Encontros Proibidos escrita por Eli DivaEscritora


Capítulo 10
Provando do próprio veneno


Notas iniciais do capítulo

Oii gente, estive sumida né? Mas pretendo retornar de vez agora. Espero que estejam gostando, beijos ;*



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Eu continuei ainda mais perturbada, já que ele permaneceu em silêncio esse tempo todo. Continuei observando ele, sem entender nada, e enruguei a minha testa esperando a resposta do Marquinhos.   

― Bem, eu… ― O Marquinhos parecia perdido, talvez estivesse procurando as palavras certas. Por fim, ele soltou o ar, suspirando e continuou. ― Não queria estar aqui ― ele enfim confessou.

Porém eu ainda tinha a minha dúvida, ele não disse nada que esclarecesse a minha pergunta.

― Mas então por que está aqui? ― perguntei confusa.

― É complicado ― ele disse tristemente.


Acho que eu estava começando a entender o que se passava aqui, e quando eu ameacei abrir a boca para falar algo, nós giramos pelo salão no mesmo momento em que o ritmo da música ressoou forte, dançando a valsa com perfeição, em seguida  voltei a encará-lo.

― Por acaso seus pais estão te obrigando também? ― respondi por ele.

― Sim. ― Ele me olhou assustado. ― Como você sabe?

Eu bati com a minha mão na testa rapidamente, percebia-se de longe que ele não era a inteligência em pessoa.

― Porque estou sendo obrigada do mesmo jeito. ― Balancei a cabeça em negação.

― Não acredito. ― Ele me olhou perplexo. ― E por que você está nessa? É pelo dinheiro, não tem para onde ir?

― Basicamente os dois. Meu pai é muito influente na cidade. Não consigo me virar sem ir embora daqui.

Ele acenou com a cabeça, concordando com o que eu tinha dito.

― E você? ― perguntei com curiosidade.

― Dinheiro. Meus pais não vão liberar mesada, herança ou qualquer tipo de renda se eu não me casar. ― Ele fez uma careta. ― Eles acham que eu tenho que ter mais responsabilidades, parar de sair por aí e ficar curtinho.

― Nossa, nós ganhamos na loteria ― comentei sem animação.

― Nem me fala. O pior é que estou preso a isso. Não vou poder mais sair, já que eles não vão liberar o dinheiro. ― O Marquinhos fez uma careta, parecia indignado. ― E aí eu teria que trabalhar em algum lugar para ganhar uma merreca e eu não quero isso. Poxa, afinal o dinheiro também é meu. Eu sou jovem, quero viajar, curtir um pouco antes de me prender a alguém. ― Ele olhou sério para mim e eu balancei a cabeça concordando.


A música estava prestes a acabar, nós até diminuímos os passos no ritmo lento da valsa e eu encarei o Marquinhos ao mesmo tempo em que pensei que talvez essa situação não fosse tão ruim. Afinal nós dois não queríamos o casamento, então por que não poderíamos nos ajudar?

― Sabe, Marquinhos, eu acho que tenho a solução para o nosso problema ― eu disse alegre e ele me olhou confuso, com a testa enrugada.

― Ah é mesmo? Estava louco para encontrar uma saída, pode dizer já o que é ― o Marquinhos disse empolgado.

Eu ameacei abrir a boca para começar a falar, mas nesse meio tempo os meus olhos desviaram a atenção para um canto do salão, no qual algumas pessoas dançavam, eu experimentei um sentimento estranho, foi um misto de raiva e desespero. Ao focalizar o Teodoro cheio de conversinha com uma garota desconhecida, eu fiquei chateada e possivelmente era ciúmes. Só poderia ser essa a razão de eu ter ficado emburrada.

― Marquinhos, você conhece aquela garota que está com o Téo? ― eu perguntei sem dar muita entonação, o rapaz me encarou surpreso.

― Hã? ― ele respondeu confuso. ― Que garota? ― eu apontei com o dedo, discretamente, na direção dos dois.

― Ih, relaxa gatinha. Eu que apresentei os dois.

― Relaxar? Você é muito sem noção. O Téo é meu namorado. ― Olhei seriamente para ele.

O Marquinhos apenas deu de ombros, como se falasse: não é nada demais, gatinha. Eu suspirei sem muita paciência e escutei os últimos acordes da música ressoar no salão e nós dois paramos de dançar. Em seguida, uma música mais animada foi tocada pela banda e eu agradeci mentalmente pois, já não aguentava mais dançar, meus pés doíam bastante. Quando eu e ele fomos ao encontro do grupinho em que o Téo estava, eu permaneci tristonha com a presença da garota nova. Por um momento naquela noite eu não lembrei de mais nada, nem do Marquinhos, desse casamento forçado e principalmente do meu pai controlador.

― Oi Paulinha, ― o meu noivo falso cumprimentou risonho a garota.

― Oi gatinho, ― ela beijou o rosto dele e eles começaram a conversar animados.

Ao observar a interação da garota com o Marquinhos, um sorriso travesso tomou forma na minha boca e um estalo súbito surgiu na minha mente. É, com certeza eu tinha achado a solução para todos os meus problemas. No instante seguinte, os meus pensamentos se desligaram do presente, eu não estava mais prestando atenção no que os dois faziam ou falavam, pois a minha cabeça elaborava um novo plano: algo mirabolante. O meu pai, sem querer, havia me dado munição para atacar ele. Deixei escapar um riso feliz, imaginando que a hora certa tinha chegado. A partir de hoje, o meu querido pai iria provar do próprio veneno. Eu estava tão eufórica que queria compartilhar com todo mundo a minha felicidade. Nada seria capaz de me prejudicar ou de me fazer desistir do que eu queria; minha partida dessa cidade. Eu ia contar para o pessoal o meu plano novo, já que a Lú também estava no grupinho, mas o meu pai interrompeu a festa para fazer um anúncio:

― Senhoras e senhoras, peço um minuto da atenção de vocês. ― Ele esperou todo mundo ficar em silêncio e continuou. ― Gostaria de compartilhar uma pequena história com vocês antes do noivo fazer o pedido. ― O olhar dele seguiu na direção dos pais do Marquinhos. ― É uma honra muito grande para mim  poder entregar a minha filha para esse rapaz. ― Ele fez uma pausa e dessa vez ele fixou seus olhos no meu futuro ex-noivo. ― Pois há muito tempo, eu conheci os pais dele, quando ainda éramos adolescentes. Estudamos juntos e depois eles seguiram com o rumo da vida. Por isso, hoje se torna um dia muito especial duplamente. ― Um sorriso um pouco tímido se formou nos lábios do meu pai. ― Então, não quero mais tomar o tempo de vocês com o meu discurso. ― Ele soltou uma risada, mas logo voltou a falar. ― O momento tão esperado chegou, está na hora do noivo fazer o pedido. ― O sorriso dele voltou, dessa vez estava de orelha a orelha.


Eu pude notar como o Marquinhos mudou a expressão, antes ele estava descontraído e agora tinha assumido uma feição séria, não tinha nada a ver com ele, já que o rapaz era bem extrovertido. Ele ficou sem reação por alguns segundos, até o meu pai apontar o centro do salão com a cabeça, sem movimentos bruscos, apenas para ele perceber, o sorriso exagerado na boca ainda permanecia e o meu falso noivo caminhou até o centro em passos lentos, receosos. Provavelmente o instinto dele era de correr dali e eu não o julgava, eu teria feito o mesmo se não estivesse com o plano brilhante na cabeça.

O Marquinhos engoliu em seco, olhou apreensivo para os pais como se pedisse socorro, porém os dois negaram com a cabeça e ainda fizeram um gesto para ele continuar, executar o pedido. Eu notei quando o rapaz respirou fundo e exalou o ar com força, ele deveria estar muito frustrado.

― Elisabeta ―, ele comunicou em tom forte. ― você aceita se casar comigo? ― ao mesmo tempo em que ele falou, o rapaz se ajoelhou perto de mim e tirou do bolso uma caixinha com uma aliança que brilhava muito.

Antes de responder eu reparei na expressão das pessoas, algumas estavam muito felizes, bateram palmas e outras pareciam em choque, era uma reação plausível, já que nem namorando a gente estava. O grupinho da Lú e do Téo foi um pouco diferente, o Beto, o Téo, a Lú e até a tal da Paulinha olharam ansiosos para mim, na espera pela resposta, já o meu pai, a minha mãe e os pais dele me encaravam preocupados.

― Aceito ― respondi com um sorriso satisfeito.

Eu e o Marquinhos nos abraçamos e em seguida ele colocou o anel no meu dedo esquerdo. O meu pai esperava que eu beijasse ele, eu podia adivinhar os pensamentos dele daqui só pela cara de insatisfação que ele fez. O Téo aparentava estar surpreso, o que era perfeitamente normal, pois se eu não tivesse pensado nesse novo plano, eu com certeza responderia não. Depois de abraçá-lo, nossos pais vieram nos cumprimentar com uma felicidade imensa.

― Agora vocês nos dão licença que eu e o Marcos vamos lá no jardim, passear um pouco a sós ―  eu falei encostando no ombro do rapaz, carregando ele para fora do salão.

Nem preciso comentar que o meu pai ficou ainda mais alegre, ele deveria estar imaginando que tinha acertado com um noivo para mim. Por dentro, eu ria realizada. Enquanto nós dois saíamos do salão, eu fiz um sinal para o grupinho da Lú e do Téo nos acompanhar até o jardim, inclusive para a tal da Paulinha. Quando nós estávamos um pouco afastados da festa e no meio do jardim, esperamos alguns segundos e eles apareceram, sem entender o que estava acontecendo.

― Elisa, amiga, o que você está fazendo? ― a Lú disse desesperada.

― É, Elisabeta. Eu pensei que você iria dizer não ou até fugir do salão ―  o Téo se pronunciou também.

― Calma gente, eu tenho um plano ―  falei tranquilamente.

― Então, conta logo que eu estou entrando em pânico ― o Marquinhos comentou impaciente.

― Certo, imaginem aqui comigo. Se eu fizesse a rebelde nesse momento, o meu pai iria dar um jeito de fazer esse noivado acontecer. ―  encarei eles, observando que todos prestavam atenção em mim. ― Seja hoje, amanhã ou depois, todos concordam? ― Eles balançaram a cabeça. ―  Ótimo, porque o plano consiste em fazer o meu pai acreditar que eu e o Marquinhos estamos nos dando bem, inclusive isso serve para você também. ― Apontei para o rapaz. ― Se nossos pais pensarem que estão com o controle sobre nós, eles não vão desconfiar que não vamos nos casar ―  respondi por fim.

― Como assim? ― o Marquinhos perguntou.

― Eu e o Téo temos um plano para fugir da cidade, mas não podemos ir agora porque estamos juntando dinheiro. Então quando esse casamento for marcado, nós estaremos longe daqui.

Todos fizeram uma expressão de satisfação.

― E tem mais, a Paulinha vai nos ajudar também ―  eu disse logo após o meu esclarecimento, sem dar tempo de eles comentaram algo.
            ― Que história é essa? ― A Paulinha olhou assustada para mim.

― Acredito que você e o Marquinhos estão se vendo agora? ― Esperei a confirmação deles e após eles afirmarem, continuei. ― Então, você e o Teodoro vão namorar de mentira.

― O quê!? ― todos falaram ao mesmo tempo, sem compreender.

Eu olhei para eles com um sorriso travesso estampado no rosto. É verdade que eu havia ficado, anteriormente, com ciúmes da Paulinha e do Téo conversando, porém depois eu percebi que isso poderia ser proveitoso para nós todos. Era uma ótima oportunidade para fingir que estávamos fazendo as vontades dos nossos pais, e eles nem desconfiariam.

― E tem mais ―, eles me encararam assustados. ― fazendo isso nós ainda conseguimos fingir que vamos sair juntos, mas temos a liberdade de fazer o que não podíamos antes.

Eu olhei para eles contente, aguardando o que eles falariam. Não havia impedimento, o plano era perfeito, pois todos os nossos problemas seriam resolvidos e, principalmente, o meu pai provaria do seu próprio veneno, sem nem perceber. Eles não tinham o que contestar, a única opção era aceitar.  


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Notas finais do capítulo

Aí essa Elisa é cheia de ideias, será que vai dar certo?



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