Photograph escrita por Anny Taisho


Capítulo 3
Lembranças Pálidas


Notas iniciais do capítulo

Gente, o plano não era postar nada hoje, mas para dar uma felicidade no meio dessa greve do combustível eu resolvi presentear vocês. Gostaria de dizer que fico imensamente feliz por cada comentário e queria incentivá-los a conversar mais comigo, eu sei que a vida é corrida, mas sem saber o que vocês tem achado eu fico confusa. Afinal, não sei se todo meu trabalho de escrever, editar, revisar e postar está valendo a pena, o feedback de vocês é o que movimenta a história. E eu vou responder cada comentário que me mandarem!! Muito obrigada.



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Sarada tinha facilmente se adaptado a rotina no estágio e na faculdade, sempre teve muitas atividades curriculares e estava acostumada a fazer tudo muito bem feito. A mãe ainda estava muito ocupada e não tinha notado sua vida dupla. Estava no pátio na faculdade e sentia os olhos sobre si. Era estranho mesmo depois de tantas semanas as pessoas a encarando.

De algum modo quanto mais quisesse passar despercebida, mais as pessoas pareciam manter os olhos nela. Sentiu em uma das mesas ao ar livre e tirou seu macbook da bolsa para estudar antes da primeira aula. Obviamente que foi interrompida quando Chochou apareceu com suas batatinhas, tinha conhecido ela no corredor da faculdade quando ela perguntou onde tinha comprado o vestido que usava, ela fazia moda e ficou louquinha querendo saber de onde tinha vindo aquela peça, acabaram conversando e estranhamente começado uma amizade.

— Olha só, nem avisa que chegou... Que Malvada, Sarada.

— Olá Chochou... – sorriu – Eu acabei de sentar, ia te mandar uma mensagem.

— Sei sei... Então, como vai o estágio? Você ainda não parece estar perdendo os cabelos.

— Está bastante tranquilo, na verdade, o trabalho não é difícil... eu passo a maior parte do tempo mexendo no excel e atendendo telefone.

— Tsk... Nada é difícil para senhorita perfeição. – riu – Não faça essa cara, eu queria ser assim toda organizada e pro-ativa como você, mas só a faculdade me deixa maluca.

— É uma questão de bem dimensionar o tempo... – olhou ao redor – Será que as pessoas não cansam de encarar?

— Bem, não é sempre que chega por aqui uma princesa Árabe. – falou tomando refrigerante –

— Eu não sou uma princesa árabe, meu pai só trabalhava numa empresa lá.

— E você anda num Audi personalizado, Sarada, não é para todo mundo isso sabia.

— É só um carro, oras. Muitos alunos aqui tem carro.

— Não um como o seu, nem o Bolt... e ele anda numa moto.

— Quem é Bolt? – perguntou digitando no computador –

— Ahhh.... nem me vem com essa de ‘quem é Bolt?’ a sehorita o conhece muito bem... O bonitão loiro que você ficou olhando andar de skate.

— Eu estava apenas vendo aquela movimentação... Eu nunca tinha visto aquilo em Dubai.

— Ahhh... tá bom, vou fingir que eu não vi você quase precisando de um babador.

— Não seja boba, rapazes como Bolt apenas causam confusão e gostam de problemas. E eu evito as duas coisas.

— Agora sabe quem é ele, é? Sua memória se ativou rapidinho.

— O sinal tocou, Chochou. – disse fechando o computador – Quer ir comer depois da aula?

— Claro que sim! A gente se encontra no portão 1?

— Pode ser!

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Sakura tinha que admitir que apesar de ter vivido quase vinte anos fora sentiu falta do Japão, não havia lugar como o lar. Por mais que a escrita ainda lhe fugisse às vezes, o falar japonês era natural como respirar. Estava indo almoçar com a sua mentora, Tsunade Senju, ela havia se aposentado há alguns anos tanto do hospital quanto da universidade e estava na cidade por um par de dias.

Ela estava hospedada em um bom hotel, apesar de tanto ela quanto Shizune terem oferecido para que ficasse na casa de alguma delas. Olhou as horas no relógio de pulso e já estava atrasada, um caso de emergência entrou no hospital pouco antes de sair. Enquanto atravessava o Hall pensava rapidamente que precisava chegar em casa mais cedo para passar um tempo com a filha, desde o inicio das aulas praticamente não via e isso não estava correto.

Talvez sua secretária tivesse razão e estivesse trabalhando demais, mas manter a cabeça cheia foi a maneira que encontrou se seguir em frente. Era muito difícil depois de quase vinte anos não ter mais o marido, a vida havia perdido o rumo. Não era hora de pensar nisso. Apressou o passo quando de repente pegou algo com o canto dos olhos que a fez parar e olhar para o lado.

Uns dez metros de distância havia um grupo de executivos sentados em um balcão perto de uma parede de vidro. E entre eles teve um rosto que mesmo depois de 18 anos era impossível de não reconhecer. Uchiha Sasuke. Respirou fundo e deu um passo para trás de escondendo atrás de uma pilastra. Oh Kami, o que estava acontecendo? Era sério que com Tóquio daquele tamanho estava dando de cara com o Uchiha?

Era realmente assustador se dar conta de que quase 19 anos se passaram desde que o viu pela última vez. Uma vida inteira estava entre o momento atual e a última vez que estavam juntos. Uma série de memórias veio a sua mente e era estranho como eram turvas... Houve um tempo que não podia respirar sem pensar naquele homem e hoje ele não passava de uma memória pálida.

Se sentiu uma idiota em ter se escondido. Estava se escondendo de que? De quem? Muito provavelmente era para Sasuke muito menos que uma memória pálida, talvez nem a reconhecesse caso se cruzassem na rua. Passou a mão pelos cabelos e voltou a andar. O mundo havia dado tantas voltas... Gaara havia entrado em sua vida de modo tão aleatório e mudado completamente seu ponto de equilíbrio. Teve pena da Sakura jovem de vinte anos antes tão sofrida por algo que não foi nada além de um amor juvenil. Alisou as duas alianças que usava juntas na mão esquerda e chegou até o restaurante.

Tsunade lhe acenou da mesa e sorriu a loira.

— Tsunade-shisou.

— Eu acho que você já deixou de ser uma aluna há muitos anos, Sakura. – disse sorrindo – O que foi? Parece perturbada...

— É o hábito. – se sentou – Não foi nada, eu só achei ter visto alguém conhecido, depois de vinte anos longe meio que parece que em cada esquina vou achar alguém conhecido.

— Hm... – estreitou os olhos, Sakura envelhecia, mas os trejeitos ainda eram de sua aluna jovem – Claro. Eu sinto o mesmo sempre.

Correu os olhos sobre a amiga, porque hoje em dia elas não eram mais aluna e professora, e ela parecia bem. O tempo estava realmente a ajudando a superar a viuvez precoce. Mas o par de alianças estava ali.

— Então, como se sente de volta a Tóquio?

— Velha? – disse depois de bebericar o sake – Tudo é agitado demais, cheio demais... – riu debochadamente – Mas e como vai Sarada?

— Cada dia mais adulta, eu não era daquele jeito aos vinte anos...

— Oh... eu me lembro bem da melhor aluna da faculdade de medicina naquela época, você era bastante centrada.

— Com a Sara-chan é diferente... ela é tão correta, com tantas pequenas manias, e tem aquele rostinho sério. Temari, minha cunhada, adora dizer que ela parece uma mini executiva.

— Bem, nós sabemos bem de onde veio essa parte.

Um silêncio estranho ecoou entre as duas. Sakura baixou os olhos esfregando os dedos das mãos.

— Eu sinceramente mal me lembro de como ele era... – levantou o rosto – Será que estou ficando muito velha?

— Talvez, eu já estou muito mais do que gostaria... – bebeu mais um pouco – Você sabe que eu não estou te julgando, a vida nos leva por caminhos completamente inesperados, eu só fiz um comentário.

— Eu sei, mas se quer saber, Sarada tem tantas manias do Gaara que eu seria capaz de me enciumar sobre como eles se davam bem.

— Claro que sim, Gaara foi o pai que ela conheceu e que a criou. Sasuke não é mais do que um ponto de sombra, vocês nunca falaram muito dele para ela, certo?

— Não havia razão, na verdade se ela não tivesse precisado daquele transplante de rim por causa da manifestação do Lupus.... E ficado sabendo que Gaara não tinha um tipo sanguíneo possível para... Enfim... Foi um mal necessário. E também não há muito o que dizer, Sasuke nunca me respondeu, Tsunade, isso foi mais elucidativo que qualquer resposta.

— Eu nunca gostei do Uchiha, mas eu sempre achei estranho ele nem ter te respondido.

— Isso é passado, Sasuke teve suas razões e hoje é muito tarde para ficar pensando nisso.

— Ela não perguntou mais? Você comentou que uns três anos atrás ela parecia curiosa e veio cheia de perguntas.

— Ela nunca mais perguntou nada. E também não há muito o que contar... Foi um romance juvenil que terminou dramaticamente.

— Ele ao menos deveria ter se dado ao trabalho de saber se vocês precisavam de algo.

— Eu recebi uma quantia bem considerável de dinheiro pouco antes dela nascer vinda da Uchiha Corp. Acho que essa foi a consideração dele.

— Pior do que eu pensava... Mas vamos mudar de assunto. Eu vou ficar algum tempo na cidade, diga para Sarada vir me ver.

— Claro que sim, porque não liga para ela também, aposto que ela vai ficar empolgada em falar com você.

— Eu farei isso, vamos pedir algo para comer antes que eu beba demais antes do almoço.

Continua


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