Desconcertadas escrita por Rina Cruz


Capítulo 1
Desconcertadas


Notas iniciais do capítulo

Me deu muita vontade de escrever essa história quando vi a tirinha no grupo do Nyah!. Eu não tenho experiência nenhuma escrevendo sobre personagens homossexuais, então fiz algo bem leve e descontraído com uma pequena e implícita crítica social. Espero que gostem!



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Em um castelo coberto pela escuridão

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— Isso é um absurdo! – Um homem de cabelos e vestes pretas gritou abismado com a confissão de sua filha. Um raio cruzou o céu acima do castelo onde viviam.

— Onde foi que nós erramos Maes? – Uma mulher de cabelos dourados e vestido negro lamentava ao lado do marido.

— Vocês não erraram em nada. Criaram-me perfeitamente! Me ensinaram a como envenenar maçãs, enfeitiçar rocas e flores, me mostraram como fazer vudu e até como me transformar em dragão, mas... Essa não sou eu. Eu não sou assim.

— Você acha que é assim por que nunca transformou um príncipe em gato ou um aldeão em cabra, minha filha. Se você experimentasse... – A mulher falou, limpando o rimel borrado com um lenço negro.

— Eu conheço um ótimo especialista. O filho do meu padrinho Jean também não gostava de feitiçaria e hoje ele trabalha distribuindo pães envenenados para príncipes disfarçados de aldeões! – Disse o pai.

— Eu não preciso experimentar para saber o que eu gosto ou não!

— Liz, olhe o tom que fala conosco!

— Mas essa é a verdade. Por mais que não aceitem... – Ela engoliu a seco. – Eu sou fascinada por comércio e administração!

— Oh que horror! – A mãe desmaiou com o choque.

— Wendy, querida!  - O pai segurou a esposa e se virou para Liz com um olhar em choque.  - Depois de tudo que fizemos por você Liz... Você vai mesmo nos dar esse desgosto? Você é nossa única filha!

— Desculpa, mas eu não vou mudar. Não seguirei o ramo de enfeitiçadora de nobres de nossa família. – Liz carregava uma mala. – Por isso eu decidi ser uma comerciante e juntar dinheiro para minha loja de especiarias. Eu cansei de esconder quem sou. Estou partindo.

— Elizabeth... Se ultrapassar essa porta, não ouse mais a voltar. – O pai bradou furioso. – Não permitirei que uma... Comerciante esteja em nossa família.

— Sinto muito. Adeus.

— Liz, você não pode fugir do que você é! Você no final de contas é igual a nós!

         Liz pegou seu cavalo e sua carroça e partiu descendo as montanhas negras por onde ela viveu todos os seus dezoito anos. Por mais que sua cara fechada não demonstrasse, estava extremamente triste por ter sido rejeitada por seus pais.  “O que eu esperava, afinal? Que eles iriam dizer parabéns e que me desejariam sucesso? Eles nunca me aceitariam. Só por que sou diferente...”

         Sua decisão foi tomada. Iria para o vilarejo de Springfell, onde trabalhava escondida dos pais, o que permitiu a ela juntar dinheiro para comprar o cavalo e a carroça para o transporte de especiarias (fato que ela havia escondido deles inventando uma desculpa) e enfim poderia começar sua jornada pelo mundo. E o melhor: Não precisaria mais mentir.

— Esse cravo da índia está fresquinho, senhorita. Meu carregamento acabou de chegar, olha só!  - Um velho gorducho mostrava para uma jovem os seus temperos.

— Senhor Alex.

— Oh, olá Liz. Só um momentinho. – O velho trocou algumas palavras com a mulher, que decidiu levar o tempero. Ele os pesou, embalou e entregou. – Volte sempre!

— Como está indo? – Liz desceu do carro e cumprimentou o velho com uma vênia.

— Anda bem parado ultimamente, pra ser sincero. Os mercados  são instáveis nessa época. – Ele respondeu.

— Entendo.

— E então, pensou em minha proposta? De trabalhar comigo de forma mais efetiva?

— Sim. Eu decidi aceitar. Eu começarei a trabalhar para o senhor como comerciante. Colocar tudo que me ensinou em prática.

— Quem ouve desse jeito fala que eu coloquei a filha dos bruxos Monteclaire no mau caminho. E eles, o que acharam?

— Foi do jeito que eu imaginei. – Respondeu curta. - Eu sempre gostei de comércios. Ninguém faria com que eu deixasse de gostar ou não de algo.

— É assim que se fala! 

— Quando começarei?

— Calma! Você acabou de sair de casa. Vamos, preciso da sua ajuda aqui na minha barraca e então mais tarde a gente planeja melhor. Você também precisa ter um registro em uma guilda.

— Tudo bem. Eu posso ficar um pouco com a barraca?

— Claro. Irei tomar uma cerveja para refrescar um pouco.

         Liz deu um profundo suspiro e em sua face sempre carrancuda surgiu um micro sorriso ao olhar para aqueles temperos nas prateleiras improvisadas e nos sacos de linho. Um sentimento de tristeza ao se lembrar dos pais tomou seu sorriso. Sacou sua varinha negra da veste e encarou o objeto com um rosto enigmático.

— O que pensa que está fazendo, vilã? – Uma voz fina e austera soou em seus ouvidos.

                   (....)

         Algum tempo antes, em um castelo não tão longe dali.

                ---

 

— Por favor, comporte-se princesa!

— Mas isso é muito chaaato! – A jovem botou os cotovelos na mesa.

— Retire os cotovelos da mesa, princesa Mira! – A tutora olhava com cansaço por cima dos óculos. Sua roupa era escura como seu humor.

— Como está indo, Miranda? – A rainha chegou ao cômodo com seu vestido rosa adornado.

— Minha alteza! Se me permite dizer... – Ela deu uma pausa.

— Claro.

— Creio que treinar um alce a tocar um alaúde seria mais fácil do que ensinar sua filha a ter boas maneiras. E olha que Alces somente tocam instrumentos de sopro e tambores no nosso mundo por que eles têm cascos.

— Entendo. – A mulher suspirou desolada. – Então aquelas dezenas de príncipes lá de fora terão que esperar mais um pouco.

— Fala para todos eles irem pra casa, mãe. Não vou me casar com nenhum!

— Mas querida... Em nosso mundo mágico, você tem que se casar com um príncipe ou pelo menos um galã que se for delinquente, no final irá se redimir e se tornará um maravilhoso príncipe.

— Mas antes de aprender a se portar, ela não poderá se casar. Não por falta de pretendentes, mas por que os pais do noivo não aceitarão uma princesa tão desajeitada!

         Enquanto a mãe e a tutora conversavam sobre o futuro de Mira, a mesma foi pela janela e viu centenas de príncipes de vários reinos com presentes e olhares apaixonados. Seu olhar se desviou para além dos campos, escondido entre as montanhas. O vilarejo de Springfell a qual não visita tem certo tempo e não se limitou ali. Sua imaginação a levou para locais distantes além das montanhas, paisagens exóticas e aventuras épicas, assim como as que ela lia em seus livros.

         Mas quando olhou para trás e viu todo o luxo da sua casa e percebeu que ficaria limitada a estar ali, sendo adorada como se fosse melhor do que os outros, dando ordens como se soubesse liderar algo. Suspirou fundo e pediu licença pelo resto do dia, alegando estar indisposta e foi para o quarto.

— Parece triste, princesa. – Al, o gato branco falante subiu na cama da princesa, onde ela se encontrava. – Coisa do casamento?

— Sim, Al. Por que tenho que escolher um príncipe para casar? Eu não quero isso!

— Mas os príncipes não são tão maus assim, não é?

— O problema é que não sinto nada por nenhum deles. Nenhuma faísca se acende no meu peito quando olho para algum deles.

— Ainda bem, se não seu coração pegava fogo. – Al era bem literal. A verdade é que o nome dele é Literal em homenagem a isso.

— Eu às vezes sinto como se ninguém fosse capaz de fazer meu coração disparar. – Ela ergueu as mãos no céu. – Talvez nenhum homem.

— Você acha que gosta de mulheres, então?

— Eu sei é que não gosto de nenhum desses rapazes.

— Isso parece algo triste. Pelo menos para o pessoal da sua espécie.

— E sabe o que eu posso fazer para animar? – Ela sorriu para o gato, que a olhou com uma feição intrigada. – Ir para o vilarejo. Está quase na hora das carroças saírem.

— Em breve você será apanhada. – Ele olhou ela pegar uma capa do guarda-roupa e colocar ao seu redor, fazendo-a tornar-se uma plebéia em vista do gato.

— Enquanto eu tiver minha capa encantada, isso não acontecerá. – Ela sorriu. – Eu vou para o vilarejo passear. Já faz mais de dois meses que não posso, graças a essas aulas inúteis.

— Desde o seu aniversário, certo? Humanos são tão estranhos. – Al desceu da cama. – Ainda se lembra como se desce pela escada de vinhedos?

— Mas é claro! Juro que não te deixo cair de novo!

         Al subiu nos ombros da menina que desceu pela escada de vinhedos na janela de sua suíte real. Era uma longa descida, coisa que Mira encarou com maestria, já que estava acostumada. Ao descer completamente, escondeu-se dentro de uma das carroças que vão sempre de manhã e de tarde comprar mantimentos para abastecer o castelo.

— Ah, que saudade de Springfell. – Ela gritou quando se viu longe da carroça de mantimentos. Sair sem ser notada é sua especialidade.

— Temos uma hora até os cocheiros abastecerem tudo e fofocarem na taverna. O que quer fazer? – Al perguntou.

         A dupla viu os aldeões dançando em uma roda e Mira foi para lá logo que imediatamente. O trovador tocava alaúde, seu companheiro tocava flauta. Crianças, jovens, adultos e velhos dançavam ao som da música, em pares, sozinhos ou em grupo. Mira mexia seus cabelos ruivos ao vento, enquanto dançava com um velhinho gentil. Dançaram até os pés de Mira doerem, o que a fez sair da roda.

— Por que você nunca vai dançar? É divertido!

— Isso não é coisa pra gato. – Al lambeu-se tranqüilo. Apenas acompanhava Mira por amá-la, somente isso.

— Vamos! Eu quero andar mais por ai! – A princesa colocou os sapatos e saiu andando pelo chão de ladrilho. As casas reluziam graças à luz do sol da tarde.

         A princesa estava tão empolgada com sua jornada que acabou se distanciando demais, parando na área de comércio. Viu os dois cocheiros fazendo as compras, o que a fez cobrir sua cabeça rapidamente com a capa.

— Por que não me falou que estávamos tão longe, Al?

— E você lá me escuta, Mira?

— Eu nunca tinha vindo nessa região. Quanto tempo a gente tem?

— Eles já devem estar terminando as compras. Os ajudantes vão levar as coisas para a carroça e os cocheiros irão entrar na taverna ali perto.

— Temos uns vinte minutos, eu acho.

— Não esquece que você, disfarçada tem que pedir carona para eles perto da entrada da vila. Não dá pra entrar sorrateira na volta, pois os ajudantes vão estar na parte de trás da carroça!

— Eu sei! Você é muito metódico, Al! – A garota olhou para os lados. – Olha só os artefatos!

— E você, burra! – Rolou os olhos.

— Seja qual for sua escolha, cada um desses tem uma dádiva que pode te ajudar em alguma situação. – O jovem rapaz sentado no chão apresentava suas peças em um tapete vermelho.

— Que delícia, quanto custa? – Mira correu para ver os doces vendidos em outra barraca.

— Apenas duas moedas de bronze por um desses.

— Eu quero!

— Guarde apetite para o jantar, Mira! – O gato a acompanhava, mas a garota era hiperativa demais e não parava quieta.

— Eu venho aqui há tanto tempo e é a primeira vez que vejo esse distrito. – Dizia enquanto comia a guloseima comprada.

— Geralmente quem aparece por aqui ou é comerciante ou está perdido. – Um velho sem dentes de outra barraca deu risada.

         Mira continuou caminhando por entre a multidão, se maravilhando até que uma visão lhe chamou a atenção. Uma jovem da sua idade, com vestes negras e um chapéu pontudo, encarava sua varinha com uma carranca. Ela estava em uma barraca de especiarias, e Mira já pensou o pior. Sem conseguir se controlar, a garota correu até a bruxa.

— O que pensa que está fazendo, vilã?

— Como? – A bruxa encarou Mira de volta.

— Você ia envenenar essas especiarias, não ia? Eu te peguei com a mão na massa!

— Não tem nenhuma massa por aqui.

— Agora não, Al. – Mira falou. – O que tem a dizer em sua defesa?

— O que a princesinha Silverspoon acha que sabe sobre mim? – A bruxa se defendeu.

— O- o quê?

— Eu consigo ver claramente pelo seu manto mágico.

Mira olhou para o lado, vendo todos olhá-la. – É mentira!

— Sério? Então tire o manto!

— Eu não! Pare de mudar de assunto!

— Que assunto? Você quer dizer o absurdo que disse de eu querer envenenar os produtos do meu chefe?

— Chefe? – Ela arregalou os olhos. – Uma bruxa comerciante? Isso não existe!

— Existe sim e eu sou uma!

— Meu pai foi transformado em pato por um bruxo só por que ele trapaceou na natação. Uma bruxa também fez minha avó dormir por dez anos só por que ela roubou um mísero pão na janela dela, sabia?

— Sua família também não cooperou. – Al resmungou.

— Isso não diz respeito a mim, pois nunca fiz nada disso.

— Claro que diz respeito. Como confiar em pessoas que usam da magia sempre que se vêem afrontadas pelos outros?

— Chega... – Liz apertou a varinha entre os dedos. – Você não me conhece...

— E preciso?

— Mira, chega!

— Uma garota perfeitinha, vinda de um castelo perfeito, cheio de pretendentes...  Nunca entenderia como eu me sinto. – Magia saia de sua varinha. – Uma princesa não é ninguém sem um príncipe. Eu te amaldiçoo a homem nenhum jamais te amar! Diga adeus ao seu final feliz!

         Um brilho verde foi em direção a Mira, que viu sua capa mágica voar, revelando sua verdadeira roupa e aparência de princesa, antes escondida pela capa, revelada. Ela olhou para si própria, totalmente inteira e olha novamente para a bruxa. Os cabelos ondulados, a pele pálida e carrancuda, os olhos vermelhos com olheiras profundas naturais... Seu coração disparou como nunca a imagem da garota. Era como se... Faíscas saíssem de seu peito.  "É ela." 

         Já Liz, entrou em completo choque. Suas mãos tremiam e as últimas palavras do pai lhe voltavam à memória “Você é igual a nós...” Ele realmente estava certo. Passou anos tentando ser alguém em quem poderia confiar. Alguém em quem as pessoas não precisariam ter medo.  Para no final estragar tudo.

— Mira, você está bem? – Al foi desesperado, ao encontro da princesa que se encontrava paralisada. Todos olhavam ao redor dela.

— Oh meu Deus! – A garota tocou o rosto, encantada com a novidade. Seu corpo se moveu sozinho em direção a bruxa. – De verdade? Minha heroína!

— Huh? – Liz viu suas mãos serem tomadas pelas da princesa. Seu rosto ficou vermelho como tomate ao ver os traços delicados da princesa próximos a ela. Agora que ela estava calma, ela percebeu que a princesa até que era bem fofa.

— Hey, quer se casar comigo? – Mira perguntou. Seus olhos brilhavam e parecia que a discussão entre as duas nunca havia existido.

— Como?! – Liz e o amontoado de pessoas gritaram de susto. Enquanto isso, os cocheiros vieram em direção à garota, tentando levá-la de volta.

— Não! Deixem-me! – Eles a arrastaram a força. – Meu nome é Mira! Mira Silverspoon! Pense a respeito!

         A princesa foi levada pelos cocheiros através da multidão, deixando todos em choque, principalmente Liz, que ainda sentia o toque das mãos da princesa sobre a suas.  "Quem diabos é ela?" 

                                      (...)

         Mira encarava o horizonte coberto por estrelas da janela do castelo. Seus pais tiveram uma reunião com ela ao saberem que ela confrontou a bruxa, mas não parecia ter tido nenhum dano. Mira também não revelou que a bruxa era uma comerciante. Todos os pretendentes abandonaram o castelo, o que desesperou seus pais. Nenhum deles queria sequer ouvir o nome da garota, o que a deixou bem satisfeita.

— Já faz três dias. Será que ela virá me ver?

— Esquece essa bruxa, Mira!

— Eu não consigo! Ela é tão fofa, tem o cabelo mais lindo do mundo e também... Ela tirou um grande fardo das minhas costas, e eu... Oh, eu fui tão rude com ela!

— Seus pais não ficaram nada contentes com isso.

— Meus pais é que se danem! – Ela bateu a mão na janela. – Eu nunca quis nada disso! Eu quero viajar o mundo, explorar novas coisas, fazer amizades! Não ser uma princesa boboca!

— Bem, isso é interessante. – A bruxa apareceu atrás dela, sentada em sua cama. – Olá princesa.

— Oh, minha amada voltou! – A princesa quase surtou de felicidade. - Veio pedir a minha mão?

— Eu na verdade vim retirar o feitiço e pedir desculpas. Eu acabei sendo aquilo mesmo que você falou. Uma bruxa vil e essas coisas.

— Não, não, não, não! Desculpa por tudo que eu disse! Não desfaz o feitiço, por favor! – Ela segurou as mãos macias da bruxa com delicadeza. – Eu fui cruel, levada por pensamentos que me ensinaram! Eu nunca nem mesmo tinha visto uma bruxa antes, e julgar você foi cruel. Eu sou a vil aqui!

— Você nunca poderá casar com um homem graças ao que eu fiz!

— Eu vivia cercada de pretendentes chatos e eu vivia me questionando por que eu não gostava deles. E agora eu sei. – Mira acariciou as mãos macias da garota. – Por que eu não havia conhecido você antes.

— Isso é inapropriado, princesa. Somos mulheres, e você é uma princesa e eu...

— Uma mulher que se tornou o que desejou ser, independente do que disseram. Independente do que eu mesma disse.

         Mira aproximou o rosto de Liz, que paralisou naquele momento. Suas mãos estavam quentes graças às mãos da princesa, que parecia tão segura de si. Sentiu o toque macio dos lábios da ruiva em sua bochecha esquerda, deixando em brasas o local.

— Quando nos beijarmos de verdade, vai vir de você. – E sorriu, deixando o rosto da bruxa totalmente vermelho. Ela escondeu a vergonha ficando de costas para a princesa.

— Eu ainda estou aqui, ein? – Al lembrou.

— Eu nunca me esqueceria de você Al. – A princesa deu seu mais doce sorriso ao gato.

— E-enfim... – A bruxa puxou um manto marrom surrado da bolsa e jogou para Mira. –Eu vim te devolver seu manto.

— É bem gentil da sua parte. – Disse, pegando o manto no ar.

— Meu nome é Liz, aliás. Liz Monteclaire.

— É um prazer. Ah, você já vai? – Mira não disfarçou a tristeza.

— Minha magia de teletransporte já carregou. – Liz abaixou os olhos, tirando a varinha da capa. – Eu vou me tornar uma grande comerciante, sem precisar enganar ninguém, sem usar minha magia para o mal.

— Eu sei disso. - Uma lágrima se formou no canto do olho direito da princesa. Liz teve que se segurar para não ir até ela e abraçá-la. 

— E... – Liz enrolou o cabelo no dedo indicador. – Eu irei viajar para longe, para além das montanhas para conseguir minha licença de comerciante. E eu gostaria de contratar um ajudante. 

— Eu aceito! - Respondeu sem titubear.

— Tão rápido? E os castelo, seus pais e...   - Mira deu um sorriso enorme que brilhou através da luz da lua e abraçou a bruxa com força.

— É como um pedido de casamento, certo? Um dia eu teria que deixar esse castelo mesmo.

— Não é um pedido de casamento! - Respondeu com vergonha, empurrando de leve a princesa. Não queria se afastar de verdade.

— Teria espaço para um gato? – Al questionou, chamando a atenção das duas.

— Não vejo por que não teria. - A bruxa sorriu.

       E então, mais de uma jornada ali se iniciou.

 

                          FIM (?)


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