Ode às Margaridas escrita por Ahelin


Capítulo 9
IX


Notas iniciais do capítulo

Este capítulo pertence à Rodada 9, cujo tema é a Música #1 - La vie en rose, de Édith Piaf (versão em francês).
Boa leitura!



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— Siga meus movimentos.

Apenas as mãos deles se tocavam.

Rodopiaram pela sala, agradecendo pela ausência de móveis. Um passo atrás, um à frente, até que os corpos se uniram. Em seus braços, Agatha via o mundo cor-de-rosa.

— Mais perto? — sussurrou ele. A nuca dela se arrepiou com o hálito quente em seu pescoço.

— Se for possível. — Virou-se para olhá-lo; uma pintura viva do homem que amava, que a amava, que a possuía.

Puxou-lhe as mãos para sua cintura. O toque cálido irradiava e ardia por todo o seu corpo. Ela arriscou mostrar a ele seus passos profissionais e permitiu-se exibir apenas o suficiente pra impressioná-lo.

— Sério, você é maravilhosa — segredou ele, no mesmo tom baixo. Pequenos choques fizeram-se presentes nos dedos dos pés de Agatha. Naquela bolha, o mundo era deles.

Ela sabia, bem no fundo, que este não era o tipo de amor que poderia acabar. Mesmo que para sempre soasse um tanto artificial e piegas, era o que mais descrevia a perpetuidade do que ambos sentiam.

Mais rodopios descalços no chão frio, toques no rosto, uma sinfonia de dois corpos embaraçando-se apaixonadamente ao som de um violoncelo gravado.

— Sério, eu te amo — devolveu ela, sentindo o gosto das palavras antes mesmo que os lábios dele tomassem conta dos dela. Não havia tempo, nem espaço, apenas os dois naquele lugar e naquele momento, para sempre.

Seu pedaço de felicidade, seu mundo.

A lembrança desapareceu, e outra veio logo em seguida.

— Você sabe, estamos ferrados. — Ele ria, o sol marcando com sombra suas covinhas e as marcas ao redor dos olhos. — Um artista sente as coisas de um jeito tão intenso. Tudo é uma bomba! Deve ser horrível e incrível amar e ser amado por um artista, tudo junto. Uma coisinha tão simples pode ser tão grande... Sentimos tudo maior, mais forte, mais dramático. Agora imagine dois artistas!

— Estamos ferrados — anuira ela, com uma risada.

Mas ela não se importara com isso na época, e em nenhum outro dia depois daquilo. O riso dos dois misturou-se em sua memória com o martelar frenético das teclas de um piano, uma peça dançada a dois, a realidade voltando a ela...

E então, silêncio. Agatha demorou a abrir os olhos e perceber-se novamente em frente a uma plateia, com o companheiro de estúdio atrás de si. Contemplou o sorriso mecânico congelado no rosto dele e o toque frio em sua cintura.

Sorriu, com sinceridade. Enquanto dançasse, não importava com quem, teria Rodrigo consigo.

Ela havia encontrado aquilo que procurara.


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Notas finais do capítulo

E aí?
Não vou mentir, é meu capítulo favorito até agora.
É o penúltimo, hein!
Beijão ♡



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