Depois do fracasso que havia sido a caça ao lobisomem, Alex sequer se preocupou com o sobrinho estar demorando para chegar da escola, provavelmente estava espairecendo em algum lugar, ou tivesse saído com os amigos para se distrair e esquecer um pouco. Ela por sua vez continuou em busca do paradeiro do lobisomem que havia fugido, mas nada lhe mostrava sinal algum de onde havia ido a criatura.

Stiles chegou em casa tranquilo, não parecia tão abatido, e Alex notou prontamente assim que o sobrinho entrou.

— Como foi hoje? – perguntou enquanto buscava informações no computador.

— Você não vai acreditar no que aconteceu. – o garoto sorriu.

Alex estranhou a reação de Stiles. – Se você me contar, talvez eu acredite. – concluiu.

— A criatura que atacou o lobisomem ontem, eu a conheci, ela estuda na minha escola, é uma harpia. – ele sentou na frente da sua tia na mesa.

— O que?! – Alex se assustou. – Você fez amizade com um monstro, é isso mesmo? – ela perguntou espantada.

— Ela é uma caçadora, só se tornou um monstro porque sua família foi amaldiçoada, e hoje ela combate as criaturas que querem fazer o mal, assim como eu. – Stiles falava com tranquilidade, aquilo não lhe abalava.

— Isso tudo é novo pra mim, mas não vou julgar, afinal, eu sou uma bruxa que criou um caçador. Se tiver algo mais estranho que isso, deixe-me saber. – ela riu. – Mas ela está disposta a nos ajudar? – perguntou retomando a pesquisa.

— Sim, dei um dos seus sacos de bruxa para que ela pudesse se recuperar depois que quebrei seu braço e ela está disposta a se unir a mim para caçarmos. – a ideia de caçar com alguém ainda não funcionava bem na cabeça de Stiles, mas ele estava disposto a tentar.

Alex gargalhou baixo. – Você caçando com outra pessoa? Isso vai ser estranho. – ela negou com a cabeça ainda com o sorriso nos lábios.

— Bom, ela é uma harpia, pode voar, é um elemento surpresa e colocou um lobisomem pra correr. Com certeza posso me acostumar com uma colega assim. – ele sorriu. – Mas ela falou que não veio aqui à toa. – Stiles completou.

— Como assim? – Alex fechou o notebook e atentou ao sobrinho.

— Segundo ela, algo a chamou até aqui, e sempre que ela tenta buscar a origem desse chamado, desaparece. Ela também disse que isso está atraindo várias criaturas sobrenaturais, ela não é a única, em breve a cidade pode ficar infestada de monstros, por esse motivo vamos nos juntar. – Stiles imaginava que a tia tivesse alguma resposta para aquele mistério.

— Eu já ouvi falar de algo assim, algo que atrai criaturas. Eu só preciso pesquisar um pouco mais a respeito, mas tenho certeza que conseguirei a resposta para que possamos acabar com esse mal de uma vez por todas. – Alex levantou da mesa e seguiu para o porão, a fim de pesquisar mais sobre o assunto.

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O dia passou rápido, e Stiles estava perdido em seus pensamentos no quarto. Ele não rejeitava realizar aquela boa e velha pesquisa, principalmente depois do que sua mais nova amiga havia lhe falado, aquilo tudo era novo para ele, e se aprofundar no assunto poderia ser bom para o futuro, mas como Alex já havia começado a pesquisar, ele decidiu tirar um tempo para ficar em paz, no silêncio do seu quarto, tentando descansar sua cabeça de tudo que estava acontecendo naquela semana.

A noite caiu e Stiles ainda estava acordando, olhando para o teto, imaginando mil e uma coisas, aquele era um tempo precioso e raro que o garoto não costumava ter, então aproveitaria cada segundo daquilo.

Alex bateu sutilmente na porta do quarto do sobrinho e o mesmo desviou sua atenção do teto para a porta no exato momento.

— Acho que você vai gostar de saber o que e descobri. – disse Alex já observando o sobrinho levantar da cama.

Os dois desceram as escadas e foram direto para o porão, onde Alex havia passado toda a tarde pesquisando sobre a força que atraía criatura sobrenaturais.

— É algo relacionado ao que Samantha me disse? – perguntou Stiles já descendo os últimos degraus.

— Sim. Estava aqui o tempo todo e eu nunca me dei conta. – Alex seguiu até a mesa onde alguns livros estavam abertos e sentou-se, acompanhada por Stiles.

— Espero que não seja tão ruim. – O garoto conseguia ver imagens de árvores nos livros, mas não sabia exatamente do que se tratava.

— A força que atrai as criaturas sobrenaturais vem de um objeto. – Alex aprontou para a imagem de um tronco cortado em um dos livros. – Nemeton. – completou.

— Neme... o que? – perguntou o garoto.

— Nemeton. É uma árvore antiga que é mantida através de sacrifícios. Existe uma aqui, em Beacon Hills. Ao que tudo indica, ela estava inofensiva, mas algo despertou seus poderes, creio que alguma morte causada apenas para isso, e agora as criaturas sobrenaturais estão sendo atraídas por essa força emanada. – Alex olhou para o sobrinho que tinha aquele semblante curioso.

— Como podemos acabar com isso? Posso destruir esse tronco? – o garoto não tirava os olhos do livro.

— Não é necessário destruir, mas sim protege-la. Nos livros não existe nada sobre destruir isso, é só evitar que o mal se aproxime. – respondeu Alex.

— Agora eu vou virar um guarda florestal? Além de caçador de monstros, terei que vigiar uma árvore para evitar que os monstros usem? – ele olhou para Alex sem entender.

— Bom, eu posso buscar algum feitiço protetor para manter as criaturas longe e a árvore adormecida. Quando o poder desse feitiço acabar, é só renová-lo. – sugeriu ela.

— Isso seria ótimo. – Stiles levantou e foi até sua estante de armas.

— O que você vai fazer? – perguntou Alex.

— Preciso ver isso com meus próprios olhos, não posso me basear apenas em uma imagem de um livro velho. – Ele pegou duas pistolas carregadas com balas de prata.

— Mas como você vai saber onde está essa árvore? A floresta de Beacon Hills é imensa, com inúmeros troncos velhos, não tem como deduzir que é um dos vários que existem. – Alex caminhou até sua bancada de plantas.

— É por isso que vou levar alguém que tem uma conexão com essa árvore para me ajudar. Você disse que seria interessante trabalhar em conjunto, não foi? Hoje verei como isso vai funcionar. – ele sorriu para a tia e seguiu o caminho para a escada.