Como (não) se apaixonar por Danilo escrita por Ahelin


Capítulo 5
Palavras não ditas


Notas iniciais do capítulo

O tema é "A primeira vez que dissemos eu te amo". Não quero enrolar nessas notas, porque tenho um estranho e triste amor por esse capítulo ahuahua boa leitura



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— Eu acho que te amo.

Era manhã. Estávamos sentados na ponte da pequena cachoeira da cidade, perto de estátuas da Branca de Neve e dos sete anões, quando Danilo me disse isso.

Não vou fingir que me lembro de qualquer coisa antes disso; da chegada à cidade, do caminho até lá feito inteiramente num ônibus, tudo se tornou um borrão na minha mente.

Lembro de entrar na pousada e ver seu sorriso. Lembro de perceber que estava sorrindo também, de arquitetar todos os planos possíveis para me livrar dos meus pais até me dar conta de que tinha ido sozinha, de esquecer qualquer frustração que eu possivelmente tivesse passado com garotos no ano inteiro em que não o vira. Lembro de como éramos só nós dois.

Eu já havia me formado. Era uma última aventura antes da faculdade, antes de tudo ficar sério, antes de toda a minha vida assumir um único objetivo. Bom, era como eu via as coisas.

Estávamos abraçados, em silêncio, olhando para a água que fluía e tentando encontrar formas de gastar nossas férias juntos.

Foi quando ele disse isso.

Não sei direito se fiquei assustada ou decepcionada; pensara nele o ano todo, assim como ele confessou ter pensado em mim. Mas um pedacinho meu lá no fundo insistia que aquilo era — e deveria continuar sendo — apenas uma paixão de inverno.

Por isso eu não o respondi; decidi beijá-lo em vez disso. Pareceu ser o suficiente para ele.

Aproveitei cada segundo do mês como se fosse o último da minha vida. Fomos a todos os lugares possíveis, viajamos de carro para as cidades vizinhas pelo prazer de tomar um chocolate quente que só tinha ali ou comer uma pizza sem igual acolá. Por um mês, eu fui dele e ele foi só meu.

Evitei pensar que ia acabar, mas acabou. Tudo acaba, eu acho.

— Você volta? — perguntou ele, quando eu estava prestes a pegar o ônibus para casa.

— Você me espera? — devolvi a pergunta.

Trocamos um abraço e um último beijo, mas nenhum dos dois respondeu.

Passei tempo demais questionando a mim mesma o porquê de não ter respondido à sua declaração na cachoeira. Levou um ano e meio até eu descobrir que, por mais que tentasse encontrar outra pessoa, também o amava.

Era final de dezembro quando, no auge do verão, peguei emprestado o carro de um colega. Movida pela insanidade e por uma coragem repentina, fui atrás dele. Finalmente corresponderia.

Mas ele não estava lá, tampouco sua pousada. Era agora uma simples casa de três andares, pertencente a um senhor rico. Descobri que a mãe havia morrido e que ele viajara com o pai. Para onde, nenhum dos vizinhos sabia, mas uma coisa era certa: eles não pretendiam voltar.

Não consegui um telefone, um endereço, nem mesmo uma rede social. Era como se a paixão que agora parecia consumir minha vida inteira não tivesse passado de um sonho bom.

E, no entanto, a chocolateria estava lá. A bombonière. A cachoeira. Não poderia ter sido um sonho.

Já é dezembro de novo e eu ainda não o encontrei, nem parei de pensar nele. Continuo na faculdade, seguindo meus estudos e minha vida, mas ela estaria mais completa se ele estivesse comigo.

Este é, de uma vez por todas, o último e principal motivo desta carta: admitir baixinho, com todas as letras, que eu o amo.

Eu o amo, Danilo, onde quer que você esteja.

Sei que, de alguma forma, isto chegará a você. É o grande objetivo de uma carta, afinal. Ao menos acredito e espero que chegue; preciso acreditar. É tudo o que me resta.

Não desistirei de encontrar você. É uma promessa.

Continuarei viajando para a cidade todos os anos, como era combinado. Eu voltei, e te espero.

Você volta?

Ainda sua,

Lis


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Notas finais do capítulo

E aí?
Sobre esse final, o que achou?
Tô tentando não chorar, mas sim, ESSE é o fim. Será que existe alguma coisa depois?
Beijão ♡