no chão, ficando completamente nua da cintura para cima, de frente para ele em seu colo. Do jeito que seu cabelo caía em cascata em suas costas, moldando seu corpo de forma bonita, fazia Ana parecer um anjo.

Christian não conseguiu não olhar para seu corpo, a curva da cintura, dos seios, as cicatrizes que impressionantemente a faziam ficar mais bonita, a clavícula desenhada, e então o formato do rosto, os lábios cheios, o nariz pequeno de botão, os olhos vividamente azuis... Ela era perfeita. Completamente perfeita. E ele a amava. Incondicionalmente a amava.

— Eu seria capaz de ter uma parada cardíaca só por você me olhar desse jeito - ela sussurrou de repente, tendo as bochechas coradas.

— Que jeito? - Christian conseguiu encontrar sua voz.

— Como se eu fosse a coisa mais importante do mundo.

— Acredite, amor, para mim você é. Você é uma das coisas mais importantes da minha vida.

Ela sorriu verdadeiramente. Era com certeza a primeira vez que sorria de verdade em semanas.

— Ei - ele segurou seu queixo entre o polegar e o indicador, segurando seu rosto em seguida rente ao seu - Eu te amo.

O coração de Ana chegou a errar as batidas quando ele a beijou de forma intensa, as mãos em sua cintura a puxando para mais perto novamente, colando seu corpo de uma forma única com o dele.

Ela levou as mãos para seu cabelo, tensos uma das Christian subindo por suas costas, fazendo-a se arrepiar por estar quente num clima frio. Logo ficaram sem ar e Christian levou os lábios para o pescoço de Ana, beijando um lugar em especifico que fez a garota gemer baixinho. Ele desceu as mãos por suas costas e então em sua cintura, seguiu a linha do botão da calça que ela usava e o abriu, logo descendo o zíper. Ana voltou os lábios para a boca de Christian, tendo eles apertando novamente sua cintura, pressionando-a para baixo onde ela já sentia um volume considerável.

A garota ofegou e o encarou, os lábios vermelhos, a respiração rápida e forte, o peito subindo e descendo.

Christian mordeu o lábio inferior.

Nunca viu uma mulher tão sexy.

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Notas finais do capítulo

sem cometários...



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