Castle escrita por Romanoff Rogers


Capítulo 9
IX - Vela




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"Morrem cedo aqueles que os deuses amam"— Desconhecido


Steve

Eu não ousei respirar nenhum segundo naquela sala. Prendia a respiração com toda minha vida. Natasha e Volo se encaravam e essa é a coisa mais assustadora que eu já vi. Uma criada fazia um curativo bem elaborado no meu braço, imobilizado-o colado ao meu corpo. Ela disse que o osso apenas fraturou, provavelmente, e a maior parte da dor vinha dos inúmeros vasos sanguíneos rompidos que haviam deixado-o todo roxo. Minha testa já estava bem, já Natasha continuava péssima mesmo com seus cortes sendo remendados. Não só por fora, mas por dentro também. Ela estava destruída. Estava fingindo que não, mas eu vi em seus olhos.

Natasha tinha ferimentos no rosto e braços principalmente, mas o pior já tinha sido limpo e coberto por um curativo, mas dor nenhuma a impedia de encarar Volo como se fosse ataca-lo agora mesmo.

— Nós caímos da janela de um castelo. - Natasha começou, a voz exalando raiva e os dentes trincados. Oh, ela está irada.— Nós quase matamos todo o exército de Anthony. Nós quase— ela engasgou na palavra, fazendo uma pausa, aumentando o tom da voz. - atropelamos o rei de Stark com um cavalo. E você vai nos dizer por que mandou o general roubar a droga de um colar da rainha MORTA. - ela gritou alto, mas as únicas a pular de susto foram as criadas.

Natasha se aproximou dele, dispensando as criadas num aceno, com as unhas enormes de ferro falsas arranhando o ar. Agora entendi porque ela as usa e fez questão de pega-las no quarto antes de falar com o pai. Ela ficava absolutamente ameaçadora com elas.

— Você não pode me dar ordens, garotinha insolente. - ele disse, despreocupado. Não é possível, homem nenhum escuta Natasha Romanoff falar desse jeito e continua impassível.

Você acha — a ruiva se aproximou mais dele, ficando mais alta quando subiu o degrau. - que se eu perguntar ele não me conta?

— Sempre soube que você era uma vadiazinha. - ele cuspiu, e sei que Natasha abriu aquele sorriso irônico para não lhe acertar um soco e derrubar sua coroa.

— Aquele lugar me ensinou a ser uma vadiazinha, mas agora eu cresci. E fiquei maior que você. — seu sorriso só aumentou, mas não durou muito. 

Volo agarrou seu rosto com os dedos apertando as duas bochechas num movimento firme, ficando de pé, e quando vi já estava tão perto do rei que podia acerta-lo com a cabeça sem esforço. Se ele acha que vai machucar um fio de cabelo dela comigo aqui, está enganado.

— Rei Romanoff, sugiro que tire as mãos da minha noiva. - eu disse firme, antes de perceber, e os dois olham para mim, ele surpreso, e Natasha de boca aberta. Volo nem conseguiu retrucar, e Natasha me olhou com o cenho franzido.

— Ou melhor. Sugiro que tire as mãos da futura rainha de Romanoff e Rogers.

Ele obedeceu contragosto, desviando o olhar de mim para Natasha, que parecia tão satisfeita que iria abrir um sorriso e sair andando.

— Ótimo. - falou ela, descendo um degrau e eu me coloquei ao seu lado. - Não acho que não tenha entendido a gravidade da situação que você está causando. Então, explique.

Volo suspirou, apoiando a cabeça na mão.

— Acredite, aquilo está melhor nas minhas mãos que nas de Anthony. - ele disse, com indiferença novamente.

— Por que? - perguntei.

— Aquele não é um colar normal, e se cair em mãos erradas, pessoas vão morrer. Novamente.

Natasha me lançou um olhar desconfiado que perguntava se eu havia entendido. Com certeza não.

— Só nos resta esperar para ver o que Tony vai fazer em seguida. - Natasha concluiu. - Ver se ele vai comprar sua guerra.

— É óbvio. Ele vai invadir Romanoff atrás do colar. - Volo disse, como se fosse algo banal.

— E não está preocupado, Rei Romanoff? - perguntei.

— Não. Porque eu tenho o noivo da minha filha para me proteger.

 Respirei fundo, entendendo seu jogo. Foi tudo estruturado.  É óbvio que incentivou Natasha a se casar comigo por vantagem, a maior vantagem possível. Esperou Natasha ir para Roger garantir que fôssemos aliados. Que diplomata seria melhor que oferecer a própria filha de prêmio? E quando tivesse, poderia colocar seu plano suicida em ação, mandar roubar os Starks e quem mais sabe o que está por vir sem medo das consequências porque somos dois e ele um. Eu o protegeria por falta de escolha. Mas sei que existem um milhão de segredos envolvidos, e Volo não vai contar nenhum.

— Com licença. - Natasha disse, claramente cansada do seu olhar ácido e desagradável, e eu me levantei para sair com ela.

— Espere, Rogers. Quero falar com você a sós. - Volo disse, e lancei um olhar para Natasha. Tudo bem.

Ela saiu, Volo se levantou e eu me aproximei dele, impassível.

— Pode pensar que penso apenas em recursos, o que é em parte verdade. Mas sei que você fará tudo que for possível para mante-la segura. E quero isso para Natasha. - assenti, cruzando os braços.

— Procurarei ser o melhor de mim para ela. - ele assentiu.

— E se algo acontecer com ela, vai ter desejado ser um homem fraco. - ele disse, antes de abrir um sorriso maníaco. Assenti novamente. Desviei o olhar, direcionando-o para as flâmulas vermelhas e pretas daquela sala do trono.

— Com licença.

(...)

Natasha

Tudo doía. Absolutamente tudo. E enfrentar meu pai desse jeito requer uma energia tremenda, tudo o que e não tinha agora. Me olhei no espelho, e fiquei assim por muito tempo. Sei que estou péssima. Mas senti falta do meu quarto. E é nesse instante que duas batidas ecoaram da porta. Steve. Fui até lá, e assim que a abri não consegui conter a surpresa.

— Clint. - soltei, provavelmente com os olhos arregalados, e ele cruzou os braços. Chateado. Magoado. De coração partido. E de orgulho engolido.

— Esperava outra pessoa? - Ironizou. Sarcasmo é sua defesa natural e eu sabia.

— Você sabe que sim.

— Você está bem? - ele perguntou, ignorando tudo. Ignorando Steve, ignorando o fato de termos dito adeus um para o outro. Suspirei. Não estou bem, e não tenho forças para dizer isso a ele. - É minha culpa.

— Não é. - pressionei os lábios. - Você é um bom soldado, segue ordens. Não tinha como saber que isso iria acontecer. - ele abaixou os olhos, sem descruzar os braços. Eles pararam no corte no meu braço. Dei espaço para ele entrar, e nesse momento os demônios do nosso último beijo me pegam.

Clint gostava de mim. Espero que não goste mais, não sei bem como o amor funciona. Mas para mim, ele sempre foi só diversão. Meu melhor amigo. E eu sei que eu fui uma vadia por fazer isso com ele. Mas fui criada assim. Criada para ser isso. Mas só espero do fundo do meu coração gelado não fazer isso com Steve.

— O que esse colar tem demais? - perguntei, me sentando na cama, numa distância enorme dele. Mantenha o foco.

Ele apenas se apoiou na minha cômoda.

— Absolutamente nada que eu pude notar. É de ouro, tem uma pedra transparente que não sei qual é no meio.

— Meu pai não disse por que a queria?

— Disse que é perigosa. Você vai rir de mim, mas eu vou falar mesmo assim. Tenho certeza que tem algo a ver com bruxaria.

Eu realmente riria se não estivesse tudo doendo.

— Qual tipo de bruxaria?

— Sombras. - ele disse, e eu engoli em seco.

Três batidas ecoaram, e agora sei que é Steve. Clint também sabe. Abaixou a cabeça, tentando se recompor, e o fez rapidamente, ficando impassível. Dei graças ao seu treinamento, porque se não teríamos uma cena aqui.

— Pode entrar. - Steve obedeceu, se colocando dentro do quarto. Seus olhos foram de Clint para mim duas vezes. Me levantei.

— Steve, esse é o Genetal Clint Barton. - Clint faz uma reverência claramente forçada, e Steve assente com a cabeça.

— Alteza.

— General. - cumprimentou e Steve se sentou do meu lado. Bem perto. Contive o ímpeto de revirar os olhos. Ciumento.

— Barton estava dizendo que... Acha que bruxaria está envolvida com o amuleto.

— Bruxaria é coisa séria. - Steve murmurou, encarando Barton, e ele assentiu.

— Me adiantei e achei esse livro na noite que voltei de Stark. - ele me entregou um livro marrom pequeno e surrado. Muito surrado. - Um livro sobre bruxaria escrito há uns bons séculos atrás. Várias baboseiras de fanáticos, mas a página marcada tem algo falando sobre o amuleto que peguei.

Abro o livro, vendo um desenho de um amuleto hexagonal com o desenho de uma palavra em Hindu no centro desenhada sobre a pedra transparente e brilhante como um cristal.

— É a palavra em Hindu para Controle.

— Controle do que? - Steve perguntou, eu apontei para a página.

— Meu pai disse que caiu em mãos erradas e pessoas morreram. Com as sombras pode ser qualquer coisa.

— Sim. Mas o que está escrito aí não vai ajudar. - Clint disse, e eu abaixei os olhos para as palavras.

— Está em Nokrtalês. - disse, bufando e decepcionada. - Umas quatro pessoas no mundo ainda sabem falar a língua morta de Nokr.

— Vamos tentar achar uma delas. - Steve disse, e eu assenti.

— Bem... Vou deixar com vocês, podem fazer mais coisa que eu. - Clint pressionou os lábios, e eu me levantei, conduzindo-o até a porta. Antes de sair ele agarrou meu braço.

— Por que seu pai me mandou matar James Buchanan? - ele sussurrou, e minha expressão despencou. Merda.

— Pelos Deuses. - murmurei, abaixando os olhos, e respirei fundo para voltar a encara-lo.

— Mande Steve proibir minha entrada em Roger, e assim talvez seu amigo tenha uma chance. - ele me largou, e começou a andar.

— Obrigada. - disse.

— Isso vai proteger ele também. - ele disse, na esperança de eu não ouvir, mas eu ouvi.

Fechei a porta, encostando a cabeça na mesma. Merda, merda, merda. Que bagunça.

— Nat. - Steve me chamou, e respirei fundo, me virando para olha-lo. Ele se levantou e veio até mim. - Descanse. Troque de roupa, amanhã resolvemos tudo, tudo bem?

Assenti, engolindo em seco.

— Eu não quero ficar sozinha. - disse antes de perceber. Senti um buraco se abrir no meu estômago.

— Nem eu. - ele admitiu, e ergueu o olhar para ele. - Mas não podemos...

— Tem uma segunda entrada. Ninguém vai saber. - sorri, e Steve hesitou, pressionando os lábios. - Eu prometo que não te mordo antes da hora. - rendi as mãos, e ele riu, antes de apertar as costelas com dor.

— Tudo bem. Se vai te fazer sentir melhor... - ele sorriu, e eu aproximei o rosto do dele.

— Só por isso? - zombei, e ele sorri mais.

— Não.

Expliquei o caminho da passagem secreta detalhadamente, e logo depois ele saiu. Assim que a porta se fechou fui em direção ao banheiro. Tirei o vestido, desmanchando o que sobrou da minha trança e fiquei de frente para o espelho. Eu estava péssima. Tinham roxos enormes em todo canto, e os cortes, a maioria superficiais não podiam ser contados nos dedos.

Mas as cicatrizes... Eu as odeio. Uma lembrança constante de que eu não sou perfeita. Uma lembrança do que eu sou. Do que eu fiz. Do que eu passei. Eu me odeio.

— Eu odeio meu pai. - soltei, olhando fixamente par o espelho e tentando evitar soca-lo.

Larguei esses pensamentos e entrei na banheira enchendo, abraçando meus joelhos. Apoiei o queixo num deles e fiquei observando a banheira encher, e com ela vem a ardência enorme quando a água ficando vermelha entrando em contato com meus machucados.

É uma ardência boa, me lembra que ainda estou aqui. Trás uma sensação confortável. Não fiquei muito tempo ali, logo saí e vesti um roupão de seda.

Fui até a cama e deitei meio aos edredons, esperando Steve. Sei que não conseguiria dormir hoje, mas se ele estivesse aqui pelo menos teria com quem conversar. Depois de alguns minutos batidas ecoam na prateleira que na verdade é uma porta falsa que leva até os túneis de escape que eu conheço de cor.

— Pode entrar. - murmurei, e a prateleira e ela se deslocou para o lado.

Me sentei na cama, vendo-o adentrar o quarto e vir até mim, meio receoso. Ele é adorável.

— Você está bem mesmo? - ele murmurou, e eu fechei os olhos. Não, não estava. Tudo estava péssimo e eu só queria chorar. Mas não consigo. Não sou capaz disso, não mais.

— Eu... - tento formular uma mentira, mas isso não sai também. Fale, Natasha, pelo amor de Deus.

— Nat... - ele incentivou, respiro fundo.

 


— Estou com medo. - soltei, e é como se todo o peso em meus ombros sumissem. Me senti mais leve. Ele assentiu, envolvendo os braços nas minhas costas cobertas pelo tecido fino. Deixei-o me abraçar, murchei em seus braços. Minha testa colada em seu peito e os dedos acariciando meus cabelos soltos. Por um segundo achei que estava no céu.

Estou com medo.

Do meu pai. De perder Wanda. De perder Steve. De machucar Steve. De me machucar. De me entregar para ele. De morrer. De outra guerra.

Eu sou puro medo.

Ficamos assim por muito tempo, seus dedos deslizando sob meus fios ruivos, acabei começando a murmurar uma canção em outro idioma por alguns segundos, e Steve sorriu.
Depois de mais um tempo o cansaço começou a me consumir por inteiro, e vi que ele estava prestes a desabar também.

Me soltei dele, indo até as velas apaguei todas, deixo uma acesa. Como absolutamente toda noite. Steve não contesta, apenas me segue até a cama e se deita de frente para mim, antes de segurar minhas mãos.

— Por que disse para meu pai que estamos noivos? - murmurei, com receio de quebrar o silêncio da noite.

— Eu não sei. - ele disse, abrindo um sorriso constrangido. - Eu... só... disse. Talvez eu queria me casar com você.

— Eu quero isso também. - sorri enquanto menti.

Eu não quero. Não, não quero. Não quero que ele descubra que não sou perfeita. Não quero que aconteça com ele o que aconteceu com Clint.

O vejo abaixar o olhar, seus cílios loiros pesados. Notei um verde em sua imensidão azul.

— E você? - sussurrei, fazendo-o firmar os olhos e me encarar.

— Pensando no meu pai. Quando isso acabar... Ele vai me dar um conselho... Por que eu estou perdido. Não sei o que fazer.

Toquei seus cabelos, acariciando-os devagar. Não sei porque fiz isso, mas agora não consigo parar.

— Eu também estou. - dei de ombros. - E isso não acontece com frequência.

Ele sorriu, respirando fundo.

— O que tem entre você e o general?

— Nada. - respondi, imediatamente, enquanto neguei com a cabeça. - Nada.

— Tudo bem. - não paro de acariciar seus fios dourados. Estamos ambos totalemnte esgotados, mas nos ficamos a ficar de olhos abertos, encarando um ao outro a luz da vela tremulante.

— Você já pensou que sabia de tudo, chegou uma pessoa que te mostrou que você não sabe nada? - Perguntei, e ele abriu um sorrisinho.

— Só você e Tony Stark acham que sabem de tudo. - ele falou, e eu sorri abertamente, apertando mais sua mão.

Você fez isso comigo, Steve Rogers.

— Agora... Durma, tudo bem? Nada vai acontecer. Você está segura. - Assinto, sem largar as mãos dele, fecho os olhos. Ele estaria ali me protegendo. E isso não é tão ruim.

Nunca dormi tão bem quanto aquela noite.

(...)

Bucky

O ar desce como uma lixa em meus pulmões. Queima como fogo. Não tenho ideia de onde estou, apenas que está tudo incrívelmente dolorido, pegando fogo.

Escuro. Não tenho controle sobre o que estou fazendo, como numa memória. Já está escrito. Posso apenas me observar correr pela floresta coberta de neve e escura.

Não tenho idéia de onde estou, apenas que estou correndo a muito tempo. E isso não parece me incomodar. Apenas tenho que correr, ou coisas ruins vão acontecer.

Olho para baixo, vendo sangue em minhas luvas de couro. Não esboço reação nenhuma, apenas continuo a correr, sentindo um peso anormal. Um colar em meu pescoço, percebo entre espasmos.

De ouro, com uma pedra transparente com uma palavra estranha escrita no centro, apenas iluminada pela luz da lua. Corri por muito tempo, e foi agonizante. Eu não tenho controle do meu corpo. Minha cabeça grita, tentado lutar contra algo, mas a vontade de correr é mais forte.

E naquela noite fria, totalmente escura eu segui correndo até uma cabana na floresta. Não era muito grande, de madeira e bem construída. De lá, havia apenas a luz fraca de uma vela. Abri a porta sem receio, como se estivesse seguro. E lá dentro, um homem me esperava, debruçado sob um caldeirão.

Não me olhou, mas soube que entrei. Andei até ele, e pude ver uma imagem colorida se formando no caldeirão negro.

— Você devia ter visto a carinha dele... - Uma mulher loira de olhos azuis fala enquanto sorri, se aproximando. Seu vestido é longo, roxo, os cabelos trançados lindamente. - Tenta, tá bom?
Ela abraça-o, e percebo que é uma memória do homem a minha frente. Sua expressão sombria, triste. Triste de verdade. Seus olhos não brilham.

— Vou dormir. Te amo.

A mulher diz, e a imagem se perde rápido como apareceu. Não falo nada, vendo-o acariciar a barba por fazer. Seus olhos me encaram, se recuperando da emoção.

— Está feito?

— Sim. - Respondo, sem escolha. Não controlo nada, não me sinto como eu mesmo. Ele não fala nada. Aproveito para olhar ao redor.

Só havia uma porta que dava para um cômodo pequeno com uma cama, vi dali. Onde estávamos tinham muitas velas, mas ele escolheu acender apenas uma. Uma cadeira solitária repousa com uma mesa ao lado de uma pia, e do outro lado há uma enorme prateleira com poções, pedaços de animais, e um balcão sujo de sangue seco.

Um bruxo.

— Então volte lá e deixe o colar. - O homem fala, ríspido, se aproximando de mim. -Depois corra até as terras do seu pai e bata a própria cabeça numa árvore.

Foi o que fiz. Corri agonizantemente novamente, foi insuportável. Meus movimentos não respondiam, o desespero crescia em meu peito.

E foi quando acordei.

Me sento, com a respiração ofegante, e finalmente recobro meus movimentos. Eu mal consego respirar, como se estivesse correndo de verdade.

Meu cabelo suado cai sobre meus olhos, mas não tenho energia para prestar atenção nisso. Me levanto, cambaleando pelo quarto, e me apoio na sacada, de cara para a noite amena.

— James? - A voz de Wanda me faz acordar, balançando a cabeça. Não consigo dizer nada, ela apenas vem até mim, com os pés descalços e vestida na minha blusa.

— Você está bem, querido?

— Sim. - Assinto, e ela toca meu rosto. Um toque firme que me mantém no chão. Acalma minha respiração.

— O que foi?

— Um pesadelo.

— Entendo. Tudo bem, foi só isso. Quer falar sobre? - Ela pergunta, envolvendo minhas costas com os braços. Abro um sorrisinho, me lembrando da noite de ontem.

— Foi muito real. Como uma memória, ou... Sei lá. - Forço um sorriso, não querendo preocupa-la. - Estou bem.

Ela assente, levantando os olhos para me encarar.

— Te acordei? - Seu sorriso some, mas nosso contato visual não se quebra.

— Não. Não estava dormindo.

— Por que? - Ela abaixa a cabeça, engolindo em seco.

— Estou com um mal pressentimento.

— Do que, Wan? - Tiro uma mexa de seu cabelo dos olhos, e ela dá de ombros.

— É bobagem.

— Não é. - Falo, e ela me olha de novo. - Quer verificar se Steve e Natasha estão bem?

Wanda assente com vontade, respirando fundo, já se afastando de mim. Observo-a colocar um manto rosa com flores vinho sobre o corpo, o amarrando como um roupão que mais parece um vestido. Visto uma calça, colocando a blusa branca e larga de mangas abertas que estava em Wanda.

Assim que saímos pela porta, vemos criados e guardas correndo pelo corredor, todos murmurando nervosos. Estavam agitados, todos de pé mesmo sendo meia noite. Isso significa que as coisas estão ruins. Agarro a mão de Wanda, e a puxo até a janela. Nada de luta lá fora.

Wanda para uma mulher, que faz uma reverência.

— O que está acontecendo? - Ela pregunta, e vejo as lágrimas no rosto da mulher.

— O rei está morto.

 

 

 


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