Dusk Till Dawn escrita por dracromalfoy


Capítulo 10
Capítulo Dez




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DUSK TILL DAWN

 

Capítulo X

 

Um mês de aula na faculdade já fora o suficiente para me deixar muito e estressada. Os primeiros dias foram ótimos de certa forma, empolgantes, mas o acúmulo de trabalhos era um grande exagero. Eu me perguntava para que dar tantos trabalhos para a mesma data.

Marlene estava tão – ou talvez mais – estressada quanto eu. Seu estágio num hospital veterinário começara na quinta-feira e ela já tivera problemas com seu chefe, que, segunda ela, não a deixava realmente aprender nada, devido ao seu medo dela fazer algo errado. “Eu jamais faria algo errado a um animalzinho, Lily”.

Marlene, Amos e eu estávamos sentados no chão do apartamento de Marlene, comendo pizza no jantar de um sábado à noite. Exaustos demais para pensar em sermos saudáveis, exaustos demais para pensar em qualquer coisa que não fosse comer qualquer coisa que já viesse pronta.

Amos falava entusiasmado sobre um filme de ficção científica que acabara de ser lançado enquanto Marlene e eu apenas fingíamos interesse, não era realmente a nossa praia.

— Vocês nem estão prestando atenção. – Reclamou ele, pegando mais um pedaço de pizza que estava entre nós e fazendo bico. – Eu tive que assistir a aquele filme horrível ontem e você nem mesmo me dão atenção quando falo de...

— Não chame Garotas Malvadas de filme ruim, Diggory. Não dentro da minha casa. – Marlene disse séria, e eu ri. – É um marco na história do cinema.

— Tá, tá. Vou fingir que isso é verdade. – Amos me encarou, já que eu ainda não havia dito nada desde que começara a comer. – Lily, Lily... Você pensa demais.

— Sempre achei que isso fosse algo positivo. – Brinquei, terminando de comer e limpando minhas mãos no pano de prato. – Na verdade, eu nem estava realmente pensando. Só estou exausta.

— Bem-vinda a Yale University, o verdadeiro inferno na Terra. – Proclamou Marlene, como se estivesse recitando um versículo de frente para uma igreja, o que fez que Amos e eu ríssemos em uníssono. – De verdade, Lily, você está indo bem. Eu literalmente surtei no meu primeiro mês.

Eu não conseguia imaginar Marlene surtando. Ela tinha seus momentos dramáticos, mas todos sabíamos que eles não eram de verdade, ela apenas gostava de chamar atenção. Coisa que eu achava super engraçada.

— Bem, eu preciso lavar essas louças. – Avisou ela, levantando-se e recolhendo nossa bagunça. – Por algum motivo, lavar louças me acalma.

— Estranha. – Disse Amos, revirando os olhos.

Encostei-me no sofá e Amos aproximou-se mais, sentando-se do meu lado. Estávamos bem próximos nas últimas semanas. Como Marlene estava nesse novo estágio, que tomava muito do seu tempo e boa vontade, Amos ofereceu-se para me mostrar mais da faculdade e também me ajudar a ir atrás de algumas coisas que eu precisava, como materiais e outras coisas que eu totalmente esquecera de adquirir.

Passamos a semana passada toda juntos, pelo menos no tempo livre. Minhas aulas eram em período integral, portando não me sobrava tanto tempo assim.

Meu celular vibrou no meu bolso, eu já esperava que isso acontecesse cedo ou tarde. Era James.

Ainda trocávamos mensagens, mesmo com a minha promessa de trocar de número e esquecê-lo de vez. Estávamos mantendo uma espécie de amizade muito saudável para nós dois.

“Ei, desculpe a demora. Eu meio que estou me afogando em mil papéis diferentes aqui”.

Sorri pela mensagem, imaginando a cena de James exatamente como ele dissera. Organização não era seu forte, ele sempre fora muito organizado por esforço da sua mãe, que arrumava todas as suas coisas, mas, sem ela, ele precisava se esforçar muito. Eu imaginava que cuidar de uma galeria estivesse ensinando-o um pouco sobre a importância de um planejamento.

“Hmmm, deixe-me ver o que você perdeu. Pizza congelada, trabalhos para fazer, Marlene reclamando toda hora.”

Antes mesmo de eu bloquear o celular, James respondeu:

“PIZZA!”

“A pizza daqui é tão melhor que a pizza de Hogsmeade. Acho que nem mesmo no Hog’s Head fazem uma tão boa”.

“Eu duvido muito que seja melhor que a da minha mãe”. Respondi, rindo.

“Realmente”.

E ali o assunto pareceu morrer. Nossas conversas eram curtas e se resumiam em: “ei, adivinhe o que eu fiz hoje” ou então “não aguento mais ser adulto, podemos voltar a ter doze anos?”.

Tinha vezes em que eu relia cada mensagem com um aperto no peito, pensando se estávamos fazendo a coisa certa para nós dois. Eu não queria que aquilo nos machucasse no futuro, não queria que as coisas piorassem caso, daqui um tempo, James cobrasse de mim mais do que eu poderia oferecer.

Eu podia dar a minha amizade, minha atenção em determinados horários do dia, mas eu nada mais que isso. James e eu, naquele momento, não passávamos daquilo. Eu não queria que passasse daquilo.

Amos me tirou dos meus pensamentos.

— O Potter? – Ele perguntou, com um sorriso amarelo. Eu conversara com ele sobre James há algumas semanas atrás, num momento em que eu estava confusa sobre continuar ou não com as mensagens e Marlene estava indisponível. – É ele?

— Sim. – Respondi, fazendo careta. – São conversas superficiais, não temos nenhuma... Conexão. Não como antes. Ele parece estar tão feliz na Argentina.

— E você está feliz aqui, não está?

— Sim, mas... Emmeline Vance postou um snapchat com ele. Os dois estavam bem juntinhos, parecia ser uma festa, eu acho. Amos, eles estavam muito perto um do outro, parecia claramente que tinha rolado algo. – Procurei na galeria o print que eu tinha tirado da foto e mostrei a Amos. – Olhe só. – A foto mostrava James sem seus óculos, com uma camiseta branca e fazendo bico. Emmeline parecia estar quase sobre ele, com os braços em volta do seu ombro e com a pele negra cintilando devido ao flash. Os dois pareciam mais próximos do já foram na vida toda. – Eles nunca foram tão próximos assim. Aliás, eu nem sabia que ela iria para a Argentina com eles.

— Me parece...

— James me disse que iria apenas ele, Sirius, Remus e Hestia, que é a namorada do Remus. – Interrompi, pegando meu celular de volta. – O que Emmeline estaria fazendo aí?

— Lily, pelo amor de Deus, você me disse ontem mesmo que não queria que sua relação com o James passasse dessas mensagens e agora você tirou um print do snapchat! Você sabe que ela pode ver que você printou a foto, certo?

— Amos, eu não ligo. Estou apenas te... dizendo. – Dei de ombros, como se fosse pouca coisa. Não era.

Marlene voltou para a sala com um pano de prato sobre os ombros.

— Isso não vai dar certo. – Ela disse, fazendo careta. – Se você quer cortar uma relação, precisa realmente cortar essa relação, Lily. Mensagens são como... Sabe quando você está fazendo uma dieta realmente radical e pensa “vou comer só um pedacinho desse bolo”, mas quando você se da conta, já comeu o bolo todo. Isso são as mensagens que você vem trocando com o James. Daqui a pouco você vai estar num avião indo pra Argentina.

— Eu nunca faria isso, Marlene! Eu nem faço dietas.

— Mas deveria! Você anda comendo muita besteira, se que saber o que eu acho.

— Bem, eu não quero. Você acabou de comer uma pizza inteira!

— E você também! – Ela disse, com tom de ofensa.

— O assunto não era pizza. – Amos refletiu, confuso com o rumo da conversa. – Lily, apenas... Faça o que você achar melhor. Marlene, nada de dietas para nenhuma de vocês. – Marlene me lançou um olhar de desaprovação e saiu da sala, indo para o seu quarto. – Ela apenas está estressada, não ligue.

— Eu não ligo, sério. – Coloquei meu celular um pouco mais longe de mim e abracei os joelhos. – Eu só... Não é verdade o que ela disse, eu não pegaria um avião para a Argentina. Quer dizer, não é como se eu tivesse dinheiro para isso. Minha mãe e eu planejamos tudo, eu tenho como viajar três vezes por ano, no máximo, eu não posso abrir mão de ficar com minha mãe para ir para a Argentina. Você entende?

— Você está certa. Não se cobre tanto.

— Talvez eu deva parar com as mensagens.

Amos sorriu.

— Talvez.

***

Na sexta-feira seguinte, tínhamos um compromisso importante para Marlene, para mim, nem tanto. Edgar estava dando uma festa na sua república e nossa presença era obrigatória. Palavras da sábia Marlene McKinnon.

Chegamos bem mais cedo do que deveríamos, pois estávamos ajudando com a organização da festa mesmo no meio do caos da faculdade. Algo que, inclusive, eu não havia concordado de prontidão. Eu planejara, naquele final de semana, terminar pelo menos uma parte dos trabalhos que eu tinha pra entregar no próximo mês. Eu bem sabia que o final de semana não seria proveitoso caso eu gastasse minhas energias numa festa.

Marlene, pelo que eu pude perceber, deveria seguir a minha linha de raciocínio. Mas ela não o fazia. Mesmo com todas as coisas que ela tinha pra fazer – que incluíam trabalhos, provas e relatórios do estágio no hospital – ela preferia relaxar numa festa. Quem poderia culpá-la?

Amos chegou junto de Edgar, abrindo o freezer para guardar todas as bebidas que haviam comprado e com pacotes de gelo para colocar dentro. Ajudei-os com aquilo enquanto Marlene e outro garoto que eu não conhecia arrumavam o som e recebiam alguns convidados que chegaram mais cedo, também.

— Coloque a cerveja por cima – pediu Amos, abrindo outro saco de gelo. – É o que as pessoas mais bebem.

— Certo.

— Compramos refrigerante exclusivamente pra você, Lil. – Ele abriu um sorriso irônico e eu lhe mostrei a língua.

— O que quer dizer com isso? Eu me controlei bem da última vez. Com o álcool, eu digo.

— Talvez sim. – Ele sorriu de lado, algo me dizia que ele não queria que eu percebesse que ele sorria. – Talvez.

As pessoas foram chegando de monte, a casa, logo, já estava lotada de rostos que eu nunca vira, alguns que eu conhecera ao longo do primeiro mês em Yale, mas que nunca conversara. Reconheci alguns garotos da minha turma, eles me cumprimentaram com um aceno, mas nada mais.

Marlene estava sumida, eu não a vira desde que chegamos, porém isso não era surpresa nenhuma considerando que ela conhecia a maioria das pessoas ali e eu simplesmente não queria acompanhá-la na sua sessão de cumprimentos aleatórios.

Durante a noite, acabei me juntando a algumas pessoas da minha turma, eu já havia conversado com uma das garotas, Judith Banner. Ela era muito legal e divertida. Começamos a conversar e beber juntas e com mais algumas pessoas que, sinceramente, eu não me dei ao trabalho de lembrar os nomes.

— Ei, calma lá, Evans. – Riu Judith, quando eu virei o segundo shot de tequila. – Você já bebeu cerveja, nunca é bom misturar.

— Você tem razão. – Concordei, dispensando o terceiro shot que o barman me oferecia. Eu realmente não poderia beber mais, considerando que Marlene estava perdida por aí e ela era minha carona.

— Semana que vem vamos fazer uma social na casa do Luke. – Ela comentou casualmente, como se eu soubesse quem era o tal Luke. – Ainda não avisamos para o restante da turma, vamos fazer isso na segunda. Mas já estou te dizendo. – Ela sorriu, segurando meu ombro esquerdo. – É para enturmar todo mundo, você vai, né?

— Claro, claro. – Concordei. Quando eu começara a aceitar toda festa que aparecia? Eu não sabia, mas estava gostando da sensação. – Obrigada por me dizer, com certeza irei.

— Que legal. Gostei de você, Lily. Vamos nos dar muito bem.

Sorri para ela, realmente iríamos nos dar bem.

Acabei perdendo Judith de vista depois que fui ao banheiro pela quarta vez na noite, uma consequência do álcool abundante no meu sistema. Sentei-me no parapeito de frente para um jardim que havia na grande case e peguei meu celular para ligar para Marlene e tentar encontrá-la. Acabei, por algum motivo, entrando no snapchat. Marlene costumava postar vários durante qualquer horário do dia. E eu estava certa.

Marlene gravara um vídeo com Edgar, claramente muito bêbado, caindo no primeiro degrau da escada. Marlene ria alto enquanto Amos, também um pouco bêbado, tentava ajudar o amigo, sem sucesso. Havia vários outros vídeos e fotos dela com Edgar, Amos, alguns outros rapazes que eu não sabia o nome, mas sabia quem eram de vista.

O snap que vinha a seguir era de Emmeline. Eu nem notara inicialmente, o primeiro era apenas uma foto de uma flor aleatória que não chamou minha atenção. O próximo, por sinal,  era uma foto dela com James e Hestia Jones. Na verdade, ela estava abraçada com James e Hestia apenas aparecia no fundo, provavelmente sem nem saber que estavam tirando uma foto. Emme estava de biquíni e sentada no colo de James, que vestia apenas um short e usava óculos de sol.

Eu podia sentir meu sangue fervendo dentro do meu corpo, minhas mãos tremiam tanto que eu não conseguia segurar o celular em minhas mãos. Guardei o aparelho dentro da bolsa e fui em direção da casa, minha cabeça girava muito, como se todo o álcool consumido resolvera fazer efeito de uma vez só.

Ou talvez minha embriaguez fosse de raiva, de ciúme. Eu não estava sóbria para pensar com clareza, para pensar “vocês terminaram, vocês não têm absolutamente nada”. Eu apenas pensava em Emmeline sentada no colo de James e uma das mãos dele na sua coxa desnuda. Eu apenas pensava em Emmeline, uma das minhas melhores amigas, na Argentina se divertindo com o garoto que eu amava e que deixara ir.

E então eu estava chorando, não era um choro desesperado, como o de um mês atrás, quando terminei meu namoro. Mas eu chorava de raiva e as lágrimas caíam devagar apenas para me lembrar do que estava acontecendo.

Esbarrei em alguém durante o caminho, mas tentei apenas ignorar.

— Ei, ei, ei. – Disse a pessoa. Amos Diggory. – Aonde você vai?

— Eu preciso achar a Lene. – Eu disse, passando as mãos pelos meus cabelos que pareciam estar completamente fora do controle. – Você a viu?

— Sim, agora mesmo. Mas não sei para onde ela foi. Venha, vamos encontrá-la.

Eu havia secado minhas lágrimas, minha cabeça girou um pouco mais, eu agradecia pela força – qualquer que fosse – por me manter em pé. Minha visão estava turva e nenhum pensamento coerente passava pela minha cabeça. Apenas aquela maldita foto, apenas aquele maldito sentimento de perda.

Amos se aproximou de mim, segurando o meu rosto.

— Você tá bem, Lily? – Ele perguntou, me encarando preocupado.

— Acho que vou ficar. – Respondi e, sem pensar duas vezes, o beijei.

Amos pareceu se assustar, no princípio. Suas mãos se afastaram do meu rosto e ele parou o beijo, me olhando perplexo. Eu o puxei novamente, balançando a cabeça como se dissesse “eu quero isso”. Assim, ele me beijou de volta, apertando minha cintura com uma mão e com a outra, no meu pescoço.

Eu apenas queria esquecer tudo e aproveitar aquele momento, por mais sem sentido que fosse.

 

 

 


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