Watashi no Tenshi escrita por Miss Siozo


Capítulo 2
A Infância Tem Cheiro de Doces


Notas iniciais do capítulo

Esse foi um capítulo difícil de escrever. Era para ser mais curto do que a versão final disponível para vocês. Achei necessário abordar com maiores detalhes essa parte da fanfic. Ainda bem que eu a transformei numa shortfic. Boa leitura!



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~Konohagakure, 2000~

Quatro anos passados desde que Sasuke fora designado para ser o anjo de Sakura. Ele achava o choro de bebê durante as noites irritante, mas, era apenas ele que tinha a habilidade de acalmar a pequena fazendo brincadeiras, e sim ela conseguia ver seu próprio anjo porque toda criança de alma pura pode ver seu anjo e outros espíritos, algo que após um tempo não é possível ver. Agora estava outra vez dentro do hospital e preocupado com a criança inquieta de cabelos rosados que agora estava sendo examinada pela terceira vez aquela semana no leito de um hospital. Ele sabia que ela era diferente de todas as pessoas e espíritos que havia conhecido, tinha algo que emanava dela que o deixava inquieto e ao mesmo tempo em paz. Ele procurava não interagir tanto com a pequena, pois ainda não entendia o processo de esquecimento, quando Iruka, anjo de Mebuki, explicou para ele que a criança deixaria de enxerga-lo algum dia e para se permitir interagir, pois aquela seria a melhor fase da vida de ambos, Sasuke se permitiu brincar mais e ria muito com as conversas infantis de sua protegida, os pais sabiam que a figuras nos desenhos dela era apenas o “amigo imaginário”.

O Uchiha foi até o corredor para ouvir melhor a conversa da médica com os pais da menina.

— Nós demos outro remédio para dor a ela – falava a médica – Acredito que logo estabilizará.

— Sabe o que ela tem doutora? – o pai perguntava preocupado – Ela já está aqui pela terceira vez essa semana, foi um desespero quando eu a busquei na creche.

— Nós temos algumas suspeitas, só que é muito cedo para um diagnóstico específico – olhou a menina pela janela – Talvez possa ser por conta de algum fenômeno genético raro, pois nota-se algo incomum em sua aparência – referia-se à coloração dos cabelos – Ou possa ser algo mais comum do que imaginam. Minha recomendação é que se houver melhora amanhã ela poderá voltar para casa e terá que consultar-se também com nossa médica ortopedista periodicamente.

— Quer dizer que ela poderá ir logo para casa? – disse a mãe abraçando seu marido – E se acontecer alguma coisa? Não tem um diagnóstico? Assim fica difícil em saber o que fazer!

— Há doenças que nós ainda não conseguimos detectar com precisão senhora Haruno – disse em tom de desculpas – A medicina avançou muito com o passar dos anos e mesmo assim há coisas que ainda são mistérios para nós. Não quero que deixe a criança ansiosa, tentem seguir a rotina com normalidade e qualquer emergência a tragam para o hospital – segurou a mão de Mebuki e Kizashi – O ambiente hospitalar é triste e difícil demais para uma criança encarar. Nós adultos possuímos mais maturidade para lidar com esse tipo de situação na maioria dos casos. Deem a ela uma infância normal na medida do possível.

— Entendido – disseram os pais em uníssono desolados – Precisamos ser fortes querida- o marido completo e a médica anuiu logo retirando-se para outro quarto o qual fora solicitada.

O anjo novato ficou preocupado com a fala da médica, pela primeira vez pode sentir algo ruim durante sua breve experiência. Ele já estava se acostumando com a jornada e adorava interagir com sua protegida, por isso não se permitia pensar no pior. Foi quando logo em seguida encontrou com Hinata novamente depois de alguns anos no corredor do hospital.

— Dia ruim?  - Perguntou despretensiosamente enquanto seu colega anjo revirava os olhos – O que ela teve?

— Minha protegida está doente. Não sabem ainda o que ela tem – entrou no quarto e ela o seguiu – Por que você me seguiu?

— Usando um vocabulário moderno? Uau! – aproximou-se da pequena que dormia – Nós não havíamos terminado nosso bate-papo – olhou de volta para o anjo de semblante emburrado – Ela é uma fofura! Esse cabelo cor-de-rosa combina com o rosto meigo dela – aproximou-se mais do leito – Realmente é uma pena ver que ela não durará tanto tempo nesse mundo – o sorriso se fora na última frase.

— Você está dizendo que ela já morrerá?! - disse inconformado – Diga que isso foi apenas um mau agouro, uma brincadeira estúpida de mal gosto de tua para provocar-me! – puxou-a para longe do leito de sua protegida.

— Desculpe-me! – livrou-se do aperto dele -  Não sou eu quem dita as regras, ela possui a marca do beijo da morte – continuou – Ela possui uma missão e precisará cumpri-la em um curto período de tempo, ou seja, sua morte não está longe de acontecer. Sinto muito por Naruto ter lhe dado um caso tão difícil como sua primeira protegida.

— Não posso acreditar nisso! – fechou os punhos enquanto desviava o olhar das duas enquanto entrava em sentimento de negação.

— Sasuke veio brincar! – disse a voz infantil cheia de alegria – E trouxe uma moça bonita também! Oba! -ergueu os bracinhos em direção de seu melhor amigo.

— Ela acordou – disse Hinata totalmente sem jeito – Agradeço pelo elogio pequena – sorria para a criança – Você também é muito bonita, sabia?

— Muito obrigada tia! – deu um sorriso banguela – Você vem brincar com a gente? O “hostipal” é muito chato e não me deixam sair dessa caminha estranha – apontava para o leito.

— Realmente os hospitais são ambientes bem chatinhos – chegou próximo dela e Sasuke estava desconfortável com a interação de ambas – Eu preciso deixar a brincadeira para outra hora, eu preciso “buscar” alguém e acho que o seu amigo vai querer visitar essa pessoa – ele ergueu a sobrancelha ao ouvir a última frase.

— ‘Tá bom moça bonita – dava um “tchauzinho” com as duas mãos – Meu nome é Sakura, igual àquela “flô” bonita da “pimavela”, qual é o seu nome?

— Meu nome é Hinata e eu acho que seu nome combina muito com você, pois parece com um botãozinho de cerejeira – acenou para ela enquanto abria a porta para não assustar a criança- Outra vez a gente brinca. Vamos Sasuke?

— Vamos – tocou a testa da menina de olhos esmeraldinos – Eu estarei sempre por perto, nunca se esqueça disso – disse zeloso para a menina que apertava a boneca– Prometo voltar para brincarmos – ela assentiu sorridente.

Eles atravessaram os corredores em silêncio e pararam em frente a porta do quarto 34. Antes de Sasuke entrar Hinata barrou sua entrada para dar um aviso:

— Antes de entrar eu preciso pedir-lhe para que mantenha o controle – avisou com um semblante sério – Essa pessoa é especial para você e está aqui na hora dela partir. Esse recurso nós usamos apenas com as almas mais relutantes, mas, nesse caso é apenas uma coincidência especial – ele estava visivelmente ansioso e anuiu com a cabeça –  Deixe-me ver corretamente os dados – folheou sua agenda – Itachi Uchiha, 85 anos, seu irmão viveu uma vida longa e não se envolveu em problemas pelo amor incondicional que sente por sua família, um grande filantropo e possui um escritório de advocacia voltado em atender as pessoas mais carentes que precisam de ajuda judicial com o nome do amado irmão Sasuke Uchiha – olhou para o moreno que controlava suas lágrimas para não caírem – Além disso criou ao lado de sua falecida esposa um lar que acolhe crianças carentes batizado de “Lar Mikoto Uchiha” – deu um breve riso e o Uchiha mais novo a encarou irritado – Deixe-me explicar melhor, eu ri da ironia de como as coisas acontecem. Sua mãe reencarnou novamente como uma órfã e foi parar no lar com seu antigo nome, entendeu?

— Podemos entrar? – disse impaciente – Ou há algo a mais que eu precise saber?

— Seu irmão adoeceu após a partida de Izumi no ano passado. Isso é muito comum de acontecer quando um casal está junto há tantos anos e realmente se amam quando uma metade parte o magnetismo atrai a outra alma – explicou – Acredito que ele ficará feliz em ser recebido por ti.

Eles entraram e viram a imagem de Itachi deitado em seu leito, o quarto estava cheio de flores e cartões estimando as melhoras dele, Sasuke se aproximou e viu que ele segurava uma folha bem antiga em mãos. Ele viu o irmão olhar primeiro para sua aliança e dizer o nome de sua amada e depois voltou seus olhos para o papel antigo. O anjo reconheceria aquele desenho, ele usou uma caneta tinteiro antiga de seu pai naquele dia, tinha 7 anos na época, e desenhou sua família feliz, ele havia dado o desenho para seu irmão que prometeu guardar aquele desenho para sempre e ele cumpriu a promessa. Os dois anjos olharam para o terceiro anjo que se fez presente no quarto.

— Madara – cumprimentou- o Hinata – Seu trabalho chegou ao fim. Soube que será promovido no plano celestial, meus parabéns.

—Fiquei feliz em proteger uma pessoa tão boa de minha família, queria ter feito isso por você Izuna – olhou para Sasuke – Fico feliz em saber que agora está bem como um anjo, eu pude te acompanhar enquanto cuidava da vida de Itachi – deu um sorriso torto – Acho que eu falei demais, não é Hinata? – ela assentiu – Foi bom revê-lo irmão – abraçou o jovem anjo que permitiu o abraço e sentiu-se estranho com aquele momento – Adeus – um clarão repentino e Madara já não estava mais entre eles.

— Está na hora Sasuke – ele olhou para o irmão ainda atordoado – Seja bem-vindo Itachi! – chamou-o sorrindo.

— Eu estou morto? – perguntou um pouco confuso a figura do espírito do ancião – Sasuke?!

— Irmão – correu para abraça-lo – Senti sua falta – a figura de Itachi voltava a sua juventude.

— Eu também senti sua falta irmãozinho – correspondeu o abraço forte – Serei eternamente grato por teu sacrifício. Nós fizemos os culpados pagarem pelo o que fizeram a nossa família, eles foram julgados pelas leis dos homens e acredito que devem estar acertando suas contas agora outra vez.

— Certamente – respondeu Hinata – Tu irás para o paraíso meu caro, encontrarás tua bela dama por lá – estendeu a mão para ele – Terás a felicidade eterna ao lado de nosso Criador, seu ciclo nessa terra foi encerrado.

— Compreendo – tocou a mão de Hinata e recolheu-a rapidamente – E meu irmão? O que será dele?

— Ele é um anjo da guarda e está em missão – respondeu a Hinata – A menina é uma gracinha e está nesse hospital.

— Ela está se sentindo mal – Sentiu Sasuke – Preciso ser rápido – cruzou a porta.

— Podemos segui-lo? – perguntou o Uchiha mais velho – Estou curioso para vê-lo em ação.

— Tudo bem – pegou a mão dele e seguiram o anjo – Mais cinco minutinhos não farão diferença.

Eles entraram no quarto e a pequena rosada estava sentindo dores fortes em seu corpo. Seus batimentos cardíacos começaram a acelerar, mas, nada que pudesse chamar a atenção dos enfermeiros. A mãe havia ido para casa descansar e o pai foi comprar um sanduíche rapidamente na cantina do hospital. Ela estava sozinha e vulnerável, sua expressão era totalmente diferente de minutos atrás. Sasuke tentava acalmá-la, mas, aquilo não seria suficiente para aquela situação. Ele estava aflito e não sabia como agir.

— Aperte a campainha de emergência rápido! – gritou o anjo da morte – O pior acontecerá se ela não for medicada depressa.

O alarme de emergência não ficava tão próximo da criança, pois elas geralmente gostavam de brincar de apertar o botão desnecessariamente. Sasuke apertou o botão e em menos de um minuto enfermeiros chegaram e estabilizaram o quadro dela. Sakura chorava e o espírito de Itachi junto com os dois anjos tentavam controlar a situação, com o efeito da medicação e uma canção de ninar antiga conhecida pelos três os olhos esmeraldinos da pequena se fecharam e o Uchiha transmitia bons pensamentos por meio de uma oração para que ela tivesse bons sonhos.

— Ainda bem que o susto passou – disse o Uchiha mais velho aliviado – Espero que ela possa recuperar-se logo.

— A missão de seu irmão promete não ser fácil – segurou a mão de Itachi – Apenas podemos desejar boa sorte e felicidades para a vida dessa menina.

— Sim – concordou – Adeus irmãozinho – sorria enquanto desaparecia com Hinata – Cuide bem dela. Não faça besteiras! Eu sempre te amarei meu irmão!

— Farei o possível – murmurou sozinho – Eu também sempre te amarei meu irmão – olhou para Sakura- É uma pena que sua vida será curta, não gosto de ver seu sofrimento – afagou seus cabelos.

~Konohagakure,2003~

Aos 7 anos a pequena Sakura estava se preparando para desempenhar uma tarefa importante para o resto de sua vida, ser uma boa irmã mais velha para seu irmãozinho que estava próximo de nascer, Aidou era muito amado pela família antes mesmo de nascer. A criança ainda passava alguns dias internada no hospital algumas vezes, a medicação atual estava controlando um pouco a situação, estava há seis meses sem nenhuma internação grave. Os pais de Sakura procuravam dar uma infância mais próxima do normal para a filha e seu anjo se empenhava para que todos os dias fossem de sorrisos e velava o sono dela todas as noites transmitindo sua positividade até nas noites mais difíceis.

Naquela manhã ensolarada de sábado o clima estava tranquilo, Mebuki estava tricotando outro par de sapatinhos de lã, esse verde, seu marido estava guardando as compras que acabara de fazer no mercado. Sakura estava no quarto ao lado de seu amigo-anjo Sasuke, ela insistia que queria tirar uma foto dele e ele dizia que não queria.

— A gente não tem nenhuma fotinho juntos – a menina andava pelo quarto com a câmera na mão – Vem cá! – choramingou.

— Eu não gosto de fotos – o que não deixava de ser verdade, quando humano detestava posar para fotografias e como anjo não apareceria nas fotos, o que possivelmente assustaria ou entristeceria sua protegida – Guarde essa câmera, eu vou queimar o seu filme – brincou escondendo-se embaixo da cama.

— Só uma fotinho e eu não te peço mais nada hoje! – barganhava e aquilo era fofo e engraçadinho aos olhos do anjo – Melhor ainda por uma semana! E não vou te obrigar a assistir aquele filme da Barbie e o Quebra nozes comigo e dançar a música de balé.

— Muito tentadora sua oferta – o moreno saiu debaixo da cama e correu para pegar a câmera das mãos dela – Mas, a resposta é não – colocou o objeto na prateleira mais alta – Eu prefiro quando você me desenha junto com você – tocou a ponta do nariz dela.

— Meus desenhos não são melhores do que uma foto – inflou as bochechas e cruzou os braços irritada e o ex- Uchiha achava isso engraçado.

— As fotografias retratam o que pode ser visto – suspirou brevemente – Só que o que realmente importa é o que vem daqui – apontou para o coração da menina de cabelos róseos – O que você sente quando me desenha?

— Eu fico feliz – sorriu a pequena Haruno – Eu vou desenhar dessa vez, só se meu amigo me desenhar também – e agora como sairia dessa enrascada?

—AAAAAHH! – um grito ecoou pela casa – Kisashi a bolsa estourou!

— Mamãe! – a menina desceu com a sua inseparável boneca em mãos – Eu vou lá!

— Desça as escadas com cuidado – advertiu a rosada – Eu estarei com você – sua mão direita apoiava a menina ao descer as escadas, logo eles viram os pais dela e seus anjos.

— Querida teremos que ir para o hospital levar sua mãe para o seu irmãozinho nascer – ele se agachou rapidamente para falar com a pequena – Pegue a bolsa de bebê que está na cadeira do quarto do Aidou e pegue um casaco para você enquanto eu irei ligar o carro, você consegue filha?

—Sim papai! – o quarto de Aidou ficava ao lado do quarto dos pais, ela subiu com cuidado as escadas e desceu com a bolsa – Aqui está a bolsa do Aidou – ele a colocou na cadeirinha do carro e a mulher estava no banco do carona, rapidamente eles chegaram ao hospital.

Os anjos de Mebuki e Kisashi estavam tanto inquietos nos últimos meses e Sasuke conseguia notar isso. O moreno não era muito bom em estabelecer diálogos longos com outros seres celestiais, apenas Naruto, Hiruzen e Hinata conseguiram esse feito fora a antiga família dele. Ele achava que essa preocupação era normal, pois afinal a matriarca Haruno carregava em seu ventre uma criança e não poderia sofrer situações de risco e estresse, esse último mais frequente com as idas da filha ao hospital sentindo dores fortes.

A família entrou no hospital apressadamente, Kizashi explicou a situação e logo levaram a senhora Haruno na cadeira de rodas para a sala de parto. O marido preenchia a ficha enquanto a filha estava sentada balançando as pernas impacientemente. O senhor Haruno queria assistir ao parto da esposa, mas, não seria possível, pois tinha que ficar ao lado de sua criança. Não demorou muito tempo para ela reclamar que estava com fome, algumas horas haviam se passado e partos são demorados.

— O que você quer que o papai traga para você? – puxava a carteira do bolso – Um sanduíche e um suco?

— Tem algum doce na cantina? – uma coisa que a rosada sempre foi fascinada eram doces – Traz um pedaço de bolo e suco de morango papai.

— Verei se tem meu anjinho – deu um aperto leve na bochecha da menina – Prometo voltar logo, me espere aqui quietinha, ok?

— Vou me comportar – olhou para Sasuke que estava no outro lado da recepção – Vou brincar com a Ayu – sacudiu sua boneca e seu pai seguiu em direção a cantina.

— Falta pouco para você ser oficialmente a irmã mais velha – disse o anjo sentado ao lado dela no banco – Como se sente?

— Eu fico feliz que finalmente verei o Aidou, eu esperei por ele muito tempo – ninava a boneca – Só não sei bem o que uma irmã mais velha faz, você sabe?

— Eu fui o irmão mais novo – deixou escapar a informação no tempo verbal errado e logo tentou corrigir-se – Eu não sei como é essa experiência. Apenas lembro como meu irmão me protegia desde que éramos crianças, brincávamos bastante juntos e principalmente sempre me encorajou a seguir meus sonhos – falava nostálgico, Itachi fazia falta em sua existência, sempre tinha bons conselhos e o anjo acreditava que se fosse o irmão em seu lugar desempenharia perfeitamente seu papel, não seria tão desajeitado quanto ele – Confie em si mesma, saberá o que fazer quando chegar a hora – esboçou um sorriso.

— Acho que entendi – sorriu de volta – Aquela ali não é a Hina? – apontou para o corredor oposto ao que o pai entrou – Vamos falar com ela?!

— Acho que ela parece triste – tocou o ombro de sua protegida – Acho melhor ver o que aconteceu e depois ela vem conversar contigo, está bem? – afastou-se.

Ele andou um pouco mais e conseguiu alcançar o anjo da morte, seu semblante estava triste e parecia que ela queria procrastinar sua tarefa. O ex-Uchiha não sabia bem o que fazer, colocar o dedo na ferida dela perguntando a razão de sua tristeza não parecia a melhor opção para ele.

— A Sakura te viu – resolveu usar a criança como pretexto – Ela quer falar contigo um pouco.

— Ah! Olá Sasuke – respondeu de modo um pouco frio – Então ela ainda consegue nos ver? Isso é surpreendente para sua idade.

— Ela completou sete anos recentemente – lembrou da enrascada que se salvou mais cedo – Hoje ela queria tirar uma fotografia minha e eu consegui escapar por pouco.

— Ela está ficando mais esperta, será difícil tentar enganá-la por mais tempo – o assunto parecia distraí-la de sua tristeza – É difícil de uma criança dessa idade conseguir ter contato com seres como nós. O coração dela mesmo em meio a tantas dificuldades de saúde se mantém puro – andava em direção ao seu dever – Está fazendo um ótimo trabalho Sasuke.

— Espero continuar realizando um bom trabalho – caminhava ao lado dela – O centro cirúrgico fica pra lá – ele havia decorado os caminhos do hospital – Estamos indo para o lado errado.

— Não estamos infelizmente – pegou sua agenda e eles pararam em frente a sala de parto – Aidou Haruno é a pessoa que venho buscar.

— Aidou? O irmãozinho da Sakura?! – ele a segurou com um pouco de força incrédulo pelo o que acabara de ouvir – Aquela família está sempre vivendo momentos de tensão e sofrimento por causa da doença desconhecida da filha, eu estava aconselhando ela a como ser uma boa irmã mais velha, como isso é possível?

— Então você não notou? – perguntou com os olhos marejados – Eu odeio buscar crianças! Dói meu coração ter que levar bebês em meus braços! – chorava- Quando você vê sombras abaixo dos pés das mulheres grávidas isso é um mal presságio, quase sempre nascem mortos.

— Então era por isso que os outros anjos estavam estranhos – sentia-se muito mal por ter alimentado as esperanças de sua pequena amiga – Irei contigo.

Eles entraram na sala de parto e viram o esforço que Mebuki fazia ao trazer aquele ser sem vida ao mundo. O bebe estava com o pescoço enrolado no cordão umbilical, quando ele chegou ao mundo já estava roxo e sem vida. Hinata pegou em seus braços o espirito do bebê. Era uma criança com um chumaço de cabelo louro e seus olhos eram azuis como os de sua mãe.

— O que está fazendo aqui Sasuke?  - repreendeu Iruka – Esse é o momento que sua protegida mais precisará de ti! Aproveite enquanto há pureza no coração dela e podes ver-te, conforte-a antes que a escuridão a abrace.

— O que ele quis dizer com isso? – seguia Hinata apressado – Diga logo!

— Como eu não pensei nisso antes? – ela resmungava- Ela estava demorando tempo demais para deixar de nos ver – raciocinava – Devem ter mandado um demônio para cá para corrompê-la!

—Então vamos rápido! – corriam – Espero que o pai dela e o anjo dele estejam dando cobertura.

Um rápido descuido de Sasuke fez aquele momento de tristeza familiar que estava prestes a acontecer piorasse com a chegada de um demônio experiente chamado Zaku. Sasuke não sabia que o demônio havia dado a notícia para ela. Aquela foi a oportunidade perfeita para Zaku importunar sua protegida. Sasuke sentiu uma energia diferente vindo da sala de espera, Sakura estava numa época mais tranquila do seu quadro de saúde, estava seis meses sem sofrer alguma internação no hospital e aquilo deixava seu anjo mais aliviado, eles conseguiam brincar mais e ela não parava de falar que seria a melhor irmã mais velha do mundo. O coração do ex- Uchiha estava despedaçado ao pensar em dar aquela notícia a Sakura que segurava sua antiga companheira a boneca Ayu quietinha esperando seu pai voltar com o lanche que ela havia pedido.

— Ei pirralha – a figura de Zaku estava agachada olhando para a criança – Olhe pra mim! – apertou a perna da menina que deu um gemido de dor – Eu tenho uma notícia para te contar.

— Não gostei de você e meus pais dizem para eu não falar com estranhos – cruzou os bracinhos apertando a boneca – Vai embora.

“Então ela realmente pode me ver” – pensou – Eu não serei um estranho se eu me apresentar a você, não é? – ela acabou assentindo – Eu sou Zaku e serei uma companhia frequente em sua vida daqui para frente – deu um sorriso malicioso – Eu preciso ser rápido, tenho algo a dizer sobre o seu irmão. Ele nasceu morto! – ria em escárnio – E a culpa é toda sua!

— Ele está morto? Como ele virou uma estrelinha antes de eu conhecer ele? – a menina começava a chorar -  Porque a culpa é minha?

— Você foi e sempre será um problema para sua família – o demônio estava conseguindo afetá-la- Uma criança doente e imprestável, nunca será normal e até foi bom o seu irmão ter nascido morto para não sofrer por sua causa – apertou o rostinho vermelho da criança – Acho que seus pais perderam a esperança de conseguir uma criança mais saudável para substituí-la – finalizou.

O pai havia chegado com o pedaço de bolo e suco para a filha e não entendia o motivo dela estar chorando. Não pode falar com ela naquele momento, pois a enfermeira havia o parado para dar a péssima notícia que seu filho estava morto e que dificilmente sua esposa teria outro bebê por causa do parto. O caos já havia sido instalado, ela largou sua boneca no chão e chorava sem parar. O pai estava confortando a filha que estava no colo. Sasuke e Hinata haviam chegado às pressas com o irmãozinho de Sakura ainda nos braços da figura feminina angelical.

— SAKURA! OLHE PARA NÓS! - Eles gritaram juntos – POR FAVOR! – o pedido foi em vão, o demônio sorriu vitorioso.

— Você falhou anjo! – debochou -  Eu plantei minha semente nela. Mal posso esperar para leva-la comigo.

 Zaku foi expulso pelos anjos e Sasuke estava desesperado outra vez e jurou não sair jamais do lado de sua protegida. Hinata o consolou, aquele baque estava sendo pior para o anjo do que para ela que já estava acostumada com aquele tipo de situação. Aquilo não deixou de feri-la ainda mais, pois nutria um forte carinho pela menina de cabelos róseos. Aquele dia a infância da pequena Haruno perdeu grande parte da doçura. O demônio montou um palco para o início do declínio de Sakura e de seu anjo da guarda.


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Notas finais do capítulo

Eu espero que tenham gostado do capítulo e que não queiram me matar depois desse capítulo. Eu não poderia deixar de abordar o outro lado da moeda, nesse caso trevas.
Eu voltei antes das minhas provas acabarem, agora demorarei mais um pouquinho para postar o próximo capítulo que eu preciso revisar.
Até o próximo capítulo ;)



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