Passaram-se horas e Luna adormeceu sentada na cadeira. Já eram 17h quando uma outra atendente foi acorda-la suavemente.

— Ei! Ei! Garota, acorde!

Luna abriu os olhos devagar e sentiu o seu corpo dolorido pelo mau posicionamento durante horas.

— Que horas são?

— 17h.

— Isso tudo? Meu Deus! Eu dormi demais.

— Você está esperando alguém?

— Notícias do meu amigo. Ele deu entrada hoje de manhã. A outra atendente disse que me avisaria qualquer novidade, mas pelo visto, ela não veio falar comigo.

— Venha comigo. Eu vou verificar no sistema. Como é o nome do seu amigo?

— Sobrek.

A atendente olhou o computador e não encontrou nenhum registro.

— Que estranho. Não tem ninguém aqui com esse nome.

— Mas ele foi trazido para esse hospital.

— Têm algumas pessoas que ainda não tem identificação, pelo fato de não estarem com seus documentos e ninguém ter vindo aqui ainda. Pode ser que seu amigo seja uma dessas pessoas. Você sabe mais ou menos a hora que ele veio? E o motivo dele ter vindo?

— Eram quase 11h. E ele apresentava febre e umas manchas pelo corpo.

— Ah sim. Já sei quem é o seu amigo. Por gentileza, espere aqui que eu já volto.

— Tudo bem. Vou só tomar um copo de água.

A atendente passou por uma portinha e depois de uns 5 minutos, ela voltou com uma enfermeira.

— Boa tarde. Eu sou a enfermeira Lena. O doutor Jackey gostaria de falar contigo.

— Ah certo. Onde ele está?

— Eu te levo até ele. Você é parente do paciente?

— Não. Eu sou... uma colega de classe apenas.

— Entendo. Pode entrar. – Disse a enfermeira apontando para uma porta verde no corredor.

— Boa tarde.

— Boa tarde. Por favor, sente-se.

— Com licença.

O consultório ficou em silêncio por um breve momento, enquanto o médico digitava algo no computador.

— Então mocinha, qual o seu nome? E o nome do paciente?

— Luna. O nome dele é Sobrek.

— Sobrek de quê? Vocês mantém algum relacionamento?

— Eu não sei qual o sobrenome dele, eu nunca prestei atenção e nem perguntei também. Nós somos colegas de classe. Como ele está?

— Sobrek não está nada bem. A febre não baixa e ele continua desacordado. E se ele continuar assim, pode até entrar em coma.

— EM COMA? – Disse Luna saltando da cadeira. Ela sentou novamente – Desculpe. E aquelas machas?

— São manchas escuras, que estão se espalhando pelo corpo. Eu suspeito que ele possa estar com melanoma, um tipo de câncer de pele. Mas, estamos esperando os resultados dos exames.

Luna permaneceu em silêncio por um breve instante. Ela sabia que aquelas manchas só poderiam ter sido causadas pelo poder das trevas de Thoth.

— Eu posso vê-lo?

— Pode sim. Mas, utilize máscara e luvas. Ainda não sabemos se é câncer ou alguma doença contagiosa. E avise a família dele do seu estado.

Luna saiu do consultório.