Aprendendo a Recomeçar escrita por Lelly Everllark


Capítulo 23
Girassóis no grande dia.


Notas iniciais do capítulo

Oi meus amores, voltei!
E dessa vez não demorei, olha que milagre!
O capítulo está muito fofo, espero que gostem :3
BOA LEITURA!



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Que nessas frases tem um pouco de nós dois

Que não deixamos o agora pra depois

Quando te vejo eu me sinto tão completo

Por onde eu vou

 

E nesses traços vou tentando descrever

Que mil palavras é tão pouco pra dizer

Que um sentimento muda tudo

Muda o mundo

Isso é o amor”

Na Linha do Tempo – Victor e Leo. 

  Mesmo através da névoa de sono eu tinha certeza de alguém estava me chamando.

  - Theo? - murmurei e ele resmungou algo incompreensível em resposta, me apertou mais contra si e voltou a dormir, eu também estava quase lá quando ouvi, alto e claro dessa vez.

  - Cordélia, acorda! - a voz de Alice atravessou a névoa do sono e me acordou. Pisquei tentando entender o que estava acontecendo.

  Eu ainda continuava em meu quarto, agora sentada na cama com Theo ao meu lado, a porta estava fechada e Alice batendo nela loucamente, quem a ouvisse pensaria que o mundo estava acabando, olhei para a tela do celular em cima do criado mudo e me surpreendi, eram 07h02m da manhã, minha amiga escandalosa tinha madrugado na minha porta.

  - Cordélia! Hoje é o grande dia, a gente tem muito o que organizar, acorda logo!

  - Como é possível? - Theo perguntou ainda de olhos fechados, escondendo o rosto na lateral da minha coxa. - Nós fomos dormir ontem mais de duas da manhã e ela já está de pé e acordando os outros? Manda sua amiga embora, Lilly.

  - Minha amiga? Ela é sua irmã primeiro, manda você - reclamo bocejando e desejando só poder voltar outra vez para a cama.

  Theo e eu queríamos despedidas de solteiro, mas como o casal ciumento e nada convencional que somos resolvemos fazer tudo junto, assim, terminamos os dois e nossos amigos no bar da Rita até quase três da manhã, rindo, bebendo, dançando e nos divertindo. Foi ótimo mesmo que no fim a gente tenha fugido da ideia principal do negócio que era cada um ter sua própria despedida.

  - Cordélia! Me responde! Eu vou por essa porta a baixo se você não me responder.

  - Ela é bem capaz disso - Theo riu se sentando na cama também. - Então é melhor você responder logo.

  Grunhi ficando de pé de má vontade, eu só não ia matar Alice por que hoje era o dia do meu casamento e ela a madrinha do meu noivo.

  - Você não dorme não? – reclamei depois de abrir a porta. O sorriso de felicidade da morena era tão grande e brilhante que quase me cegou.

  - Até durmo, mas estava ansiosa de mais pra isso! É hoje! – ela deu um gritinho de animação e eu quis muito só fechar a porta na cara dela. Eu amava Alice, mas pessoas muito felizes pela manhã eram algo que eu não conseguia suportar, principalmente depois de ter tido miseras quatro horas de sono.

  - É, é hoje – concordei sem conseguir conter o sorriso e me virei para olhar Theo que nos observava sorrindo. – Vamos nos casar.

  - É vamos, finalmente – ele concorda vindo em minha direção. – Amo você.

  - Também te amo – estou prestes a beijá-lo quando Alice me puxa pelo braço em sua direção.

  - É, o amor é lindo e tudo mais e vocês vão se casar, mas isso não vai acontecer se não começarmos a nos mover. Então xô, Theo! – ela o estava pulsando do quarto como se meu noivo fosse um cachorro que entrou em casa sem permissão.

  - Você está mesmo me expulsando do meu próprio quarto? – Theo pergunta sem acreditar e Alice sorri.

  - Tecnicamente falando o quarto é da Lilly, então vaza!

  - Amor? – ele olha pra mim e dou de ombros achando graça na situação.

  - Não posso fazer nada, Alice quando quer consegue ser bem louca, quer mesmo discutir com ela, agora?

  - Não – ele cede fazendo a prima sorrir ainda mais. – Mas eu posso pelo menos me vestir antes de ser enxotado daqui?

  - Cinco minutos – Alice estipula e Theo me dá um selinho antes de ir buscar uma roupa no guarda-roupa que há muito não era só meu.

  Não demora até minha amiga conseguir o que quer e ficarmos só nós duas no quarto com vários detalhes de última hora pra resolver. É arranjo de mesa desaparecido, pilhas de pratos que foram colocadas no lugar errado e no meio de tudo isso é difícil ver Theo ou qualquer outra pessoa durante boa parte da manhã. Meus pais vieram para passar o dia aqui, mas foi realmente perda de tempo querem trocar mais que algumas palavras comigo. Por que quando finalmente Alice e tia Beth me expulsam para o quarto para me arrumar eu não consegui cumprimentar ninguém realmente.

  Se a manhã foi agitação, minha tarde é tédio. Quase tenho que ser acordada enquanto recebo uma massagem, se isso não foi coisa da minha mãe, foi coisa da Alice que descobriu que tinha verba ilimitada para o casamento, depois disso tenho as unhas pintadas e estou quase desejando que aconteça algum desastre para que eu precise ajudar, não que alguém fosse me comunicar, mas a esperança de sair do tédio é a última que morre.

  O sol está começando a se por e o barulho de gente no jardim diminuir quando eu começo a ser maquiada. A festa vai ser aqui na fazenda, mas o casamento será na capela da vila. É só quase uma hora e meia depois que a maquiadora termina e finalmente me deixa sozinha, bem maquiada com um penteado incrível e de pijamas, o vestido é a única coisa que falta.

  Estou decidindo como vou prender o espartilho branco, que sei que Theo vai amar, sozinha quando Alice, tia Beth e minha mãe vêm em meu socorro. Minha amiga faz questão de me amarrar na peça que quase me deixa sem respirar e no fim as três mulheres me ajudam a entrar no vestido tomara que caia com uma saia ampla, não quis renda nem mangas compridas, mas fiz questão de ter um vestido enorme, do tipo princesa cuja saia ocupe todo o corredor.

  - Você está linda! – Alice é a primeira a falar, o sorrio enorme e verdadeiro me faz sorrir também, minha amiga está linda em seu vestido amarelo claro com mangas curtas de renda e saia rodada. Os cabelos estão soltos e ela reluz só de sorrir, não precisa de mais nada para estar linda.

  - Você também, obrigada por tudo! – digo a abraçando e me controlando muito para não chorar e borrar a maquiagem, hoje vou me permitir chorar, é o meu grande dia, eu posso tudo.

  - Está mesmo incrível, Lilly. Você e Theo merecem tudo isso, espero que sejam muito felizes – tia Beth sorri com os olhos marejados antes de me esmagar em um abraço também.

  É só quando nos separamos que finalmente encaro minha mãe. Ela está linda e elegante em seu vestido vermelho longo, os cabelos bem presos e a maquiagem impecável. Nós ainda nos falamos, e óbvio que continuamos a ser mãe e filha, mas aquela amizade que tínhamos acabou no meio daquela conversa por telefone no que me parecem anos atrás. Ali alguma coisa se quebrou, mas eu não podia simplesmente deixá-la de fora do meu casamento, mesmo que sua presença aqui ainda seja estranha e pareça fora de lugar, fico feliz que ela tenha vindo.

  - Mãe – sorrio. – Está linda.

  - Você está mais, uma verdadeira princesa. Hoje finalmente vejo que a única coisa que verdadeiramente me importa é que seja feliz. E eu do meu jeito torto só queria que isso acontecesse, hoje vejo que aquele caminho que escolhi estava todo errado e espero que um dia você possa realmente me perdoar pelo que fiz, Lilly.

  - Mãe... – murmuro a abraçando por que não consigo dizer mais nada. Ela conseguiu me fazer chorar. Ainda dói, ainda é recente e eu provavelmente vou demorar a perdoá-la realmente, mas hoje quero fingir que nada disso importa. – Obrigada por ter vindo.

  - Onde mais eu estaria? – ela sorri ajeitando minha maquiagem assim que nos separamos. Mamãe puxa a barra do meu vestido, olha para os meus sapatos e arqueia uma sobrancelha. – Tem certeza disso?

  - Absoluta.

  - Então, sem querer interromper, já interrompendo. Vocês querem ir pra vila para Cordélia casar hoje, ou não? Por que já estamos atrasadas – Alice nos interrompe e todas nós a olhamos surpresas. – Tipo, muito atrasadas mesmo, o casamento é às 19h e já são 18h42m.

  - Alice! – a repreendo chocada. – Por que não disse antes?

  - Vocês estavam num momento mãe filha tão bonitinho, não quis atrapalhar.

  - Alice! – quero sacudi-la pelos ombros só pelo sorriso divertido que ela tem no rosto, mas não tempos tempo pra isso. – Só vamos logo.

  Há uma comoção na hora de sair do quarto e quase esqueço o buquê de girassóis encima da cama, mas felizmente tia Beth o resgata antes de irmos, papai e tio Jorge ficaram para nos levar a vila e depois de uma piadinha sobre termos morrido no quarto seguimos todos às pressas para os carros, estou correndo com o vestido levantado na altura dos joelhos quando Alice chama meu nome e tira uma foto assim que a olho, minha amiga acena e sorri travessa antes de entrar no carro com os tios, eu vou com meus pais e poucos minutos depois estamos seguindo em direção à vila, ao meu amor e ao resto da minha vida.

  Os minutos que gastamos entre a fazenda e a vila parecem horas, a ansiedade me consome num nível que nunca achei possível. Não vejo a hora de por meus olhos em Theo e dizer sim, sim para o nosso amor, sim para uma vida com ele, sim para tudo que estiver nos esperando depois do dia de hoje. Quando alcançamos a igreja os vidros do carro estão fechados, ele não pode me ver, mas o vejo andando impaciente para lá e pra cá nos degraus que levam a enorme porta de madeira, é estranho ver Theo em roupas sociais, mas eu sabia que ele estaria de botas e chapéu e o amo por isso, meu cowboy não poderia estar mais lindo.

  Meus pais, meus tios e Alice saem dos carros e vão até ele e Hugo que está ao seu lado, eu permaneço imóvel e impaciente no banco de trás, a uns minutos de conversa e não demora para todos se posicionarem, já estamos atrasados e felizmente isso significa que não vou precisar esperar muito. todos entram, eu posso escutar a música que soa abafada pelos vidros fechados e depois de algum tempo restamos só eu e papai do lado de fora da capela. Ele finalmente abre a porta e me ajuda a sair sem me afogar na imensidão de tecido branco que me cerca.

  - Está linda, Lilly – ele sorri assim que nos posicionamos em frente às portas ainda fechadas. Agarro-me ao seu braço, não por medo, mas por que gosto de tê-lo ali ao meu lado, me dando forças e me guiando em direção ao meu amor, ao meu futuro. – E sei que vai ser muito feliz, por que merece e por que é teimosa de mais para aceitar menos que isso. Amo você.

  - Também te amo, papai. Obrigada por sempre estar comigo, nos bons e maus momentos, nos de constrangimento e felicidade. Obrigada por ter me mandado de volta.

  - Só fiz o que achei certo – ele me beija a testa e no instante em que se afasta, as portas se abrem e eu espero a marcha nupcial começar, mas isso não acontece.

  Levanto o olhar e vejo Theo no fim do corredor, agora sem o chapéu e com um violão na mão, eu nem mesmo sabia que ele ainda tocava, meu noivo desce os degraus do altar e para no fim do tapete branco no chão, seus dedos dedilham o violão e o som se espalha pela capela, quando os primeiros acordes soam e a voz grave do meu cowboy me alcança, meus olhos já estão marejados e as pernas tremulas.

 

“Foi Deus

Que me entregou de presente você

Eu que sonhava um dia viver

Um grande amor assim

Foi Deus

 

Foi Deus

Numa oração que um dia eu pedi

Acorrentado em teus olhos me vi

Quando te vi pela primeira vez

 

Foi Deus

Que me entregou de presente você

No teu sorriso hoje eu quero viver

No teu abraço encontrei minha paz

 

Valeu

Ter esperado o tempo passar

Pra de uma vez meu amor entregar

E não sentir solidão nunca mais”

Foi Deus — Edson e Hudson.

 

  Quando a música termina as lágrimas já descem livremente pelo meu rosto e papai, de algum jeito, conseguiu me fazer cruzar o corredor, alcançamos Theo, ele sorri pra mim depois de entregar o violão para Hugo.

  - Cuide dela – papai pede quando me entrega para o meu noivo e aperta sua mão.

  - Sempre – é a resposta simples de Theo que me faz sorrir em meio às lágrimas. Quando papai nos deixa ele finalmente volta a me olhar. – Amo você.

  - Também te amo e isso foi lindo, você não tinha o direito de me fazer chorar assim – sussurro pra ele que apenas sorri e finalmente nos viramos para encarar o padre que dá inicio a cerimônia.

  Seu discurso é cheio de significados, fala de amor, reciprocidade, respeito, sobre saber ouvir o outro, e sobre a vida que estamos começando a compartilhar, sobre as pedras que aparecerão em nosso caminho e sobre como temos que ser o alicerce um do outro para podermos passar por esses momentos. É lindo e me faz chorar outra vez, mas essas lágrimas eu não tenho medo de derramar, elas são de felicidade pura e simples, e esse é o melhor sentimento que já tive.

  - Eu, Cordélia Albuquerque, recebo-te, Theo Sales, por esposo, e prometo ser fiel, amar-te e respeitar-te, na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, por todos os dias de nossas vidas – por fim repito as palavras do padre e coloco a aliança que ele abençoou no dedo anelar da mão esquerda de Theo. – Amo você.

  - Eu, Theo Sales, recebo-te, Cordélia Albuquerque, por esposa, e prometo ser fiel, amar-te e respeitar-te, na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, por todos os dias de nossas vidas – Theo faz o juramento também e desliza o aro reluzente pelo meu dedo. – Sempre e para sempre, baixinha. Te amo com todo o meu coração.

  - Eu vos declaro marido e mulher – o sacerdote anuncia e sorri para nós. – Já pode beijar a noiva.

  Theo, meu marido, não perde nem mais um segundo para depois disso me puxar pela cintura contra si e me beijar, um beijo que como o primeiro há mais de dez anos atrás, remexe tudo dentro de mim. Um beijo que não pela primeira vez me faz ter certeza que ele é, foi e sempre será o único na minha vida. Beijamo-nos até alguém nos lembrar que ainda estávamos dentro da igreja, nos separamos rindo e finalmente seguimos pelo corredor para fora da capela em direção ao resto de nossas vidas.

  - Graças a sua surpresa eu até se esqueci de te mostrar uma coisa – digo quando alcançamos os degraus do lado de fora da igreja.

  - O que é?

  Puxo a barra do vestido e lhe mostro as botas que estou usando debaixo do vestido de noiva, eu não precisava mais dos saltos e a ideia de entrar na igreja assim me fez sorrir, era eu em todos os sentidos. Theo joga a cabeça para trás numa gargalhada antes de me abraçar e girar comigo me fazendo rir também antes de beijá-lo outra vez.

  No caminho de volta somos, eu, Theo, Alice e Hugo na caminhonete caindo aos pedaços do meu marido. Vamos rindo, ouvindo música e tenho certeza de que se o resto de nossos dias forem assim divertidos, vamos conseguir passar por qualquer coisa que a vidas nos impor, juntos e de cabeça erguida. Quando alcançamos a fazenda outra vez a decoração me faz sorrir, em meio a comoção de sairmos as pressas não consegui reparar em nada, mas há mesas espelhadas por todo o jardim, um palco e uma pista de dança foram montados, tem luzinhas por toda parte e quase parece que as estrelas no céu se multiplicaram, há ainda cetim branco e girassóis por toda parte, está tudo lindo e só sei sorrir, olhando tudo e todos.

  Eu e Theo somos obrigados a esperar na entrada os cumprimentos de todos e é uma sessão enorme de apertos de mão, abraços e felicitações, mas tudo é tão especial que não consigo desgrudar o sorriso do rosto.

  - Vem comigo – Theo me puxa pela mão quando finalmente terminamos de cumprimentar a todos. – Vamos dançar.

  - Dançar?

  - Sim, minha esposa – ele sorri me levando até a pista de dança. – Dançar.

  Theo me gira ao som da música romântica que toca, nos perdemos um nos olhos do outro e por alguns minutos nada nem ninguém mais importa. Trocamos beijos e se o tempo parasse agora por mim tudo bem, viveria feliz nesse momento pelo resto da vida. Mas como a vida real não é tão encantada assim, eu interrompo a dança por que estou com fome e em meio a risos eu e meu marido seguimos até um garçom atrás de comida.

  - E o feliz casal, como está? – Hugo pergunta se aproximando da mesa onde Theo e eu estamos sentados comendo.

  - Melhor agora que tenho um prato enorme de churrasco – admito arrancando risos de todos, mas não me importo, por que essa simples verdade é muito satisfatória. – E você?

  - Curtindo a festa com a minha namorada que me abandonou há uns minutos – ele comenta e de repente dá um sorriso que só posso descrever como apaixonado. – Ali ela, acho que vou lá saber por que fugiu de mim.

  - Está virando um cãozinho adestrado, Hugo – Theo implica, mas o amigo dá de ombros já se afastando.

  - Igualzinho a você.

  - Hei! – meu marido protesta, mas Hugo já foi embora. Eu estou rindo da cara de bobo de Theo quando meus se aproximam de nós. Papai tem um envelope nas mãos e sorri assim que nos alcança. Eles se sentam e ainda estamos comendo quando meu pai me estende o envelope.

  - Nosso presente de casamento – ele comunica e puxo os papeis de dentro curiosa. Quando me dou conta do que são fico sem entender.

  - Isso é uma escritura? – pergunto dando os papeis para Theo ler também e papai confirma.

  - É a escritura da fazenda, Lilly. Ela é de vocês, é sua. Você sempre amou tanto esse lugar, quero que seja seu definitivamente. Faça com ele o que quiser, cuide, prospere, seja feliz nessa terra que agora lhe pertence por lei.

  - Pai... – murmuro sem saber mais o que dizer e levanto-me do meu lugar para ir abraçá-lo. – Obrigada, obriga mesmo por isso!

  - Eu não fiz nada, Lilly, esse lugar sempre foi seu, a única diferença é que ninguém pode contestar isso.

  - Uma vez, há o que me parecem anos atrás, mas foram só alguns meses, quando o senhor anunciou que eu viria pra cá eu te odiei, e odiei ainda mais a ideia de voltar, mas o senhor só sorriu e disse que eu ainda o agradeceria pelo que fez e, como sempre, tinha razão. Eu só consigo ser grata por ter me mandado pra cá, obrigada, papai. Obrigada mesmo!

  Ganho outro abraço apertado e nosso jantar segue entre conversas e riso. Eu e Theo voltamos a dançar, cortamos o bolo, tem champanhe, mas é a cerveja e a vodca que prevalecem, eu e meu marido descarado damos até alguns amassos perto da porta da cozinha, mas a festa está divertida de mais para se quer pensarmos em fugir.

  Decido jogar o buquê enquanto ainda tem mulheres interessadas nele, mas depois de um belo empurrão, Alice sai do meio da multidão ostentando os girassóis meio debilitados. A festa vai se estendendo e os convidados indo embora, quando o sol está quase nascendo restam apenas eu, Theo, Alice e Hugo deitados sobre o palco onde outrora a banda se apresentou e agora está praticamente vazio restando apenas às caixas de som que já não tocam mais nada.

  - Acho que a gente aproveitou tudo o que podia, vamos entrar, baixinha? – Theo pergunta de pé a minha frente me estendendo a mão que aceito e deixo que ele me levante.

  - Tchau, casal – me despeço e ele se limitam a acenar deitados abraçados esperando o sol nascer.

  - Ah, Lilly! – Alice me chama se sentando para nos encarar assim que eu e Theo alcançamos as escadas da varanda. – Não é pra ir para o seu quarto, não. É pra ir para o que era dos seus pais.

  - Por quê? – pergunto sem entender e ela descarta a pergunta com a mão deitando-se ao lado do namorado outra vez.

  - Por que eu disse. Agora vai logo namorar.

  - Mas...

  - Vem, Lilly – Theo chama me arrastando para dentro de casa e suspiro o seguindo. Estou exausta e tem quase dois dias que não durmo direito, mas cada segundo valeu a pena, eu não poderia estar mais feliz.

  Seguimos até o fim do corredor e quando estou prestes a abrir a porta Theo, num movimento rápido, me joga por sobre o ombro exatamente como ele fez no dia do parque.

  - Theo! Não é assim que tem que me levar! Me Poe no chão! – estou batendo em suas cotas, mas é como tentar derrubar um muro de pedras.

  - Na nossa história, é assim, sim – Theo ri e a próxima coisa que sinto é a maciez do colchão quando meu marido me deita sobre ele. Só então vou reparar no quarto totalmente decorado com mais girassóis, há flores por todo o lado, os lençóis foram trocados, as cortinas, tem pétalas brancas e amarelas por todo lado. Está tudo lindo e isso me faz rir. – Cordélia?

  - É que tudo isso está tão lindo e minha única vontade é simplesmente dormir, eu meio que me sinto mal por elas.

  - Eu também estou morto – Theo boceja e se deita ao meu lado me puxando pra si, nós tiramos apenas as botas e ainda estou sorrindo quando fecho os olhos abraçada a ele. – E não se sinta mal, é só a gente dizer que aproveitou muito.

  - Ok, então. Boa noite.

  A gargalhada de Theo é a última coisa que escuto, antes de ser levada por um sono tranquilo, e me faz dormir com um sorriso enorme no rosto. Depois de tanto tempo, nós finalmente vamos poder recomeçar.


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Notas finais do capítulo

Gostaram do capítulo? Ele ficou enorme kkkkkk e minha colagem? Foi tão legal pesquisar as imagens e imaginar o casamento! Eu quase me senti uma convidada da festa u.u
Mas enfim, brincadeiras a parte, esse foi o antepenúltimo capítulo, daí vai ter mais dois e o epílogo e é isso, fim, acabou. Espero mesmo que estejam gostando do livro, deem opiniões, por favor!
Comentem!
Beijocas e até, Lelly ♥



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