“Por que disse aquele monte de merdas pra mim, eu nem gosto de você, Marimo”

Sentiu seu corpo sendo finalmente aterrissado no chão com todo o cuidado. Ajeitou o terno automaticamente, enquanto Zoro se afastava, lhe dando um pouco de espaço.

Sanji tratou de acender um cigarro o mais rápido possível, evitando assim, ter que encarrar qualquer resquício de decepção no olhar do espadachim. Acender um simples cigarro nunca fora uma tarefa tão complexa. Suas mãos suaram, molhando toda a estrutura macia e frágil que cobria o tabaco. Tremia tanto, que as chamas não atingiam o alvo.

Sanji estava nervoso. A verdade, é que não precisava encarar Zoro para saber o quão horrível ele devia se sentir agora. Decepção sempre foi um ingrediente presente na vida do cozinheiro, e conhecia muito bem o sabor amargo dela.

“Você quer que eu acenda pra você?” as palavras do espadachim fizeram o cigarro quase ir ao chão. Zoro não esperou por uma resposta. Se aproximou naturalmente, retirou o isqueiro das mãos trêmulas de Sanji e lhe deu o fogo necessário. Se afastou da mesma forma que veio. Sanji olhou para Zoro, ali, parado, observando a água bater na areia da praia. O espadachim mantinha um olhar distante. Sentiu pena dele.

Tinha que confessar, nunca imaginou, um dia, ver Zoro entrando naquela igreja e se declarando pra ele, em público, daquela forma. A lembrança do homem de cabelos verdes, vestindo um belo terno, caminhando pelos corredores cheio de Narcisos, o deixou em transe. O rosto ficando levemente vermelho enquanto os olhos pareciam começar a lacrimejar; uma visão triste de alguém que estava sofrendo por amor. É claro que, no começo, ficou com vontade de matá-lo por isso. Ainda podia ver, claramente, o olhar chocado de Pudding. O nojo e a malícia estampados no rosto dos convidados. Logo ele, um gentleman, amante das mulheres, sedutor, não podia deixar um brutamontes metido a samurai estragar tudo com apenas algumas palavras quaisquer.

Tinha que por um basta nisso. Não poderia corresponder aqueles sentimentos e Zoro teria que aceitar.

“Zoro…” acabou o chamando, atraindo de imediato sua atenção. Observou um pouco mais o rosto impassível do espadachim. Não podia, não tinha o direito e, muito menos, coragem de despedaçar seu coração com uma rejeição em um momento daqueles.

Se aproximou o máximo que era possível. Ainda pode ver um resquício de surpresa naqueles belos olhos verdes, antes deles se fecharem a espera do beijo que Sanji não pode negar.