Fantasiax escrita por Connor Hawke


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Olá! Tudo bem?


Eu tive uma ideia esses dias e resolvi adaptá-la como one. Eu fiz o possível para deixá-la bem escrita. Se surgiu algum erro, eu peço desculpas.


Boa leitura!



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Fantasiax




Paris, 1952



Meu nome é Cruella De Vil. Eu costumava ser uma dançarina do clube Moulin Rouge quando era mais jovem. Eu era tão bonita que todos os homens da cidade me desejavam. Eu tinha lindos cabelos loiros e compridos com muito brilho, e belos olhos verdes. Eu era bem alta. Mas depois fui perdendo altura.



Enfim,




A minha vida tinha seus altos e baixos, mas...eu dava duro para entreter os cavalheiros todas as noites no clube.





Mas quando cheguei em uma certa idade, os homens já não estavam mais afim de me ver nos palcos e o clube achou por bem pagar os meus honorários e me despejar de lá. Eu contestei dizendo que eles não poderiam fazer isso comigo, pois de certa forma eu precisava de dinheiro para sustentar meu vício, as roupas caras de estampas de animais.





Eu confesso que o meu sonho sempre foi ser uma grande estilista de moda. Mas, minha vida sempre foi muito dura, eu fui abandonada nas ruas ainda bebê, e uma cafetina me adotou e cuidou de mim. Como eu não tinha nome, a mesma me batizou de “Cruella De Vil”, nome esse que ela achou que soava chique e que também se tornaria o meu nome artístico.




Minha “mãe” fazia de tudo para me sustentar. Lembro que ela chegou a me dizer uma vez que um dia ela iria ficar velha e seria despejada do trabalho, então eu deveria assumir e começar a fazer programas para conseguir algum dinheiro.





Mas, depois de um certo tempo sendo a amante de muitos homens, eu não estava satisfeita, o dinheiro era pouco e mal dava para pagar as contas da pensão onde eu morava com minha mãe e os custos com remédios para ela.









Comecei a pensar em outros trabalhos, mas dado a minha vida como “mulher da vida”, provavelmente ninguém iria querer me contratar.






Um dia, eu estava vestindo um vestido preto cintilante e umas botas da mesma cor, quando passei em frente do Moulin Rouge. Eu vi o cartaz de que estavam precisando de uma nova dançarina e resolvi ver se me contratavam.





Quando entrei no clube, presenciei a maior baixaria.  Havia essa garota de cabelos e olhos castanhos, uma pele bem delicada, magrela e alta, vestindo um vestido amarelo e luvas brancas. Ela estava falando com um senhor de estatura baixa, vestindo um terno bordô, provavelmente devia ser o gerente do clube. O mesmo tinha um bigode pontudo e calçava sapatos pretos como os poucos cabelos que lhe faltavam na cabeça e os olhos dele.





— Eu me demito! Eu estou cansada de ter que dançar todas as noites com as garotas e ainda ter que aturar as cantadas daqueles homens nojentos que vem para o clube fedendo como porcos! — A garota praguejou.




— Bem, Belle, se você quiser continuar sendo paga, você vai ter que aturar isso — o homem balbuciou.




— Eu me demito! Eu não quero mais trabalhar aqui! Eu vou procurar outro emprego! — a garota devolveu.




O homem nem deu importância para a queixa da dançarina. Ele simplesmente a ignorou e deixou que ela falasse sozinha.




Então eu vi a mesma passar por mim e eu resolvi falar com ela.




— Com licença?





Então a mesma parou e ficou me olhando por um tempo.





— Quem é você? O que você quer? E se você trabalha para aquele desgraçado do Jean — ela disse apontando o dedo para o senhor baixinho — , é melhor pedir demissão! Ele não vale nada!




— Anotado. Bem, meu nome é Cruella De Vil, e...eu vi que o clube está procurando por uma nova dançarina...é verdade?




— Meu nome é Belle, e...acho que você deve falar sobre isso com o Jean. Ele cuida de tudo. Eu estou fora!




— Entendo. Olha, você parece uma jovem muito bonita, eu acho que você deveria considerar voltar para o clube. Eu estou certa de que existam homens que apreciam uma beldade como você.




— Que nada! Os homens só querem saber de beber, fumar, e comer...eles sequer prestam atenção em nós, dançarinas… — Belle me contestou.





Foi então que Jean, o suposto gerente do clube veio até nós e resolveu fazer uma proposta. Acho que ele devia estar desesperado para manter os negócios funcionando.




— Está bem. Eu tenho uma proposta, para ambas vocês. Ninguém precisa sair.



— Então fale logo, e eu espero que seja muito boa essa proposta, porque se não...eu vou embora de vez!




— Bem, eu estava pensando...já que a nova candidata está interessada em trabalhar aqui...qual o seu nome de novo?




— É Cruella De Vil, senhor. Eu moro em uma pensão com minha mãe, uma antiga cafetina que me achou na rua e resolveu cuidar de mim… Enfim, ela me adotou e eu preciso de um emprego para me sustentar. E ai eu vi o cartaz na porta do clube de que precisam de uma nova dançarina, e resolvi tentar me candidatar.




— Bom. Você sabe dançar? Você irá precisar.




— Bem, na verdade não, mas...eu posso aprender rápido. E eu sei como entreter os homens, eu já estive com muitos homens, de diferentes tipos e cores...então eu...sei como agradá-los.




— Perfeito! Está contratada e você, Belle, está admitida. Você vai ensinar a Cruella De Vil...esse é um nome perfeito para uma dançarina, a dançar.




— Obrigada, senhor. Pode me chamar de srta. De Vil…



— Muito bem, srta. De Vil. Belle irá ensinar algumas lições para você.



— E quando eu começo, senhor?



— Bem, se quiser, ainda hoje.





— O quê?! Eu tenho que ensinar uma novata, digo, uma prostituta a dançar?! — Belle ficou indignada com a proposta.




— Bem, se você ainda quiser trabalhar no clube... e eu tenho certeza de que a srta. De Vil, prefere não ser chamada pela sua profissão. Portanto, mais respeito com ela!




— Obrigada, Jean. Mas, eu na verdade não me importo. Estou acostumada. Eu sou o que os homens quiserem que eu seja. Uma amante, uma amiga, talvez uma companhia para uma noite…



— Isso é fantástico! — Jean comentou com empolgação.





Então Belle refletiu por um tempo na proposta e depois soltou um grunhido.




— GRRR! Tudo bem. Mas, você vai fazer o que eu te falar e ai de você se mentir para mim ou me desobedecer! — Belle me lembrou.




— Tudo bem, querida. Eu entendo.



— Ótimo! — Belle assentiu.



— Bem, vejo que vocês se entenderam. Eu vou guardar o cartaz de “estamos contratando” e vocês podem começar logo. Nós devemos receber muitos clientes esta noite.




Eu sorri para Belle e ela me fuzilou com uma cara fechada, como se dissesse: “Eu estou de olho em você”.







Depois desse dia, eu estava oficialmente contratada e já havia começado a trabalhar no Moulin Rouge ao lado de Belle.




Belle com o tempo se tornou mais que a minha professora de dança. Ela e eu ficamos amigas e também um pouco íntimas.  Nós costumávamos namorar escondido quando estávamos de folga.



Nós nos encontrávamos no porão do Moulin Rouge e também fazíamos amor lá. Era o nosso ponto de encontro.



E quando eu fui despejada do clube, eu nunca mais a vi. Eu realmente amava muito ela. Ela foi o meu primeiro amor.



Eu queria voltar a ser jovem e bonita para poder ter Belle ao meu lado mais uma vez.







Então eu comecei a beber muito e andar pelas ruas como um mendigo, dormir nos becos que encontrava, cada dia eu estava em um lugar. Eu estava amargurada. Minha aparência havia mudado, eu já estava bastante idosa, meus seios caíram, meu semblante ficou como o de um esqueleto, mas eu ainda estava inteira, ao menos na beleza.






Depois disso eu voltei para a minha casa, mas...quando cheguei lá, minha mãe estava morta. No começo achei que ela estava dormindo tranquilamente, mas depois vi que ela já não respirava mais.








Apavorada e de luto com a morte da minha mãe, eu fugi de casa deixando as coisas como estavam e voltei para as ruas outra vez.





Cheguei a pedir esmolas para as pessoas que passavam, mas ninguém me dava um mísero centavo.





Eu estava tão deprimida…me faltava esperança. Eu não tinha onde morar, onde dormir, nem como me sustentar, já que eu estava desempregada.





Os dias e até os meses foram passando. Dia e noite era a mesma coisa. Minha vida havia se tornado cinza.




Mas, num certo dia, eu estava dormindo em um banco perto da torre Eiffel, coberta com o casaco felpudo que eu havia usado em um número no Moulin Rouge, e senti um vazio, um silêncio perturbador. Parecia que algo estava me vigiando. Talvez fosse a morte que teria vindo me buscar.





Então eu abri os olhos, e vi uma velha senhora vestida com um manto negro e um capuz cobrindo parte do rosto com alguns fios de cabelos prateados caídos.  Ela parecia estar olhando fixo para mim. Resolvi ver o que a mesma queria.




— Quem é você? O que você quer?




A senhora não respondeu de imediato, apenas me mostrou uma seringa com um líquido preto dentro. Ou foi o que eu achei que era naquele momento.



— O que é isso? — Inquiri.




— Qual é o seu desejo? Eu posso realizá-lo, não, eu posso te dar a ferramenta para realizá-lo — a senhora retrucou.




— Me diga, o que você mais deseja? É amor? Talvez, um amor perdido? Ser a mais bela de todas? Ou talvez fama e fortuna? Você quer ser rica e deixar essa vida moribunda para trás? — a mesma tentou me convencer.




— Eu não sei, o quanto isso vai me custar? — quis saber.




— Bem, eu tenho a solução para os seus problemas, mas toda magia vem com um preço. A única coisa que eu lhe peço é a sua vida. Eu quero ter uma vida normal, estou afim de deixar uma eternidade para trás... então eu te darei a solução para os seus problemas e em troca, você me dá a sua mortalidade. Você terá tudo o que quiser, e ainda será imortal. O que acha?




Comecei a analisar a proposta daquela estranha. Parecia bom demais para ser verdade, mas...o que eu tinha a perder? Minha mãe morreu, e eu perdi a minha namorada, minha doce e querida Belle…




Então, por que não?




Resolvi dar a minha resposta.




— Muito bem. Eu aceito. Me dê a solução para os meus problemas! — falei para a senhora.





— Muito bem. Essa é uma droga muito poderosa, o nome é Fantasiax. Ela tem o poder de realizar qualquer desejo, mas também altera a sua percepção da realidade. Se você usar muito ela, o que é real, deixa de existir e o que não é, passa a ser real. Então, muito cuidado ao usá-la. Você pode ficar viciada — a senhora me lembrou.




— Tudo bem. Eu terei cuidado.




Então a senhora me entregou a droga e desapareceu com o vento. Eu fiquei à sós e comecei a refletir sobre as palavras daquela senhora. Será que eu deveria usar a droga ou não?




Aquilo estava me tentando e minhas mãos tremulavam.




— Dane-se! Eu vou testá-la! — exclamei.




Injetei a agulha no meu braço esquerdo e pressionei o êmbolo, fazendo o líquido preto ser injetado nas minhas veias.




Assim que esvaziei a seringa, descartei-a.




Não demorou muito para que eu começasse a sentir os efeitos daquela droga.




Náuseas, um frio de quebrar o peito... e não havia ninguém para me ajudar.






Eu então desmaiei após sentir um formigamento por todo o meu corpo e a minha cabeça começar a latejar.









Então eu estava lá, deitada no chão e berrando por ajuda, quando ouvi um estalo de faísca e depois senti um calor, achei que estávamos no verão, mas naquela noite fazia frio, muito frio, ou eu estava começando a delirar.





— Levante-se, minha cara — ouvi uma voz me chamar. Não sei se era coisa da minha cabeça, ou como a senhora havia me dito, “o que não é real, se torna real”, um dos efeitos do Fantasiax.





Então eu tentei me levantar e assim que o fiz, eu parecia “curada”, os efeitos já haviam desaparecido completamente.





Olhei ao meu redor e não vi ninguém.




— Eu estou aqui, perto de ti. Mas, apenas você consegue me ver.





Continuei procurando pela origem daquela voz e então de repente vi na minha frente um monte de chamas verdes flutuando.





— O que é isso? Eu estou vendo coisas?




Logo, as chamas começaram a crescer até se tornarem uma espécie de parede de fogo, e de dentro dela, saiu essa feiticeira com uma capa roxa e preto, um cajado na mão que tinha uma esfera verde, um par de chifres na cabeça e o rosto verde.




Aquela estranha figura veio até mim e se apresentou.





— Eu, sou malévola. Eu serei sua fada madrinha...e devo dizer que você está muito bonita, Cruella De Vil… — a mesma retrucou.




— O quê?! Como sabe o meu nome? E como posso estar bonita? — interroguei Malévola.




— Primeiro a sua aparência, sim? — ela me cortou.




Malévola me mostrou um espelho prateado com um cabo.






— Esse é o seu espelho, o espelho dos sonhos. Qualquer desejo que você tiver, é só pedir que ele realizará, mas para isso, você deve dizer: “Espelho, espelho meu, mostre-me o que é meu”, mas também serve como um espelho normal.




Ela então entregou o espelho para mim e eu vi que meu lindo cabelo loiro agora estava com uma parte tingida de preto. Entrei em pânico.




— Não! Meu lindo cabelo loiro! E quem é essa velha? Eu não a reconheço — exclamei.




— Essa é você, Cruella. Infelizmente esse efeito do Fantasiax não pode ser neutralizado. Mas, a droga tem seu lado positivo. Agora, qualquer homem que olhar para você, lhe achará atraente e as pessoas que também lhe olharem, te enxergarão como uma pessoa normal. Essa é uma dádiva de sua imortalidade.




— O que?! Como isso é possível? — eu não conseguia acreditar naquilo.





— Você nasceu com uma beleza que seduz os homens, Cruella. E você selou um acordo com a velha senhora que lhe ofereceu a imortalidade em troca de sua vida. Você pareceu não se importar com as consequências de sua escolha. Mas, não se aflija! Eu estou aqui para lhe ajudar. Afinal, sou sua fada madrinha e também sua amiga.




— Deus! Como posso voltar a ser bela outra vez? Eu gostaria de voltar a minha antiga vida. Eu...eu me arrependo da decisão que eu tomei — comecei a choramingar.




— A decisão está tomada. Você não tem como voltar atrás, Cruella — Malévola me lembrou.






Eu abri mão de minha vida triste, para chegar nesse pesadelo? Só me restava me conformar com as consequências de minha escolha.







Depois de um tempo, eu resolvi aceitar as consequências, e me recompus.





— Está bem. Eu aceito as consequências de minha escolha. Então diga, como sabe o meu nome?




— Muito bem, eu acho que você merece essa explicação. A senhora que você fez um acordo? Era eu. Eu vejo e sei de tudo. Eu conheço os corações partidos. Eu já tive um, e você verá em breve.




— Então você entende de corações partidos e realiza os desejos dos mesmos?




— Exato, minha cara. Venha comigo, eu vou levá-la em uma aventura, você irá gostar…




— está bem…




Malévola abriu um portal circular com uma borda de fogo verde e eu a acompanhei até ele. Nós fomos andando até atravessar o portal e desaparecer, deixando Paris para trás.








A Mais bonita de todas





De repente, eu e Malévola estávamos nesse castelo, no alto da torre. E nós avistamos essa bela rainha vestindo um lindo vestido branco que embalava seu bebê no colo, sentada na cama. o bebê tinha cabelos pretos como a mãe, e olhos azuis.




Logo, o marido da mesma entrou no quarto. Ele vestia um traje bufante na cor bordô, uma coroa na cabeça, e botas marrons.




A rainha olhou para o seu rei.




— Olá, meu rei. Eu estava dando carinho a nossa filha.




— Olá, minha querida rainha. Eu acho que você a mima demais. Ela será uma garota muito mimada, e eu não quero isso para ela…— O rei disse com um sorriso amarelo no semblante.




— Você não sente orgulho por termos uma filha? Ela é tão bonita...— a rainha rebateu.




— Não. Eu queria que você me desse um varrão. Ela é uma garota e nos dará muito prejuízo. Eu queria que tivéssemos um filho homem para governar esse reino no meu lugar…




— Bem, sinto desapontá-lo, meu rei. Mas, eu amo a nossa filha...eu não conseguiria imaginar viver sem ela…





— Bem, eu vou deixar você passar esse tempo com ela….




— Eu não entendo, como assim?




— Eu já arranjei tudo. Eu contratei sete anões para cuidar da nossa filha. E eles virão buscá-la no final da tarde.




— Não! Você não pode fazer isso! Ela é nossa filha!





Nós então vimos a criança começar a chorar após a contestação da mãe.





— Não se preocupe. Os anões cuidarão muito bem dela. Eu asseguro.




— Você tem noção do que está fazendo? Ela é nossa filha!




— Eu já tomei minha decisão.






Então, Malévola congelou o tempo batendo o seu cajado no chão. Tudo fora congelado, exceto nós duas.








— Então, o que acontece depois disso?





— A criança cresce e se torna aquela conhecida como “A mais bela de todas”, Branca de neve...lembra alguém?




— Eu? Eu sou “A mais bela de todas”?




— Sim, minha cara. E eu era a sua mãe, a rainha. Nós fomos separadas por uma fada madrinha.




— Eu não entendo, como você se tornou o que é, Malévola?




— Algum tempo mais tarde, o rei veio a falecer. Branca de neve havia sido levada pelos anões e foi viver na floresta. Eu fiquei no castelo governando como rainha absoluta. E entrei em depressão.




— Uma fada madrinha surgiu em meu quarto e me perguntou se eu tinha algum desejo. Eu implorei para que trouxesse o homem da minha vida de volta, mas ela disse que não poderia fazer isso. E eu briguei com ela.




— E esse seu negócio com espelhos?




— A minha fada madrinha disse que a magia não poderia ser usada para reviver os mortos, mas se eu tivesse saudades do meu querido rei...ela me deu um espelho e disse que era para eu olhar nele e eu veria a imagem do meu falecido rei.





— Minha nossa! — Eu fiquei chocada.




— O espelho foi instalado na parede de meu quarto e sempre que eu necessitasse, ele magicamente reduziria de tamanho e viria para as minhas mãos.





— Eu ainda não estava satisfeita. Eu estava obcecada em trazer o meu falecido marido de volta, então pedi a minha fada madrinha que me desse magia para fazer isso. Ela, depois de relutar dizendo que “Magia vem com um preço”, me concedeu.





— Depois disso ela me disse que a possível cura para a minha obsessão era encontrar um amor verdadeiro. Enquanto eu não achasse um amor verdadeiro, eu iria gradativamente envelhecer, enquanto que minha filha cresceria bela. Essa era a minha maldição. Eu podia usar a minha magia para ficar com uma aparência jovem, mas era temporário.




— Um dia, eu acabei envelhecendo e bati na porta da Branca de neve. Nós conversamos e ela me disse que estava preparando a comida dos anões. E ela não conseguiu me reconhecer com aquela aparência. Sugeri a ela que fizesse uma torta de maçã. Eu dei a ela uma cesta de maçãs envenenadas, e disse que era para a torta. A jovem me perguntou quanto era e eu disse que ela não me devia nada. Então, nós nos despedimos, ela entrou para dentro da casa e eu fingi ter ido embora, mas fiquei espreitando da janela ela preparar a torta dos anões. Eu fiquei assistindo até o jantar deles.




— E o que houve depois? Eles comeram a torta? — fiquei curiosa.




— Sim, aqueles sete homenzinhos comeram a torta preparada por Branca de neve até se empanturrarem. E então começaram a passar mal, muito mal. Branca não tinha noção do que estava acontecendo e tentou socorrer os anões. Mas era tarde, eles haviam desmaiado e acabaram morrendo dormindo na mesa de jantar. A garota começou a se lamentar, e eu comecei a rir daquela tragédia.




Comecei a gargalhar daquilo. Mas, sabia que eu não deveria. Malévola havia feito uma maldade comigo, e isso era muito mau.





— Desculpa, eu acho que não deveria rir disso, mas...pelo menos você conseguiu dar um jeito nos anões…




— Sim. E então quando voltei para o meu castelo, eu comecei a rir muito disso. Em seguida, pedi ao espelho para encontrar um marido e ele me mostrou a imagem de um príncipe muito bonito e narcisista. Seu nome era Príncipe Adam. Ele tinha um irmão igualmente narcisista, chamado Gaston, que era também o mais belo de todos os homens e todas as mulheres se derretiam por ele.  Adam tinha inveja do irmão por conquistar tantas mulheres, e ele não ter uma beleza no mesmo nível do irmão.




— Então eu atravessei o espelho e entrei para o mundo do príncipe Adam para encontrá-lo. Quando cheguei lá, eu me vi como uma jovem de cabelos castanhos e olhos da mesma cor, apaixonada por livros, de nome Belle.




— Espere! Belle? A minha Belle? Você é a minha Belle? E eu aqui procurando por ela depois de tudo o que aconteceu…




— Não, você está delirando. Eu sou você. Continuando, Gaston tentava me conquistar com sua lábia, mas eu ignorava. Eu estava interessada em conhecer um príncipe de verdade, aquele que conheci como Adam, mas assim que entrei para aquele mundo, eu perdi a minha memória.




— Acho que essa é uma história longa, então vamos pular para o final, tudo bem?




— Tudo bem. No final, eu estava apaixonada pelo príncipe Adam, que havia estava na forma de uma fera gigantesca com chifres e vestia um terno azul com uma camisa branca. Ele me contou que somente quando ele achasse um amor verdadeiro, ele voltaria ao normal. E eu fiquei do lado dele até o último momento.




— Certo. Continue.




— O que aconteceu depois foi que Gaston invadiu o castelo de Adam, pois estava com ciúmes do irmão ter conquistado a mulher que ele amava, ele que era amado por todas as mulheres, mas no fundo, assim como Adam, só se interessava nele mesmo. Então eles brigaram. Gaston tentou matar o irmão e acabou sendo morto pelo mesmo. Quando eu e Adam demos o beijo de amor verdadeiro, ele voltou ao normal, porém, a maldição não havia se dissipado, ela apenas foi transferida para outro lugar. Eu e Adam nos casamos e ficamos morando no castelo dele. Nós tivemos sete filhos, porém, um deles foi raptado numa noite por um espectro que tinha chifres e eu só conseguia enxergar a silhueta do ser, que desapareceu levando o meu filho nos braços. Ele entrou no espelho de Adam e nunca mais eu o vi.




— Então, você se tornou o que é?




— Na verdade, eu acho que eu havia sido amaldiçoada pela fada madrinha. Pois, por mais que eu encontrasse o amor verdadeiro, sempre iria acontecer uma tragédia no final. Então, eu renasci com essa forma em um novo mundo, e o meu querido bebê foi adotado por um rei e uma rainha que deram a criança o nome de Aurora, e depois ela passou a ficar conhecida como a “Bela, adormecida”, porque eu queria o meu bebê de volta e eu faria de tudo para tê-la comigo. Então eu pus uma maldição na garota, e o resto é história.




— Então, você sofreu como eu...você poderia me levar de volta a Paris?




— Você ainda está em Paris. Você não saiu dessa cidade. O que você vê aqui está acontecendo na sua mente.






Eu fiquei muito confusa com aquilo…





— Tudo bem, você pode me trazer a minha querida Belle de volta?




— Não ainda. Eu tenho outra coisa para te mostrar.




Malévola bateu o cajado no chão e me transportou para outro cenário. Dessa vez eu estava em uma enorme mansão e parecia estar casada com um homem muito rico, ironicamente chamado de Gaston.




Eu acordei na cama e ele veio até mim.




— Bom dia, meu amor! Eu preparei o café da manhã.




Eu olhei para mim mesma e eu ainda estava com a aparência de uma velha esquelética vestida com uma camisola de seda rosa, mas o homem não enxergava a minha verdadeira aparência, na mente dele, eu parecia uma mulher jovem e bonita. Mesmo com minhas mechas bicolor.




— Quem é você? — Estranhei.




— Você não me reconhece, querida? Eu sou Gaston, seu marido — ele me situou.




— Eu devo estar sonhando…





— Talvez seja o seu remédio. Fantasiax. As injeções devem estar afetando sua memória, querida. O doutor recomendou que você não usasse de mais, pois ficaria viciada.




O quê?! Eu ainda estava usando o Fantasiax?! Eu não consigo acreditar!




— Você, pode me trazer o café na cama, querido? Eu não me sinto bem para tomar na mesa do café…




— Mas é claro, meu amor. Eu volto já!








Algum tempo depois, Gaston veio com uma empregada, ela era muito bonita, tinha cabelos e olhos castanhos, me lembrava muito a minha Belle. A mesma trazia a bandeja com o café da manhã nas mãos e Gaston fazia companhia a ela.




— Desculpa se eu demorei, querida. Eu resolvi pedir a nossa criada, Belle, que trouxesse o café da manhã para você.




— Belle?




— Sim, senhora De Vil? Precisa de mais alguma coisa além do café? — a empregada quis saber.






— Não, eu estou bem com o café. Muito obrigada.





— Sim, senhora.




A empregada deixou a bandeja na cama e Gaston pediu que a mesma se retirasse.




— Por favor, deixe-nos à sós. Eu quero ficar com minha esposa por um momento.




— Sim, senhor De Vil.




A empregada se retirou e fechou a porta do quarto ao sair.





Eu estava sozinha com meu “marido”.





— Você está bem, querida? Parece pálida…





— É a maquiagem que eu estou usando, eu acho…





— Não importa. Você está sempre bonita.





— Obrigada.




— Coma o seu café da manhã, querida. Eu mandei a Belle prepará-lo do jeito que você gosta.





Então eu comecei a experimentar a comida. Havia croissant com presunto e queijo, suco de laranja, café, chá, parecia uma refeição completa...fui comendo aos poucos e então comentei..




— Isso está delicioso. Eu adorei.




— Que bom, querida. Come mais! Você sabe que eu te amo, não? Estava pensando em te dar um cachorro no seu aniversário, o que você acha de um dálmata?




— Sério? Um dálmata? Eu acho que eu adoraria!




— E se forem 101 dálmatas? Nós podemos ter um casal de dálmatas, deixamos eles cruzarem até ter os seus 101 filhotinhos e depois os castramos. O que acha?




— Parece uma ideia excelente — comentei.




— Ah! Antes que eu me esqueça. O seu chefe do estúdio Dell’ Art, senhor Adam, ligou.



— O que ele queria?




— Ele perguntou se você vai trabalhar hoje. Ele disse que tem muito trabalho para você.





Fiquei refletindo sobre como reagir aquele comentário.




— Hmm...ligue para ele e diga que eu irei sim.




— Está bem, eu farei isso.




— Posso perguntar uma coisa, querido?




— Sim, é claro, amor.



— Quando contratamos a Belle?




— Foi alguns anos atrás, depois do nosso casamento. Ela apareceu aqui na nossa mansão por causa de um anúncio que colocamos no jornal e você achou que nós devíamos contratá-la depois de ouvir o histórico dela e vermos o currículo da mesma.




— E...qual é o histórico dela?




— Ela disse que foi despejada do Moulin Rouge e estava procurando um emprego. E ai você achou que devíamos contratá-la. Eu fiquei incerto, mas deixei você tomar a decisão. Então, contratamos ela.




— Tudo bem, eu acho que é só o que eu quero saber…




— Por que tantas perguntas? Você desconfia que Belle esteja tentando passar a perna em nós? Se for o caso, eu a despejo…




— Não, não é nada. Digo, deve ser o efeito do remédio...me desculpa por fazer essas perguntas todas…




— Eu entendo. Não precisa se desculpar. Eu só quero te fazer feliz, minha querida esposa…



— Eu te agradeço muito por isso…ahn...assim que você sair, pode mandar a Belle aqui. Eu quero ter uma conversa de garota com ela.




— É claro. Eu farei isso. Algo mais?



— Ahn...que horas eu tenho que estar no trabalho?



— Acredito que o senhor Adam disse às 19:00. Ele disse também que chamou umas modelos para fazer a prova de umas roupas que ele quer para o desfile de moda.



Desfile de moda? Então eu realizei o meu sonho? E ainda por cima me casei com um homem rico e influente? Eu não estou acreditando!



— Ah sim. E você vai para o trabalho?




— Sim, eu vou. Eu devo voltar mais tarde do emprego.




O que esse meu marido faz da vida? Eu estou casada com ele e mal o conheço…





— Tudo bem. Boa sorte no trabalho!




— Muito obrigado, querida.






Algum tempo depois, eu olhei ao meu redor e procurei por Malévola. Mas, acho que ela viu como eu estava feliz com o meu marido, e resolveu ir embora.





Logo começo a ouvir a porta sendo aberta.  Belle entra no quarto e depois fecha a porta atrás de si.




— A senhora me mandou chamar, senhora De Vil?




— Sim, Belle...venha aqui. Sente-se na cama.




— Está bem.




Belle veio até a cama e se sentou comigo.




— Eu te chamei aqui porque eu queria conversar um pouco com você.




— Eu sou toda ouvidos.




— Bem, meu marido me disse que você trabalhava no Moulin Rouge, é verdade?




— Sim, senhora. Eu era dançarina lá…




— Você me reconhece?




Belle ficou olhando fixamente para mim.




— Eu não tenho certeza. Mas...seu rosto me parece familiar…




— Engraçado. Eu acho a mesma coisa de você. Eu vou te propor uma coisa…




— Pode pedir, senhora…




— Vamos consertar isso, primeiro pare de me chamar de “Senhora” ou “Senhora De Vil”. Me chame de Cruella.




— Tudo bem, Cruella. Eu sou Belle, sua empregada.




— Eu sei quem você é. Só não sei se é a pessoa que eu estou imaginando...e eu queria ter certeza disso.






— Ah sim. Me desculpe, Cruella.




— Está tudo bem, querida. Olha, meu marido saiu para trabalhar e nós duas estamos sozinhas aqui. O que acha de nos divertirmos um pouco? Mas é claro, se você quiser. Eu não quero forçá-la a nada. Nem abusar de você.




— Tudo bem. Eu acho que eu quero, sim.




— Tudo bem — Aproveitei e passei a mão na cabeça dela, alisando os cabelos da mesma.




— Seus cabelos são muito bonitos, Belle.




— Obrigada.




Afastei minha mão e nossos olhos se encontraram.




Nossos corações bateram acelerados. Eu senti uma conexão muito forte entre nós.




Nos aproximamos uma da outra e depois colamos nossos rostos um no outro e nos beijamos. Nós ficamos trocando vários beijos e então resolvemos ir para a cama juntas.







Uma hora depois, nós duas estávamos peladas debaixo do lençol, abraçadas uma na outra.





— Ah Belle...você lembra muito alguém que eu conheci…




— Você também me parece familiar, Cruella...nós já nos encontramos antes?




— Eu já não sei. Mas, para mim parece a primeira vez que nos conhecemos.




— Para mim também.




— Você foi ótima na cama. Mas, vamos manter isso em segredo. Será o nosso segredinho. Eu não quero que meu marido saiba disso.




— Está certo. Eu prometo não contar nada sobre isso.




— Essa é a minha garota…




Minha conclusão sobre isso tudo? Eu acho que vou parar de usar Fantasiax. Eu consegui o meu “Felizes para sempre”, claro que é uma versão distorcida, mas...eu não ligo para isso. Eu estou feliz e tenho a Belle ao meu lado, embora eu esteja casada com meu marido Gaston.



Hahahahaha! Quem ri por último ri melhor!




Cruella De Vil


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado^^


Eu tentei linkar as s de acordo com teorias que eu li sobre os personagens Disney, e a parte da Branca de Neve foi inspirada em uma imagem que postaram no grupo do Nyah no Facebook.



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