À Procura de Adeline Legrand escrita por Biax


Capítulo 26
Intimidade


Notas iniciais do capítulo

Olááá! Hoje é dia de quê???

Ver Nathaniel e Lolo assistindo Titanic! o/

Boa leitura!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/760597/chapter/26

Disfarçadamente, observei Nathaniel assim que Jack e Rose foram para a sala. Eu sabia o que aconteceria a seguir, já tinha visto esse filme pelo menos umas vinte vezes. Vi o rosto do psicólogo corar quando Rose tirou seu roupão, e intensificar ainda mais quando Jack começou a desenhá-la.

Era fofo de certa forma.

Ele desviou o olhar algumas vezes, principalmente quando os seios da personagem ficavam à mostra, e eu me perguntei se ele alguma vez já tinha visto peitos em sua frente.

Eu queria tanto saber... mas seria tão rude perguntar uma coisa dessas...

Nathaniel me olhou de repente, com os olhos levemente arregalados, como se estivesse envergonhado por mim. — Você não... se incomoda?

— Com o quê?

— Com isso. — Apontou para a tevê.

— Com a cena de nudez?

— Sim.

— Não, por que incomodaria?

— Bom... porque... Acho que é óbvio.

Dei risada. — Uma das diferenças que temos é essa. A nudez não é mais tão censurada como era antes. É um pouco sim, mas não tanto... E você? Te incomoda?

Ele voltou a olhar para a tela. — Eu... não sei, acho que sim.

— Por quê?

— Por quê? Ora... é óbvio. É algo muito íntimo... Pelo menos eu acho.

Eu não vou aguentar...!  — Posso te fazer uma pergunta... intima?

— Ah... — Me olhou de novo, surpreso. — Pode.

— Você já... viu uma mulher nua?

— J-já, por quê?

— Por nada, só fiquei me perguntando, já que você ficou com vergonha pela cena do filme.

Desviou o olhar. — Eu não esperava por aquilo... e também como disse, acho muito íntimo.

— Hm... Ok.

Mais algumas cenas passaram, e agora Jack e Rose foram se pegar dentro do carro.

— Por acaso... é comum...? — Nathaniel perguntou sem me olhar.

— Casais transarem ser ter compromisso? Sim, é.

Ele ficou surpreso. — Não existe mais o costume de se casar?

— Bom, mais ou menos. Hoje em dia é mais comum você conhecer a pessoa em todos os sentidos antes de decidir se casar com ela. As chances do casamento dar errado por diferenças entre o casal são menores. Mas claro que há quem case antes de mais nada.

— Você tinha dito que ia se casar com seu ex-noivo... Vocês... Não, esquece, eu não devia perguntar uma coisa dessas. — Negou com a cabeça, ficando vermelho de novo.

Acabei sorrindo. — Eu te fiz uma pergunta pessoal, você tem o direito de devolvê-la. Mas eu te respondo. Sim, nós fazíamos. Como eu disse, o costume é conhecer bem a pessoa antes de ter um compromisso tão sério. E ainda bem que hoje em dia é assim, ou eu seria casada com um traidor.

— Entendo... Engraçado como o costume era das moças terem que casar virgens, mas os homens, não.

— Eu não diria engraçado, mas sim horrível e injusto. Era normal se o homem quisesse dormir com outras mulheres, mesmo depois de casado. O casamento em si é para duas pessoas serem exclusivamente uma da outra, eu não consigo entender essa... coisa que tinham antigamente. Não que não tenha hoje em dia...

— Eu... também acho injusto. Se eu fosse casado, com certeza me dedicaria somente a minha esposa.

— E por que você ainda não é casado? Quer dizer, é comum se casar jovem, certo?

— Sim. Eu sempre fui mais ligado aos estudos e trabalho... Tenho a impressão de que seria tedioso se casar comigo. E além do mais, não encontrei a pessoa certa.

— Não que eu esteja dizendo que você está preocupado com isso, mas... As coisas acontecem quando precisam acontecer. Uma hora a pessoa certa aparecerá.

Nathaniel sorriu ao me olhar. — Digo o mesmo para você.

Sorri e afirmei. — Você já se apaixonou alguma vez?

Ele pareceu pensar uns segundos. — Já, duas vezes. Uma vez na escola, quando eu tinha quinze anos... E na outra, na época da faculdade. Era uma moça que trabalhava em uma padaria perto da casa dos meus pais... — disse nostálgico. — Eu tinha a impressão de que ela sempre tentava ficar livre quando eu aparecia, só para poder me atender.

— E o que aconteceu?

— Nada. Eu me mudei pouco tempo depois. Eu nem consegui perguntar o nome dela. — Me olhou. — E você?

— Eu me apaixonei umas... cinco vezes a minha vida toda. Duas vezes na escola, uma na faculdade, e outras duas na vida. A última foi por aquele traste que você socou, apesar que eu já não gostava mais dele tanto quanto no início. Até que foi bom ter acabado com aquilo.

— E você chegou a ter alguma relação com esses rapazes que se apaixonou antes?

— Sim, um da escola, outro da faculdade e o Michel. Obviamente nenhum deu certo.

— Entendo... Relações são complicadas, aparentemente.

— Tudo depende das pessoas. Se você encontra alguém que pense como você, não é complicado, desde que haja confiança, amor e respeito entre os dois.

— Concordo.

Trocamos um olhar rápido antes de voltarmos nossa atenção ao filme. As cenas foram passando, o navio colidiu com o iceberg, o desespero começou e ele afundou.

— Malditos ninjas cortadores de cebolas — comentei fungando, vendo Rose falando com um Jack congelado.

— Por que ela insiste? Não vê que ele não responde? — Nathaniel concluiu com o cenho franzido.

— Acho que ela não quer aceitar que ele morreu.

— Ele caberia na porta. — Cruzou os braços.

— É o que todo mundo diz! — Dei risada e ele sorriu com a minha reação.

Pouco tempo depois, o filme acabou e eu me espreguicei.

— Pronto, agora você sabe de onde vem a maioria das coisas que eu falo.

— Sim, como o que você disse “pinte-me como uma de suas francesas”.

— Exatamente, está esperto — brinquei e levantei.

— O que vai fazer?

— Hm... — Olhei o horário na televisão. — Vou começar a fazer o almoço. — Fui para a cozinha.

— Quer ajuda? — Me seguiu.

— E você sabe cozinhar? — Dei uma olhada rápida para ele enquanto abria a geladeira.

— Sei o suficiente para não morrer de fome.

Sorri. — Bom, vamos ver. — Peguei o leite e manteiga, deixei na pia junto de farinha, noz moscada, sal e pimenta. — Sabe fazer molho bechamel?

— Sei.

Coloquei uma panela no fogão e peguei um fouet. Taquei uma colher de manteiga na panela e liguei o fogo. Dei o fouet ao loiro, coloquei algumas colheres de farinha de trigo na manteiga já derretida e pedi para ele mexer. Enquanto isso, esquentei o leite no micro-ondas, e no ponto certo, fui acrescentando o liquido na panela conforme ele mexia. Depois que todo o leite foi colocado, temperei e deixamos ferver.

Coloquei as fatias de pão em uma forma, e passei um pouco do molho por cima. Coloquei fatias de queijo emmental e presunto de Parma. Fechei com as outras fatias de pão, mais queijo e bastante molho.

A forma foi para o forno e marquei dez minutos no cronômetro. Aproveitei e coloquei o player aleatório do notebook para tocar. Começou a tocar “Baby One More Time”, da Britney Spears.

Nathaniel estranhou aquele som e eu ri. Segurei suas mãos e as levantei.

— É isso que se escuta hoje em dia. — Comecei a dançar, o puxando junto.

Não era exatamente aquilo, a música era de 1998. Mas tudo bem, ele não saberia sobre o meu gosto por pop “velho”.

— Que música estranha. É muito...

— Animada?

— É, eu acho — falou incerto e eu ri mais.

— Você está acostumado a música clássica, pianos, violinos... Give me a sign. Hit me baby one more time! — cantei, fazendo graça para ele rir.

— Acho que seria difícil eu me acostumar com as suas músicas.

— Provavelmente. Vamos ver o que eu tenho para você... — O soltei e fui olhar a lista de músicas, mas antes que eu chegasse perto, começou uma música mais leve.

— Essa parece melhor.

Kiss me out of the bearded barley, nightly, beside the green, green grass — cantei, voltando a ficar de frente a ele. Eu adorava aquela música.

Segurei seu pescoço, balançando o corpo para os lados de uma forma exagerada, e ele ficou sem saber o que fazer. Então, apenas peguei suas mãos e as coloquei em minha cintura, e continuei a dança estranha.

— É realmente assim que se dança esse tipo de música? — Ele perguntou.

Eu ri. — Não, mas também não tem um jeito exclusivo de dançar. Você dança como quiser. Oh, kiss me beneath the milky twilight, lead me out on the moonlit floor. Lift you open hand, strike up the band, and make the fireflies dance silver moon’s sparkling. So kiss me…

Nathaniel contentou-se em balançar o corpo levemente para os lados, se divertindo com a minha palhaçada. Sorri com aquilo, e percebi que eu estava me acostumando mal. Eu já o considerava próximo, e o que eu faria quando fosse a hora de dizer adeus? Eu não o veria de novo, não a menos que eu resolvesse voltar. Ainda assim, eu estaria praticamente me enganando.

— O que foi? — Ele questionou, já que eu parei de dançar sem perceber.

— Nada. — Tentei disfarçar.

— Heloise — censurou. — Eu sei que não foi nada.

— Eu... só estava pensando em como vai ser quando eu precisar voltar definitivamente e deixar você lá — admiti, um tanto desanimada.

Ele analisou meu rosto e afagou minha cintura. — Por que não deixamos isso para depois? Ainda não temos muito o que fazer? — Tentou me animar.

É, ele tem razão, por que eu estou me preocupando com isso agora?

— Sim, temos. — Me animei. — E agora nós temos que almoçar.

E no mesmo segundo, o alarme do cronômetro tocou.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Ohhh meudeuso :3

Eu sei, gente, eu também queria muito que rolasse um beijo, mas as coisas precisam acontecer do jeito certo huahsuahs

O que acharam da reação do Nathaniel com o filme? Fofo? Estranho? Esperavam mais? Conta ai.

Eu estava loucamente atrás de um ser humano que parecesse o Nathaniel, mas não achei nenhum que atendesse as minhas expectativas. Aí eu resolvi desenhá-lo.

https://br.pinterest.com/biahmastrocollo/%C3%A0-procura-de-adeline-legrand/

Me digam o que acharam, e caso saibam de um homem que seja semelhante ao desenho, me digam também. A esperança é a última que morre kkk

Bom, no próximo capítulo iremos para a casa do Castiel!

Nos vemos quarta o/



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "À Procura de Adeline Legrand" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.