Prometidos escrita por Carolina Muniz


Capítulo 35
Capítulo XXXIII


Notas iniciais do capítulo



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Jack Hyde estava diferente desde a última vez que Ana o viu, o cabelo cortado mais curto, não tinha mais barba e nem o brinco de diamante na orelha. Porém, ele parecia mais cheio de si ainda. 

Ana sentia suas mãos suarem frio, seus batimentos cardíacos estavam acima do normal e ela podia sentir seu sangue correndo em suas veias de forma quase palpável.

A garota recostou a cabeça no estofado do carro, tentando se manter calma - mesmo naquela situação - e seguir as instruções que a Dra. Greene lhe dera: inspirar e expirar profundamente, os olhos fechados e a mente vazia. A pressão de Ana oscilou muito durante a gestação, o que era perigoso - ela cansou de ouvir aquilo de todos.

Então, naquele momento o seu bebê quem precisava de ajuda, e ela iria ajudá-lo.

A obstetra havia sido bem clara na última consulta: qualquer estresse podia ser fatal.

Jack dirigia sem dizer uma palavra, cada vez mais rápido, sempre olhando de relance para Ana pelo retrovisor.

— Para onde está me levando? - a morena perguntou.

O outro bufou.

— Jack, por favor - pediu. - Se você quer dinheiro, tudo bem, não precisava...

— Você sabia que o seu marido destruiu a minha vida - ele cuspiu a palavra "marido" com um desprezo assustador. - Eu quero sim o dinheiro dele, mas é muito mais do que isso.

Ana tinha as duas mãos na barriga, os olhos já deixando as lágrimas escorrerem, o desespero começando.

— É melhor colocar o cinto de segurança, não queremos que nada aconteça com você que não seja pelas nossas mãos - murmurou ele.

Ana engoliu em seco.

— Nós? - questionou.

— O cinto de segurança, Anastacia! - gritou ele.

A garota se assustou e logo tratou de colocar o bendito cinto, fazendo qualquer palavra que fosse sair de sua boca morrer em sua garganta.

Ana ficou bons minutos com os olhos fechados, sentindo o enjôo subir e voltar, se desesperando cada vez mais pela vontade de vomitar de repente.

O bebê estava quieto, como se soubesse que não deveria se mover naquele momento tão trágico. A morena acariciava a barriga no lugar onde fazia mais pressão, onde parecia que o bebê estava mais aconchegado.

O carro parou o que parecia meia hora mais tarde, depois de entrar por uma estrada de terra, em frente um mausoléu.

Ana começou a hiperventilar antes mesmo de Jack sair do carro. Ela queria dizer para que não fizesse sabe se lá o que ele iria fazer, ela queria pedir que ele apenas a deixasse em paz... Mas nada saía, nem mesmo quando o outro a levou a força para dentro da casa assustadora e abandonada.

Ana olhou rapidamente ao redor antes de Jack a levar porta a dentro, não havia nada ao redor, apenas terra e poeira. Ela não sabia o que a assustava mais: Jack, o lugar vazio ou a casa horrível.

Foi só ela entrar e ouvir os saltos batendo no chão de madeira do recinto que ela percebeu - em retrospecto talvez - que nenhuma daquelas coisas era tão assustadora quanto Elena Lincoln sentada numa cadeira velha, segurando uma arma, encarando-a.

Para Ana, Elena sempre teve um quê meio sociopata, com aquele sinistro brilho no olhar de quem estava prestes a estripar alguém, mas sem tirar aquele maldito sorriso cínico - e agora bem macabro - do rosto.

O tempo ficou parado no ar, era como se tivesse passando o mundo a sua frente mas ela não sentia nada, seus pulmões pareciam prestes a explodir por falta de ar, e anos poderiam ter se passado que ela não perceberia. Apenas quando a mão de Jack segurou com força seu braço e a fez entrar mais na casa - que era apenas um quarto sujo e poeirento - que Ana voltou a respirar.

A morena sentia a vida sair de si, ser forçada para fora como se fosse sua alma indo embora. Desde o começo, a única pessoa que ela realmente deveria ter tido medo era de Elena, mas a loira foi a primeira que ela desafiou.

Era assustador até para quem via de fora: atrás de si estava Jack Hyde e a sua frente Elena Lincoln.

A loira - que ela nunca mais vira desde o jantar - estava diferente assim cono Jack, mas não era nas roupas, ou no cabelo, nem mesmo nas jóias. Era na expressão. Ela tinha a face completamente fria, destituída de qualquer sentimento bom ou uma emoção sequer gentil.

Ana sentiu a bile subindo novamente, e então voltando - para sua felicidade.

— Olá, querida - cumprimentou Elena, a arma rodando em seu dedo indicador, as pernas cruzadas, o olhar brilhante, a droga do sorriso.

Elena se levantou, andou com postura - um pé na frente do outro - o salto fazendo um barulho alto, ela parou na frente de Ana e segurou seu queixo com força, a morena ainda sendo segurada por Jack pelo braço, onde já doía com a força que ele usava contra si.

— É ótimo vê-la novamente, pequena Ana - Elena sussurrou contra seu rosto, tão perto que por um momento Ana pensou que a mulher fosse beijá-la.

Ela soltou seu rosto com força, fazendo-a virá-lo com a intensidade, e então olhou para sua barriga.

— E aqui está o pirralho - disse com desprezo.

A arma contornou a barriga de Ana, fazendo a garota prender a respiração e fechar os olhos, ao sentir o cano passando pelo pano de seu vestido para lá e para cá.

— Não se preocupe, querida, vamos nos divertir por mais algum tempo - a loira garantiu. - Solte ela, Jack, não vamos tratar nossa anfitriã assim, não é? - ordenou.

Hyde soltou seu braço, e Ana pôde sentir a dormência se espalhando por ele todo, latejando no lugar que ele apertou com tanta força.

Elena continuou com a arma em sua barriga, e Ana sentiu o bebê chutar de repente, fazendo Elena sorrir e colocar a ponta da arma bem no local.

— Parece que a coisinha acordou - comentou a loira.

Ana soltou o ar devagar, não conseguindo desviar o olhar da arma. Ela parecia paralisada no lugar, como esteve desde que entrou no carro e viu Jack, as palavras da Dra. Greene ecoando em sua cabeça como uma música no repeat: ela não podia se estressar, não podia se estressar, não podia estressar...

Elena destravou a arma, o som tão alto que Ana sentiu que poderia ter escutado até mesmo do outro lado do país.

— Não, Elena, por favor - Ana implorou, o rosto molhado com as lágrimas.

— Por favor? Você? Logo você está me pedindo por favor? - a loira riu, afastando-se dela, mas ainda assim, o alívio não veio. - Ah, Ana, tão bobinha. Acha mesmo que eu te ouviria depois da humilhação que você me fez, de toda aquela cena na frente dos meus colegas de trabalho? E ainda fez Christian me demitir.— ela balançou a cabeça em descrença, a arma mudando de mão. - Como acha que eu fiquei? Nunca me senti tão humilhada, e ainda por uma criança como você - ela voltou a se aproximar da garota, que deu um passo para trás, encostando as costas na parede, as mãos na barriga protetoramente. - Você não achou mesmo que eu fosse deixar passar, não é? Seria muita burrice. Eu esperei, meu amor. Porque essa é a diferença enorme entre nós, sabia? Garotinhas como você, agem por impulso, como animais selvagens, sempre querendo atenção, querendo mostrar que é o melhor na frente de todo mundo. Já mulheres, como eu, esperamos pacientemente a vida dar uma volta inteira e parar em nós. Devo dizer que, claro, nós somos mais inteligentes. Eu iria esperar mais. Eu sei que Christian logo logo estaria nas minhas mãos novamente.

— Iria tanto que eu estou grávida - rebateu a morena, sem conseguir se conter.

Os olhos de Elena vibraram e a loira levou as mãos com as unhas grandes pintadas de vermelho ao seu pescoço, apertando com vontade, deixando as unhas arranharem a pele de Ana.

A garota arregalou os olhos, segurando as mãos de Elena, que foi rápida em apontar novamente a arma para sua barriga, o que fez Ana baixar as mãos.

— Você tem que entender que quem manda aqui sou eu, e você só fica calada me escutando - Elena vociferou, a testa quase tocando a sua com a proximidade.

Elena a soltou, voltando a sorrir.

Ana tossiu, a mão na garganta tentando respirar novamente.

— Estava tudo bem no começo - continuou a loura como se contasse uma história - eu deixei Christian brincar de casinha com você e achar que era isso o que ele queria, eu sabia que logo ele cairia na real e voltaria para mim. Como ele sempre faz. Demorou um pouco, eu estava impaciente, devo admitir. Mas aí, eu estava no meu salão e de repente escuto uma conversa sobre o bilionário Christian Grey que terá seu primeiro herdeiro.

Elena balançou a cabeça, a expressão cínica enquanto rodava a arma no indicador novamente e se afastava alguns passos de Ana.

— Ah, Ana, aquilo tirou o pior de mim. Sabe quando o seu sangue ferve e você seria capaz de matar até um padre se ele entrasse no seu caminho?

A loira bateu com o salto irritantemente no chão de madeira.

— Tudo girou de repente e então BAM - Ana se assustou com a dramatização da loira - Jack Hyde apareceu. Eu me lembrei do incidente trágico com o professor que Christian havia me contado. Eu fui atrás dele, o homem estava pior do que mendigo, sem emprego, sem casa, sem nada. Tudo graças ao Christian - Elena riu. -  É o meu garoto!

Ana viu de relance Hyde estalar o pescoço, cruzando os braços com raiva.

A morena sentiu vontade de vomitar.

— Eu dei uma proposta a ele, e uma vingança de brinde. Ele aceitou, claro, não tinha escolha - a loira suspirou. - E aqui estamos nós.

Elena bateu com o revolver na parede, ao lado de Ana, como se para dar ênfase à sua frase, e a morena sentiu com se uma bexiga cheia de ar dentro de sua barriga de repente estourasse.

— Aaaah - Ana gritou, não porque sentiu dor, mas pelo o que aquilo significava.

Elena olhou para baixo e viu o líquido no chão.

A bolsa havia estourado, o bebê estava vindo.

— Huuum, parece que o bastardo está pronto para nascer - comemorou Elena.

Ana encarou a loira com espanto enquanto via o sorriso dela se abrir novamente.

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Notas finais do capítulo

Eu sou muito legal eu olha eu de volta para o meu aconchego depois de algumas horas só dei um sustienho ontem para ver se vcs tavam ligadas pq precisam de atenção para os próximos capítulos, mas maaaaaano, magina ter que lidar com uma ex dessas!! To com pena da Ana :( então cambada Baby Grey está chegando, caralhoooooou!! Grey do céu, alguém acode!!!!!!!



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