A magia do Amor escrita por Lu Inoue


Capítulo 7
Teste




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O vívido níveo da pelagem equina era um contraste auspicioso na paisagem monocromática. O célere galopar de Elpida traspassava tudo á sua frente; árvores, arbustos, rochedos, lamaçais. Benjamin sustentava no peito um coração descompassado, sua turva visão confundia-se entre mirar a paisagem castanha mortiça e as rédeas de energia verde luzentes em suas mãos. Não se lembrava do cavalo aceitar ou possuir tais  aparatos, mas também não discernia se aquilo importava no momento. 

 

Determinado a alcançar Nebrina e rogar para que cessasse a eminente catástrofe, Laskaris temia por sua mãe, os habitantes de Alíseos e por si. Reconhecia-se minusculo e leigo mediante a estrutura colossal da conjuntura, todavia, depositara expectativas no elo que construíra com a criatura volátil. O vento rugia derredor, trovões impetuosos ressoavam pelos céus enegrecido cujas nuvens tomavam uma assombrosa cor púrpura e raios escarlates fulguravam no horizonte atingindo as copas das árvores iniciando chamas.

 

Em meio a corrompida bruma nude, envolta num rebuliçar de folhas, pedregulhos e galhos Benjamin avistou uma aturdida Dama Branca. Elpida parou o mais perto que se atreveu a chegar e o garoto esfregou a poeira dos olhos e pulou para o chão. Um assombro invasivo abalou seu âmago. Sem se aventurar a cruzar o pequeno tufão que circulava a moça, o rapaz apenas gritou por ela diversas vezes. Visto que seu brado não surtira efeito e o tempo estava se esgotando, ele  respirou fundo e buscou a coragem que nem sabia possuir, adentrando ao turbilhão.

 

Uma vez embrenhado em meio ao ciclone, sentia o quão era difícil respirar, abrir os olhos ou mesmo se movimentar alí. Pertinaz, avançou com todas as suas forças, talvez a pouca fé que cultivara até o momento viesse a lhe ser útil. Apercebia-se sendo repelido e seu corpo agredido pelo atritar de galhos pontiagudos, raízes e pedregulhos. Era como se milhares de agulhas perfurassem sua pele, rasgassem-lhe os trajes. Por um instante sentiu-se tentado a desistir, inferiorizado pelo desejo tolo de deter algo maior, mas em meio a toda aquela tortura ele a ouviu chorar e foi o que o fez persistir.

 

Talvez… Talvez ele não fosse mesmo importante e estivesse perdido em meio a algo muito maior, amedrontado, ferido, sangrando, mas ele a alcançou mo núcleo de toda tormenta jogada sobre a relva, encolhida em posição fetal e alheia a todo o caos, vertendo infindáveis lágrimas. Trêmulo e flagelado tentando ignorar a dor lancinante das feridas mais profundas, o rapaz abaixou-se diante da Dama. Atreveu-se a embrenhar os dedos pelas madeixas revoltas tomadas de galhos e folhas.

 

“Nebrina, por favor…” ele tentou usar o tom mais acentuado o possível, na esperança de ser ouvido mais que os ruídos ambientes.

 

Ela levantou a cabeça, confusa. Era como se despertasse de um transe, a cabeça girava e o peito apertava-se como se estivesse a esmagar os órgãos vitais guardados na caixa torácica. Piscou aturdida, contudo ainda fora capaz de reconhecer a presença do amigo, mesmo diante das mudanças físicas. Tudo parecia distorcido enquanto ela tentava se sentar com a ajuda dele.

 

“O que está se passando?” ela ciciou espantada com todo o caos ao entorno e com a debilidade do rapaz, cujas feridas mais profundas emanavam o fluido vital.

 

E ele a abraçou forte, sabia que ela não era dada a contatos físicos, mas no momento não pode pensar em nada. A Dama Branca correspondeu o ato já se concretizando do que se passou, tornando a amargar a dor de seus atos.

 

“Por favor, você precisa parar tudo isso ou todos vamos morrer; minha mãe, eu e as pessoas da cidade…” ele soluçou em meio a um pranto suplicante“ Eu não posso morrer assim! Sei que você entende”

 

“Só... Mantenha os olhos fechados” Ela não sabia se realmente poderia parar tudo aquilo, afinal não criara propositalmente, mas esforçaria, por todos os danos causados a sua floresta, pela criança trêmula e amedrontada em seus braços e tanto significava para si.

 

Benjamin agarrou-se forte naquele abraço, enquanto a ouvia entoando palavras desconhecidas. A incerteza de um futuro e os furiosos ruídos assombrosos ao redor o levara a experienciar um pânico agudo. Afinal, inda era tão jovem, mal deixara sua infância, tinha sonhos e metas.

 

Gradativamente a turbulência foi cessando. O uivo ameaçador da tempestade de areia, findou-se, os raios escarlates com os demais fenômenos se aquietaram crianças barulhentas sob acatando ordens de seus professores. O garoto ainda estava entorpecido pelo assombro do contexto geral, temendo soltá-la, arreceando abrir os olhos. Ela não se moveu até sentir o coração do garoto aquietar-se.

 

“Você já pode abrir os olhos.” ordenou em tom sereno.

 

Trêmulo, Laskaris buscou o ar com dificuldade, seu olfato captou o doce aroma de frutas maduras que compunha o cenário costumeiro da Floresta Silenciosa. A certeza de encontrar a paisagem habitual acendeu-se no peito e preencheu seu íntimo com júbilo e perspectiva. Finalmente ele soltou-se do abraço e abriu os olhos.

 

Os olhos negros buscaram a figura feminina á sua frente, uma profusão de emoções conflitaram dentro de si. Depois da tormenta, além da sensação de alívio, o garoto fora abatido por uma nostalgia avassaladora, o que o fez se jogar novamente naquele abraço e chorar. Ele estava mesmo de volta àquele local e para aquela pessoa.

 

Nebrina conseguia entender que o pranto de Benjamin não era relacionado a pavor, percebia nitidamente por partilhar o mesmo sentimento. Ela se deixou cativa no enlace sem quantificar o tempo. Estava enfraquecida, exaurida. Suas energias foram esgotadas nos reparos  de erupção repentina.

 

“Não teve um só dia, desde a última vez que nos vimos, que eu não pensasse em você. Eu queria voltar, mas…” Laskaris parou em meio a fala quando sentiu a moça depositar todo o peso sobre si. “Nebrina?”

 

Ao se mover, abrupto, desprendeu-se da moça, que caiu desacordada sobre as folhas castanhas. O garoto piscou atônito, sem saber como proceder. O fúnebre acastanhado da paisagem acolhia perfeitamente a Dama pálida e desgrenhada, com seu longo traje brancos maculado pelo carmim do sangue dele. Tal quadro era de uma beleza insólita.

 

“Nebrina?” temeroso, tocou a face leitosa chamando-a vezes mais, sem obter respostas.  

 

A noite caliginosa alastrava-se pelo horizonte transvertendo a paisagem. Elpida aproximou-se do casal e relinchou, tirando Benjamim de seu apavoro. O garoto percebeu num estalo que suas feridas já não existiam e o sangue na pele e roupas já estava secando. Atentou-se ao fato de não sentir mais dores lacerantes e falta de ar.

 

Elpida rodeou os dois e relinchou mais uma vez, alto, impaciente. Em um lampejo, Benjamin se lembrou das regras que Nebrina impôs, dentre elas; nunca andar na Floresta Silenciosa durante a noite. Um calafrio lhe subiu pela espinha. Ele não sabia o que mais de pavoroso poderia ter por alí, tampouco se interessava em descobrir.

 

Entendeu que Elpida fizera um alerta e se apressou em tentar carregar a moça. Não fora uma missão inviável, vez que a Dama era leve como plumas. Teve certa dificuldades em ajeitá-la sobre o animal e montar por conseguinte, mas os realizou. O equino cavalgou para a cabana de Nebrina.

 

Tantos planos passaram pela cabeça de Laskaris, acerca daquele reencontro, mas aquilo contrariava todos eles. Supunha estar ha quase duas horas naquele local esperando que ela despertasse. Por sorte haviam brasas na lenha do fogão, a que ele se empenhou para se tornar chamas. Assim, o local ganhou calor e uma parca luminosidade.

 

Vasculhou sua mochila e remexeu o celular, que como esperado, não funcionava alí. Estava preocupado com sua mãe, tanto por sua segurança, quanto pelo apavoro que sua ausência deveria estar causando a ela naquele momento. Arrastou-se até o leito onde a moça jazia em repouso e passou a mão pela maçã do rosto dela. Gostaria de ter lhe trocado o vestido sujo de sangue, mas não ousaria fazê-lo.

 

De súbito, ela segurou-lhe a mão o fazendo ter um sobressalto.

 

“A noite caiu? Você não poderia estar aqui, não deveria.” murmurou enfraquecida.

 

“Eu sei, me perdoe, mas não tive escolha. Eu nunca correria para sair da floresta e a deixaria desmaiada e sozinha.” apertou-lhe a fina mão, acariciando-lhe o dorso com o polegar, mas ela a retirou.

 

“Não me deixaria sozinha? Não seria novidade.” escarneceu magoada, sentando-se na cama e usando magia para acender suas luminárias.

 

“Sei que está chateada comigo, mas eu só tinha doze anos e aquela cena foi assombrosa. Tudo que eu enxerguei foi um garoto como eu, sendo brutalmente eliminado.” esfregou os olhos agredidos pela luminosidade repentina.

 

“Ele não era como você.” ela murmurou caminhando até o espelho e mirando o reflexo, constrangida com o quão  desmazelada parecia; os cabelos nos quais fizera penteados diferentes a cada manhã, apresentavam-se desgrenhados e repletos de folhas e o vestido… Quando fitou o sangue que lhe manchava os trajes, correu para Benjamin “Seus ferimentos?”

 

“Ah? Você os curou, não se lembra?”

 

“Curei?” ela paralisou repentinamente arregalando os olhos, cambaleou quase caindo e sendo amparada pelo garoto.

 

“ Nebrina? Você precisa repousar, creio que gastou muita energia por um dia.” ele tinha muitas perguntas, mas ponderou não ser o momento.

 

“Eu me lembro agora!” apoiada por Benjamin, ela sentou-se na cama assolada uma vez mais pelo pranto. “Foi um dia estranho…” foi interrompida por seu soluçar.” Vivenciei o aflorar de um novo poder, eu posso ver as verdades dos corações das minhas presas, mas se me disserem o nome, não posso ir contra minha natureza.”

 

“Então? Naquele momento você foi forçada a tirar a vida daquela garota?” ele começava a ligar os pontos.

 

“Não era só uma vida. Aquela garota carregava um bebê!” o choro se intensificou e da cama ela se deixou escorregar para o chão.

 

Benjamin compreendeu a grandiosidade do que se passava. Nebrina era vulnerável mediante a filhotes. Ele não tinha palavras para acalentá-la. Abaixou-se acercando-se da moça e acariciou-lhe os cabelos.

 

“Desta vez eu não tirei a vida de um garoto louco e cruel que enchia minha floresta de cadáveres de animais indefesos… Eu tirei uma vida inocente, que nem chegou a ver a luz do dia, sentir a brisa no rosto! E se amanhã você quiser fugir para nunca mais voltar, eu vou entender, porque agora eu me sinto como o monstro que seu olhar me fez sentir aquele dia!” desabafou alterada, ressentida, confusa.

 

“Não, eu não vou fugir!” ele a apertou forte no abraço “Eu sinto muito por aquele dia, por ter te julgado, mas eu entendo agora, coisas que antes não entendia! Eu sinto muito, sinto muito… Senti  todo este tempo! Será que você pode me perdoar?

 

“NÃO!” ela o afastou abrupta enquanto as luzes piscaram se apagando por segundos, objetos caíram ruidosos contra o piso de madeira “VOCÊ NÃO DEVERIA ESTAR AQUI! EU NUNCA DEVERIA TER TE DEIXADO FICAR…” ela colocou as mãos a altura das sobrancelhas contorcendo o rosto em uma expressão de dor.

 

“Mas eu estou aqui agora!” murmurou sentido em contraste aos gritos da outra  “E não é como se eu pudesse voltar para casa e apagar tudo, até porque eu já tentei. Eu quase morri, senti a pressão do ciclone quase a esmagar meus pulmões, ainda sinto o gosto de sangue na boca. As feridas já estão curadas, mas a dor e o horror não podem ser apagados. Entende?”

 

“Entendo, por isso estou te libertando de tudo isso. Se eu pudesse, lhe apagaria a memória, talvez apagasse as minhas também e viveria dias iguais pela eternidade cumprindo meu único proposito como portal!”

 

“Você está errada!” contestou o garoto e recebeu um olhar indignado por parte da criatura, mas respondeu à hostilidade engatinhando até ela e envolvendo-a em um abraço afetuoso, deixando-a sem ação.” Eu não quero que nada disso seja apagado, por mais impactante que seja, porque eu te chamei e você me ouviu, eu te pedi para parar e você me atendeu. Eu passei dois anos tentando criar coragem para voltar aqui, não vou mais fugir, porque eu sei que sou algo que realmente importa para você.”

 

Ela tragou o ar, comovida e sem respostas. Gostaria que ele fosse para longe de todo aquele caos que a cercava, mas também o queria de volta. Entendia que saber meias verdades sobre Pietrus e Edelvais e o fato de ter ceifado uma vida inocente, a deixara sem controle sobre seus poderes. Não era certa sobre as possibilidades daquele desequilíbrio se repetir e acabar com tudo a sua volta.

 

“Eu só quero que você esteja protegido.” revelou num murmurejar titubeante,  se libertando do enlace e passando os dedos pelas peças caídas.

 

Ele a olhou jogada naquele chão, com a cascata de cachos revoltos e emaranhados de folhas, o vestido branco, encardido pela poeira do tufão e as fartas manchas de sangue a estampar o tecido. Cercada pelos objetos que caíram da penteadeira, face corada e rastros de lágrimas… Ele deveria ser louco, concluiu com um sorriso inoportuno. Era um quadro que apavoraria qualquer outro, mas para ele era tão lindo.

 

Lembrou-se da primeira vez em que a viu, todo fascínio e estranheza. Ela era uma incógnita entre belo e assombroso, um paradoxo relativo a poder, altivez, solidão e carência,  um copulado de sentimentos que o atraia e intrigava. Um caleidoscópio de cores preteridas e subestimadas, mas capazes de belas pinturas.

 

“ Qual o motivo do riso?” limpou as lágrimas com o dorso dos dedos e fungou, questionando, confusa, incerta.” Por acaso eu disse alguma tolice?”

 

“Talvez.” riu pelo nariz“ Considerando que eu não quero ser protegido de você ou de toda essa insânia que a cerca. De fato eu nunca quis, nem quando realmente precisei. Sendo assim, devo pontuar que você só se verá livre de mim se eu lhe disser meu nome.”

 

“Como ousa?” exaltou-se ela, por tamanha afronta“ Não se atreva a troçar de algo tão sério!”

 

“Pois não foi devido ao meu atrevimento que chegamos aqui?” ele sustentava um sorriso triunfante.

 

“Tolo!” foi tudo que ela conseguiu sussurrar. Ela nunca conseguiu argumentar com ele, nem quando era um garotinho inocente, não seria agora que o venceria.

 

“É bom estar de volta.” provocou-a, tirando algumas folhas entrometidas, das longas madeixas.

 

“É bom que esteja de volta!” revelou virando na direção oposta e se apoiando na penteadeira para se levantar.

 

Ele levantou-se ligeiro na intenção de ajudá-la, era notável sua debilidade, mas a moça teimava em seu autossuficiente.

 

“Não se esforce.” alertou o rapaz.

 

“Eu preciso de um banho, estou horrível!”

 

“Mas, se bem entendi, não podemos ir lá fora durante a noite, correto?”

 

“Correto, a noite a floresta não é segura nem para mim, neste período minha magia é fraca, quase inexistente, mas não precisamos ir lá fora procurar pelas termais, se foi o que lhe ocorreu?”

 

“Então?”

 

“Criei uma passagem dimensional no meu guarda-roupas. Tirei a ideia de um dos livros que me trouxestes.” caminhou orgulhosa, abrindo o guarda-roupas.

 

Benjamin a acompanhou com o olhar. Nebrina abriu o móvel e o adentrou. O garoto sacudiu a cabeça negativamente e a seguiu. Quando olhou no guarda-roupas, viu uma infinidade de vestidos brancos a ocupar um espaço infinito, suspensos por cabides que flutuavam no nada. Um perfume suave; cítrico e refrescante invadiu seu olfato.

 

“Você não vem?” chamou afastando dois vestidos e colocando o rosto no meio deles.

 

O garoto deu de ombros e a seguiu, abrindo passagem pelos vestidos perfumados e saindo pela porta de outro guarda-roupas, se deparando com um jardim interno onde se impunha um belo ofurô rustico. Ela sorriu garbosa ao ver a admiração dele e escalou os degraus da pequena escada, sentando-se a borda da banheira e enchendo com magia.

 

“Você não deveria ficar se exibindo, é nítido que está exaurida.” Laskaris cruzou os braços frente ao peito salientando a seriedade da repreenda.

 

“As águas têm um poder grande poder curativo. O pouco de esforço para trazer um banho morno e perfumado, ganharei em dobro quando descansar meu corpo nesta tina.” explicou agitando o líquido com a mão e fazendo surgir pétalas aromáticas na superfície.” Mas, este banho é para você, não estou tão fraca assim, posso esperar um pouco mais.

 

“Não, você precisa disso mais do que eu.”

 

‘Não coloquei em discussão. Sairei para que se banhe e se não o fizer, arrancarei seus trajes com magia e o jogarei nessa tina.” foi incisiva, encerrando o assunto.

 

 

O aprazível contato da água morna em seu corpo, o fez relaxar de imediato e soltar um suspiro apreciador. A teimosa anfitriã deixara o local, deixando toalhas e um roupão. Por alguns instantes ele sustentou o pensamento de que ela quem deveria se banhar primeiro, mas quem a convenceria? Por fim, ele colocou de lado todos os percalços e inquietações do dia e se permitiu descansar naquele banho agradável.

 

O que explicaria para Nimel, as perguntas que faria para Nebrina acerca da tal colheita e mesmo da moça que correu para a morte deixando a cidade alvoroçada, dentre tantas dúvidas mais, poderia ficar para outro momento. Era difícil fechar os olhos e não se lembrar da tempestade de areia uivando cada vez mais perto e da cavalgada em Elpida pelo cenário tenebroso, mas precisava tentar sossegar a mente.

 

 

“Acorde! Não é seguro adormecer na tina.”

 

A voz de Nebrina despertou o rapaz de seu breve cochilo, estava tão exausto que acabou se apoiando na borda e adormecendo ao relaxar. Benjamin teve um sobressalto quando entendeu a situação e puxou uma das toalhas para se cobrir ainda dentro d’água.

 

“Nebrina! Não deveria entrar sem avisar!” repreendeu embaraçado.

 

“Oras, mantive meus olhos em altura confiável, não precisa se preocupar.” ela abafou um riso com a mão, dando as costas para o jovem. “Eu o chamei várias vezes e só entrei porque fiquei muito preocupada. Vista-se a vai comer, também quero um bom tempo no banho.”

 

“Você preparou refeição? É que você deveria estar repousando.”

 

Ela deu de ombros como uma criança mal-criada e o deixou sozinho para que se vestisse. Secretamente sabia que o fato de tê-lo de volta em sua vida já a deixava revigorada. Precisava sim, de um longo repouso, mas não morreria por tais atividades.

 

“Onde você colocou minhas roupas?” ele chegou no quarto trajando o roupão branco e secando os cabelos com a toalha.

 

“Vou consertá-las amanhã, estão rasgadas e ensanguentadas. Creio que sua mãe ficaria furiosa, não?

 

“Eu diria, preocupada. Ela deve estar agora.”

 

“Bem, não podemos fazer nada a respeito. Então, coma…” fez menção demonstrando a bandeja com sopa sobre a penteadeira. “Está quente e saborosa e se quiser tem mais no fogão. Depois, durma, não precisa esperar por mim.”

“ Você não vai comer?” segurou-a pelo pulso, quando ela passava por si.

 

“Você sabe, eu não preciso. Não é como se eu não apreciasse comer em sua companhia, mas podemos deixar isso para outra ocasião?” arqueou uma sobrancelha

 

Ele apenas assentiu soltando-a. Depois de tudo, o aroma da sopa fez seu estomago roncar ruidoso. Se fosse por opção, também preferia não pensar em comida, mas seu corpo exigia. Enquanto Nebrina seguiu para o banho, Benjamin saboreou o jantar e se recolheu ao leito. Notou que ela organizara toda a desordem e trocara a roupa de cama.

 

Forçou-se a esperar por ela, pois tinha a tola curiosidade sobre seus trajes de dormir. Se pôs a imaginar o perfume da pele dela após sair do banho e riu de si mesmo pela parvoíce infantil. Irônico era concluir que, ao fim de toda aquela loucura ele iria dormir com uma garota bonita. E com o pensamento descontraído, ele adormeceu antes que a anfitriã regressasse.

 

 

Em passos lentos, Nebrina chegou ao quarto trajando sua longa camisola comportada e confortável. Esboçou um sorriso ao observar o garoto rendido a um sono sereno. As feições delicadas, quase infantis estampavam a face alva emoldurada pela cortina de madeixas negras. Ela não resistiu ao impulso de guardar a longa franja atrás das orelhas, num toque suave.

 

Sentou-se na beira da cama enquanto penteava os cabelos. Seu peito estava cheio de alegria por ter o garoto de volta em sua vida. Por outro lado, não sabia se era digna daquela felicidade, ainda estava assombrada com seu novo dom e, principalmente em ter tirado uma vida inocente. Começava a questionar se realmente deveria ser o que era.

 

Uma chuva fina atirou dos pensamentos. Ela percebeu que os cabelos já estavam desembaraçados, andou até as janelas, fechando-as e buscou um lugar em seu leito aconchegando-se ao lado de bem. Admirou a face angelical uma última vez antes de apagar as luzes e se render ao sono.

 

 


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