Hunt escrita por Ivy Harper


Capítulo 13
Frenemies




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Com as habilidades de Derek seria mais fácil encontrar Samantha, embora ele ainda estivesse fraco por ter levado um tiro com bala de prata, Stiles não iria deixa-lo ir até conseguir resgatar a amiga de onde quer que ela estivesse. Não demorou muito para que Derek conseguisse rastrear com seu faro o cheiro da garota, por mais que fosse inodoro para Stiles, as harpias tinham um cheiro específico para outras criaturas sobrenaturais, principalmente para Derek, que conseguia sentir coisas há longas distâncias.

Conforme esperado, Samantha foi levada à beira da estrada que dividia Beacon Hills da cidade vizinha, próxima da floresta, mas bem longe de onde a dríade a encontrou.

Stiles conseguiu pegá-la nos braços e levou até seu jeep, não poderia leva-la até sua casa, muito menos com Derek ali e no meio da madrugada, poderia assustar sua tia e acabar causando a morte de quem não deveria.

— Eu consigo me virar daqui. – Stiles já havia acomodado a amiga no banco do jeep com a ajuda de Derek.

— Então eu posso ir? – perguntou Derek sem entender.

O garoto respirou fundo, embora estivesse pensando em usar Derek o máximo que pudesse, não achava certo fazer aquilo. Ele simplesmente deu a volta no jeep e entrou no veículo.

— Você pode me responder? – Derek insistiu para conseguir uma resposta.

— O que você quer que eu diga? – Stiles sabia que estava agindo como criança, mas ele não tinha ideia do que fazer.

— Nada, eu estou indo. – Derek deu as costas e saiu caminhando, não tinha motivos para agradecer ou esperar um agradecimento de Stiles.

— Porcaria! – Stiles esmurrou o volante e desceu do jeep. – Derek! – ele gritou, fazendo o rapaz parar de caminhar e virar na direção de Stiles. Ele caminhou até Derek e estendeu a mão para ele. – Obrigado. – seu olhar estava perdido, ele não conseguia manter um contato visual com o rapaz.

Por um momento, Derek pensou em dar as costas e continuar andando, mas aquilo era verdadeiro. – Obrigado. – ele apertou a mão do garoto ao repetir a frase que havia acabado de ouvir. Em seguida, deu as costas e seguiu o caminho que estava indo, Stiles fez o mesmo.

●●●

Stiles comunicou a Alex o ocorrido pelo telefone e preferiu aguardar até a garota acordar para leva-la embora. Eles acabaram passando a madrugada quase inteira dentro do jeep esperando Samantha se recuperar, até que o sol começou a nascer, e então ela acordou, ainda um pouco atordoada por causa de toda a situação e do seu corpo fraco. Stiles explicou tudo o que aconteceu naquela noite a ela, para logo em seguida leva-la para casa, como havia prometido.

Assim que o garoto chegou em casa, não viu outra coisa além da sua cama, e do jeito que estava, caiu nela e dormiu. A noite tinha sido exausta, as situações extremas e os pensamentos embaralhados eram coisas que cansavam Stiles de forma inexplicável, ele só conseguia raciocinar sobre o que havia acontecido depois de uma boa noite de sono, mas naquele caso seria talvez um dia inteiro.

O celular de Stiles tocou, o garoto retirou do bolso ainda de olhos fechados e atendeu sem olhar quem ligava.

— Stiles, que horas podemos passar aí? – perguntava Lydia do outro lado da linha.

O garoto passou o braço nos olhos para então abri-los de uma vez. – Passar aqui? – ele estava confuso, mas olhou para a janela do seu quarto e viu a lua no céu, certamente dormiu o dia inteiro. – Que horas são? – ele não se deu o trabalho de olhar no relógio do celular.

— São 19:00hs, nós combinamos de sair hoje, não lembra? – Lydia parecia impaciente do outro lado da linha.

— Nossa! – ele levantou da cama apressado. – Eu nem vi a hora passar. Em dez minutos estou pronto. – ele desligou o telefone e sequer se despediu da amiga.

Stiles já estava acostumado a cancelar os compromissos com os amigos em cima da hora, sempre precisava descansar um pouco mais devido a sua rotina secreta, mas ele não podia fazer aquilo, não depois do que ouviu Scott dizer. Ele poderia simplesmente perder seus amigos, e aquilo não faria bem, principalmente na situação que ele estava vivendo.

— Está vivo? – Alex apareceu na porta do quarto com uma xícara em mãos.

— Porque não me acordou? – o garoto já havia tomado banho e agora vestia uma calça jeans.

— Depois da noite que teve, não quis incomodá-lo. – ela entrou no quarto. – Você quer me contar melhor o que houve com o lobisomem? – ela sentou na cama do garoto e deu uma golada no chá.

— Não tem muito o que contar. – ele vestiu uma camisa branca. – Ele apareceu, me salvou e me ajudou a encontrar Samantha, foi tudo. – o garoto agora colocava um par de tênis.

— Mas você me disse que atirou nele, como ele sobreviveu? – ela continuou com as perguntas.

— Eu tirei a bala. Ele não sobreviveria se continuasse com ela dentro do corpo. – ele foi para a frente do espelho.

— Stiles. – Alex tinha um tom sério na voz.

Ele sabia que não deveria ter contado muito, mas uma hora ou outra Alex iria descobrir a verdade, então preferiu contar de uma vez, mas sem muitos detalhes. – Eu estou sem tempo para ouvir sermões. Eu fiz o que devia fazer, eu fiz a coisa certa. Se não tivesse feito, talvez não estivesse aqui para contar essa história. – ele se perfumou.

— Primeiro você faz amizade com uma harpia, agora vira amiguinho de um lobisomem, que provavelmente possa ter matado sua família. Você quer deixar de ser caçador, é isso? – Alex manteve o tom da voz.

O garoto não respondeu, apenas apoiou os braços na cômoda para logo em seguida virar de frente para a tia e encará-la. – Talvez. – ele foi curto na resposta.

Alex respirou fundo e tomou mais um gole do chá. – Você está confuso. Eu sei que essa noite inteira foi intensa para você, pode ter confundido sua cabeça, afinal, você deixou um lobisomem escapar vivo, e ainda por cima removeu uma bala dele, com certeza você está confuso. – ela levantou da cama, se negando a acreditar que aquilo era real.

— Porque eu estaria confuso? Por finamente começar a viver a minha vida? Por parar de acreditar nessa ideia de que todo mundo é ruim e que eu preciso me dedicar a uma vida que eu nunca sonhei em ter? – o filtro de palavras entre o consciente de Stiles e sua boca parecia ter parado de funcionar, ele não estava mais pensando, apenas dizendo.

— A criatura que você salvou pode ter matado sua família, essa outra criatura que você passou a noite acolhendo pode ter matado muita gente também, todos podem estar fingindo algo que não são. Quantas criaturas você já conheceu que foram inocentes? Quantos você deixou escapar por pena? – ela fixou o olhar no sobrinho.

Ele parou para pensar. – Nenhuma. Mas sabe porquê? Por causa dessa regra ridícula dos caçadores de atirar antes, perguntar depois. Por isso eu acabei quase matando alguém que salvou minha vida. E onde você estava quando a maldita dríade me prendeu e iria chamar animais pra me devorar vivo? Talvez em casa lendo mais um dos seus livros, talvez dormindo tranquila na sua cama protegida por um milhão de feitiços, enquanto eu corria risco de vida e ainda coloquei outras pessoas em risco. – ele ouviu a buzina do carro de Lydia.

Alex também ouviu, sabia que eram seus amigos. – Você não vai sair enquanto não acabarmos essa conversa. – ela parou em frente a porta.

— Essa conversa já está acabada. – o garoto passou trombando na tia, fazendo a mesma derramar seu chá tanto nela como nele. – É por isso que você não tem amigos, você não confia em ninguém além de si mesma e seus saquinhos de bruxa. – ele desceu as escadas com passos firmes e bateu a porta assim que saiu.


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Notas finais do capítulo

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