Confissão escrita por Deusa Nariko


Capítulo 1
Capítulo Único: Confissão


Notas iniciais do capítulo

Olá, olá e olá :)
Kusanagi anda me frustrando tanto com HakYona que eu resolvi descontar as minhas frustrações numa one-shot e aqui estou com o resultado.
...
Lembrando que ela terá alguns spoilers, então, se está atrasado com a leitura do mangá, leia por sua conta e risco!
...
Boa leitura!



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Confissão

Por Deusa Nariko

Yona respirou fundo, ajeitou os ombros e rezou por coragem a qualquer divindade que pudesse ouvi-la naquele momento.

O céu estava escuro, porém forrado por estrelas. E a lua cheia pairava baixa sobre a superfície plácida da lagoa em cuja margem eles tinham levantado acampamento há alguns dias. O grupo ainda se encontrava no território do reino de Xing, tudo para que os dragões se recuperassem o máximo possível antes de seguir viagem.

Todos dormiam no momento, inclusive Yun com que ela dividia a tenda e que mal se moveu quando Yona rolou para longe, vestiu sua capa devido à brisa noturna suave e contínua que sussurrava nas copas das árvores às suas costas, e saiu para a noite enluarada com um único objetivo em mente definido.

Varreu o cenário tranquilizante com os olhos. Era uma noite bela e, por um momento, ela se perdeu na quietude benquista, no cricrilar dos grilos. Achas estalavam numa fogueira ali por perto, mas não havia ninguém sentado à sua volta.

Apertou o olhar contra a escuridão, procurando distinguir formas específicas e seu coração deu um salto violento no peito quando localizou o que procurava: as costas e os ombros fortes de Hak vagamente delineados pela luz ínfima e prateada da lua cheia.

Mordiscou o lábio e precisou reunir toda a sua coragem mais uma vez. Suas bochechas arderam de vergonha quando ponderou sobre o modo correto de abordá-lo: deveria ser casual e despretensiosa ou deveria ir direto ao que realmente importava?

Espalmou as mãos nas maçãs do rosto que queimavam e contorceu o rosto numa careta. Estava sendo uma boba. Hak tinha tido culhões para dizer o que dissera a ela, e pior: na presença de todos os outros. E isso não parecia tê-lo constrangido nem um pouco. Então por que ela que já enfrentou exércitos numerosos, bandoleiros cruéis, os homens mais vis e até mesmo Soo-won, o assassino do seu pai, deveria temer uma mera... confissão? Era inadmissível.

Por isso, respirou fundo outra vez e marchou até a orla do lago onde Hak estava sentado e onde cumpria seu turno de vigia. Por via das dúvidas, olhou para a barraca vizinha à sua e constatou que todos dormiam, de fato. Ótimo, não queria mesmo testemunhas para o que estava prestes a dizer.

Os ouvidos bem treinados de Hak se voltaram para ela assim que seus pés amassaram a grama macia, denunciando sua aproximação para o ex-general.

— Hime-san, algum problema?

Yona sugou o ar num arfar tão logo o olhou nos olhos. Não fraquejaria, não se acovardaria, não seria tola. Não seria. Sacudiu a cabeça em negativa e se acomodou ao lado de Hak de forma contida.

— Não consigo dormir — confessou num sussurro e recebeu o silêncio de Hak como resposta.

Engoliu em seco e o som lhe pareceu tão alto que ela se encolheu, passando os braços com mais força ao redor dos joelhos e escondendo o rosto corado entre eles. Hak se inclinou para trás, apoiando-se na grama macia sob suas mãos, e suspirou.

— Está perturbada pelo que lhe disse mais cedo, Hime-san?

Yona se sobressaltou, deixou escapar um meio soluço constrangedor e o fitou incrédula.

— N-não é isso, Hak! — balbuciou e, quando ele tombou o rosto para fitá-la, ela voltou a se esconder por trás dos joelhos.

— Não? — ele ecoou visivelmente cético. — Então o que é? Você está agindo de forma estranha desde que...

Hak pareceu mudar de ideia, deu de ombros e deixou as palavras suspensas entre ambos. Yona apertou os lábios, sabia que ele estava se referindo ao beijo que ela roubou dele no esconderijo de Ogi há algumas semanas.

Torceu os dedos de forma nervosa, seu coração continuava lhe socando as costelas num ritmo enlouquecido. Temeu que Hak pudesse ouvi-lo de tão denso que se tornou o silêncio.

Respirou fundo, teve a impressão de que poderia desmaiar a qualquer momento. Queria ter a mesma coragem que Hak teve quando gritou para os quatro ventos que estava apaixonado por ela. Apertou um punho cerrado contra o peito, contra o coração que lhe esmurrava as costelas de dentro para fora.

— E-eu queria... Queria só... — mordeu o lábio e sacudiu a cabeça, pensou em recomeçar, então, finalmente, expeliu o que estava entalado na sua garganta: — Eu menti para você, Hak!

Hak piscou, aturdido, e se voltou completamente para ela.

— Mentiu? Sobre o quê, Hime-san?

Yona desenterrou o rosto em chamas dos joelhos e o fitou com toda a coragem que conseguiu reunir no momento. Se ele ao menos não fosse tão lindo, ou não tivesse olhos tão azuis e brilhantes, e não a encarasse daquela forma intensa...

Ela se virou para ele também, espalmando as mãos na grama.

— Menti sobre o motivo de ter... De ter te be-beij...

A palavra travou na sua garganta. Estava tão constrangida! Precisou espalmar as mãos nas bochechas quentes mais uma vez no ímpeto de esconder sua expressão atordoada de Hak.

— Mentiu sobre a razão de ter me beijado? — Hak completou por ela e Yona exalou todo o ar que havia no seu peito de modo aliviado.

— S-sim!

Hak apoiou o queixo num punho cerrado enquanto seu cotovelo descansava numa das pernas que ele cruzou. Seu olhar parecia querer decifrá-la, ler seus sentimentos e suas intenções ao vir até ele naquela noite.

— Então não era um cumprimento? — ele deduziu para a completa mortificação de Yona, que se limitou a aquiescer energicamente com a cabeça.

A princesa cerrou os olhos com força e apertou as mãos com maior determinação no rosto em brasa. Esperou que ele conjecturasse o resto pelo que pareceu uma eternidade para ela.

— Se não foi um dos seus rompantes de estranheza... — ele murmurou consigo mesmo e Yona destapou o rosto para repreendê-lo.

— H-Hak!

Arrependeu-se imediatamente. A intensidade nos olhos de Hak a deixou ainda mais desconcertada. Quis desviar o olhar, mas aquela atração poderosa que ele exercia sobre ela não permitiu.

— Por que mentiu, Hime-san? — ele perguntou e Yona respirou fundo.

— Porque eu achei que...

— Achou que eu estava noivo e apaixonado por outra — ele completou por ela mais uma vez.

— S-sim — ela concordou e fez pender o semblante, finalmente quebrando o contato visual com Hak.

Ouviu-o se aproximar e não fez nada para detê-lo. Estremeceu quando sentiu o toque dele sob o seu queixo, instando-a a fitá-lo mais uma vez.

— Então vou perguntar mais uma vez, Hime-san. Por que me beijou?

Yona soube que não conseguiria omitir a verdade nem se quisesse, não com os olhos ardentes de Hak a fitando daquela forma, devorando cada pensamento coerente seu e levando junto deles o seu fôlego.

— Porque eu quis — conseguiu admitir num sussurro. — Eu quis, Hak.

— Entendo — ele aquiesceu, aturdindo Yona e surpreendendo-a a seguir: — E você ainda quer?

Ela apartou os lábios num arfar e tentou pensar em algo coerente para respondê-lo, mas nada lhe vinha à cabeça. Fez o que pôde: aquiesceu fracamente, engolindo em seco quando Hak enfim pareceu compreender.

E no momento posterior inclinou seu rosto na direção do dela. Seus lábios roçaram aos dela num toque doce e muito breve que mesmo assim deixou Yona arfando. Afastou-se e olhou-a nos olhos.

— Bom? — ele perguntou e ela assentiu de novo, presa pela força irresistível daqueles sentimentos.

Hak não desperdiçou mais nem um segundo. Voltou a se inclinar para ela e dessa vez o toque dos seus lábios demorou-se um pouco mais, deixou-a saborear um pouco mais do beijo antes que voltasse a se afastar, sondando-a com os olhos.

— Ainda é bom?

— Sim — ela conseguiu vocalizar seus desejos dessa vez e isso a surpreendeu.

Hak envolveu seu rosto com ambas as mãos e afundou os lábios nos dela pela terceira vez. E foi diferente de tudo o que Yona já experimentou. A intensidade desse beijo, a paixão infundida a ele a deixou estremecida. Concluiu que cairia estatelada em meio à grama se Hak não a segurasse com firmeza.

Tentou sussurrar o nome dele em meio ao beijo, mas falhou quando a língua dele fez pressão nos seus lábios, instando-os a se partirem com gentileza. Tremeu nos braços dele, tonta de desejo e de paixão. O ar ainda estava lhe faltando, mas a mera sugestão de se afastar de Hak agora era dolorosa demais.

Segurou-se nos ombros fortes dele, agarrando punhados de roupa entre os dedos trêmulos. Hak avançou com maior veemência contra os seus lábios, lambeu-os com toda delicadeza e explorou todo o interior da sua boca com voracidade.

Quando conseguiu se desprender dele, Yona tombou o rosto para o céu estrelado para reaver todo o fôlego que lhe havia roubado. Estava resfolegando tão vergonhosamente. Sentiu Hak roçar os lábios muito gentilmente no seu queixo antes de ouvir sua risada rouca e abafada.

— Está tudo bem, Hime-san?

— Não tenho certeza — ela se forçou a responder de forma débil, ainda estava arfando pela intensidade do último beijo e tinha certeza de que desmaiaria se fitasse Hak agora.

— Mas foi bom? — ele pressionou e Yona cedeu com um suspiro longo e inegavelmente apaixonado.

— Foi muito, muito bom.

Talvez não tenha acontecido como Yona idealizou: confessar seus sentimentos a Hak. Mas ela percebeu que estava feliz com o desfecho inesperado. Não desistiria de contar a ele com todas as letras como se sentia, mas talvez não se fizesse mais tão necessário ou mesmo premente que ela o fizesse no momento.

Teve certeza disso quando Hak a puxou para outro beijo apaixonado que mais uma vez a deixou ofegando e tremendo nos seus braços. E aquele... Ah, aquele definitivamente era um bom começo de qualquer forma.

 

 

 


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Notas finais do capítulo

Eu tô frustrada com a lerdeza da Yona, tô frustrada com a lerdeza do Hak, tô frustrada com a enrolação da Kusanagi... PQP, é só colocar os dois pra conversar com franqueza. Custa? Não, né.
...
Mas esse é o mal dos Shoujos, ai, Deus... D:
E agora que o mangá tá entrando em outro arco político, aí que essa conversa não sai tão cedo, mas, enfim, contem pra mim: o que estão achando de toda essa enrolação para Hak e Yona não ficarem juntos ainda?
Eu tô a ponto de apertar um travesseiro na cara e gritar de tanta frustração. Valeu, Kusanagi.
...
Espero que tenham gostado e até a próxima o/