Aquela explosão majestosa cobriu o céu escuro da noite com um laranja atordoante. Senti a mão de Twelve segurar a minha com uma força sutil, senti-me protegida por seu calor e o suor que escorria por suas mãos másculas. Meus olhos castanhos não desviavam do alto, eu não queria; Twelve e Nina trabalharam muito para aquilo, eu, como a refém, deveria simplesmente apreciar a genialidade de ambos.

A bela aurora esverdeada acendeu no céu, deixando a cidade então sem luz coberta por um forte verde de esperança. Estava só eu e Twelve lá, mas sabia que o japão assistia a aquela cena, todos com grandiosos brilhos de seus olhos, tanto de beleza quanto de lágrimas.

Quando a atmosfera pareceu mais amena, senti Twelve soltar minha mão suavemente, como se eu fosse feita de uma porcelana cara. Ele saiu da minha visão, deixando só marcas de seus pés no chão do parque onde estávamos. Twelve dirigia-se a rua, provavelmente procurando um veículo para ir ao encontro de Nine. Dito e certo, Twelve apareceu com uma moto um pouco menos atraente que sua antiga, no entanto, tudo indicava que ela estava cheia de combustível e foi abandonada por algum cidadão em pânico:

— Você vai atrás do Nine? — perguntei tremula, o silêncio foi sua resposta — Ele deve estar procurando por você.

A falta de resposta de Twelve, no entanto, não era tenebrosa: era esperançosa:

— Ele não está. — aquele sorriso besta — Acredite, era isso que ele queria.

— Heh?

Ele era misterioso, era inteligente e tinha um coração tão grande que sempre o sentia quando abraçava seu corpo: Twelve é a única pessoa que eu cheguei a gostar na minha vida, o único que senti que morreria se eu não o tivesse do meu lado. Eu amava ele, amava tanto que não admitia para mim mesma.

Twelve estendeu a mão enquanto posicionava a moto, testando seu motor que, por sorte, respondeu de imediato. Dei um passo para trás, mas ao ver que aquela mão esperava ansiosamente pelo toque da minha, não pude me afastar mais, meu caminho agora era ao encontro com a textura de sua mão molhada. Ele puxou-me, e em um doce encontro, senti seus lábios tocarem calmamente nos meus. Aquele havia sido meu primeiro beijo, sua boca tinha gosto de bala de caramelo, e eu, sem saber exatamente o que fazer naquela situação, só apaguei meus olhos, sentindo um beijo que, diferentemente de filmes que eu vi, não era quente e não tinha um apelo sexual: aquele beijo gritava amor, gritava o que nossos corações não conseguiam libertar por palavras; ele dizia ‘eu te amo’ com seus lábios, sentia sua língua contendo-se para não me explorar, naquele momento tentava me conter, mas lágrimas doces desceram pela minha bochecha corada: estava amando cada segundo.

O gosto de quero mais prevalecia quando nos afastamos finalmente um do outro, mas dada a situação, sabia que não podíamos mostrar tudo que sentíamos naquele momento. Sentei na garupa da moto, logo sentindo o vento passar pelo meu cabelo curto conforme Twelve acelerava o veículo:

— Aonde vamos? — perguntei, gritando

— A estrada é por aqui. — respondeu. — Não vamos ter problemas se formos agora.

— Mas para onde vamos? — ele não havia respondido imediatamente minha pergunta, ainda queria saber.

— Vamos construir o nosso mundo. — seu sorriso calmo me deixou segura. — Esse mundo não existe mais.

— Comigo? — perguntei, queria ouvir aquelas palavras de novo.

— É o nosso mundo, então acho que sim.

As lágrimas não paravam de escapar de meus olhos, eu sentia a água fugir com o vento, mas sempre vinha mais para repor:

— Eu te... — a coragem não vinha.

— Deixe isso para mais tarde. — ele me cortou — Eu também deixarei.

— C-Certo. — gaguejei, abraçando com mais força ainda o seu torso.

Aquele mundo de todos estava destruído a muito tempo.

Tudo que queríamos era criar o nosso próprio.

Para finalmente renascermos como uma fênix em chamas.

Juntos.