Primeira vez amor escrita por Phoenix


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Olá queridos leitores. Eu sei, lhes devo incalculáveis explicações e eu as tenho, estive esse tempo todo ausente, pois:

1° - tive um leve bloqueio com uma cena específica;
2°- houve piora na saúde da minha avó e por fim seu falecimento;
3°- oito dias depois minha tia faleceu;
4°- dez dias depois minha outra tia faleceu,
5°- exatos um mês e um dia do falecimento de minha avó materna, minha avó paterna tb nos deixou.
6°- depois de dez anos de casada e menos de uma semana do último falecimento da minha família, me separei do meu marido.

Com isso, me afastei da escrita e da leitura. Porém, aos poucos fui voltando a ler e percebi como minha escrita era ruim. Essa história é preciosa, pois tem um Q de desabafo e eu queria deixá-la bonita, para passar um mensagem para quem precisa.
Esses dias li um história tão maravilhosa, e queria que Primeira vez amor fosse assim.
Eu recebi uma IMENSA crítica construtiva e finalmente entendi muitos pontos.
Para quem se lembra, essa era a história de um desafio e poderia ter no máximo 6 capítulos, mas o plot é bom demais para ser só assim.
Por isso, segue uma história mais encorpada, com um enredo melhor desenvolvido e com uma autora inspirado.
A história terá os mesmos personagens, mas algumas coisas mudaram, só que para melhor.
Qualquer coisa estou aí, podem falar comigo!!!
Beijos e boa leitura.



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Cristiane andava apressada pelas calçadas de São Paulo. 

 

Estava atrasada. Estava cansada. Estava triste.

 

E tudo isso tinha nome: Walmir, seu marido. Se relacionava a mais de 12 anos com ele, havia construído uma vida, uma família e tinham um casal de filhos. Qualquer pessoa que os olhasse a primeira vista, achava que eram a perfeita família. O tom da pele, a cor dos olhos e cabelos, o porte físico, tudo neles combinava. Mas era apenas isso. Por exemplo, hoje era o dia em que Walmir buscaria seus filhos no colégio, pois Cristiane iniciaria uma nova etapa em seu serviço. Mais uma vez Cristiane não pode contar com o compromisso do marido.

 

E era esse o motivo de tantos sentimentos: atrasada, para o primeiro dia em uma nova repartição; cansada, por trabalhar, estudar, cuidar da casa e dos filhos sozinha; e finalmente, triste. Triste por já ter ficado tão decepcionada, que aquilo era esperado. Triste por ser uma mulher forte para tantas situações e fraca para essa. Triste pelos seus filhos que não tinham a atenção merecida do pai. Triste por não ter a atenção do marido. Triste por perder tantos anos de sua vida, mas não conseguir sair daquela situação. Não compreendia se era comodidade, se era amor. O fato é que nunca conseguia colocar um ponto final naquela relação que só lhe causa mal.

 

Absorta em seus pensamentos, não reparou que um homem andava em sua direção. Esse também não a reparou, afinal estava flertando com uma moça logo atrás, em uma loja. O rapaz, com seus dentes perfeitamente brancos e alinhados, conseguiu arrancar um suspiro de uma moça e um gemido de dor em outra. 

 

Cristiane andava rápido demais e o impacto foi forte devido sua velocidade, ela gemia e massageava a testa.

 

— Olha por onde anda! – Proferiu o rapaz, que ajeitava suas roupas, sem olhar para a pessoa em que tropeçou. 

 

— Desculpa. – Respondeu Cristiane automaticamente, com certa familiaridade com essa palavra. 

 

Ao escutar o som da voz feminina, o moço decidiu analisar melhor o objeto de sua raiva. Começou pelos pés, e achou estranha a bota grosseira que ela usava, passou para suas pernas que  se delineavam na calça cinza justa, reparou um pouco mais no quadril largo, sorrindo sem perceber. A jaqueta de couro que ela usava, não deixava que analisasse o formato de seu tronco e por fim chegou em seu rosto, passando pela boca tingida de vermelho, o nariz um pouco largo e os olhos meio puxados que o olhavam franzido com certa estranheza.

 

Cristiane não acreditara no que estava acontecendo. Aquele ser humano que nem conhecia a encarava de forma despudorada demais para seu gosto. O que mais a revoltou foi notar que nos olhos azuis a sua frente, existia um brilho travesso que era completado por aqueles dentes irritantemente alinhados e que lhe sorriam.

 

— Prazer, Pedro. – disse o rapaz com as mãos estendidas.

 

Porém, Cristiane não notou, piOS analisava as feições do rapaz. Ele parecia ser mais jovem, descontraído, era bons centímetros mais alto, fazendo-a olhar para cima. Porém o que mais lhe chamou a atenção, foram os cabelos ruivos, quase laranja e as sobrancelhas mais claras ainda. Aquele rapaz era irritantemente bonito. Irritantemente bonito e prepotente. E homens assim são os piores. Essa foi sua conclusão. 

 

Pedro balançava sua mão, mas Cristiane ignorou, não por desrespeito, mas sim por distração. 

 

— Porque você me encarou daquela forma? – Ela estava indignada com a audácia do rapaz. 

 

— Eu não a encarei, eu a olhei, apenas – deu de ombro – tome mais cuidado da próxima vez e seja mais educada!

 

Finalmente ela notou a mão estendida e quando fez menção em cumprimentá-lo, o rapaz colocou as mãos em seu bolso, virou as costas e saiu andando. 

 

Cristiane pediu desculpas novamente e encarava as largas costas até vê-lo sorrir para outra moça que passava e segui-la com o seu olhar, virando-se para trás. Pedro, ao notar que ainda era observado pela criatura distraída e sem educação (como ele a apelidou) sorriu de forma maliciosa, arrancando um olhar semicerrado e estalar de línguas da mulher que lhe deu as costas. 

 

Ao chegar no portão da escola, desculpou-se com o porteiro que sorriu solidário dizendo que a entendia. Chegou até a inspetora que estava com as crianças e pediu desculpas mais uma vez. Pedir desculpas era um hábito, estava sempre se desculpando. O olhar da inspetora era terno, todos na escola conheciam de longe aquela relação. 

 

Cristiane e Walmir estudaram no colégio, namoraram no ensino médio e ao final do último ano letivo de ambos a notícia que um bebê viria chegou de surpresa. Principalmente por eles, mais uma vez, estarem dando um tempo no relacionamento. Contudo a notícia uniu novamente o jovem casal, que decidiu se casar e morar juntos. E lá se passaram 11 anos de casamento de uma relação conturbada que apenas piorou. O casal era protagonista de diversas cenas de discussão na escola e os funcionários antigos se perguntavam o que aconteceu com os queridos alunos. 

 

Cristiane ajoelhou-se na frente de seus filhos pedindo desculpas com seu olhar. Caio, o mais velho, a olhava com certa tristeza. Ele queria o pai. Porém estava acostumado com a situação. Os olhos castanhos e expressivos, a maturidade precoce para uma criança de 10 anos deixava a mãe desconcertada, mas logo sua atenção era tomada por um mini furacão de cabelos cacheados e dourados que pulava em seu pescoço. 

 

— Maitê! - Reclamou Caio – assim você vai machucar a mamãe. Toma cuidado! 

 

Cristiane olhava aquelas crianças tão parecidas e tão diferentes. Caio tinha ossos largos, cabelos pretos e lisos, o mesmo tom de pele caramelo que o seu, além disso, era calmo, centrado e obediente. Maitê era magra, longelinea, cabelos rebeldes e olhos cor de mel que expressa toda a bagunça que era capaz de fazer. 

 

— De onde saiu essa cor do seu cabelo, Maitê? – Pensou alto, recebendo um olhar indagativo dos filhos.

 

— Da cabeça, mamãe! – Cristiane sorriu com o raciocínio da filha e se desculpou, agora em voz alta e recebeu um forte abraço dos filhos.

 

Levou-os para a casa e sua mãe Doraci chegou no mesmo momento. Ela agradeceu mentalmente aos céus por isso, se despediu de sua família com beijos e desculpas, pegou sua querida moto preta de 300 cilindradas e rumou ao seu serviço. 

 

Ao chegar no local, retirou sua mochila que já estava na moto e foi se trocar. Passou por um grupo de homens que a olhavam estranho, ela sabia o que aquilo significava, então era hora de assumir a sua postura de mulher forte. Aquela Cristiane que constantemente pedia desculpas sumiu junto com a postura desengonçada. Andava ereta e não desviava o olhar dos que a encaravam. Foi ao vestiário para completar seu uniforme, afinal já estava com as botas, calça e camiseta. Finalizando, observou se sua farda estava devidamente alinhada e suas botas engraxadas. Colocou o colete à prova de balas, como aquilo a incomodava, pôs a boina, analisando seu coque perfeito e por fim o braçal da Força Tática, afinal não precisaria estagiar, ela era oficial, ela era A COMANDANTE DAQUELE PELOTÃO! 

 

Ao se olhar no espelho, conversou consigo mesma:

 

— Você é a Tenente Cristiane, você deve conduzir e direcionar esse pelotão. Não há tempo para ser fraca. 

 

Saiu do vestiário e foi para a sala onde seria a preleção. O Capitão Tavares e o Major Conrado já a esperavam. Ela havia avisado seu atraso e motivo, por isso quando a viram chegar, já chamaram os policiais do dia para esperarem a nova responsável pelo pelotão. 

 

Ao adentrar a sala, recebeu diversos olhares e era um misto de sentimentos transmitidos. Alguns eram de zombaria, outros de raiva, alguns incrédulos e raros neutros. 

 

Um pigarreado se fez ouvido na sala e o Major começou a falar. 

 

— Como é do conhecimento de todos, o Sub Tenente Claudio está preso, e não poderá mais assumir o comando. Por isso, chamamos alguém especial para assumir esse cargo que, de certa maneira, ele executou com excelência. A 1º Tenente Cristiane está aqui para ajudá-los no que precisarem...

 

— Vai nos ensinar a chegar no horário?

 

Disse um cabo sarcástico, arrancando risos de alguns.

Por dentro era como se Cristiane se despedaçasse, mas sua postura continuava firme.  

 

— Vou ensiná-lo a respeitar seus colegas de trabalho. É algo que você precisa aprender. 

 

— Você não é minha colega, você não é nada! Está usurpando o lugar do Sub Claudio. Ele não fez nada de errado, todos que estão aqui sabem disso.

 

Cristiane tinha consciência que era uma história estranha a prisão do policial, mas não podia recusar uma ordem direta do Coronel do batalhão. Ele era o chefe e ela tinha que obedecer. Se existia algo que Cristiane odiava, era essa hierarquia gigantesca da PM de SP. Muito cacique para pouco índio, não era justo. Ela entendia a revolta do pelotão, mas isso não lhes dava o direito de ofendê-la gratuitamente! Assim como eles, ela obedecia ordens. Logo o Major cortou o assunto.

 

— Não estamos aqui para falar sobre esse assunto – disse Major Conrado – se digne apenas a fazer o seu serviço e obedecer os seus supervisores, caso não queira um processo por insubordinação. 

 

A contra gosto, o homem se silenciou. O clima estava pesado e uma onda de tensão rodeava a sala. O Major acenou com a cabeça, dando a palavra a Cristiane. Ela respirou fundo e começou a discursar.

 

— Sou a Tenente Cristiane, nova comandante do pelotão. Em primeiro lugar gostaria de destacar que estou aqui porque sigo ordens. As sigo pois gosto do meu emprego e sei os ônus que vem junto à ele, sugiro que todos aqui pensem sobre isso, pois se não gosta de ser subordinado a alguém, a PM não é o seu lugar. – Todos a olhavam sérios e Cabo pontes deu um meio sorriso sarcástico – O segundo ponto é que exista respeito. Vocês não têm obrigação de não gostarem de mim, assim como não sou obrigada a gostar de vocês, mas respeito é o mínimo, afinal, talvez precisemos uns dos outros para não tomarmos um tiro lá fora. Terceiro ponto é a confiança. Somos um pelotão de Força Tática e nossas ocorrências não serão fáceis. Precisamos confiar uns nos outros para tomarmos as decisões corretas, para acreditar que nossas vidas estão seguras com nosso parceiro de viatura. Eu preciso voltar sã e salva para casa todos os dias, e conto com vocês para isso. 

 

Todos a olhavam, alguns ainda estavam arredios e outros surpresos. Cristiane sabia que haveria um longo caminho a se percorrer. 

 

 

 

 

Pedro caminha tranquilamente em direção ao local onde seria seu encontro. Entrou em um restaurante elegante e sorriu para um loira que estava sentada sozinha em uma mesa, percebeu que seu rosto pálido recebeu uma coloração avermelhada e sorriu vitorioso, passou direto pela moça e sentou em uma mesa onde um par de olhos verde claros o olhava ameaçadoramente.

 

— O que foi? Você já me conhece e eu não posso evitar! – justificou-se sorrindo ladino.

 

— Acho que no mínimo poderia me respeitar, afinal tivemos uma história e você sabe bem que esse tipo de situação ainda me magoa.

 

Os olhos verdes continuavam cravados nos seus, então estendeu suas mãos, segurando as mãos negras clara a sua frente, observando o bonito contraste que sua pele clara demais fazia com aquelas. 

 

— Falando assim parece que tivemos um relacionamento. Não foi assim. Éramos amigos, você acha que se apaixonou...

 

— Eu me apaixonei! - cortou-o com indignação.

 

— Você ACHA, que se apaixonou – fez questão de frisar a palavra – eu tentei te dar um beijo, vomitei...

 

— Não precisava lembrar dessa parte – agora os olhos verdes desviaram dos seus.

 

— É necessário, pois você pode perceber que não foi por falta de tentar. E agora estamos aqui com a nossa boa e velha amizade de volta. Você sabe que é meu brother, Santiago!

 

— Odeio esse seu linguajar hétero topzera – disse revirando os olhos.

 

— Odeia, mas me ama, você é contraditório demais! Só podia ser de gêmeos. 

 

Os dois riram e Santiago debochou do amigo que se interessava demasiadamente do assunto. Pouco tempo depois de estarem conversando sobre amenidades, mais dois rapazes chegaram ao restaurante e todos se cumprimentaram. 

 

— Meu negão e meu japa chegaram! Agora o harém está completo! – Pedro falou em tom de brincadeira e Adom retrucou.

 

— Não quero levar processo do Santiago, deixa esse negão aqui – apontou para seu corpo – fora dessa.

 

— Vocês são muito idiotas. Adom, e pelo que eu te processaria? 

 

— Eu não sei. É você quem acha pelo em ovo. 

 

Todos riram da conversa e fizeram seus pedidos. 

 

— Adom, como está seu serviço? A sua Sargento? – questionou Thiago em dúvida – saiu mesmo do seu pelotão? 

 

Nesse momento todos olhavam com curiosidade para Adom. Esse virou e fitou os olhos mestisos de Thiago e respondeu suspirando.

 

— Infelizmente sim! Hoje foi seu primeiro dia. O horário dela é diferente agora. Nós fazíamos das seis às seis e agora ela é das dez as dez. Já enviei mensagens para ela, mas não me respondeu ainda. Estou preocupado.

 

— Preocupado com o que, Adom? – Pedro franziu o cenho em dúvida. 

 

— Pedro, ela é uma mulher na PM, quer instituição mais machista que essa? Ainda mais ela em cargo de comando. 

 

— Exatamente, Santiago. E o pior! Ela vai substituir uma pessoa querida que foi presa em condições suspeitas. O boato que rola, é que depois que o Sub tenente discutiu com alguém lá, encontraram dinheiro do tráfico em seu armário. Eu acho isso muito estranho. 

 

Depois que Adom explicou essa história, seus amigos ficaram preocupados consigo. Logo explicou que ficava sempre na dele, e evitava confusão. Santiago assegurou que se acontecesse qualquer coisa, ele o tiraria da cadeia no mesmo dia, afinal ele achava pelo em ovo. Mesmo com conversas descontraídas, Adom estava preocupada com a sua...

 

— Tenente, Thiago. Não é sargento! É a Tenente Cristiane.


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Notas finais do capítulo

E aí? O que acharam? Vai ter trama nessa história e o começo deles vai ser diferente para fazer jus a sinopse: eles têm preconceito contra o outro.

Logo sai o próximo capítulo!!!

Beijossss



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