Offusco escrita por Sarah


Capítulo 1
Offusco


Notas iniciais do capítulo

Premissas para você entender a fic:

Trata-se de uma Soulmate AU onde você só começa a enxergar cores no momento em que sua alma-gêmea te toca pela primeira vez.

Remus não frequentou Hogwarts por causa da sua licantropia, mas ele ainda se junta à Ordem da Fenix e trabalha infiltrado junto aos apoiadores de Voldemort.

Acho que é isso... Obrigada por estar aqui. ^^



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Eles só deviam observar, tomando café num estabelecimento de esquina com boa visão para a loja de poções escondida do outro lado da rua. Sirius tinha certeza de que Moody não os deixaria fazer nem esse tipo de trabalho se a Ordem tivesse gente suficiente, mas Dorothy morrera, e Molly descobrira que estava grávida uma semana atrás. Isso tinha feito ele e James conseguirem sua primeira missão verdadeira.

Sendo sincero, não esperava algo muito diferente de uma aventura contra estudantes da Sonserina, mas as coisas deram errado rapidamente. Levou apenas um instante para o orgulho de finalmente ser útil se transformar em medo.

Algo explodiu e houve tumulto. Um rapaz correu pela rua, seguido de perto por Ian Melgor. Sirius e James não tinham qualquer dúvida de que Melgor era um Comensal da Morte. Ambos mal trocaram um olhar antes de James lançar um feitiço contra o homem, levando-os para a confusão.

As orientações de Moody em caso de conflito foram claras. Mesmo assim, Sirius hesitou antes de enviar um patrono de aviso, perguntando-se se ele e James conseguiriam resolver a situação sozinhos. Isso silenciaria quem dizia que os dois eram muito jovens… Mas, então, uma maldição passou a centímetros de James e qualquer heroísmo perdeu a importância. Sirius mandou o alerta.

Disparou magias de proteção — um escudo sobre alguns trouxas, uma barreira, dando cobertura para James avançar contra um segundo Comensal que saiu da loja. O garoto que correra também lançou feitiços sobre os Comensais.

Logo estampidos de aparatação irromperam no ar: pessoas da Ordem e homens encapuzados que não tinham pudor em usar magia negra juntaram-se a eles.

James lançou um encanto ofensivo. Um dos Comensais caiu, permanecendo imóvel. Prongs matou uma pessoa — o pensamento infiltrou-se devagar na mente de Sirius, deslocado dos acontecimentos ao redor, terrível e absurdo.

Sequer reagiu quando a fachada da cafeteria onde estavam desabou. Na confusão, alguém esbarrou nele, fazendo-o cair de joelhos. James o  arrastou até a cobertura de uma parede semidestruída.

Sirius se apoiou nos tijolos enquanto James disparou outro feitiço. O lampejo da magia pareceu perfurar seu crânio. Encolheu-se e vomitou, fechando os olhos com força. A explosão deslocara a luta para longe deles, mas o mundo ainda era um caos.

— Fui amaldiçoado?

James xingou. Ele correu as mãos por seu corpo desesperadamente, checando.

— Nenhum sangue. Eu teria visto se algum feitiço tivesse acertado. Você está bem.

— Não. — Se Sirius tinha certeza de alguma coisa, era de que aquilo não era estar bem. Esforçou-se para encarar James. Os olhos dele pareciam faróis. Sua cabeça estalou de dor. — Tudo está  brilhando, Prongs. Dói.

Merlin, deviam estar duelando... Tentou erguer-se, porém James o  empurrou de volta.

— Abra os olhos.

Ao obedecer, a náusea piorou. James acabou forçando suas pálpebras abertas, fitando-o muito de perto. Sirius sentiu que poderia se afogar nos olhos dele.

— Você não foi amaldiçoado, idiota! Sua alma-gêmea tocou você! Sua pupila mudou. As coisas não estão brilhando, você está vendo cores. — De repente, James começou a rir. — Se a sua alma-gêmea for um maldito Comensal, mato você.

A luta tornou-se mais barulhenta. James estava rindo como se achasse a situação hilária ou como se estivesse desesperado, Sirius não soube definir. De qualquer forma, riu com James.

Havia encontrado sua alma-gêmea, ela provavelmente era um inimigo, eles podiam estar prestes a morrer...

Esse último pensamento mal aflorou e Sirius viu um clarão lilás, e, então, tudo apagou.

.

A cor ficou gravada na sua íris. Quando acordou, estava na sede da Ordem. Tudo parecia lilás e surreal. James o fez beber uma poção atenuante, que tornou o colorido suportável, depois informou sobre o final da missão e ficou ali parado, desconfortável. Sirius decidiu poupá-lo da agonia.

— Minha alma-gêmea é um Comensal?

— Não. Você é sortudo. Posso chamá-la, se você estiver bem...

Sirius hesitou. Queria conversar com James, perguntar se o homem que ele atingira tinha mesmo morrido e como ele estava lidando com isso, mas James provavelmente precisaria de tempo para conseguir responder essas perguntas.

Além disso, céus, sua alma-gêmea estava ali. Sirius poderia vomitar novamente.

— Estou bem — acabou dizendo.

James não pareceu convencido, mas deixou-o sozinho, sorrindo maliciosamente ao sair do quarto.

Logo depois o garoto que iniciara o confronto contra os Comensais bateu na porta, aproximando-se da cama lentamente.

As pupilas dele pareciam buracos negros, recém dilatadas, como as suas.

— Remus Lupin — ele informou, soando inseguro. — Desculpe se não for o que esperava...

Um homem.    

Uma sensação morna escorreu pelo peito de Sirius, derretendo a agonia que ele estava sentindo desde que a luta na cafeteria começara. Remus parecia cansado e bonito. Sirius estendeu a mão, tocando o rosto dele. O gesto fez um rubor rosado tingir sua face. De repente a dor de cabeça por causa das cores valeu a pena.

— Não estou decepcionado. Eu imaginava que minha alma-gêmea teria volume entre as pernas desde os onze anos, quando vi Augustus Lynch sem camisa.

— Devo ter ciúmes? — ele questionou, levantando uma sobrancelha. Sirius achou que era uma boa resposta para sua declaração.

— Não. A puberdade foi cruel com Augustus.

Remus esboçou um sorriso, mas sua expressão continuou angustiada. Quando ele voltou a falar, meio que cuspiu as palavras, parecendo que ia engasgar com elas se não as dissesse naquele instante:

— Acho que você precisa saber que eu sou um lobisomem.

Sirius o encarou. Remus estava contendo o fôlego, provavelmente esperando que Sirius o amaldiçoasse. Ele devia ter passado as últimas horas imaginando como dizer aquilo — céus, devia ter passado toda a vida temendo como sua alma-gêmea iria lidar com esse fato.

— Sério?

Remus assentiu.

Oh. Minha mãe vai me odiar mais por isso do que por você ser um homem. — Remus não respondeu, e Sirius sorriu. — É uma coisa boa — falou com sinceridade.

A mão de Remus estava apoiada na cama. Sirius entrelaçou seus dedos nos dele. Era bom tocá-lo, familiar e excitante.

— Você é estranho.

— E você é um lobisomem.

— Sim.

— Nós vamos nos dar bem.

Dessa vez Remus também sorriu, como se estivesse começando a acreditar nisso.


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Notas finais do capítulo

Obrigada por ler e comentar! :3