Eclipse-Nova Versão escrita por Erin Noble Dracula


Capítulo 11
A Namorada do Scott


Notas iniciais do capítulo

https://youtu.be/j7XVDmvRRl0-Hope canta.
https://youtu.be/WzmQKob4zB8-Hope é possuída por Ísis.



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P.O.V. Mary.

Scott nunca se interessou por uma menina antes. E chegamos á pensar que fosse gay, mas ele sempre foi mais sensível do que o Jack.

 Ficou a semana toda falando dessa menina. Hope. Falou que ela tem um problema genético que a faz ter as mãos frias e estar sempre com fome.

Porque o sangue dela circula mais devagar do que o da maioria das pessoas. Disse que ela é uma garota sensível e sensitiva que foi gentil com ele desde o primeiro dia.

Eles finalmente chegaram e a menina era linda. Ruiva, olhos azuis, a pele dela era mais branca que a do Scott e o Scott é bem pálido.

—Oi. Você deve ser a Hope.

—Sou. Hope Cullen Volturi e a senhora é a senhora Turner.

—Pode me chamar de Mary.

—Pode me chamar de Hope. Nossa! Quanta comida! A senhora não fez tudo isso por causa de mim fez?

—Talvez.

—Nossa! Eu não queria dar todo esse trabalho.

—O Scott falou do seu problema. Que você come mais do que uma pessoa...

—Normal? Tudo bem, todo mundo fala isso.

Ela pegou uma garrafa vermelha da bolsa e começou a beber.

—O que é isso?

—Remédio. Impede que a minha pressão fique baixa demais e que eu desmaie.

—Você está bem?

—Estou. O remédio tem um corante que suja os meus dentes quando eu bebo.

—Eu fiz sanduíches de pepino. Espero que goste.

—Eu nunca comi sanduíche de pepino, mas aposto que é muito bom.

—Mãe, posso dar uma festa esse final de semana?

—Está de castigo.

—Me desculpe Scott, por ter falado aquilo. Sabe, sobre os seus pais.

—Você não tá me pedindo desculpas só pra dar uma festa e se livrar do castigo está?

—Não.

Scott olhou pra Hope.

—É verdade. Ele está sendo consumido pela culpa.

—Eu até te perdoo, mas você nunca mais fale dos meus outros pais e mais ainda daquele jeito.

—Tudo bem. Eu prometo.

—Tudo bem. Tá perdoado, mas a coisa do castigo é com a mãe.

—Por favor mãe, eu prometo que vou ser bonzinho.

—Tudo bem, mas... vai continuar fazendo serviço comunitário.

—Tudo bem. Eu te amo.

Hope era realmente muito simpática, mas ela também comia muito. Muito mesmo. E eu pude notar que ela ficava envergonhada com isso.

—Eu vou levar isso pra cozinha.

—Eu te ajudo senhora Turner, quer dizer, Mary.

Ela também era prestativa. Estávamos lavando a louça quando ela começou a cantar e a rebolar.

—Você é muito boa cantora.

—Que nada, essa música começou a tocar na minha cabeça. Um dos problemas da hipersensibilidade.

—Você disse que o meu filho, Jack estava sendo consumido pela culpa.

—Isso. Eu sou empata. Sinto o que os outros estão sentindo. Eu sei quando alguém sente culpa, quando se sentem tristes, mágoa, alegria. Assim que eu cheguei na escola na segunda, sabia que o Scott tava magoado, era uma ferida emocional antiga, profunda. Recentemente reaberta, primeiro pensei que fosse culpa minha. Por que tive que ir embora do baile por causa do ritual da meia noite. Mas, ai ele me contou do Jack e o que aconteceu com os pais biológicos dele.

—Você sente que Scott perdoou o irmão?

—Sinto que está tentando, mas Scott ainda está magoado e com raiva. Muita raiva.

—Eles brigaram na noite do baile. Scott avançou encima de Jack, disse que o irmão era fominha, que estava tentando roubar você dele. Que ele deu encima de você no baile, na frente dele. Que quando você e Scott estavam dançando uma música romântica e iam se beijar, Jack trocou a música. É verdade?

—É. Foi um... belo show.

—Acho que nós o mimamos demais. Eu tive problemas para engravidar e quando descobri que estava grávida... eu fiquei tão feliz, Jack era o nosso milagre. Alguns meses depois, decidimos adotar para que Jack não crescesse sozinho.

—Eu posso ver a personalidade das pessoas, sentir a energia delas. E o Jack é do tipo conquistador, e pior com ele é assim, se eu não posso ter... ninguém mais pode. E como não me interessei por ele, ele se achou no direito de acabar com a noite do irmão.

—É. Jack consegue ser bastante egoísta quando quer.

—A maioria dos garotos da nossa idade é assim mesmo. Por isso quando encontrei o Scott, eu pensei, Meu Deus! Como é que as garotas não se atiram pra cima dele? Elas são umas idiotas de não perceberem o quão especial ele é.

—Você realmente o ama não é?

—A coisa com os empatas é que as nossas emoções são ampliadas, quando nos magoamos, nos magoamos mesmo, mas quando amamos, amamos mesmo. Tudo é mais profundo.

—Existem outros empatas?

—É. O meu tio é empata. Um dos empatas mais poderosos que eu conheço.

—Poderosos?

—Empatas não podem só sentir o que os outros sentem, podemos controlar as emoções dos outros em um certo nível.

—Então...

—Não! Eu não faria isso. E se eu fizesse você saberia. Porque quando um empata controla as emoções de outra pessoa ele tem que estar presente para o controle funcionar. Se eu estivesse controlando as emoções do Scott, quando eu saísse, o "amor" dele por mim, saia comigo. Eu nunca poderia forçar alguém a me amar ou a amar outra pessoa. Isso é tão... errado que só de pensar eu já fico com nojo.

—Pode controlar minhas emoções?

—Posso. O que quer sentir?

—Eu não sei. 

—Sabe sim. Você quer se sentir feliz. Quer que eu acabe com a sua decepção.

Ela respirou fundo e a decepção que eu sentia do Jack, se foi, toda a culpa que eu sentia se foi. E eu me senti feliz.

—Ei, vocês estão bem ai? Nossa mãe, você tá radiante.

—To usando a minha empatia nela.

—O que?!

—Ela sabe. Sabe que estou controlando as emoções dela.

—É ótimo. Á muito eu não me sinto tão feliz.

—Hope o seu nariz.

—Droga.

A alegria passou, e eu voltei aos meus sentimentos normais.

—Aqui enxuga o nariz.

—Obrigado.

O nariz dela estava sangrando. Ela se apoiou na pia.

—Scott. A garrafa, com o meu remédio. Por favor, vai pegar.

—Você está bem querida?

—Eu acho que... eu vou...

Ela caiu desmaiada no chão.

—Meu Deus!

Eu estava com o telefone na mão, pronta pra ligar para a emergência quando Scott chegou com a garrafa.

—Não ligue para a emergência. Um hospital não vai ajudar, os médicos não vão entender o que está acontecendo com ela, a primeira coisa que vão fazer é injetar adrenalina e isso pode matá-la.

—E como você sabe?

—Ela me contou. Para caso isso acontecesse.

Ele abriu a boca dela e enfiou o remédio pela goela dela.

Eu juro por Deus que vi os olhos dela mudarem de cor.

—Calma. Tudo bem. Tá tudo bem. Consegue levantar?

—Acho que sim. Preciso de sal.

Scott pegou o pote de sal, ela colocou o dedo lá dentro e colocou o sal na boca.

—Pronto.

Scott a ajudou-a a se levantar. E a sentou no sofá.

—To bem Scott. Eu só... forcei muito. Eu to meio enferrujada.

—Usou a empatia na minha mãe?

—Usei. Eu podia ajudar ela então, porque não?

—Porque se você se esforça demais sozinha você passa mal?! O seu nariz sangra e você desmaia?!

—Eu sou mais resistente do que pensa.

—E eu me preocupo mais do que pensa.

—Um dia te levo pra conhecer a minha família. Vamos jogar baseball.

—Sua família gosta de baseball?

—O meu tio Emmett gosta. Ele é o atleta da família, quando está passando algum jogo de futebol na tv ele fica insuportável. É uma gritaria.

—Sei bem como é. O Jack adora futebol.

—E você amor, gosta de que?

—Sou o CDF da família. E eu adoro o mar, coleciono conchas. Minha avó me contava histórias sobre o mar, sobre sereias, sobre coisas marinhas.

—Então eu vou te arrumar uma concha. Uma concha muito especial.

—A vovó era boa em contar histórias.

—Eu aprendi a surfar por causa das histórias da vovó. Você gosta da surfar Hope?

—Não sei. Eu nunca tentei. E pare de flertar comigo Jack. Eu gosto de dançar, de cantar, sou ginasta desde os doze anos.

—Você sabe nadar Hope?

—Sei. Eu sou boa em mergulho em apneia.

—Sério?

—Sério.

—O que é apneia?

—Mergulhar fundo e sem cilindro. Segurar o fôlego.

—Você vai me levar pra pegar a minha concha?

—Não. O lugar onde eu vou pra conseguir a concha é... muito fundo e eu não vou estar sozinha. Se mergulhasse naquela profundidade, a pressão faria a sua cabeça...pop!

Ela fez um gesto com a mão que parecia indicar uma explosão. 

—Vou ter que descer uns cem metros pra achar alguma coisa. E eu preciso de permissão pra levar.

—Permissão? De quem?

—Das pessoas que moram na ilha. Você não entra na casa de alguém e pega alguma coisa e leva embora. Se fizer isso, é roubo. E que eu saiba roubar é crime.

—Mas, a concha não está no mar?

—Não importa. Os moradores da ilha adoram o mar. Se eles não permitirem, não se pode tirar nem uma gota d'água de lá. É como ofender o Deus deles. É como queimar uma igreja até não sobrar nada.

—Você e os seus amigos tem crenças estranhas.

—Jack!

—Tudo bem. Sabe qual é a certeza que eu tenho? Sabe qual é a verdade? A única verdade? É que vocês perderam o respeito por tudo, á não ser pelo todo poderoso Dólar. Vocês esquecem que dependem da natureza pra viver, de onde você acha que vem o peixe que você come? A água que você bebe? Os vegetais na sua mesa? As frutas? O ar que você respira? Nós dependemos dela pra existir, mas o inverso não é verdadeiro. Se a raça humana fosse erradicada por uma praga ou coisa assim, a natureza encontraria um caminho. Mas, se você não comer, não beber água... você morre.

—Você é ecologista?

—Não exatamente. A verdade é que vocês não vão perceber que toda a vida é sagrada, que a natureza merece ser respeitada, não até ser tarde demais. Não até toda a água estar poluída, até todos os peixes estarem mortos, até o ar estar podre. Não até toda a comida acabar. Logo, muito antes do que imagina, ela vai começar a revidar.

—Ela quem?

—A natureza é claro. Vocês subestimam a sua força. Mas, quando ela mostrar seu verdadeiro poder, não haverá como fugir ou se esconder. E todos vão pagar, os bons e os maus. Estamos todos nesse barco juntos Jack Turner.

Eu senti a terra tremer.

—Sentiu? Isso não é nada. Nada comparado ao que ela está preparando. Se vocês não pararem de desrespeitar a sua mãe, mamãe vai dar uma bela duma surra em vocês.

Eu juro que vi chamas nos olhos dela. Era uma fúria imensurável.

—O que é isso?

—Ísis!

—Hope! Hope pare.

—Não! Eu sou Ísis, meu filho. E ela está certa, vocês me desrespeitaram por tempo demais! Vocês me feriram! Mataram os meus filhos! Me envenenaram! E eu lhes dei tudo! Comida! Água! colheitas saudáveis!

—Ela tá possuída.

—Mais ou menos isso. Ísis? Você é a natureza?

—Sim. Eu sou a divindade que você e os seus semelhantes chamam de Mãe Natureza. Acham que podem me tratar com tamanho desrespeito? Que podem me envenenar e que vai ficar por isso mesmo? Só que não vai!

Ela tirou os sapatos, ficou descalça e saiu. A porta abriu sozinha pra ela passar. Ela fincou os pés na terra e começou a ventar, ventos de mais de cem quilômetros por hora. Então, um furacão e fogo, raios.

—Sim criaturinhas sem Deus! Gritem! Sintam a minha dor! Sintam a minha fúria!

—Cara, sua namorada tá possuída.

—Ela é uma empata e uma serva da natureza. Ela está sentindo o que Ísis está sentindo. Está canalizando. Ísis está usando a empatia da Hope, como se Hope fosse um avatar de vídeo game. Ela tomou o corpo da Hope.

Scott ligou para os pais de Hope. E eles vieram.

—A mãe natureza é uma vaca.

—Você ousa me ofender?!

—Foi mal.

—O meu poder é além de bem e mal. Essa concepção dicotômica é simples demais. Eu tenho o poder de criar e o poder de destruir! O poder de gerar e o poder de devastar! Vocês querem me usar, me jogar na escuridão!

—Hope! Hope querida, pode me ouvir?

—Hope Volturi não pode ouvir nada! Você fala apenas comigo! Ísis!

—Hope, eu sei que está ai. Lute.

—Mamãe? Mamãe, socorro!

—Vamos querida, expulse ela.

—Chega! Eles tentaram me destruir! Eles querem me destruir! Querem me envenenar! Sinto eles me envenenando!

—Alec temos que fazer alguma coisa!

—Não podemos.

—Precisamos! Canalização.

Vieram várias mulheres, uma multidão.

—Vamos canalizar agora! Direto da fonte.

Elas deram as mãos formando uma enorme roda e começaram a falar, a entoar algum tipo de cântico. Os ventos foram diminuindo e a coisa foi enfraquecendo até o corpo de Hope despencar.

—Alec! Pega ela!

O rapaz a pegou sem dificuldade.

—Ela está bem?

—O coração está batendo e ela está respirando. Mas, está inconsciente.

—Canalizar direto da fonte e esse tanto de poder. Esse foi um feito inédito. É um milagre ela ainda estar viva.

—Os poderes da Hope sempre foram excepcionais. Desde que ela era bebê.

—Ai. Que enxaqueca dos diabos!

P.O.V. Scott.

A mulher fez alguma coisa com a minha mãe e o meu irmão. Ela os fez esquecer de Hope ter sido possuída. E tudo relacionado aos poderes dela.

Ela veio até onde eu estava e falou:

—O desrespeito da sua raça para com Ísis e as outras raças chegou ao limite. Elas cansaram. O confronto se aproxima.

Ela saiu correndo carregando o corpo inerte de Hope. Aquilo ficou na minha cabeça e na manhã seguinte eu descobri do que ela estava falando.

—Ai! Vocês tem que ver esse maluco.

Era um pescador dando entrevista na televisão.

—Estamos aqui com o único sobrevivente do que os especialistas estão chamando de ciclone da ilha Mako. Meteorologistas ainda estão intrigados com o fenômeno. Pode nos contar o que aconteceu?

—Estávamos pescando. Começamos a puxar a rede quando... o céu começou a escurecer, raios, trovões uma tempestade terrível. O mar sob o barco começou a se revolver, então, elas começaram a aparecer. Os cabelos todos enfeitados com conchas e algas, eram tantas. Então, uma delas se pronunciou. Disse que nós invadimos o seu território e tomamos sua comida pela última vez. Os meus amigos, elas soltavam uma espécie de corda que se enrolava nas pernas deles como cobras, eles foram afogados. Sereias.

—O médico disse que...

—Que eu bati a cabeça? Me diga, conhece algum animal marinho que deixe uma mordida dessas?

Ele afastou a camisa e deu pra ver certinho. Era como uma mordida humana, mas não humana.

—A última vez que eu vi o meu barco, ele estava sendo puxado, naufragado, mergulhando no esquecimento profundo do mar que circunda a ilha Mako. Pois é doutor, isso eu não mostrei pro senhor.

Eu falei meio que sem perceber:

—O confronto se aproxima.

—O que?

—Os pescadores estavam pescando os peixes que elas comiam, estavam deixando elas á míngua. Esse era o desrespeito, elas decidiram revidar. Estão lutando porque estão levando a comida delas.

—Bom meninos, seu pai e eu vamos sair no próximo fim de semana. E quando a gente voltar, eu acho bom a casa estar inteira. Eu não quero nada quebrado! Vocês já são bem grandinhos e eu tenho pra mim que são responsáveis o suficiente para ficar um mês sozinhos. Nada de matar aula e é melhor a casa estar no lugar.

—Um mês?

—Sim. Vamos comemorar nosso aniversário com uma viagem.

—Claro. Eu sei que eu não vou quebrar nada.

—Sem drogas ilegais e sem bebidas para menores!

—Tudo bem mãe.

Eles se despediram de nós e saíram carregando as malas


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