Batalhas e Memórias escrita por KLKaulitz


Capítulo 11
Absolvição


Notas iniciais do capítulo

Música do Capítulo de hoje Lost (Within Temptation)



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Horas... dias... Semanas... Não havia um minuto que Helena não parava de pensar em seu bebê. Inconformada cortou os próprios cabelos. O rei ainda a mantinha presa no quarto, mas porém as janelas sempre ficavam abertas. A doença já havia passado. Por sorte ela sobrevivera. Estava pensando nisto, sentada olhando pro espelho pensando porque os Deuses haviam permitido que ela sobrevivesse. Não fazia sentido ter levado uma alma tão pura e jovem como seu filho, se ela teria que sobreviver. Suspirou.

William adentrou do aposento sem bater e a viu. Havia recebido a notícia que a rainha havia cortado o próprio cabelo.

— Por que fez isto? Está louca?

Ela não o respondeu. Ele se sentindo culpado por vê-la daquela forma resolveu tomar uma decisão.

— Eu vou permitir que saia do Palácio para fazer o que quiser, mas tenho uma condição.

Helena se virou o olhando incrédula.

— O que quer de mim William?

Ele se aproximou dela e passou a mão no que sobrou de seus cabelos...

— Quero que me dê um herdeiro

— Você sabe que eu não posso... Giordiano deixou bem claro

— Isto é o que aquele velho diz

— Aquele velho me salvou

— Esta é a minha condição – disse ele virando as costas e indo até a porta – Apareça em meu aposento esta noite... E então continuarei deixando sair. Está livre esta tarde... Mas amanhã depende de você – E então saiu.

Helena olhou suas mãos tremulas. Um filho... Era tudo o que ela mais queria, mas tinha medo de sofrer... O luto ainda se fazia constante. Não conseguia se recuperar. E também sabia que poderia morrer. Bem... Se morresse estaria livre daquele inferno... Mas ela sabia que se sobrevivesse e desse a William o que ele tanto queria talvez ele poderia deixa-la em paz e então estaria livre.

Levantou-se no mesmo impulso e caminhou até a porta. Colocou sua mão direita na maçaneta e a girou. Colocou um pé pro lado de fora e olhou ao seu redor pelo corredor. Não havia ninguém. Olhou a sua frente para a paisagem refletida nas janelas e caminhou adiante até a sacada. O sol queimou lhe o rosto, fechou os olhos absorvendo aquele calor, o vendo soprava forte.

Fazia muito tempo que não saia do quarto, não sabia ao certo quanto tempo. Mas estava ali. Livre. Temporariamente. Ela colocou suas mãos na pilastra e olhou para baixo. Se sentiu tonta. Tinha medo de altura.

Foi então que ela viu como a vida fluía diferente lá em baixo. Os comerciantes, os mendigos, crianças... Sentiu que a vida lá em baixo seguia difícil. Ficou atônita para o que a vida vinha lhe propondo e então teve uma ideia. Fez o que ela tanto queria fazer. Foi até a sala do trono encarar William.

Logo quando as pessoas a viram abaixaram-se reverenciando-a. William ficou chocado, pois já fazia muito tempo que não a via ali. Ela o reverenciou e disse:

— Meu rei, quero que me conceda um desejo e em troca darei o que tanto deseja

— Prossiga – disse William se endireitando no trono.

— Quero que me liberte, deixe me livre..

— Você é livre... Todos estão vendo que está diante de mim como uma mulher livre.

— Você sabe das condições... – disse ela se aproximando dele – você sabe que não é bem o que parece...

— De qualquer forma, prossiga com a oferta e eu pensarei se devo conceder ou não.

— Hoje percebi que existem muitos desafortunados lá foram que precisam de minha ajuda e...

William riu e com ele algumas pessoas também – e você quer fazer caridade agora? – ele debochava

— Eu ainda não terminei – disse ela séria, sem achar graça no que ela disse. Vendo que ela foi ríspida ele se calou.

— é somente o que me pede em troca do que te propus?

— sim!

— Então eu concederei a você

— Agradeço a sua consideração – disse ela gesticulando com a cabeça e virou as costas descendo a escada

— Helena? – ele a chamou

Ela apenas olhou pra trás.

— Não passará de hoje...

Ela entendendo a que ele se referia. Saiu adiante.

Ela passou pelos jardins indo em direção ao grande corredor, ao final dele virou a esquerda e desceu as escadarias seguindo até o grande portão, onde os guardas não queria abrir.

— Ordeno que abram os portões

— Temos ordem do rei William para não deixar que saia

— Deixem a rainha passar – disse Demétrios montado no cavalo atrás da rainha

Imediatamente eles o ouviram e abriram os portões, ele parou com o cavalo ao lado dela e estendeu a mão. Helena o olhou seria.

— Parece que precisará de ajuda minha rainha

Helena o olhou desconfiada, mas resolver aceitar. Deu lhe sua mão e em um só puxão ele conseguiu coloca-la sentada no cavalo.

— Aonde minha rainha quer ir?

— Primeiro quero ver o meu pai

— Como desejar – e então saiu a todo com o cavalo.

Ao avistar que alguém chegava ao portão Sthepan imediatamente ficou do lado de fora. E ao perceber que era sua filha correu até ela, com dificuldade mas conseguiu. Helena pediu para Demétrios parar e desceu do cavalo num só pulo, correndo em direção do seu pai. Ela o abraçou fortemente.

— Meu pai – disse ela abraçada a ele

— Minha filha está viva – ele deu um passo pra trás para poder vê-la melhor – é você mesmo? Está tão diferente...

— Sou eu sim papai, é que resolvi mudar a aparência um pouco

— Porque não veio me ver mais vezes?

— Oh papai desculpe, mas é melhor conversarmos disso lá dentro.

— Sim, sim é claro – ele olhou para Demétrios que a olhava atentamente – vejo que está acompanhada, mas entre. Vamos.

Helena olhou para trás e viu Demétrios sentado no cavalo. Ele fez positivo com a cabeça e ela segurou o braço de seu pai entrando em seguida.

Lá dentro eles se sentaram na pequena sala. Sthepan sentou na poltrona e se acomodou. Helena sentou em um pequeno sofá que havia.

— Conte me tudo Helena e não me esconda nada.

— Não quero que se preocupe comigo

— Você é minha única filha e prometi a sua mãe cuidar de você, como não vou me preocupar?

— Onde está Leonel? Não o vi por aqui ainda

— Ele está cuidando de um assunto importante pra mim – ele disfarçou

— Assunto importante?

— Nada que tenha que se preocupar, são só alguns negócios novos.

— Ah sim

— Mas me diga, porque aquele covarde não veio com você.

— William e eu não estamos bem papai – disse ela olhando suas mãos que estavam apoiadas em seu colo

— Sinto muito pela criança, fiquei sabendo que foram assassinados

— Eu não sei mais em quem acreditar, não consigo me conformar, quem faria uma coisa dessas papai? – disse ela em lagrimas.

Ele se levantou e sentou ao lado dela. Pegou a sua mão e a apertou.

— Me perdoe por não ter dado todo o apoio de que precisava, mas eu não pude. William me barrou, disse que estava doente.

— Eu fiquei doente, mas acredito que fiquei doente porque ele me manteve por vários dias sem comer. Trancada naquele quarto como um animal, enquanto ele comia e bebia e se divertia com suas amantes.

— Tão cedo?

— sim, Lana antes de morrer havia me confirmado.

— E Sephora?

— O que tem ela?

— Ela tem te importunado?

— Não a vejo tem vários meses.

— E como você está?

— Estou me recuperando, mas sinto que logo irei melhorar – ela segurou na mão dos dois que estavam juntas – William quer um herdeiro e eu quero minha liberdade, nós fizemos um acordo

— Que acordo? Não vai me dizer que você comentou esta besteira... – ele olhou incrédulo – Você está fraca ainda, William não percebe isto?

— Ele pouco se importa comigo, parece até um outro homem. A verdade é que não sei com quem me casei.

— Eu me sinto responsável por isto

— O Senhor não tem culpa papai

— Claro que tenho, se tivesse me aberto mais com você, deixado conhecer melhor o mundo não seria tão boba.

— Eu não sou boba, mas não se preocupe, vai ficar tudo bem – ela beijou-lhe a testa – Agora preciso ir

— Fique mais, você acabou de chegar.

— Preciso ir, preciso aproveitar que estou livre, há tanta coisa a se fazer.

— Então vá minha filha, não quero que fique presa a este velho

— O senhor não é velho papai, prometo voltar mais vezes.

Ele a acompanhou até a porta.

— Direi a Leonel que você esteve aqui

— Mande abraços a ele, sinto saudade.

— Pena que William o ameaçou caso a visse novamente

— O que?! William o ameaçou?

— Você não sabia que William veio aqui?

— Não!

— Eles rolaram no chão aqui na porta mesmo

— O senhor está brincando...

— Digo a verdade e ainda falo mais... seu marido é um desequilibrado, tome cuidado minha filha – disse ele pegando as duas mãos dela e beijando

— Prometo ter meu pai – E então ela se foi.

Demétrios assim que a viu, pegou o cavalo e começou a acompanhar a pé.

— Não precisa me acompanhar

— Estamos em tempos difíceis minha rainha, não podemos facilitar

— Não estou em perigo aqui, foi William que pediu para me vigiar?

— Vejo que a senhora é muito esperta

— Enganasse se acreditou que fosse tola de acreditar que meu marido fosse deixar eu partir livremente. Conheço William.

— Aonde minha rainha quer ir?

— Quero começar pelo mercado.

Helena foi até o mercado e comprou várias coisas, desde frutas até remédios e ataduras. Ela sabia o que tinha que fazer e começou pelos mendigos. Deu a todos de comer e beber e cuidando de cada um que pode. Demétrios a seguia para todo o lado.

— Preciso que chame o doutor Giordiano.

— Tenho ordens para não deixa-la sozinha

— Eu não vou a lugar nenhum

— Mesmo assim, é perigoso com toda esta gente.

— Esta gente é meu povo e eles não me farão mal, agora vá antes que diga a William que me aborreceu.

Ele hesitou mas percebendo que ela poderia ter razão, foi atrás do médico. Helena estava na casa de um homem enfermo cujo nome era João. Ele aparentava ter os mesmos sintomas que ela. Estava suando frio e delirando.

Assim que o doutor a viu sorriu para ela.

— Minha rainha, é um prazer tê-la aqui conosco.

— É um prazer todo meu, mas agora preciso que ajude este homem da mesma forma que fez comigo. – Ela lhe entregou cinco moedas em ouro – quero que cuide dele, o que precisar me avise.

— será uma honra poder servir a minha senhora mais uma vez.

Ela sorriu e saiu daquele lugar. Estava exausta. Nem percebeu que já havia escurecido. Demétrios mais uma vez caminhou com ela até o palácio. Ela estava sorrindo pensado que foi a melhor ideia que ela já teve. Nem reparou o tempo passar e se sentia útil. Demétrios se despediu dela no portão. Ela cumprimentou a todos que cruzaram o seu caminho até que mãos geladas a agarrou e a levou para um quartinho escuro de guardar grãos.


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