Eu não poderia estar mais enfurecido do que eu estava agora. Me chamo Skar e sou um dos gênios mais poderoso existente nesse universo. 

E como qualquer gênio, o meu trabalho é ficar quietinho na lâmpada, descansando por meses, anos ou séculos, até que algum sujeito de sorte ache minha moradia e me desperte do meu sono. Isso se tivesse um coração puro, caso contrário, mesmo que esfregasse a lâmpada dourada, de nada adiantaria.  

Se o indivíduo tiver a alma inocente, eu lhe concederia os três pedidos, contando que estivesse nas regras. 

Quais regras eram? Eu não poderia realizar certos pedidos como imortalidade, amor correspondido ou ressuscitar alguém, não poderia conceder mais de três pedidos e fora isso estava tudo liberado. 

Em todos esses anos em que eu existo, que foram milhares, isso nunca havia me acontecido. Já conheci vários seres e já realizei todos os tipos de pedidos que poderiam haver, mas isso, só podia ser brincadeira. 

Depois de 1500 anos em sono profundo, eu fui despertado por um...por um... Gato? 

Sério? Ele nem ao menos pode falar, como realizaria um pedido? 

De qualquer forma, eu teria que fazer algo para esse gato, caso contrário, eu não poderia retornar para a minha lâmpada. 

Ele até que era bonitinho, mas eu realmente não faço ideia do que eu possa fazer por ele. 

Estava todo sujo e parecia machucado, com certeza era um gato de rua, que sofria muito por sinal. 

Não teve medo de mim, diferente das pessoas que esfregavam a lâmpada e se apavoravam na hora, ele se enroscou em volta de mim e ronronou. Acho que era sua forma de demonstrar afeto. Eu não sou muito bom nisso, mas me aproximei para fazer carinho com uma de minhas mãos em sua cabeça... Péssima ideia. 

Creio que ele tenha se assustado e saiu correndo. Não tendo costume pelo afeto. 

Não teria outro jeito, eu tinha que ir atrás daquele gato preto ou se não, jamais poderia voltar para casa.  

O avistei correndo entre as ruas, tentando não esbarrar nas pessoas. Assustado e machucado, era complicado correr e não sentir dor para ele.  

Consegui sentir a agonia daquele pequeno felino. 

Vi ele entrando em um beco sem saída, onde apenas tinha alguns bêbados.  

Era de noite, então algumas pessoas de má índole já estavam nas ruas. 

Tinha certeza que aquele gato se machucaria se ficasse mais tempo sozinho. 

Tentei chama-lo para mais perto, mas nada de ele vir.  

— Sai daqui seu gato imundo. — Gritou, um dos moradores de rua que ali estava, jogando em seguida uma das garrafas de vidro que antes tinha em mãos. Por pouco, não pegou no gatinho, que com o susto foi um pouco mais para o fundo. 

Me enfureci na hora, minha vontade era de matá-lo, só por ter tentado machucá-lo, porém eu sabia que não poderia. 

Esse era um dos pesares dos gênios das lâmpadas, nós só realizamos os desejos dos outros, nunca os nossos próprios.  

Não poderia matar ou ferir aquele velho bêbado, a não ser que alguém deseje isso e tenho certeza que o felino não conseguirá pedir algo desse tipo, e acho que mesmo que pudesse, jamais me faria isso.  

Eles são tão puros, que mesmo sendo maltratados, ainda tem amor para dar. 

Finalmente eu havia entendido o meu objetivo com aquele gato. Não podia me desejar nada com palavras, mas com seu olhar, consegui entender tudo. 

Eu, Skar, um dos gênios mais poderosos que já existiu nesse universo, irei protege-lo até o dia em que descansará em paz.