Expressivos escrita por Kori Hime
Notas iniciais do capítulo
Casal que faz a gente acreditar no amor.
Ele a encarava sério com aqueles olhos dourados intensos.
Aqueles grandes e expressivos olhos que abalavam toda a sua estrutura, quando fixados sobre ela.
E mesmo abalada emocionalmente depois de reencontrar-se com Ed em seu quarto, Winry não perdeu a pose durona, enfrentando-o de igual para igual. Embora, agora, a jovem fosse estranhamente alguns centímetros mais baixa do que seu observador.
Após analisar o rosto iluminado pela lâmpada de cor amarelada, a mecânica balançou a própria cabeça e bufou. Não valia a pena mais uma discussão. Estavam em um momento crítico e não ajudaria em nada se ela fizesse escândalo por pouco caso.
E então suspirou, agradendo aos deuses de alguma forma por Ed estar de volta em sua casa, pelo menos parecia saudável e com um plano em mente.
A expressão dura no rosto dele foi ficando mais lívida, até que o rapaz deu um passo para frente, muito próximo do rosto de Winry.
Com as maçãs do rosto rubras, ela podia aspirar com intimidade o cheiro do sabonete impregnado no corpo dele, e o perfume característico de suas roupas.
Não evitou um sorriso, capturando também o cheiro de metal e óleo lubrificante para máquina, provindo do automail.
— E agora, do que você está rindo? — Edward perguntou, confuso com a mudança de humor dela.
— Não é nada muito importante. — Winry respondeu, tentando parecer que não se importava com a aproximação de Ed. Ele ainda a observava, em silêncio, o que a deixou incomodada. — Diga de uma vez o que você quer, ou saia do meu quarto.
Ed soltou o ar pela boca, levando a mão direita para trás da nuca, os cabelos loiros estavam presos e a franja maior do que a última vez que se viram, um tanto desleixada, mas não menos atrativa.
— Eu tenho que partir. — Ele disse, desviando o olhar para um ponto qualquer do chão. — Pelo menos até amanhã.
— Eu sei. Farei um jantar especial. — Agora ela quem o observava de forma analítica.
O rosto de Ed estava mais maduro, as marcas de expressão pareciam ter chegado mais cedo, afinal, eles ainda tinham apenas dezesseis a anos. Só que as preocupações que Ed carregava em seus ombros não se importavam com sua juventude, ao contrário disso, era arrancado de suas entranhas toda a energia e mocidade que ele tinha disponível.
Winry queria poder dividir o fardo que Ed carregava, mas ele jamais permitiria que ela o fizesse. Só que ela ainda podia ajuda-lo. Afinal, era ela que o sustentava.
A perna e o braço carregavam sua assinatura.
— O que está fazendo? — Ed perguntou, quando Winry ergueu a mão e tocou seu automail superior. — Eu preciso que você dê uma olhadinha, sabe como é. — O sorriso dele era genuinamente inocente e doce, mas quando se tratava de consertos, tomava um ar sardônico.
— Ed... — As palavras estavam ali, em sua boca, pronta para dizer o quanto era importante para ela saber que fazia parte da luta dos irmãos, mesmo que fosse apenas pelo mecanismo e engrenagens. Ou pelo sentimento de amizade que os ligavam.
— Eu prometo que vou me comportar e não estragarei seu trabalho. Mas não posso fazer milagres.
— Não é isso. — Winry ainda estava com a mão no braço de Edward, o contato a deixava mais confiante em falar. — Você sabe que eu estarei aqui, se precisar de mim. Sempre, não é?
— É claro que eu sei. Nunca me esquecerei disso.
Ela devolveu o mesmo sorriso de antes, tombando a cabeça para o lado, seus cabelos reagindo ao movimento, caindo naquela direção, quando Edward levou a mão até os fios loiros, ajeitando-os para trás.
Os grandes e expressivos olhos dourados a analisava com uma expressão afetuosa.
Mas será que ele a compreendia?
Winry apertou os lábios, sua respiração acelerou conforme Ed encurtou a distância de seus corpos, envolvendo-a num abraço delicado. A boca dele aproximou-se da sua, tocando gentilmente os lábios macios. O desejado beijo se desenrolou de forma tão pacífica que ela sentiu caminhar sobre as nuvens.
Quando se afastaram, levou algum tempo até abrir os olhos e acreditar que não era um de seus sonhos. Ed estava na sua frente, com um olhar de expectativa, aguardando suas próximas palavras.
E o que ela poderia dizer naquele momento?
Que o amava incondicionalmente, e com todas as suas forças, mesmo tão jovem e sem experiência na vida? Que enfrentaria tudo e todos para vê-lo alcançar seus sonhos? Que acertaria uma chave de fenda na cabeça dele, caso alguma coisa ruim acontecesse com ele e Alphonse?
Ou, simplesmente, que o queria vivo e de volta para casa?
Quem sabe não era preciso dizer nada. Pois o piscar de olho ousado e aquele sorriso cúmplice ao qual ela bem conhecia, possuía um significado tão grande que as palavras poderiam ser proferidas em outro momento.
Antes de partir, Winry fez o seu melhor trabalho com o automail. E deu seu melhor sorriso motivacional, mas o olhar apaixonado foi mais um brinde inconsciente.
Edward acenou e partiu.
Winry levou as mãos ao peito apertado, como ficava sempre que o via desaparecer pela estrada, deixando apenas a sensação de que ele levava um pedaço dela junto. Não os automails, mas seu coração. Sustentando-o pelas estradas de Amestris.
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É amor que chama? Deve ser ♥