Brincadeiras, Erros Mortais escrita por 2Dobbys


Capítulo 16
Capítulo 15


Notas iniciais do capítulo

Alô, fiéis leitores! ^^ Os dedos entraram em greve? Recebi tãããão poucos reviews do último cap... *snif snif* Mas enfim! Ainda há quem leia e comente, portanto este capítulo é para eles. Aqui vai-se responder a algumas questões que ficaram sem resposta no capítulo anterior...
Espero que gostem!



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XV

"Por favor… não me odeies quando souberes a verdade…"

Não… não era possível! Era…?

'- Olá, pai…'

Harry não conseguia deixar de pensar no que ela lhe dissera naquela madrugada. Estava em completo estado de choque. Como…? Ele pura e simplesmente não conseguia articular uma única palavra. Dumbledore parecia que estava como ele, já que não se pronunciava.

Line estava com a cara marcada das lágrimas. Parecia tremendamente aliviada de um fardo pesadíssimo que carregara durante anos a fio. Aguentar um segredo como aquele… Merlin!

Voldemort estava com ar cada vez mais estupidificado.

- Como…? – balbuciava ele. Harry riria da sua figura se não estivesse tão preocupado, chocado e… nem ele sabia como é que estava ou não estava!

Line riu alegremente, com mais lágrimas a caírem – Acho que temos de ter uma loooonga conversa…

Voldemort estava sem fala. Ainda a olhava com toda a sua atenção centrada nela. Nada mais via. Para além de chocado parecia levemente… maravilhado?

- Creio que podemos ir até ao meu escritório… - propôs Dumbledore mal arranjou voz.

- Acho que é melhor irmos para a Sala Precisa…

Todos olharam para Harry, surpresos. Merlin, nem ele próprio reconhecia aquela voz que saíra da sua garganta. Tão… isenta de emoção, tal qual como um robô, mas com voz humanizada. Ele ainda não saíra do choque.

Line olhava-o preocupada e com ar culpado. Como é que lhe poderia explicar que sempre lhe quisera contar? Por Merlin, ela nunca quisera ocultar-lhe nada!

Todos seguiram o moreno pelos corredores fora. Entraram pelas passagens secretas para não darem de caras com as agulhas, chegando rapidamente à Sala. Harry andou por ali três vezes a pensar num local onde pudessem conversar… de certa maneira.

Quando uma porta apareceu na parede, ele foi o primeiro a entrar. Todos ficaram ligeiramente surpresos com o aspecto da divisão. Paredes negras, chão negro, uma mesa redonda de ébano rodeada por quatro cadeiras do mesmo material. Uma luminosa e inquieta esfera branca era a única coisa que quebrava o aspecto mórbido da cena, flutuando no ar, ao centro da mesa. Todos se dirigiram aos seus lugares. Ficaram surpreendidos ao notarem que as cadeiras eram muito mais confortáveis do que à primeira vista pareciam, parecendo que estavam em poltronas fofas e não em cadeiras de madeira dura.

Durante momentos, ninguém falou. Até Dumbledore quebrar o silêncio.

- Bem, menina Nelini, creio que todos nós gostaríamos de… entender… a estranha situação em que nos encontramos. Que eu saiba, aqui o Tom nunca teve nenhum relacionamento… e muito menos uma filha, deixa-me que te diga. Ele sempre abominou esse tipo de coisa…

- Cala-te, Dumbledore! – vociferou Voldemort – Deixa-a falar… eu preciso de preencher algumas lacunas da minha memória…

- Lacunas…? – perguntou Albus, surpreso.

- Caramba, deixem-na falar! – rugiu Harry. Ele estava muito mais nervoso do que aparentava. Isto poderia mudar tudo…

Line estava pálida – Eu… em primeiro lugar: como quer que lhe chame? – perguntou ela timidamente ao se dirigir a Riddle, que fora apanhado de surpresa.

- Hum… primeiro, e antes de mais nada… quero que nos contes o que se passou na tua infância…

Ela acenou imediatamente com a cabeça, parecendo-se extremamente com Neville quando ficava nervoso – Bem… eu nasci há 19 anos, em Portugal, num vilarejo escondido do mundo bruxo. O local onde eu e a minha mãe nos encontrávamos estava fortemente protegido devido aos feitiços que… o meu pai… colocara.

"A minha mãe chamava-se Lynnea Nelini, e não se lembrava onde nascera, pois toda a sua vida tinha mudado de sítio, de país em país, de cultura em cultura. Ela conseguia fazer magia, embora nunca o tivesse demonstrado a ninguém depois de o ter feito uma única vez e de ter sido expulsa do local onde vivia no momento. Mas um dia… - olhou directamente para Voldemort – Encontrou numa floresta o mais belo rapaz que jamais vira. Isto segundo a sua discrição… era moreno, alto, e tinha uns olhos escuros que a enfeitiçavam. Ela sabia que encontrara alguém como ela, com o mesmo tipo de 'poderes', e estava fascinada. Ela apercebeu-se de que ele era perigoso, mas que tinha um lado bom e sensível escondido algures na sua alma, trancado desde sempre.

Ela aproximou-se dele… e, aos poucos, foi destrancando o cofre-forte que era o seu coração… e apaixonaram-se.

Ao longo do tempo, ele foi-lhe ensinando como controlar a magia que ela tinha desde sempre, ajudando-a sempre que podia.

Um dia, ele chegou a casa muito mal, com o rosto ligeiramente diferente; lembro-me de ela me contar o pormenor dos olhos avermelhados. Foi aí que ele lhe contou tudo acerca da sua vida, o que sofrera, o que fizera os outros sofrer… mas ela não se importava. Ela amava-o! Tudo o que ele tinha feito antes não importava desde que ela estivesse com ele e a receber o seu amor. Mas… para ele, isso não bastava."

Todos na mesa a ouviam com toda a atenção. Dumbledore estava sem expressão. Harry estava com a boca ligeiramente aberta e os olhos esbugalhados, não acreditando no que ouvia. Riddle… esse parecia começar a encaixar algumas peças no quebra-cabeças que era a sua mente. Sim… ele estava a lembrar-se… ele lembrava-se desse dia… tinha acabado de se revoltar contra Dumbledore publicamente… tinha estado irritadíssimo… sim, alguém o acalmara… mas seria mesmo a tal mãe da rapariga?

Line observava-o a olhar a mesa sem a observar de facto, com o olhar perdido em recordações escondidas. Continuou.

- O meu pai dissera-lhe então que ela nunca deveria confiar nele, para sua própria segurança. Quando ela lhe perguntou porquê, ele explicara-lhe que devido a erros que cometera no passado, o seu lado negro estava a ficar cada vez mais forte a cada dia que passava, que um dia seria mais forte do que ele conseguiria aguentar reter.

"Assim, quando engravidou, e embora lhe custasse, a minha mãe não lhe contou. Ela sabia que se o fizesse me estaria a pôr em perigo. Sempre que ele chegava, ela fazia sempre um feitiço para esconder a barriga que crescia a olhos vistos. Ele estava algures pelo resto da Europa quando ela me teve. Conseguiu arranjar um Manto da Invisibilidade para me esconder. Durante três anos, sempre que o meu pai vinha ter com ela, ela dizia-me para me manter debaixo do manto e sem fazer barulho, que um dia me explicaria porque o tinha de fazer. Conseguiu pôr-me um feitiço para que o meu crescimento parasse aos três anos, para que continuasse obediente e sem questionar demasiado as suas escolhas. Sim, porque ela via o meu interesse e curiosidade em saber quem era aquele homem bonito e de certa maneira intimidador que eu via constantemente, e tinha medo que eu me mostrasse.

Mas ainda antes disso, quando eu tinha um ano, foi feita uma profecia… essa profecia fez com que ele ficasse mais nervoso do que o normal, segundo a minha mãe…"

Dumbledore acenava levemente, finalmente dando sinais de vida – A profecia da Sybil Trelawney…

Line continuou - Dois anos depois, num dia em que chovia torrencialmente, ele voltou a casa… mas estava estranhíssimo. As suas feições estavam completamente modificadas, as suas íris estavam vermelhas e as pupilas eram fendas negras em fundo escarlate. Ainda se notava que era a mesma pessoa, mas pouco faltava para que a transformação fosse completa. Mais uma vez, eu escondi-me debaixo do Manto, mas aproximei-me o máximo que podia para ouvir a conversa que decorria à chuva. Acho que ele ia matar alguém… a minha mãe passava a vida a perguntar-lhe como é que ele conseguia fazer algo tão brutal… mas eu penso: ela sabia que ele tinha matado pessoas antes, e não se importava. Mas desta vez, ela ficou indignada. Desta vez, não era uma pessoa qualquer… provavelmente… para ela reagir assim… nem sequer deveria ser um adulto.

Todos viraram as suas atenções para Harry, exceptuando Voldemort, que continuava perdido a tentar encaixar os factos. O moreno estava branco. Se não fosse o brilho vivo dos olhos verdes, poderia passar por estátua ou cadáver sentado com eles à mesa.

- Ele… ia matar-me… - balbuciou ele com voz fraca.

Line acenou levemente, olhando para o tampo da mesa.

- Eles tiveram uma discussão… ela queria impedi-lo de o fazer. Eu vi a maneira como ele a olhava… pareceu-me ver um pouco do vermelho a escurecer, voltando levemente e por breves momentos aos olhos negros… a sua expressão suavizou-se um pouco, deixando transparecer um certo carinho… - dizia ela com o olhar desfocado, perdido em lembranças. – Ela deixou-me parada no tempo por um ano, até achar seguro deixar-me crescer normalmente. Quando o fez, passou a ensinar-me a controlar o meu lado negro da melhor maneira que pudesse. Ela temia que o mesmo acontecesse comigo.

Voldemort teve um choque ao relembrar totalmente uma parte de uma discussão que ainda não tinha imagem na sua mente.

"- Tom, por favor, e se fosse um filho teu? Também o matarias pelo poder?"

"- Lynnea… não entendes… essa criança irá destruir-me! É isso que queres? Queres que eu desapareça?"

"É claro que não! Como podes perguntar semelhante coisa, se…?"

Silêncio. Ela calara-se. Sim, era uma 'ela' que falava com ele… se o quê? Ele tinha a certeza de que ela se calara… seria um "se tens também uma criança tua"?

Dumbledore interrompeu os seus pensamentos – Então é por isso que conhecia o teu olhar… é igualzinho ao do teu pai há uns bons anos atrás…

Line corou. Voldemort decidiu-se a falar.

- Vamos supor que eu sou teu… pai. – finalizou com um tom amargo. Ele odiava essa palavra. Só lhe trazia más recordações. – Como é que eu sabia o teu nome se nunca te tinha visto?

Line sorriu – A minha mãe disse-me que um dia tu… o meu pai… lhe dissera que gostava do nome Line, por ser parecido ao dela… por essa razão é que ela me pôs esse nome. Fiquei com Nelini como apelido por razões óbvias…

- Mas… como é que eu te reconheci? Nem me lembro de ter conhecido nenhuma Lynnea…

Line mexeu-se de maneira a retirar uma fotografia muggle do bolso interior do manto, pondo-a em cima do tampo da mesa… todos ficaram abismados. Line era tal e qual a mãe dela, mas os cabelos eram negros em vez de castanhos claros… tal como os olhos. Tanto os olhos como a cor do cabelo eram do pai. – Por isto… algures na tua mente ainda te deves lembrar dela… e reconheceste-a em mim – concluiu Line com um encolher de ombros.

Voldemort desviou o olhar da fotografia para a jovem à sua frente. Ela estava com lágrimas nos olhos. Lágrimas à parte… ele conhecia aquele olhar. É claro que sim! Tinha convivido com ele desde sempre… analisou o resto das características da mulher da foto… era… linda. Aos poucos, o seu peito ficou pesado.

- O que lhe aconteceu? – pergunto Dumbledore, dando voz à pergunta que martelava na cabeça de Voldemort – Apercebi-me que falaste da tua mãe sempre no passado…

Line deixou as lágrimas correrem, não conseguindo conter os soluços. Mesmo depois de tudo isto, Harry teve vontade de a ir consolar, mas retraiu-se.

- Ela morreu há dois anos… passávamos a vida a mudar de casa, mas ela disse que não o queria fazer mais. Que estava farta de fugir. Além disso, há alguns anos que ela estava doente e ninguém sabia o que ela tinha. Quando veio ao conhecimento público que Voldemort voltara, ela acalmou. Decidiu que iria parar de fugir, que não se importava que morresse, já que eu estava criada e já era crescidinha… ela preparou tudo para que nada me faltasse após a sua morte; só vim a saber disso depois… - fungou e continuou – Ela estava cansada de fugir e lutar contra os seus sentimentos pelo feiticeiro mais temido de todos os tempos. Quando ela soube que ele tinha voltado, pensou que ele nunca se iria lembrar dela, que estava já demasiado corrompido… mas deu-me esperança de que eu o pudesse fazer… que o pudesse fazer relembrar o que realmente acontecera. Ela disse-me que provavelmente ele tinha apagado ou escondido algumas das suas memórias, as memórias em que ela entrava.

Voldemort tinha o olhar cravado na fotografia. Sentia-se… perdido. Sentia-se oco. Sentia-se… Caramba, porque é que os olhos lhe ardiam? Ele nem sequer conhecia a mulher! Ele nunca se importara com ninguém a não ser consigo mesmo! Certo…? Salazar… Agora já não tinha tanta certeza assim.

Harry quebrou o silêncio que se seguiu. Ele sabia o que era perder alguém querido – Mas… peço desculpa por perguntar, mas… morreu de repente?

- Eu estava em Londres, a comprar o material para a escola na Diagon-Al. Ela tinha sido especialmente carinhosa e silenciosa nesse dia. Eu estava preocupada, mas fui à mesma. Quando cheguei, ela estava rodeada por uma esfera de energia branca, a flutuar em pleno ar, em transe. Ou pelo menos era o que eu pensava… até ela se começar a desfazer em pó prateado.

Dumbledore ergueu as sobrancelhas – Ela fez isso? – ao fraco sinal afirmativo de Line, continuou – Pelas barbas de Merlin… a tua mãe era uma Elemental, e tu deves ter herdado alguns dos dons dela. Para ela se ter transformado em pó prateado é porque ela sempre um talento natural para a magia em relação à Terra, pertencendo a ela. Ela poderia ter vivido milénios se assim o quisesse e…

Harry suspirou de frustração. Caramba, não bastava ela ter de falar da morte da mãe, o raio do homem ainda tinha de insistir no assunto?

- Professor, por favor! – disse Harry a lançar olhares assassinos ao Director – Não basta ela estar a falar da morte da mãe ainda tem de insistir nisso? Merlin!

Dumbledore assentiu, calando-se, notando finalmente a sua enorme falta de tacto e indelicadeza. Voldemort levantou os olhos para encarar o seu jovem inimigo. Este estava de mão dada à tal Line, que parecia agradecida e de certa maneira aliviada pelo seu gesto. Eles davam-se assim tão bem? Como era isso possível? Aliás, ele estava numa mesa a falar civilizadamente com o pirralho Potter, com o seu inimigo de longa data, Albus Dumbledore e com uma tal Line Nelini que nunca vira na vida e que de repente dizia que era filha dele… por Salazar Slytherin! O mundo tinha virado do avesso?

Potter voltou a falar – Mas… continuo sem entender uma coisa…

- O quê? – perguntou ela.

Ele pareceu ponderar no assunto, a tentar descobrir qual a melhor maneira de abordar o assunto – Como é que me pareceu conhecer-te mal vieste falar comigo e me disseste o teu nome? E como é que confiei imediatamente em ti?

Line franziu o sobrolho – Por acaso não faço ideia…

Dumbledore arriscou falar – Por acaso acho que sei… - quando todos lhe prestavam atenção, começou a explicar – Tal como no teu 5º ano, Harry, em que descobriste que tinhas uma ligação mental com Voldemort, creio que se passa o mesmo nesta situação. Tal como tu, aqui o Tom conheceu Line, embora nunca a tenha visto antes, pelas memórias esquecidas da sua mãe. Pelos vistos essa ligação ainda não foi totalmente cortada, pois a ti também te pareceu conhecê-la.

Harry estava de semblante confuso – Então… só me pareceu conhecê-la e ao nome dela porque Riddle também iria reagir assim?

- Não, tu registe assim porque deténs esse mesmo conhecimento dentro da tua mente, devido ao facto do Tom te ter possuído durante breves momentos no Ministério, há dois anos… alguma marca disso teria de ficar. Neste caso, ficou um pouco do seu conhecimento ou possíveis dúvidas em ti.

Todos se calaram.

- Mas… a segunda parte da pergunta continua por explicar… - notou Harry.

Line olhou para ele – E estás preocupado com isso? Já não confias em mim devido à informação que partilhei agora?

Harry inspirou fundo. Se ele confiava nela? Por mais incrível que parecesse…

- Não, pelo contrário! Eu continuo a confiar plenamente em ti… nem sei como… se calhar por te ver tão diferente do teu… pai. Ou se calhar pelo facto de não me quereres ver morto…

Voldemort olhou perigosamente na sua direcção – Depois de resolvermos este problema acertamos contas…

Line ficou preocupada – Por favor… não podem parar com isso?

Harry ripostou – Ele matou os meus pais e tentou matar-me! Cinco vezes!

Ela suspirou – Merlin, parecem dois bebés… eu seu disso, Harry! Mas por favor… podem-se concentrar agora no problema que temos em mãos? – virando-se para Riddle – Pai…?

Voldemort demorou a entender que ela se dirigia a ele. Ainda não se habituara à ideia. Fez um curto aceno com a cabeça.

Dumbledore suspirou – Vamos então começar a formar ideias para o fazer… o tempo está a esgotar-se.

oOo

Nessa manhã, Ron e Sophie tinham combinado acordar bem cedo. Tinham a sensação de que algo se passava.

Naquele momento, ela esperava pelo ruivo longe dos outros, até que sente um beijinho suave na face, assustando-a.

Uma voz pertencente a alguém invisível falou – Haha, tem calma, sou eu!

Ela suspirou de frustração – Ron, não podias ter dado a entender a tua presença de outra maneira? Assustaste-me!

- Desculpa lá… entra cá! – e abriu uma fresta do Manto da Invisibilidade que o cobria, deixando-a ver um pouco de si.

- Tens a certeza de que o Potter não se importa?

- Claro que não! Nós sempre estivemos com ele em todas as situações perigosas, e achas que ele não iria querer o nosso apoio nesta? Nem imaginas a quantidade de vezes que andámos por aí a vaguear pelos corredores sob o manto.

- Pois, está bem. Onde está a Line? Ainda não a vi hoje…

- Nem eu o Harry…

Passaram pela professora McGonagall, que começou a reunir os alunos, dizendo que tinha algo de importante a informar… mas eles já iam nos corredores, em busca de respostas às suas perguntas. Apanharam um susto ao virarem a esquina e se depararem com um estranho trio: Dumbledore, Harry e Line, que se encaminhavam para o exterior. Era impressão sua ou os últimos dois estavam de mãos dadas? O que é que se passava ali?

Sophie e Ron olharam-se. Decidiram segui-los.

Ao chegarem ao exterior, hesitaram quando os outros pararam. Momentos se passaram em que ninguém falou.

- Do que será que eles estão à espera? – perguntou Sophie baixinho para Ron. Este abanava a cabeça.

- Não faço ideia, mas cheira-me a esturro… o Harry nunca agiu assim connosco, deixando-nos de parte… quero dizer, já houve vezes que nos tentou dissuadir, mas sempre conseguíamos dar-lhe a volta. Desta vez, e não quero ser rude em relação à tua amiga, ele vem cá para fora com uma rapariga que mal conhece, de mão dada, e apenas acompanhado pelo Dumbledore; e ainda por cima sem nos dizer nada… isto não é normal.

Viram Line ficar com o olhar desfocado e segredar alguma coisa ao ouvido do moreno, que se virou imediatamente para trás, para o lago.

- O que…? – começou Ron.

- Oh, Ron, olha ali! – apontava Sophie ligeiramente amedrontada para algo acima das suas cabeças na direcção em que o casalinho olhava – O que é aquilo?

- Não se… - calou-se. Um arrepio percorrera a sua espinha, e não era devido às nuvens estranhas que se haviam formado acima de si. Aquele vulto aproximava-se a uma velocidade surpreendente, tornando visível a sua forma humana… ou algo semelhante.

- Sophie… por favor… não entres em pânico. – murmurou Ron, tentando convencer-se a si próprio. Já tinha corrido muitos perigos durante os seus anos em Hogwarts, mas nunca ficara frente-a-frente com o Lord das Trevas. O que é que ele estava a fazer ali? E sozinho? E com aquele grupo à espera como se nada fosse?

Quando a silhueta estava a perder altitude, Sophie deu um pequeno guincho, agarrando-se mais a Ron.

Lord Voldemort apenas olhou para Dumbledore directamente.

- Tom. – cumprimentou o Director polidamente.

- Dumbledore. – retrucou o Lord das Trevas com a sua voz gélida e ligeiramente metálica. – Não era preciso vires com comitiva para me receberes… - e desviou ligeiramente o olhar escarlate para Harry e para Line. Quando relanceou para esta última, o seu olhar pareceu preso.

- Por Morgana, Ron… ele vai matá-la! – disse Sophie baixinho a tremer violentamente. Não conseguia acreditar que aquele assassino estava a olhar fixamente para a sua amiga de longa data. Isso não era, seguramente, um bom sinal.

- Não te preocupes… o Harry protege-a.

Dito e feito: Harry meteu-se entre ela e Voldemort, numa tentativa de a proteger, mas qual não foi o espanto de todos (incluindo Sophie e Ron) quando Line colocou a mão sobre o ombro de Harry, fazendo-o afastar-se para o lado, de olhar também cravado naquele crânio hediondo. Sem qualquer protecção. E Voldemort parecia… confuso?

- Line…? – disse ele cheio de insegurança na voz.

Sophie e Ron prenderam a respiração. Voldemort conhecia-a?

- Olá, pai… - respondeu ela com lágrimas nos olhos.

Sophie sentiu o coração falhar uma batida. A boca tornou-se-lhe seca e a língua áspera. Sentia-se tonta. Iria desmaiar a qualquer momento, estava certa disso. Ron estava lívido.

Aquele-Cujo-Nome-Não-Deve-Ser-Pronunciado começou a pergunta que martelava todas as mentes presentes.

- Como…?

Line riu alegremente, com mais lágrimas a caírem – Acho que temos de ter uma loooonga conversa…

Sophie estava realmente chocada. Sentia que nunca conhecera Line. Filha? Não é possível… não pode ser… não pode…

- Creio que podemos ir até ao meu escritório… - propôs o Director após tossir levemente, mas foi imediatamente interrompido por Potter.

- Acho que é melhor irmos para a Sala Precisa… - cortara o moreno.

Todos se sobressaltaram com a magnitude e profundidade da voz do mais jovem. Ron olhava para o amigo como se não o conhecesse. Notou que ele não estava de mãos dadas com Line desde que ela o afastara. Naquele momento, Ron era incapaz de discernir o que o moreno pensava no momento. E isso preocupou-o. Quando se encontrava assim, Harry ficava extremamente imprevisível, tornando-se mesmo perigoso. Poderia fazer qualquer coisa, tanto de bom como de mau, ou mesmo não fazer nada.

Enquanto o grupo seguia Harry de volta ao castelo, Ron e Sophie ficaram no mesmo sítio, congelados pelo tremendo choque.

Ron sentiu que Sophie deixara de respirar e fechava os olhos, enquanto se deixava cair. Ron amparou-a a tempo, deitando-a na grama verde com muito cuidado.

- Sophie? Por favor, acorda… - e retirou a varinha do bolso, apontando-a para o peito da rapariga de longos e ondulados cabelos loiros-escuros.

- Enervate. – murmurou ele a custo.

Ela pareceu ter um reflexo inconsciente e contraiu os músculos, abrindo os olhos castanhos-escuros em seguida. Estavam marejados. Arquejava com dificuldade óbvia. Estava desolada.

- Ron… eu não conheço mais a Line! Nunca conheci. Ela nunca nos tinha dito… sempre soubemos que ela escondia um segredo, mas nunca pensámos que… - e não conseguiu continuar. Fechou os olhos com pesar, fazendo derramar as lágrimas contidas.

Ron detestava vê-la assim, tão vulnerável e desamparada. Desde que a conhecera que a considerava uma das raparigas mais fortes em questões emocionais… mas e se aquilo acontecesse com ele? E se ele descobrisse que Harry afinal era filho de Voldemort, que sempre soubera e que nunca lhes contara, nem a ele nem a Hermione? Suspirou.

- O mundo está do avesso… já não sei em que acreditar. – murmurou ele, abanando a cabeça, incrédulo. O que iriam fazer agora?

Sophie pareceu responder à sua pergunta – Temos de contar aos outros… pelo menos ao Ty! Ele é o melhor amigo dela, ele TEM de saber… vai-lhe custar muitíssimo, mas não pode ficar na ignorância quanto a isto.

- Sim… - murmurava Ron – Vamos andando… anda, eu ajudo-te…

E amparou-a enquanto a ajudava a levantar. Ela tinha os joelhos como gelatina, mas aguentou-se.

- Ron…

- Sim?

- Obrigada por tudo… ainda bem que estás comigo… - e agarrou-se ainda mais a ele.

Ron ficou com as orelhas vermelhas – Hum, pois, sim… ainda bem que estás aqui comigo também.

Ela ergueu os olhos questionadores para ele. Ele encolheu os ombros – Se não estivesses aqui ainda fazia alguma asneira da qual me fosse arrepender depois…

Sophie sorriu fracamente.

Dirigiram-se em silêncio para o interior do castelo, matutando na melhor maneira de dizerem o que se passara a Ty.


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Notas finais do capítulo

E então? Já houve respostas a algumas perguntas, hein? ^^ Agora vamos lá ver como é que isto flui... gostava de saber quais as vossas ideias para acabar com o problema das agulhas... estou super curiosa por conhecer as vossas versões...
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