Entre o Amor e a Morte. escrita por Flor Da Noite, Cor das palavras


Capítulo 22
Helena




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/762218/chapter/22

A luz que passava pelas cortinas velhas e puídas batia em meu rosto, me acordando.

Me sentindo como nunca antes, tentei me virar, apenas para constatar que minha cintura estava presa sob o aperto de meu namorado.

“Meu namorado”, quem diria, hein? Helena Kricher está namorando um assassino! A filha da máfia, que sempre odiou tudo isso está namorando um assassino! Realmente, o mundo gira.

Me contorci e, o mais levemente possível, saí do abraço de Kily. Plantei um beijinho em sua bochecha e fui para a cozinha.

Enquanto desinfetava um potinho que estava todo sujo de terra e de teias de aranha,  tentava me lembrar onde guardava os milhões de Doritos e batatinhas que eu devorava quando menor. Eu sei que muito provavelmente está tudo vencido, porém a caminhada para o alto do penhasco é longa, e  Kily que estava machucado não podia se esforçar tanto sem energia.

Depois de finalmente achar, constatei que passou um ano da validade. Essas coisas realmente duram muito! Me preparando para o possível fedor de coisa estragada abri o pacote com receio. Olhei por um tempo e nenhum cheiro de cadáver se fez presente, o que me fez pescar uma batatinha e morder uma ponta. Analisei com cuidado e nada parecia fora do lugar, então despejei tudo do pote que havia lavado e coloquei na mesa.

Realmente, um lindo café da manhã.

Eu queria poder preparar uma mesa bonita, umas torradas e um suco, não sei! Algo um pouco melhor do que comida empacotada e vencida, porém, eu também não podia ficar reclamando.

Tive a melhor noite de minha vida com o homem que eu amo, coisa que é muito rara em meu mundo. A caganeira que teríamos seria apenas um lembrete de nossa primeira vez.

Andei, pisando forte propositalmente para o quarto, a fim de acordar Kily. Quando cheguei ele ainda estava num sono pesado, dormindo como um bebê.

Alguém me explica como essa criatura sobreviveu tanto tempo dormindo desse jeito?

Sem mais nem menos, nem dó nem piedade pulei em cima dele.

— BOM DIAAAAAAAAA! - Berrei com todas as minhas forças enquanto salpicava beijos irritantes em todas sua face.

— AI CACETE! - Ele segurou meus ombros e me empurrou para que saísse de cima dele. Levou a mão ao peito e respirou profundamente, se recuperando do suposto trauma.

— Minha mãe! Como você é dramático!! Foi só um sustinho... - Ele me encarou, os grandes olhos azuis horrorizados me repreendendo. – Sustinho?!! Minha alma foi e voltou! Estou sentindo meu coração pulando para fora do meu peito, Helena! Você quer me matar? Ontem mesmo achei que fosse seu amor, hoje sou seu alvo?

Observei sua cara indignada e tentei, falhamente segurar a risada que me arremeteu. Quando vi estava gargalhando, rolando de tanto rir. Quando finalmente pude respirar agarrei uma de suas bochechas e falei:

— Você é a coisinha mais dramática e fofa que eu já conheci!

— Epa, epa, epa, companheira! Eu sempre soube que era dramática mas fofa?? Estou pronta para ser uma drag queen! - Berrou enquanto desfilava pelo quarto com a vinda empinada, com sua suposta (e totalmente nova) mudança de sexo. Foi aí que eu comecei a rir mais ainda.

Ele fazia caras e bocas e batia no próprio traseiro me levando a loucura.

— Aiiii, para minha barri- gargalhada- ga tá doendo. Kilyyyyyyyyy!!! - Gritei enquanto ria ainda mais, assim que ele pulou em mim direção em um súbito ataque.

Ficamos namorando por mais um tempinho até eu me lembrar que tínhamos que voltar.

Fomos para a cozinha e devoramos as batatinhas vencidas.

— Eu não sei você - Falou Kily de boca cheia - mas batatinhas vencidas são muito mais gostosas.

 – Realmente. Mas, gostoso mesmo vai ser a caganeira que vamos ter. - Rebati, enfiando mais um punhado na boca. 

— Justo.

Guardamos o potinho que comemos no armário e arrumamos a casa, decidindo levar apenas as roupas do corpo, já que quando chegássemos lá em cima, toda a farsa recomeçava.

Iríamos dizer que eu encontrei o Kily prestes a ser morto fora de hora, já que não havia nenhuma competição ocorrendo e que, devido a uma reviravolta, o assassino traidor empurrou a nós dois penhasco abaixo, se jogando logo depois. 

Depois de finalmente criarmos coragem, passamos pela porta da minha cabaninha. Antes que eu pudesse começar minha caminhada, Kily me puxou e falou.

Podíamos começar a trazer umas coisas aqui para baixo. Sei que não é muita coisa mas essa cabana é bem escondida, e caso precisássemos de alguma coisa poderíamos vir para cá.

— Sim! Podíamos mesmo... Sempre que tiverem festas ou algo do tipo, podíamos descer e ficar aqui.

— Uhum. - Ele concordou, finalmente pegando minha mão e dando início a caminhada.

Depois de umas duas horas muito suadas (Que sol que é esse!!) começamos a ouvir gritos, muito masculinos.

Sim, claro que estávamos voltando para uma convenção de Serial Killers, mas mesmo assim, que alvoroço todo é esse?

— Que gritaria! - Constatou Kily - Parecem um bando de animais.

— Realmente. Será que tem alguma coisa errada? - Perguntei 

— Não sei. Só fica barulhento assim em dias de torneio. - Disse. Foi quando me ocorreu que passamos um dia inteiro fora e hoje já era dia de uma nova competição.

— Droga, Kily! Hoje é dia de competição e você não está em condições de lutar. Não mesmo!

— Helena, nosso maior problema não é esse agora. Estávamos contando que poderíamos entrar silenciosamente, sem muito alvoroço, agora vai ser impossível!

Tentando desesperadamente pensar em algo, nem percebemos quando um lobinho da bela se aproximou correndo.

— Helena! - Gritou enquanto continuava correndo em minha direção. Atrapalhado do jeito que era, tropeçou em uma pedra e rolou por mais uns 3 metros antes de se levantar e continuar correndo.

Coloquei minha máscara de frieza característica da filha do império e o encarei com superioridade.

— Qual o problema? - Perguntei.

— O que aconteceu? Seu pai está preocupadíssimo com você, e... - Foi quando realmente notou Kily do meu lado, também fazendo cara de mal. - o que esse indivíduo está fazendo aí do seu lado? Ele te machucou? - Perguntou parecendo esbaforido e realmente preocupado. Estranho.

— Não. E não te devo explicações. Me leve para o meu pai agora e não me encha o saco!!

Eles engoliu em seco e assentiu, com a cabeça abaixada. Começou a abrir caminho. Quando finalmente chegamos a parte que todos os machos irracionais se encontravam, todos os olhares se voltaram para nós. Um silêncio se fez, enquanto olhavam de mim para o Kily. Foram exatos 10 segundo até todos começarem a dar tapinhas nas costas do meu namorado, dizendo coisas do tipo: “Aí sim, pegou a filha do chefe”; “Arrasou com a gostosa, em sortudo” e outras coisas ainda piores.

Respirando profundamente eu tentei. Realmente tentei, mas meu temperamento falou mais alto. Um homem alto que estava com a faca embainhada foi minha vítima. Roube-lhe a faca facilmente e a levantei, enquanto pulava em cima de um outro brutamontes. Saímos rolando, até que consegui imobilizar ele. Encostei a faca em sua garganta, e com cuidado me levantei. Arrastei a ponta por todo o seu corpo até chegar ás suas joias reais.

— Se vocês não calarem a boca o que vai acontecer com esse homem servirá de exemplo, para o jeito que deceparei o brinquedinho de cada um! - Berrei, em alto e bom som. Todos se calaram na mesma hora.

Me levantei e lancei a faca, que parou a centímetros do pé de seu dono. Olhei para todos com um olhar ameaçador sendo seguida por Kily e Jacob.

No corredor para dava para o escritório do meu pai, encontrei Luzia, que parecia muito esbaforida. 

— Tudo bem? - Perguntei a observando. 

— Tudo! Onde você estava? - Perguntou 

— Ai, depois te explico. Você tá parecendo preocupada! - Falei 

— Impressão sua, Helena! - Respondeu  olhando para o outro lado. - Quer dizer, estava preocupada com você! - Falou a mentirosa. 

Decidi a ignorar e continuar indo para o escritório do meu pai. 

Quando finalmente chegamos, respirei fundo e entrei.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

E aí? O que acharam da Drag Kily?!!
Homens sem masculinidade frágil é t-u-d-o!!
Ansiosos para o próximo capítulo com narração do Kily? Flor da noite, te aguardamos!!



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Entre o Amor e a Morte." morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.