Suponha-se que Pansy deveria ser uma boa mentirosa. Afinal de contas, ela era uma Sonserina. Era filha de seus pais comensais e verdade seja dita, já conseguira mentir mais de uma vez para o próprio Severus Snape — o melhor legilimens que conhecia. Então porque ela não conseguia mentir para ele?Merlin. Talvez ela tivesse algum sério problema de personalidade. Era suposto também que por algum feitiço muito antigo e desconhecido, alguém muito idiota tomou o corpo de Pansy Parkison.Ela respirou profundamente, os olhos ora vagando pelas pontas duplas do cabelo horrível de Granger, ora vagando para o olhar irritadiço de Harry Potter. Bufou, levando as mãos atrás das costas e trocando o peso das pernas como uma criança travessa.Merlin, de fato ela se sentia uma idiota. Lançou um olhar irritado para Hermione Granger, esta que lhe deu um sorrisinho vitorioso. Era certo como o sol e a lua que ela e Hermione Granger jamais seriam amigas, mas assim como o céu era azul e o sol brilhava, também era certo que ela já não tinha o ódio infundado pela castanha, na verdade, lhe custava admitir que a ajuda da garota foi essencial para estar frente a frente com Harry.— Certo, despeça-se Granger. — Ordenou com um gesto de mãos e a garota revirou os olhos para ela, afastando-se com um toque gentil nos ombros de Potter.— Pansy... — Ele começou passando os dedos pelos fios bagunçados no qual Pansy já havia enroscado os dedos tantas vezes seguidas.

 — Escuta, Potter. — Pansy começou, sem saber exatamente o que dizer, mas já estava farta de suas desculpas e de estar sempre tendo atitudes erradas com o garoto em sua frente. — Merlin, isso é realmente difícil.

— Pansy...

— Eu sei que eu errei. Outra vez! E sei que está bem bravo. Outra vez! — Pansy jogou os braços para cima. — Eu não consigo mentir para você. E eu sou uma ótima mentirosa. Mas você está me deixando louca, Potter! E parece nem se importar com isso!Harry lançou a ela um olhar enfezado, aproximando-se em passos grossos e desajeitados. Foi com surpresa que Pansy sentiu as mãos tocando-a e puxando-a para mais perto dele, ficou sem reação por um momento, até Harry explodir as palavras em seu rosto.

— Você também está me deixando louco! Metade das coisas que faz me deixam louco! Ninguém nos entende e nem mesmo eu nos entendo!

— Bem vindo ao clube. — Resmungou Pansy, tentando afastar os olhos da intensidade verde que Harry colocava sobre ela.— Você me deixa louco Pansy. E depois de dizer que não sentia nada por mim você simplesmente faz Mione me arrastar até aqui...— Eu menti! — Pansy tocou o rosto dele com ambas as mãos. Um gesto tão comum e ainda tão estranho para — Eu minto o tempo todo, para todas as pessoas desse mundo. Minto para Draco, para os seus amiguinhos, para os professores e para os meus pais. Eu minto para todos, Harry. Mas eu não consigo o fazer para você porque você acredita tão fácil! É isso, não consigo mentir para você. Eu tentei, juro, Merlin sabe que sim! Mas não posso me afastar e Merlin, eu não o farei nunca mais. Harry suspirou, encarando-a. Pansy Parkinson era dois palmos mais baixa que ele, tinha o nariz arrebitado e os olhos exalavam uma arrogância que às vezes o deixava louco, mas às vezes a deixava absolutamente charmosa. Não entendia mesmo o que tinham. Eram improváveis e absurdos. Não tinham nada em comum, mas só Merlin sabia os sentimentos que aquela garota impossível em seus braços conseguia despertar em seu coração.— Você vai me deixar absolutamente louco. — Ele resmungou apertando-a contra seu corpo mais uma vez em um abraço desajeitado e quente. — Nunca mais faça isso comigo outra vez.Pansy o abraçou e quando ela falou, ele soube que ela estava sorrindo. — Nunca, Potter. Ele sorriu também, um dia eles encontrariam a sincronia perfeita. 

Suponha-se muitas coisas sobre ela, e suponha-se muitas coisas sobre ele. Mas de todas as suposições, havia uma certeza: Precisavam um do outro para serem felizes.