Viva la Vida escrita por whatsername


Capítulo 11
Good Riddance


Notas iniciais do capítulo

Oi xenteeeee!
Sei que demorei mais de cinquenta dias pra voltar, mas estoy aqui. Então, as causas para meu sumiço são estas: as provas da minha escola do último trimestre, que agora já terminaram (e minhas aulas também, então vou postar beeeem mais frequentemente) e também a falta de reviews. Já fazia uns dois caps em que o retorno de vocês já não era o mesmo e eu tava super desanimada, então, mesmo com o cão já pronto há tempos, não postei porque estava meio tristinha kkkk.
Queira agradecer à divíssima Cor das Palavras que sempre comenta e me apoia, isso me dá muita força mesmo!
Quero pedir que, se pararam pra ler essa bagaça, deixem um comentario, acompanhem, algo assim. Não precisa nem elogiar: críticas construtivas me ajudam pakas.
Obrigada por lerem até aqui, até despues.



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"It's something unpredictable

But in the end that's right

I hope you had the time of your life."

Maya

Duas semanas depois, na terça, eu não caio da cama, mas quase.

 Não consigo evitar um sentimento de vitória.

Eu venci a gravidade.

Depois de me agarrar nos lençóis e ficar de pé, vou para o banheiro, e blá blá blá.

Quando termino meu serviço no andar de cima, desço, vendo Nico, com Charlie no colo, sentado na mesa, tomando café.

Henrique hoje colocou um terno que realça seus olhos verdes e diz que vai sair mais cedo, falando que hoje vai chegar um pouco mais tarde em casa porque tem entrevista com um cara importante e não sei o quê.

Ele já está há um mês no seu último ano da faculdade, e já precisa começar a acertar as coisas para que consiga, como ele quer, trabalhar aqui mesmo na Inglaterra. Não que vá ser lá muito difícil, bom aluno do jeito que sempre foi, tem um monte de empresas fazendo propostas para ele, apesar do fato de ser "estrangeiro".

Enquanto tomo café, e Adam e Olivia descem, Nico anuncia que a Aya hoje vai dormir aqui, porque a mãe dela tem compromisso de trabalho e vai ter que viajar.

—Ela dorme no "meu" quarto, posso ficar com o sofá - declara Henrique, enquanto pega umas chaves e abre a porta para sair.

—Não, cara, deixa que eu... - Nico tenta se oferecer no lugar dele, mas há uma compreensão geral de que é melhor mesmo que ela durma no quarto do Henrique, já que tem uma porta que o liga ao meu.

Henrique interrompe Nico logo, fechando a porta logo em seguida:

—Pode deixar, vai ser melhor pra ela, o meu quarto é mais próximo do da Maya.

Com isso, ele sai.

E eu pego um achocolatado.

                         •••

Na escola, Aya e Aaron nos atualizam sobre as últimas notícias do pai da Aya, que deu uma sumida nas últimas duas semanas, depois de perseguir a Aya.

—O amigo policial da minha mãe astá reunindo o máximo de informações que consegue, e ele enxergou um padrão nos "ataques" que o meu pai faz aos estabelecimentos, tipo àquela confeitaria e à farmácia: parece que eles formam um círculo, meio torto, ao redor do Big Ben. Ele já vasculhou a área, mas não achou nada.

—Talvez seja uma armadilha - observa Aaron, que estava muito quieto até agora, encostado nos armários do corredor.

Eu assinto, concordando:

—Não sei muito ainda, mas não acho que seu pai fosse burro a ponto de dar uma pista do paradeiro dele de modo tão óbvio.

—Eu sei. Nossas opções são tão limitadas que até o ridículo passou a ser uma chance - suspira Aya.

—Eu não entendo esse cara. Ele aparece, faz o maior estardalhaço, só pra sumir por semanas. Pra mim não faz sentido - diz Nico, e é verdade.

—Na minha opinião, ou ele só está tentando assustar, ou tem algo planejado - fala Aaron, passando a mão no rosto, frustrado.

Quando o sinal bate, todos estamos pensando que a segunda opção é a mais provável.

                        •••

 Na aula de Filosofia, Marcos nos dá um trabalho em dupla.

Sento com Nico. Dividindo minha atenção entre o professor e ele, nós conversamos baixinho, daquele jeito que os alunos fazem: um olho no quadro e outro na conversa com o coleguinha.

—Maya, nós dois sabemos que precisamos prender o cara. O pai da Aya. Não é nem mais seguro que ela sequer ande pela rua sozinha.

—Sim - cochicho de volta. - O amigo policial da Aya está contatando outras delegacias, mas, na minha opinião, precisamos de algo definitivo mais rápido. Não sei, tenho a sensação de que só agora que isso começou mesmo. Ele perseguir a Aya... Foi o sinal de que não está mais só brincando. Ele tem algo em mente, e não vai ser bom - digo.

De repente, sinto alguém sentando ao meu lado, me empurrando na cadeira de um jeito bem típico de, adivinhem, Aya.

—Qual é o babado? - pergunta Aya, discreta como uma mula, arrastando a cadeira para o nosso lado.

Nossa sorte é que o Marcos é querido e viu que nós já terminamos a atividade que ele deu, então não nos repreende.

—Você é o babado - digo.

Ela revira os olhos.

—Ai, quanto mimimi - ela tenta parecer despreocupada, mas vejo que está tensa. - Ele não dá as caras há duas semanas, então vamos desligar e nos divertir. Tô com fome.

Nós três sabemos que:

a) é só questão de tempo até o pai dela "dar as caras" de novo.

b) as lombrigas na barriga dela vão ter que esperar um pouco, porque esta é a segunda aula da manhã.

 Eu e Nico então reviramos os olhos, mas decidimos mudar de assunto mesmo:

—Ei, lá em casa, você fica no quarto do Henrique, ok? - diz Nico, falando sobre a estadia de Aya lá em casa esta noite.

—Não, não. Eu vou lá e lá pelas dez pego o metrô pra casa. Não quero dar transtorno - responde Aya rapidamente, chacoalhando as mãos do tipo "nem comece".

—Vai sim. Já é perigoso você ficar indo e voltando sozinha à noite normalmente, agora com seu pai psicótico solto não há nem cogitação. Você vai dormir lá em casa. O Henrique nem se importou, na verdade foi ele que teve a ideia de que seria melhor você ficar com o quarto dele porque é do lado do da Maya.

Aya bufa, sentindo a derrota, e vê que não tem como argumentar.

Eu e Nico trocamos um high-five. Nico é ótimo quando se trata de persuasão.

—Tá bom então, né. E obrigada - ela fala, agora mais séria. - Sério. Por tudo. Não agradeci ainda, mas não teria conseguido passar por esse último mês sem vocês. Vocês, o Henrique, o tio Adam e a tia Olivia. Obrigada mesmo - ela fala, e vejo que seus olhos ficam mais brilhantes por um segundo.

O "momento emocional e vamos pegar nossos lencinhos" é interrompido pelo sinal, que toca, indicando o final da aula e início da próxima tortura.

                       •••

A próxima tortura, inclusive, é a última aula, que é de química.

Êêê vida dura.

Entro na sala e Aaron já está lá sentado, rabiscando algo em um caderninho, que vejo ele usando muito ultimamente.

Não perguntei o que é nem nada, até porque não quero ser metida, mas não dá pra negar que estou curiosa.

Sento, como sempre, ao lado dele na bancada. Hoje seus olhos estão ainda mais agitados que o normal e ele parece não ter dormido muito bem, a expressão cansada e os cabelos muito bagunçados (apesar de que isso já é de praxe).

—Oi - digo, colocando minhas coisas sobre a mesa.

—Bom dia - ele responde, desviando os olhos apenas um segundo de seu caderno e me olhando. Olhos verdes, agitados.

Louis entra na sala com seu bordão de costume, o "bom dia" alto e do nada, batendo a porta na parede ao abri-la.

Tomo um cagaço e me repreendo mentalmente.

Ué, bem que ele podia bater na porta antes de entrar.

Abro o caderno rápido, antes que ele me "estufe" da sala de aula.

Ele manda fazermos uma experiência rápida, e entendo todas as substâncias que ele fala, o que me dá orgulho por estar entendendo o sotaque carregado dele.

Quando Aaron se inclina para frente para misturar as coisas no becker, ele se aproxima demais. Fico meio paralisada/ sem entender porcaria nenhuma, o cheiro amadeirado impregnando o ar ao meu redor. Sinto algo na minha mão.

Aaron coloca algo nela, se afastando logo em seguida. Ele é rápido, discreto, e ninguém vê seus movimentos.

Já aprendi uma coisa sobre o garoto misterioso e loiro que é meu companheiro de laboratório: Aaron é, por algum motivo, temido. Provavelmente por sua postura de andar isolado e de queixo erguido. É desgostado ou admirado. Não há meio terno com ele. Aya e Nico o conhecem há muito tempo e são as únicas pessoas que eu já vi falarem com ele (amigavelmente) nessa escola até agora. Os meninos tentam irritá-lo, por se sentirem ameaçados. Umas meninas ficam olhando bobas pra ele quando passa, mas nunca falam nada.

Aaron é todo mistério, silêncio e cálculo. Não dá um passo fora da linha. Não faz nada que não seja estritamente necessário. Lê muito. Anota muito. Analisa muito.

É um labirinto ambulante.

E há alguma coisa na minha mão.

Abro-a com cuidado, escondida.

Me encontre amanhã, às quatro, no estacionamento. Para conversar 

Olho de solsaio para ele, que agora está prestando atenção em Louis, com o queixo apoiado na mão.

Bufo internamente, não conseguindo entendê-lo.

Ok.

É o que respondo, escrevendo num canto do caderno aberto dele.

Nem perco tempo pedindo o porquê, sei que será em vão.

A aula é tediosa, mas faço algum progresso ao conseguir entender quase tudo o que o Louis fala com aquele sotaque da desgraça.

Dez pontos para Grifinoria (sem preconceito).

                       •••

Quando estou indo da sala para o jardim da escola, onde vou esperar Nico e Aya, vejo a garota ruiva, Genevieve.

Ela não está sozinha.

Genevieve está encostada na parede, com o fone de ouvido caído ao redor do pescoço. Ela olha com uma expressão de tédio e uma leve raiva para o garoto a sua frente.

De preto e passando as mãos exasperado no cabelo, Nico parece meio bravo, meio confuso.

Ele fala algo para ela, baixinho, olhando-a nos olhos. Ela bufa, revira os olhos, deixa claro que despreza o que quer que ele tenha falado.

Decido deixar pra lá o que quer que eles estejam falando, não é da minha conta.

Então saio andando pra catar a Aya.

                        •••

—Olá - declara Henrique ao abrir a porta, chegando em casa.

São sete horas, chegamos em casa às cinco. Henrique demorou duas horas com o cara "importante".

Espero que pelo menos ele tenha conseguido alguma coisa.

Henrique ostenta uma cara de cansaço, com o cabelo incumumente desarrumado e a gravata frouxa ao redor do pescoço. Ele passa as mãos pelos cabelos marrons, os bagunçando ainda mais.

Eu, Aya e Nico ficamos o olhando com expectativa.

 Ele bufa, esfregando os olhos, tira o paletó e o larga sobre a mesa de centro. Afrouxa a gravata, abrindo os primeiros botões da da camisa social por baixo. 

Ele não fala nada.

Continuamos o olhando.

Ele nos nota.

—Que que foi? - pede, com as pálpebras baixas.

—COMÉQUEFOI? - pedimos. Ô menino burro.

—Ahh... Foi bem. Consegui o emprego, aliás.

—AHHHH - pulo do sofá, correndo para o Henrique e me pendurando no pescoço dele.

Ele me segura (sim, eu basicamente pulei no meu irmão) e dá uns passos para trás, se equilibrando.

—VOCÊ CONSEGUIU!!! VOCÊ CONSEGUIU, SUA PULGA BUDISTA!!! - grito, me agarrando no pescoço dele e berrando nos seus ouvidos. Henrique ri da minha animação. - SE VOCÊ PASSOU, ENTÃO PORQUE TÁ COM ESSA CARA DE BUNDA, SEU PAMONHA? -continuo gritando, e então percebo que devo falar mais baixo. - hein? - acrescento, agora baixinho.

Henrique está rindo de se acabar, me segurando para eu não cair.

—Eu tô cansado ué. O homem era exigente. Não me deixou mne comer meu pastel de chocolate na hora do almoço.

Decido ignorar o fato de ele ter levado pastel de chocolate para o almoço (até porque não tenho moral para julgar) e me desenroscar do pescoço dele, que me larga. O abraço certinho agora, minha cabeça aninhada no pescoço dele.

Mas então a verdade me atinge como se eu tivesse caído de cara no chão (posso fazer essa comparação, sei como é).

—Você não vai voltar pra casa - constato, e Henrique suspira. Percebo o real motivo de sua aparente tristeza.

Meu irmão.

Meu melhor amigo.

Quem me faz rir nas horas difíceis.

Henrique não vai mais morar comigo. Vai morar na Inglaterra, vai casar com uma inglesa sortuda e eu vou voltar. No fim do intercâmbio, daqui a nove meses, vou voltar. E ele não vai junto comigo.

Sorrio para ele, mas ele percebe a força da verdade me atingindo.

Não vou chorar. Não vou. Ele é meu irmão e merece isso. Lutou por isso. A vida dele vai ser melhor assim. Estou feliz por ele, mesmo, mas vou sentir saudades. Ninguém, nunca, vai substituí-lo.

E é só agora que, pela primeira vez na vida, percebo que Henrique não vai ficar comigo a vida toda.

Ele sempre esteve lá. Sempre lutou por mim, me defendeu. Nunca tive muitos amigos homens, porque eu já tinha ele. Henrique bastava. Quando eu era criança, ele vivia me enchendo de beijos. Eu tinha uns cinco aninhos e ele uns nove, e me lembro que ele ia chegando de fininho e então me abraçava e ficava fazendo cafuné e beijando minha testa. Foi crescendo e parando com isso, até porque agora ele já era um homenzinho, e eu também fui crescendo. Mas ele sempre foi assim, mesmo depois de todos esses anos, Henrique é uma das pessoas mais carinhosas que já conheci. Ele esconde esse lado dele sob uma camada de ternos bonitos e olhos verdes sérios e uma aparência impecável.
Mas Henrique é coração mole, essa é a verdade. Sempre achei que esse, além do fato de ele ser extremamente bonito, foi um dos motivos de ele, durante o colégio e início da faculdade, ter tido tantas namoradas.

Elas, no início, gostavam dele por causa do rostinho bonito. Depois, além disso, tenho uma teoria que as namoradas de Henrique gostavam mesmo dele por causa do seu jeito. Carinhoso, "fofo", como elas diziam.

 Não estou pronta para deixar meu irmão fofo ir.

Olho para ele e há um compreendimento mmútuo entre nós. Estou triste por ele se mudar, ele está triste porque não vai mais me ver todos os dias daqui a nove meses.

Mas é necessário. Para nós dois.

—Que tal eu te massacrar no videogame, hein irmãzinha? - ele me pede com um sorrisinho debochado.

Passo por ele, dando um soquinho em suas costelas, indo pegar o controle de videogame.

—Desafio aceito - declaro.


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Notas finais do capítulo

Eu sei que ficou longo, mas era pra compensar meu sumiço. O que acharam do momento fraterno fofo? Eu gostei.
Enfim, obrigada por me aguentarem até aqui, e deixem reviews pleeeease!
Bjssss, até!
P.s.: vou postar o próximo mais rápido



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