Bem Vindo a Castelo Bruxo escrita por Leo Fi


Capítulo 18
Felipe




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Felipe estava tão ansioso, que acordou meia hora mais cedo naquela manhã do dia primeiro de março. Já estava de banho tomado, dentes escovados e separava a roupa para ir quando sua avó apareceu à porta de seu quarto.

— Alguém acordou com formiga na cama.

Disse uma sonolenta Dona Odete, sorrindo.

— Boa dia vó! Eu só tô olhando as coisas pra saber se não esqueci nada.

— Bom dia e não se preocupe meu neto, se esquecer alguma coisa é só me enviar uma carta, como Vanessa explicou, que eu mando o que precisa pra você.

— Sim sim, mamãe já chegou? Ela vai mesmo com a gente?

A mãe de Felipe vinha visitando ele muitas vezes desde que Vanessa apareceu lhe informando de que era um bruxo e tinha insistindo de que queria levar Felipe até o transporte para a escola nova. Felipe até achava justo ela querer participar de sua vida, já que era sua mãe, mas não podia deixar de se sentir chateado por isso, já que ela nunca dava muita atenção a ele até descobrir que seu filho tinha poderes mágicos. Mas de qualquer forma era uma ajuda a mais pois sua avó iria de qualquer maneira e Felipe ficaria mais aliviado dela voltar acompanhada.

Sua avó era outra preocupação constante na mente de Lipe ultimamente. Desde que se entendia por gente Felipe morava com Dona Odete e quando fosse pra escola, seria a primeira vez que deixaria sua avó sozinha em casa. Dona Odete era uma senhora bem ativa e tinha boa saúde, porém não enxergava direito e se cansava com facilidade. Mas poucos dias antes sua mãe informou que iria passar a dormir ali até que ele voltasse, mas isso não o tranquilizou. Pois sabia que mesmo que a relação entre elas tivesse melhorado bastante, eram duas mulheres de temperamento forte e Felipe ainda lembrava das discussões entre as duas quando era mais novo.

— Vai sim, ela vai nos esperar na porta do salão daqui a uma hora, então se arrume que vou tomar meu banho e me arrumar.

Felipe que já estava de bermuda, tratou de vestir a camisa e calçar seu tênis novo. O uniforme verde da escola estava dobrado na mochila que levaria na mão e o malão com seus pertences e materiais já estavam presos com extensores no carrinho de puxar que sua mãe havia comprado pra ele. Apesar da surpresa de ser presenteado pela mãe - coisa rara - o carrinho era bem útil, já que seria complicado carregar aquele trambolho Morro abaixo e até o Centro da Cidade de ônibus. Felipe se perguntava o que os vizinhos iriam pensar dele levando o malão, já que era assunto entre as fofoqueiras da rua de que iria ficar o ano todo morando com uns parentes do avô no Espírito Santo, pelo menos era a história que ele, sua mãe e sua avó combinaram de contar pra todos. Só era chato ter que mentir para seu melhor amigo de infância, Gabizinho, mas depois de muito pensar, achou que seria realmente difícil fazer seu amigo acreditar naquela história maluca, até pra ele era difícil acreditar e faltava poucas horas para ir para a escola de magia.

Felipe saiu do quarto levando a mochila e o malão preso ao carrinho e levou para a sala. Depois que sua avó terminou de se arrumar tomaram o café da manhã e foram encontrar a mãe. Pegaram o ônibus no ponto lá embaixo e seguiram para a Gamboa no cais do porto.

Depois que saltaram do ônibus andaram uma pedaço até chegar próximo ao Armazém 7. Vanessa havia informado Felipe de como deveria prosseguir para entrar no Armazém Guanabara. Bastava andar rente ao Armazém 7 dando sete batidinhas na parede que o prédio se revelaria para eles e assim Felipe sua mãe e sua avó fizeram. A surpresa foi geral para os três, pois no lugar do prédio pichado e sujo deu lugar a um grande Armazém com paredes pintadas de um amarelo vivo com detalhes verdes e um enorme brasão da uma âncora ladeada por duas varinhas. Um das portas do armazém estavam abertas e os três entraram se deparando com um espaço amplo lotado de pessoas, alguns parecendo da idade de Lipe. Em locais estratégicos, várias lojas de souvenires e lanches estavam espalhados. Um balcão de informações estava mais ou menos ao centro do balcão.

Lipe se dirigiu para lá para saber onde ficava o guichê de bilhetes quando ouviu uma voz de menina o chamando. Ao se virar se deparou com Letícia vindo em sua direção. A menina parecia bem contente, diferente da vez que a conheceu e diferente da última vez, estava acompanhada de uma mulher muito parecida com Letícia, pele morena e cabelo escorrido liso preso num rabo de cavalo. Letícia tinha o cabelo solto e parecia cortado recentemente num estilo meio chanel que ia até o ombro.

— Não é incrível? Disse a menina agitada.

— Bem á vista de todos e ninguém desconfia que esse lugar existe! Quer?

Disse oferecendo uma caixa que parecia conter feijões de várias cores.

— Feijõezinhos de Todos os Sabores! A moça da loja disse que são todos os sabores mesmo! Eu peguei um que tinha gosto de terra molhada!

— Esse lugar é incrível mesmo! Sabe onde fica o bilheteiro? Nossas passagens tem que ser carimbadas antes de irmos né? Disse pegando um feijãozinho distraído e colocando na boca quase engasgando.

— Eca! Parece cera de ouvido!

— Ha ha! Sim eu também peguei um desse. O guichê fica pra lá estávamos indo quando vi você! Disse apontando uma aglomeração próximo a uma fila. Felipe e sua família e Letícia e sua mãe seguiram para lá.

Felipe reparou que a mãe de Letícia era infinitamente mais simpática que o pai, pois cumprimentou Dona Odete e Teresa de forma educada e conversavam enquanto caminhavam. Chegaram até a uma das filas, quando se depararam com a mãe de Bernardo parada ali perto segurando um tanto de sacolas de papel e com o malão e bolsas que Felipe deduziu ser de Bernardo, aos pés. Em cima do malão tinha uma caixinha de transportar animais com a portinhola aberta.

— Oi Dona Ana! Onde está o Bernardo? Perguntou, Letícia.

— Oi minha querida ele está ali na fila. Disse apontando para o menino segurando um gato peludo e cinza rajado de preto. Bernardo acenava para eles irem até ali.

— Dona Odete boa tarde! Disse sorrindo ao reconhecer a avó de Felipe. Enquanto as mulheres se cumprimentavam Felipe e Letícia foram até Bernardo.

— Não sabia que você tinha um gato! Disse Letícia tentando acariciar a cabeça do bichano

— Qual o nome dele? Ou dela?

— É ele e o nome é Boba Fet. Respondeu Bernardo apertando o gato mais pra si.

— Ele não tenta fugir do seu colo? Perguntou Lipe.

— Nã… Ele tava mais nervoso na caixa. Respondeu.

— Então o que estão achando de tudo isso? Pelo que eu andei perguntando, cruzaremos o país de barco através dos rios.

— Lembro de Vanessa ter dito algo, mas existe tanto rio assim pelo país? E tipo como que as outras crianças de fora do Rio de Janeiro vão?

— Magia, talvez? Disse Letícia rindo.

— Ha ha! Sim, bizarro! Aliás falando em magia o que vocês acham que vamos aprender? Eu vi que teremos Trato de Criaturas Mágicas, não seria da hora treinar um dragão?

— Nossa isso seria assustador! Respondeu Letícia.

— Não sei, parece legal, mas acho que não aprenderemos sobre dragões no primeiro ano, não é? Ponderou, Felipe.

— Ah talvez mas tô doido pra conhecer criaturas mágicas, eu comprei esse livro Animais Fantásticos e Onde Habitam, caaara é muito da hora e tem alguns realmente assustadores. Aranhas gigantes!

— Ai ai! Espero que não existam baratas gigantes, eu iria morrer! Disse Letícia fazendo os garotos rirem.

Chegaram ao Guichê e a moça verificou os bilhetes os carimbando. Depois informou que teriam que apresentar o bilhete carimbado no barco.

As crianças saíram da fila e voltaram onde estavam os adultos.

— Meu filho guarda o Boba, já está quase na hora e não sabemos como vai ser o embarque.

Bernardo mal guardou o gato na caixa e uma voz que ecoou por todo o armazém informou.

— ATENÇÃO, ALUNOS DE CASTELOBRUXO, DIRIJAM-SE PARA A ÁREA DE EMBARQUE. NÓS DA MAGINÁUTICA DESEJAMOS UMA BOA VIAGEM!

A aglomeração de alunos e familiares, foi se dirigindo para uma grande porta de correr dupla e saíram no lado de fora para um dia ensolarado onde atracado tinha uma caravela de madeira amarelada, com velas verdes e em cima do mastro principal uma bandeira com o brasão de Castelobruxo balançava ao vento e funcionários gritavam instruções guiando os alunos para o barco.

Depois de se despedirem de seus familiares Felipe, Letícia e Bernardo seguiram com suas bagagens pela prancha de embarque. Felipe e Letícia ajudaram Bernardo pois este carregava além do malão e da caixa do gato também sacolas de lojas de doces mágicos. Lá em cima funcionários verificavam os bilhetes e indicavam qual cabine ficariam. Para o contentamento dos garotos, Felipe e Bernardo ficaram com uma cabine para sí, mas Letícia ficaria no mesmo corredor que eles então se dirigiram para lá.

O interior da caravela parecia muito maior por dentro do quê por fora mas não tiveram dificuldade de achar o andar do primeiro Ano onde um grande corredor se estendia com várias portas numeradas por plaquinhas de bronze. Pelo que parecia o lado esquerdo ficavam as cabines das meninas e o direito às dos meninos. Os três seguiram até a porta da cabine dos garotos  e esta se abriu ao menor toque, mostrando um ambiente espaçoso onde de cada lado ficava pendurada uma rede de deitar, um armário de bagagem e na parede imediatamente à frente da porta uma janela circular que mostrava o Armazém lá fora. Felipe tentou abriu a janela mas não tinha como.

— Bom meninos, vou pra minha cabine.

— Onde fica a sua? Perguntou Bernardo.

— É essa aqui em frente. Disse Letícia apontando logo atrás de si pra porta do outro lado do corredor.

— Ah que legal somos vizinhos. Disse Felipe sorrindo.

— Mas gente quanto tempo será que leva a viagem? Olha essas redes! Indagou, Bernardo.

— Não sei, mas acho que não deve demorar se não como fica o período letivo? Disse Felipe ponderando.

— Bom não sei, mas carregar esse malão me cansou, vou me acomodar e ainda não sei quem vai ser minha colega de cabine.

— Depois volta, comprei doces demais até pra mim. Disse Bernardo.

— Haha pode deixar eu comprei alguns também.

Letícia encostou a porta deixando os garotos sozinhos e entrou em sua cabine.


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