Dusk Till Dawn escrita por dracromalfoy


Capítulo 19
Capítulo Dezenove


Notas iniciais do capítulo

Hello! Esse capítulo foi engraçado de escrever, porque depois do capítulo 18, eu travei e não sabia mais como prosseguir. Até que me veio a ideia de um diálogo e eu comecei a escrever o final, mas ainda precisava de um começo. Então talvez eu meio que tenha escrito esse cap de trás pra frente kkkkkkkk

Uma pergunta: Tem alguém aqui que shippa/curte Blackinnon? Porque eu andei pensando em escrever um fic deles (depois que terminar essa) mas não sei se alguém leria..

Enfim, boa leitura, desculpa qualquer erro e bjsss



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DUSK TILL DAWN

Capítulo XIX

 

Acordo com o meu celular tocando embaixo do meu travesseiro. É Marlene quem está ligando. Desligo e envio uma mensagem pedindo que me ligue dali a vinte minutos. Levanto-me preguiçosamente, tomo banho, arrumo o quarto e, quando termino meus afazeres matinais, encontro a casa vazia. Provavelmente minha mãe está na padaria, mas a mesa está posta com o café da manhã.

Meu celular vibra novamente, mas dessa vez Marlene não está ligando, apenas enviou uma mensagem avisando que chega a Hogsmeade dali a duas semanas.

A última vez que me visitou, foi há seis meses. Naquela ocasião, ela tentou de todas as formas me convencer a voltar para Nova York com ela e eu quase cedi, apenas na última hora voltei atrás e disse que ainda não queria voltar. Sei que ela vai tentar novamente, mas não quero pensar sobre isso agora.

Não vou trabalhar hoje, porque é domingo e minha mãe está apenas arrumando tudo para abrir novamente amanhã, então me sento na sala e decido ver um filme.

Estou em Hogsmeade há quase dois anos, ou talvez um pouco mais. Sinceramente, depois de um tempo, apenas parei de contar e me importar com isso. Sei que a minha mãe adora minha companhia e que, por ela, eu ficaria ali para sempre, mas também sei que minha vida não deveria ter parado dessa forma.

Deixo esses pensamentos de lado e me distraio completamente com o filme, quando percebo, minha mãe já chegou em casa e o almoço já deveria estar pronto.

— Esqueci completamente do almoço! — Digo, indo para cozinha e já pegando as panelas. — Tudo certo por lá?

— Ah, Lily, não se preocupa com essas coisas. Vou te ajudar, só um minuto. — Ela vem em minha direção e me da um beijo na testa. — Está tudo certo, sim. Deixei tudo arrumado.

— Marlene vem para cá daqui duas semanas. — Conto. — Preciso comprar um presente para o Henry, tenho sido uma péssima madrinha. Onde posso comprar? A senhora claramente conhece muito mais a cidade que eu.

— Você conheceria muito bem a cidade se saísse de casa. — Ela diz num tom nada ríspido, mas deixando claro que não aprova aquilo. — Fica o dia todo enfurnada naquela padaria monótona. Não que eu reclame, gosto da sua companhia, mas você deveria estar aproveitando sua vida, conhecendo pessoas, se divertindo. Não bancando a cozinheira.

— Não fico bancando a cozinheira! — Reclamo, olhando-a com indignação. — Eu gosto de ficar na padaria, qual o problema?

— Problema nenhum. Escute, lá no shopping tem uma loja chamada Zonko’s, é uma coisa realmente criativa, cheia de brinquedos que as crianças vão para brincar, se divertir, jogar aquelas coisas eletrônicas. Lá dentro tem uma parte com coisas para vender, muito interessantes. Acho que Henry iria adorar alguma coisa de lá. Mais tarde, você pode dar uma passada e ver se tem alguma coisa que te chame atenção.

— No shopping?

— É.

— Vamos comigo?

— Não gosto de shopping, Lily.

Continuamos cozinhando juntas e, após comermos, ela me pede ajuda para fazer umas receitas novas para a padaria. Quando terminamos, já é quase noite.

— Ah, Lily! Vá tomar um banho e se arrumar, o shopping fecha mais cedo hoje!

— Não estava pensando em ir hoje, estou exausta.

— Pois eu acho você deveria ir hoje. Não tem porque esperar. É até bom que você sai um pouco de casa, toma um ar, talvez até pegue um cinema para distrair a mente.

Até penso em discutir, mas reflito que não tem motivo para isso, talvez seja mesmo bom que eu saía de casa, dê uma volta no shopping e procure alguma coisa para Henry.

Dessa forma, visto uma calça preta, uma blusa com manga três quartos e visto minha jaqueta por cima.

— Passe um batom. — Aconselha minha mãe, vindo em minha direção e arrumando meu cabelo. — Um rímel, talvez.

— Mãe! Eu só vou comprar o presente de Henry e já venho para casa.

Ela faz uma cara que me diz que não concorda com isso, mas me deixa ir assim mesmo. Digo para mim mesma que fui eu mesma quem permiti que ela tomasse esse tipo de liberdade ao voltar para casa e me acomodar aqui.

&

Fico quase uma hora perambulando pelo shopping, olhando as vitrines, vendo como algumas coisas mudaram e, quando noto, o lugar parece aos poucos ir se esvaziando. Pergunto para uma funcionária de uma sorveteria onde fica a tal loja e ela me indica o piso inferior, dando as coordenadas. Levo menos de cinco minutos para chegar lá, mas parece que é tarde demais. Antes mesmo de entrar, uma mulher de uns quarenta anos e uma expressão de poucos amigos se aproxima.

— Estamos fechando, moça.

— Ah, certo. Tudo bem.

Estou quase me virando para ir embora quando ouço meu nome, mas eu reconheço aquela voz. Reconheceria em qualquer lugar do mundo.

— James? — Eu me viro novamente e o vejo vindo na minha direção. É como se o mundo parasse, tudo ficasse em câmera lenta e minha respiração falhasse. — E-Eu...

— Oi — ele diz assim que se aproxima o bastante. Está sorrindo. Não aquele sorriso feliz e alegre, mas um sorriso educado que diz “Oi, quanto tempo que não te vejo”. E é exatamente isso que ele diz em seguida: — Quanto tempo, Lily. — Ele olha para a mulher que parece estar com pressa e nada feliz. — Eu fecho a loja, pode deixar.

Ela nem mesmo pensa duas vezes, pega uma bolsa amarela e sai andando, jogando para ele um molho de chaves.

— Você ia entrar? — Questiona ele, olhando-me com curiosidade. — Precisa de alguma coisa?

— Ah... — Percebo que preciso de máxima concentração para conseguir falar. — Sim, eu precisava comprar um presente, mas... Eu volto outro dia. Perdi a noção do tempo.

— Tudo bem, pode entrar.

— Você trabalha aqui?

— Sim. — Ele sorri.

— Eu não quero tomar seu tempo, volto aqui amanhã mais cedo e vejo isso com calma. — Ele dá um passo em direção à porta, mas eu continuo parada, desviando o olhar dele até a loja ainda com as luzes acesas e a porta aberta. — Sério.

— Não vai tomar meu tempo, eu ainda precisava arrumar algumas coisas, mas de todo caso, pode entrar. Rapidinho encontramos algo.

Decido ceder e digo a mim mesma que não tem problema nisso, então entro junto dele na loja que, provavelmente estava muito mais barulhenta anteriormente, mas que agora está em pleno silêncio.

Percebo logo de cara o motivo de minha mãe ter dito para que eu viesse aqui, para uma criança, provavelmente esse deve ser o melhor lugar de Hogsmeade.

— Uau — Solto. James me olha e abre de novo aquele sorriso. Torço para que ele pare de fazer isso. — Isso aqui é incrível.

— Não é? — Ele parece realmente feliz com meu comentário. — Então, o que você está procurando?

— Não pensei muito a respeito, mas é para uma criança de seis anos. Um menino. Ele é muito bonzinho e qualquer coisa o agrada.

— Seu filho? — Ele pergunta.

Sinto pela forma como ele parece descontraído que ele apenas perguntou casualmente, para puxar assunto, mas me sinto estremecer. Deve ser a presença dele ou o fato de que é James Potter, entre todas as pessoas que poderiam estar ali, que eu poderia ter encontrado ao acaso, é ele.

— Não, é meu afilhado.

— Legal. Olhe, toda essa seção é para crianças maiores de três anos. Dizem que é até dez anos, mas já vi até mesmo de quinze se divertindo por aqui. — Ele indica uma prateleira mais no alto. — Ali tem vários tipos de jogos, é ótimo para essa idade, sabe, jogos de lógica, ajuda a aprender palavras novas, fazer contas. Tem também aqueles brinquedos, todos à bateria. Jogos de tabuleiro, acha que ele gosta?

— Não é muito a praia dele. — Respondo ainda meio aturdida. — O que é aquilo ali?

— Ah, isso aqui. Se quer minha opinião, não acho que seja uma boa ideia. São bombinhas de tinta, fazem uma bagunça imensa.

— Realmente uma péssima ideia.

Pego uma caixa que conheço muito bem. Sei que Henry adora jogar banco imobiliário com Marlene e Mary, mas que esqueceu o seu num hotel quando viajaram. Apesar dele não saber jogar muito bem, é ótimo para aprender a contar dinheiro. Pego também uma caixa com várias peças de montar que formam um tipo de personagem para colecionar. James me lança um sorriso e vamos em direção ao caixa.

Após efetuar o pagamento, ele apaga as luzes e saímos juntos da loja. Estou mais relaxada, coloco na minha cabeça que é apenas James me fazendo uma grande gentileza.

— Não existia essa loja quando eu morava aqui — Digo apontando para o logo escrito Zonko’s.

— Ela é relativamente nova — James me dá um meio sorriso, balançando a cabeça.

— Ela é genial, entendi porque faz tanto sucesso. Foi minha mãe que recomendou que eu viesse aqui.

— Jura? E como ela está?

— Ótima, realmente ótima.

— E você? Veio para fazer uma visita? Está em Nova Haven ainda?

— Na verdade, moro em Nova York agora. Vim passar um tempo com minha mãe.

Não sei por que digo isso, mas também não é de todo mentira. Não voltei para casa, mas também sei que não posso morar para sempre com minha mãe. Então decido que está tudo bem contar meias verdades por enquanto.

— Uau, que bacana. Quando chegou?

— Uns dois anos. — Respondo sem pensar.

James fica em silêncio e ri novamente, provavelmente acha que estou brincando. Não me esforço em explicar. Por algum motivo que não consigo entender inicialmente, aguardo enquanto ele tranca a loja e saímos juntos do shopping.

Estamos andando numa avenida que eu já passei milhares de vezes durante minha infância e adolescência. A nostalgia me invade ao lembrar-me daquela época.

— Da última vez que nos encontramos você estava na Argentina. — Lembro, puxando assunto, já que estamos andando lado a lado em pleno silêncio. — Como foi que você voltou para Hogsmeade?

— Ah, foi bem de repente, na verdade. — Ele começa, olhando de soslaio para mim e em seguida desviando o olhar. — Meu pai faleceu alguns anos depois, então eu retornei para poder ficar com minha mãe.

— Ah, James, eu sinto muito! — Digo e involuntariamente toco seu braço. Penso no seu pai sorridente e simpático, que sempre me recebeu de braços abertos em sua casa e sinto um nó na garganta. — Eu não fazia ideia.

— Tudo bem, já faz um bom tempo. Minha mãe ficou arrasada na época, por isso voltei. Depois disso, continuei trabalhando com o Sirius, mesmo à distância. Até que abri a Zonko’s e, bem, não daria muito certo administrar dois negócios diferentes.

— Entendo. Espera, a loja é sua então? — James sorri e eu imagino que seja um “sim”. — Por que não me disse?

— Você não me perguntou.

— Perguntei se você trabalhava lá!

— E eu trabalho. — Ele ri e eu dou um empurrãozinho no seu ombro.

— E como vai Sirius?

— Bem, ele continua o mesmo de sempre, não mudou em nada. — James ri e eu o acompanho, pensando no Sirius que conheci tantos anos antes. — Você deve ter ouvido falar muito dele ultimamente.

— Ah sim, fui numa exposição dele há alguns anos, em Nova York, infelizmente ele não estava lá, mas levei um quadro maravilhoso para casa. — Chegamos numa esquina e eu olho para o estabelecimento, reconhecendo-o. — Aqui costumava ser o Hog’s Head, não é?

— Costumava. — James também para e olha o bar com as luzes acesas e movimentado. — O dono faleceu tem uns três anos, ficou fechado um bom tempo e nesse ano o novo dono voltou a abrir, mas pelo jeito ainda não decidiram um nome para o lugar. Ainda é um ótimo bar, se quer saber. E também vendem hambúrgueres agora.

— Podemos entrar? Estou morrendo de fome. — Pergunto sem pensar duas vezes. Penso que estamos tendo uma conversa agradável e que quero continuar, mas James parece um pouco surpreso. — Te pago uma bebida para compensar a gentileza de ter me ajudado com o presente de Henry.

— Claro, vamos lá.

Entramos no local iluminado por diversas lâmpadas florescentes e várias mesas distribuídas. Está bem movimentado, mas ainda tem algumas mesas vazias. Sentamos num canto perto das janelas e uma garota com provavelmente uns 18 anos vem nos atender, entregando um cardápio e sorrindo de forma simpática.

Fico um pouco nervosa assim que percebo de fato o que estou fazendo. Penso que faz muito tempo desde a última vez que saí de casa para algo que não fosse realmente necessário e, agora, estou aqui sentada de frente para James Potter, a última pessoa que eu esperava ver.

— E então, o que você me sugere? — Pergunto, limpando o suor da mão da calça. Fiquei nervosa de repente, mas lembro-me de que estamos apenas conversando casualmente e que estou realmente com fome, então não tem problema nenhum estarmos ali.

— Sugestão do chefe, o que acha?

— Perfeito. O que vai beber?

— Hum... — Ele vira o cardápio e abre um sorriso. — Gim tônica.

— Muito bom. Vou querer o mesmo. — Fazemos nossos pedidos e assim que a garçonete simpática sai, pergunto: — Tem tido notícias de Alice e Frank?

— Não. Nossa, eu não os vejo faz anos! — James faz uma careta, parecendo que não pensava nos dois há realmente muito tempo. — Não tenho certeza, mas acho que não estão mais em Hogsmeade. — Ele faz uma pausa e abre um sorriso realmente satisfeito. Não quero reparar no seu sorriso, mas é inevitável. — Hestia e Remus tiveram um bebê.

— Não acredito!

— Pois é! Quer dizer, não é mais um bebê, já vai fazer oito anos. Ele está sempre lá na Zonko’s, por pouco não o encontramos lá com os amigos.

— Uau, gostaria muito de revê-la! Perdi contato com ela depois de um tempo, mas sempre significou muito para mim. E... Nossa, ela e o Remus...

— Sobreviveram ao tempo — Completa.

— E a Emmeline? — Pergunto. Vejo James se mexer desconfortável e sei que toquei num ponto sensível. Lembro-me da última vez que a vi e sorrio. — Tem notícias dela?

— Nós... É...

James parece realmente desconcertado e eu percebo o que já deveria desconfiar. Ou eles estão juntos e ele acha que seria estranho me contar ou então algo entre eles realmente deu errado.

— Ela está bem? — Questiono, sabendo que aquilo aliviaria as coisas.

— Ah, sim, está bem.

 Nossas bebidas chegam primeiro e mal terminamos a primeira e já pedimos outra dose.

— O que você faz lá em Nova York? — Pergunta ele. — Está advogando?

— Eu tenho um escritório de advocacia, sim, mas ele não está funcionando por enquanto. Quer dizer, está funcionando, mas eu não ando... — Respiro fundo e tento pensar no que é mais próximo da verdade. Eu abandonei minha profissão, mas não quero falar isso. O escritório não é mais meu, mas também não quero contar isso. — Temporariamente eu não sei. Estou pensando no presente e, por enquanto, só estou desfrutando a companhia da minha mãe.

— Entendi, você é casada?

A pergunta me pega de surpresa, porque eu não esperava que ele fosse ser tão direto. Percebo seu olhar em minhas mãos e, numa surpresa nada agradável, noto que estou usando aliança. É claro que estou usando, eu não a tirei e nunca me incomodei com ela. É como se fosse parte do meu corpo.

— Não exatamente. — Um silêncio desconfortável se instala entre nós e eu agradeço quando nossos pedidos chegam e começamos a comer. Olho sua mão e noto que ele também usa aliança, então pergunto: — Você é?

Indico sua aliança e ele disfarça uma careta que me diz que não havia reparado, assim como eu, que estava usando.

Não falo sobre Amos porque ele não fala da sua esposa. Não sei até que ponto é errado estar aqui com ele. Eu não havia notado sua aliança e, sendo assim, não pensei na possibilidade de ser casado, estamos aqui como amigos, então sei que não devia me preocupar com essa questão, mas, de repente, me preocupo.

— Esperta. — Ele diz, tirando-me do meu transe. — Não sei se posso considerar assim. Minha esposa saiu de casa faz um mês, ontem eu assinei os papéis do divórcio. Acho que estou a um passo de não ser casado.

— E mesmo assim mantém a aliança.

— Você também.

— Eu não estou divorciada.

Ele me encara. É o momento em que eu devo contar que meu marido faleceu, o que faz de mim uma mulher viúva, mas eu apenas continuo comendo e ele continua me encarando.

— É a Emmeline. — Diz ele. Percebo pela forma como ele se encosta ao estofado, que ele não queria ter aquela conversa, então me pergunto porque o faz, provavelmente porque espera que eu faça o mesmo. — Mas acho que você já imaginava, não é?

— Acho que sim.

— Como eu disse: Esperta.

— Por que estão se divorciando?

— Ficamos juntos por oito anos, talvez tenha se desgastado com o tempo. Deve ser isso.

— Você a ama?

— Tivemos um bom casamento. — Ele responde sem pensar muito a respeito.

Quero perguntar o que aquilo significa, como ele está se sentindo e se está sofrendo por ela, mas não o faço porque sei que existe um limite ali e não sei se devo ultrapassá-lo.

— Sinto muito. — Ele balança a cabeça e faz um barulho que se parece com uma risada abafada e sem humor.

— Tudo bem. Era para ser.

Ficamos alguns minutos num silêncio desagradável, não sei se é porque ele não queria tocar nesse assunto ou porque simplesmente não temos mais o que conversar. Descubro, então, que quero conversar mais com ele e que gosto da sua presença.

Ele está vestindo uma jaqueta jeans e aquela visão me parece muito familiar, porque sempre foi a peça favorita dele. É agradável perceber como certas coisas não mudam com o passar dos anos, ainda mais depois de perceber quantas outras coisas mudaram tanto.

James corta o silêncio e me conta sobre a Zonko’s, sobre Sirius, sobre Remus e me põe a par de muitas coisas que aconteceram nos últimos anos. Fico chocada com algumas coisas, mas outras parecem até um tanto previsíveis. Eu poderia ficar ali a noite toda tendo aquela conversa, rindo com ele e ouvindo sobre Hogsmeade, que um dia foi meu lar e, aparentemente, nunca deixou de ser o dele. Porém, está tarde e eu preciso ir embora, ou minha mãe vai ficar preocupada – outra coisa que eu dei liberdade para que ela fizesse, depois de meses numa cama e anos sem ter contato com a sociedade.

Pagamos a conta e, como prometido, pago as bebidas. James insiste em pagar tudo, mas eu não deixo. Acabamos entrando num tipo de consenso que da próxima vez, fica por conta dele. Por algum motivo –dentre vários que já desconfio – eu me apego na ideia da “próxima vez”.   

James insiste em me levar para casa, porque está tarde e Hogsmeade não é mais tão calma quanto era antes. Duvido que esse seja o caso, mas permito que ele me acompanhe e fazemos juntos aquele trajeto que já fizemos tantas vezes anteriormente.

Quando chegamos na porta da casa de minha mãe, preciso me despedir e parece ser a coisa mais difícil que fiz nos últimos meses.

— Bem, nos vemos por aí, então? — Pergunto, sentindo as bochechas esquentarem como se eu fosse uma adolescente de quinze anos.

— Sim, estou te devendo uma bebida, não é mesmo?

— Ah, é, não pense que eu vou esquecer. — James ri da minha resposta e o que vem a seguir não foi planejado, mas eu sei que iria acabar fazendo. — Você pode anotar meu número, se quiser.

— Claro, é... — Ele remexe nervosamente nos bolsos e me entrega seu celular. — Aqui.

Anoto meu número rapidamente e salvo como “Lily Evans”, entrego novamente seu celular e assisto enquanto ele me liga para que eu salve seu contato também.

— Certo, nos vemos por aí então. — Ele diz, dando um passo para trás e indicando que já vai embora. — Eu te ligo.

— Tudo bem. Foi bom te ver, James. E obrigada — levanto as duas sacolas que estou segurando. — pela ajuda.

Ele sorri para mim e vai embora. Ainda fico olhando-o antes de finalmente entrar em casa.

Nos últimos anos, eu pensei em James em várias ocasiões, na maioria delas, enquanto tinha conversas banais com Marlene, Mary ou Amos sobre nossas adolescências, nossos passados ou coisas do tipo. Por vezes, eu me pegava imaginando se algum dia iria encontrar com James novamente e, quando pensava nessa possibilidade, sempre imaginava que seria desconcertante, que iríamos nos ver por aí, perguntar sobre a vida e seguir nossos caminhos. O que percebo é que me enganei nesse aspecto. Nós nos encontramos, perguntamos sobre a vida, mas sinto como se uma chama fraca se reacendesse depois de tanto tempo.

Eu não deveria sentir isso.

Não deveria sentir isso de forma alguma, sei disso, mas mesmo assim me permito. Crio desculpas na minha mente e sinto que elas convém.

Me permito porque passei meses numa tristeza imensa.

Me permito porque, após a tristeza ir embora, eu não me permiti sentir mais nada além de um vazio imenso no peito.

Me permito porque estou há dois anos trancada dentro da minha própria mente.

Me permito porque sei que, mais cedo ou mais tarde, vou ter que me permitir sentir de novo.


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Notas finais do capítulo

Comentem :D até a próxima



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