Um Caminho Para O Coração escrita por Sill Carvalho, Sill


Capítulo 50
Capítulo 49 — Parque de Diversões




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Na segunda manhã, a chegada do parque de diversões à cidade, início do festival de verão, Emmett teve dificuldade em encontrar vaga para estacionar. Pensou ser ainda pior ao retornar com todos aqueles carros deixando o estacionamento no fim do dia. Apesar de disso, estava animado.

Rosalie se encontrava ao lado dele, no banco do carona. No banco traseiro, Olívia ocupava o assento de elevação, com Esme ao seu lado. Norman preferiu ficar em casa devido ao calor que fazia nos últimos dias.

Ao olhar para trás, reconheceu, na expressão no rosto de Olívia, uma mistura de ansiedade a alegria. Era a primeira vez em um parque de diversões. Ela tinha tido até mesmo dificuldade para dormir na noite passada, esperando por esse momento. Desejava fazer desse dia memorável.

Emmett sentiu a mão de Rosalie tocar a sua. Foi como desejasse saber onde seus pensamentos estavam. Então se voltou para frente, para retirar o cinto de segurança. Rosalie fez o mesmo ao vê-lo sair do carro.

Esme saltou, e ajudou Olívia sair em seguida.

Emmett estava há dois dias com a caminhonete nova, na cor bronze namíbia, após anos com a mesma caminhonete vermelha e seus muitos reparos.

Os quatro juntara-se a multidão ao deixar o estacionamento.

Olívia prestava atenção a tudo com alegria, o brilho em seus olhos era encantador. Nem mesmo o calor a incomodava; usava um chapéu cor-de-rosa e seus cabelos ruivos estavam presos por duas tranças. Na bolsinha de unicórnio, pendurada de lado, guardava os óculos de sol, que se recusou usar.

Passaram por quiosques dos dois lados da rua, vendendo artesanatos. No ar o aroma de cachorros-quentes, hambúrgueres, pipoca e algodão-doce. No palco principal, uma banda tocava música ao vivo. Uma faixa anunciava o campeonato para comer melancias naquela tarde.

Barracas com jogos de azar. Outras de brincadeiras como acertar objetos com bolinhas, arremessar argolas em garrafas, arremessar a bola de basquete, até três vezes, na cesta para ganhar um bicho de pelúcia.

Olívia avistou ao longe a roda-gigante.

Havia longas filas por todos os lados. Crianças segurando as mãos dos pais. Adolescentes barulhentos em grupos. O ar se enchia pelos barulhos das pessoas e motores dos brinquedos em movimento.

Emmett entrou na fila para comprar os ingressos. Esme fez o mesmo. Rosalie ficou de mãos dadas com Olívia, aguardando. As xícaras-malucas atraíram a atenção da menina.

Rosalie ergueu os óculos escuros à cabeça. Emmett retornou com os ingressos após um tempo. Somados aos que Esme conseguiu, era uma quantia muito grande. Daria para Olívia brincar em todos os brinquedos, permitidos a sua idade, mais de uma vez, se assim o quisesse.

Olívia chegou a caminhar de costas em determinado momento, encantada pelas atrações.

Pararam para assistir a um homem fazendo malabarismo com pinos de boliche. Olívia vibrou ao ver um cachorro que conseguia andar por uma corda bamba.

O primeiro brinquedo escolhido foi às xícaras-malucas. Emmett e Rosalie aguardaram ao lado do brinquedo. Esme foi com Olívia, porque, só de olhar, Rosalie já ficava tonta. De óculos escuros e boné, Emmett sorria da expressão de Olívia; a menina sorria e gritava.

Quando as xícaras-malucas pararam de girar, Esme levou Olívia de volta para junto deles.

Emmett beijou as bochechas coradas da filha ao erguê-la no alto.

— Foi muito divertido, papai — declarou sorridente. — Uma doideira.

Ele a colocou de volta no chão.

— Você quer um algodão-doce, Ollie? — Rosalie ofereceu.

— Sim. — Ela deu um pulinho. — Eu quero algodão-doce, mamãe.

Eles se aproximaram da barraca.

— Posso escolher o cor-de-rosa?

Rosalie balançou suas mãos unidas.

— Claro que, sim.

Foram três algodões-doces. Emmett foi o único que não quis.

Passaram pelo labirinto de espelhos. E o trem fantasma.

Olívia quis ir aos balanços suspensos. Os adultos aguardaram, acenando sempre que o balanço que ela estava passava por eles. Quando os balanços começaram perder velocidade, Olívia ainda tinha o sorriso no rosto. No minuto seguinte, corria na direção deles.

[…]

Carlisle dispensou o motorista na parte da manhã. Ele dirigiu pelo centro da cidade, desviando de pessoas, de ruas fechadas, até encontrar onde estacionar. Deu voltas e voltas sob um calor sufocante procurando por um grupo pessoas em especial. Avistou os quarto se afastando dos balanços suspensos. Vê-los juntos, como uma família feliz, reforçou sua raiva.

O homem que destruiu a vida de sua única filha, ele sorria. A loura ao lado dele, beijou no rosto sobre a grossa camada de barba. Esme, cujo desejou puni-la por compactuar com eles, segurou a mão da criança. A preciosa garotinha que vinha, nos últimos dias, seguindo os passos. Ela se parecia tanto com Sarah que, às vezes, não conseguia separá-las.

Conseguiu um boné em um dos quiosques, e pôs os óculos escuros para não ser reconhecido no meio da multidão.

Queixou-se quando um adolescente esbarrou nele, comendo salsicha empanada, o rosto vermelho.

O cheiro de tantas comidas, o deixou enjoado.

Observou à espreita, se afastarem da multidão e entrar num restaurante. Levou um bom tempo para eles saírem. O suor começava molhar sua camisa, com manchas escuras surgindo nas axilas. Comprou uma garrafa de água, permanecendo a sombra, aguardando que saíssem.

Esme foi a primeira a passar pela porta. A loura veio logo depois, com a menininha, cuja imagem alegrava seu coração. Emmett foi o último.

Conseguiu ouvir a voz infantil, pedindo por um balão de unicórnio.

[…]

— Vamos à roda-gigante — disse Emmett. — Papai compra o balão depois. — Eles retornam ao meio da multidão. Aguardaram na fila para ocupar os bancos na roda-gigante. Emmett ficou com Olívia em um assento. Esme e Rosalie ocuparam outro. A brisa morna a soprar seus rostos.

Olívia se mostrou nervosa com a altura. As mãos pequenas não desgrudaram do braço do pai um só momento.

Enquanto a roda-gigante girava, levando-os para o alto, relevando uma vista panorâmica da cidade, Emmett abraçou a filha. Mostrou a ela as pessoas nas ruas. Ainda mais pessoas vieram na parte da tarde.

Olívia até tentou se acostumar à altura, mas não teve jeito. Só relaxou mesmo quando a roda-gigante começou diminuir o ritmo e, gradualmente, chegou sua vez de sair do assento.

Rosalie se aproximou, segurando a mão da menina.

— Você gostou de estar lá em cima?

Olívia balançou a cabeça, negando.

— Não? — tentou Rosalie. — Por que não gostou?

Emmett foi quem respondeu:

— A altura a deixou apreensiva.

— Ah — murmurou Rosalie. E abraçou a criança. — O que você quer fazer agora?

— Ainda não sei. — Ela fez uma pausa, olhando em volta. — Mamãe — chamou, mostrando no outro lado da rua, a barraca onde uma mulher de cabelos escuros, fazia pinturas no rosto das crianças.

— Você quer fazer uma pintura no rosto também?

— Sim, eu quero. Quero muito.

— O que vai escolher? — Esme pediu.

— Humm… eu não sei… acho que uma borboleta.

Esme sorriu.

— Uma borboleta parece ótimo.

— Eu gosto de borboletas.

— Eu sei. E elas parecem gostar de você também, algumas até pousam em sua mão. — Segurou a mão da neta e a levou ao outro lado da rua. Emmett e Rosalie as seguiram de perto. Olívia olhou os modelos de pinturas, ficando em dúvida entre três. No final, o escolhido foi mesmo a borboleta em tons rosa, branco e lilás.

Emmett avistou a barraca de sorvetes. Assim que terminou a pintura no rosto de Olívia, eles partiram para lá. Todos os quatro escolheram sorvetes na casquinha.

Olívia pediu para ir ao carrossel, depois do sorvete. Emmett a colocou no unicórnio lilás. Como aconteceu em outros brinquedos, os três acenavam sempre que Olívia passava na frente deles, e também tiravam fotos.

Em um dos muitos momentos em que o unicórnio que montava ficou do outro lado da multidão, Olívia percebeu alguém chamando por Sarah. No giro seguinte, reparou no homem de boné e óculos escuros.

— Sarah.

Não conseguiu parar de olhar para ele, nas voltas que se seguiram.

A família notou estar distraída com algo.

— O que ela está vendo? — Emmett permitiu o pensamento se tornar palavras, soando com curiosidade e desconfiança.

[…]

O carrossel começou diminuiu a velocidade.

Carlisle se pegou chamando o nome da filha em voz alta:

— Sarah. Sarah.

O brinquedo parou. Ele deu um passo à frente, sorrindo. Um garotinho, de bochechas vermelhas, esbarrou nele ao sair do carrossel. A mãe da criança atravessou seu caminho de forma apressada, levando o menino para longe.

Voltou à atenção a Olívia, mas ela já estava nos braços de Emmett. Se afastando.

A loura com eles, perguntou:

— O que você viu lá, Ollie?

Carlisle recuou, abaixando a aba do boné, ficando atrás de um casal com duas crianças.

[…]

— Tinha uma menina de nome Sarah, no carrossel — contou Olívia. — O papai dela estava chamando. — O vendedor de balões a distraiu. — Eu posso ter um balão agora, papai?

— Pode, sim, amorzinho. — Ele beijou no rosto dela. — Qual você vai querer? — Se aproximaram do vendedor de balões. Emmett a colocou de volta no chão.

Olívia ergueu os braços, ansiosa.

— Quero de unicórnio.

Emmett pagou pelo balão de unicórnio e entregou para ela. Pararam mais adiante, na barraca de tiro ao alvo, onde Emmett conseguiu um urso de pelúcia para Olívia. Devido ao tamanho, ele quem carregou a pelúcia de um lado para o outro no parque. Olívia ganhou uma maçã do amor após ir novamente às xícaras-malucas e nos balanços suspensos.

Enquanto caminhavam, Rosalie se sentiu mal. O calor e o cheiro de comidas diversas começavam lhe embrulhar o estômago.

Emmett percebeu quando parou de andar, segurando seu braço. Então passou o braço em volta da cintura dela, encostando os lábios à testa.

— O que aconteceu? — pediu.

— Esse calor…

Ele beijou outra vez na testa dela.

— O que está sentindo? É algo com o bebê?

Rosalie encostou a cabeça ao peito largo dele.

— O calor e o cheiro de comidas… sinto-me enjoada.

Esme parou alguns passos à frente, de mãos dadas com Olívia, que carregava o balão na outra mão. Reparou nos dois; Rosalie se apoiando a Emmett. Voltou a se aproximar com a menina.

— O que aconteceu? — pediu.

Emmett olhou Olívia, feliz com seu balão de unicórnio, e a pintura de borboleta no rosto.

— É hora de voltar para casa. — Ele afagou os cabelos de Rosalie. E continuou, movendo os lábios, sem emitir nenhum som, de modo que apenas Esme percebesse, dando entender que Rosalie não se sentia bem.

— Por que temos de ir agora? — Olívia questionou.

— Porque está muito quente. Já estamos a muitas horas andando — Emmett explicou.

Esme foi com Olívia comprar água. Emmett esperou com Rosalie onde estavam.

Ele beijou no alto da cabeça dela, murmurando:

— Nós já vamos…

Rosalie anuiu, descansando a cabeça no peito dele.

Esme retornou com quatro garrafas de água mineral. Emmett abriu a tampa antes de entregar uma garrafinha a Rosalie. Aguardou tomar a água, para sussurrar ao seu ouvido:

— Consegue andar?

— Sim, já me sinto melhor.

— Papai — Olívia chamou sua atenção. — Estou cansada.

Emmett olhou de Rosalie para a menina, pensando no que fazer. Então, ergueu Olívia, colocando-a nos ombros, permanecendo com o braço em volta de Rosalie. Esme ficou com a pelúcia que antes ele carregava.

[…]

Carlisle os seguiu à espreita, desviando das pessoas no caminho. Sempre olhando onde estava Olívia. Ficou detrás de um carro no estacionamento, enquanto eles se acomodavam no interior da caminhonete.

[…]

Tantos carros deixando o estacionamento fez com que Emmett ficasse impaciente. Rosalie terminou de beber a água dentro do carro. Emmett afagou o rosto dela, corado do calor.

— Podemos voltar amanhã, papai? — Olívia pediu.

— Talvez…

— Tá bom. — Olívia retirou o chapéu cor-de-rosa, os cabelos estavam grudados à cabeça pelo suor. Estar no ar fresco do ar-condicionado foi um alívio para todos.

Levou tempo demais para que o carro conseguisse se mover sem precisar ficar o tempo todo parando. Emmett estava irritado. Olívia dormindo ao lado da avó no banco traseiro. Rosalie murmurando palavras de apoio, ainda que muito cansada.

Enquanto dirigia, Emmett olhou pelo espelho retrovisor interno, a filha dormindo. Foi cansativo, e um pouco estressante deixar o estacionamento, mas Olívia se divertiu tanto durante o dia no parque que fez valer a pena o sacrifício.

Repousou a mão sobre a de Rosalie, quando ela descansou a mão em sua coxa.

— Em alguns minutos estaremos em casa — tentou confortá-la.

Eles deixaram Esme na casa dela.

Emmett estacionou a caminhonete na entrada de veículos, na casa deles. Tirou a chave da ignição. Observou Olívia no assento de elevação, os olhos semiabertos, despertando do cochilo. A pintura no rosto parecia incomodar agora.

— Eu pego ela — disse para Rosalie. Ambos saíram do carro. O calor insuportável retornou ao deixar o ar frescor do ar-condicionado. Emmett soltou o cinto de segurança em volta da menina e a pegou no colo. Olívia se prendeu a ele com braços e pernas, a cabeça descansando no ombro largo.

Rosalie já estava no interior da casa, quando chegou com a menina.

— Ela está acordada? — perguntou Rosalie ao pé da escada.

— Um pouco sonolenta ainda. A pintura no rosto parece estar incomodando agora.

Olívia levantou a cabeça do ombro do pai ao olhar para Rosalie.

— Quero tirar isso — disse, passando a mão no rosto. — Está coçando.

— Mamãe vai tirar — disse para a menina. Para Emmett avisou: — Vou levar ela para o banho. E aproveitar para tomar banho também.

Emmett pôs a menina no chão. Rosalie segurou na mão pequena, guiando-a escada acima.

— Farei o mesmo. Está muito quente lá fora — queixou-se Emmett.

— É incrível que, com todo esse calor, tenha tantas pessoas no parque — comentou Rosalie.

— Eu quero ir de novo — avisou Olívia.

— Vamos ver… — Emmett respondeu num tom de cansaço.

— Quero andar nas xícaras-malucas de novo.

— Você foi tantas vezes nesse brinquedo, que papai perdeu as contas.

Rosalie sorriu.

— É legal, papai.

— Papai sabe que você gostou. Amanhã decidimos o que fazer.

Rosalie entrou com Olívia no banheiro do corredor, no andar de cima. Emmett na suíte deles.

— Você gostou, mamãe? — Olívia perguntou enquanto Rosalie ajudava retirar as roupas suadas.

— Eu adorei.

— Meu balão ficou no carro do papai.

— Depois o pegamos.

Emmett foi o primeiro a descer. Os cabelos ainda úmidos da água do chuveiro. Roupas limpas e cheirosas. Aproveitou para iniciar o preparo do jantar. Manteve o livro de receitas aberto em cima da ilha, um copo de suco com cubos de gelo ao alcance das mãos.

— Papai — Olívia entrou na cozinha, seguida de perto por Rosalie.

— Que perfumadas que vocês estão — elogiou.

Olívia tinha os cabelos escovados, presos em um rabo de cavalo no alto da cabeça.

— Meu balão ficou no carro.

Rosalie se aproximou da ilha para ver o que estava preparando. Pegou um pedaço do queijo cortado em cubos e levou à boca.

— Precisa de ajuda? — ofereceu.

— Não é necessário. Mas, obrigado. — Ele lhe deu um beijo no rosto. Pegou a faca e começou picar novos ingredientes. — Vá descansar. Deixe que eu cuide de tudo por aqui. Não sei onde estava com a cabeça quando levei vocês para ficarem tantas horas na rua com todo aquele calor.

— Foi divertido — lembrou Rosalie.

— Papai?

— Oi, amorzinho?

— O meu balão.

— A chave do carro está no aparador.

Rosalie se afastou da ilha.

— Vou ajudá-la pegar o balão.

Emmett anuiu, observando as duas deixarem a cozinha.

Elas não ficaram muito tempo lá fora, foi apenas o tempo de pegar o balão e retornar para o ar fresco do ar-condicionado.

Emmett ouviu Olívia em uma chamada de vídeo com Cheryl. A avó dizia que tentaria estar na cidade, para celebrar o aniversário da neta, em três dias, quando Olívia faria sete anos. A ligação foi encerrada em seguida.

Na sequência, Rosalie iniciou uma chamada de vídeo com o pai, Geoffrey. Olívia conversou com ele um pouco, contando do dia divertido que tiveram no parque de diversões. Tentou descobrir quando viria para ensiná-la como jogar xadrez. Geoffrey lhe disse que em breve. Olívia o convidou para sua festa de aniversário. O pai de Rosalie disse que faria o possível para estar na cidade no dia. Geoffrey finalizou a ligação, dizendo para Rosalie que a amava.

Emmett sabia o quanto era importante para Rosalie ter o apoio do pai nessa nova etapa da vida dela. Depois disso, ouviu o barulho na televisão, sintonizada no canal infantil. As risadinhas de Olívia. Deu uma espiada na sala de estar; as duas estavam abraças no sofá, Olívia com o cobertorzinho, apertando as pontas entre os dedos. Rosalie descansando o queixo no alto da cabeça da menina.

Retornou a cozinha para terminar o jantar. Indo chamá-las somente quando já estava na mesa.

[…]

Ainda pela manhã, Esme perguntou se Emmett e Rosalie levariam Olívia ao parque novamente. Emmett falou que não iria, porque no dia anterior Rosalie passou mal devido o calor. Então, pediu se podia levar Olívia com ela. Emmett ficou relutante a princípio, no final, acabou cedendo.

Olívia trocou a roupa que usou para ir à igreja por uma para a tarde no parque: macacão azul de estampa floral em tons de rosa e tênis brancos. Rosalie trançou os cabelos dela novamente. Passou protetor solar nas áreas do corpo expostas ao sol. Pôs um chapéu de estampa tie dye na cabeça. Uma bolsinha cor-de-rosa de coelhinho, pendurada de lado. A gargantilha com o pingente de clave de sol, presente da avó, no pescoço.

Estava tão empolgada em voltar ao parque, que pediu para esperar pela avó na varanda.

No momento em que Esme parou o carro na frente da casa, Olívia pulou de alegria. Emmett e Rosalie levantaram do banco onde aguardavam.

— A vovó chegou — se alegrou Olívia. Virou na direção de Rosalie. — Tchau, mamãe.

— Tchau, meu amor. — Ela beijou no rosto da menina. — Divirta-se.

Emmett levou Olívia pela mão até o carro da avó. Esme esperava por ela, de pé ao lado da porta traseira.

— Não deixe de me ligar caso precise de alguma coisa — ofereceu Emmett.

Olívia abraçou a cintura da avó. Esme retribuiu ao gesto de carinho abraçando de volta, beijando no alto da cabeça dela sobre o chapéu. Na sequência, abriu a porta para Olívia entrar no carro.

— Não se preocupe — disse para Emmett. — Vai ficar tudo bem. — E para Olívia emendou: — Vai ser divertido.

— Sim, vovó — respondeu Olívia, pondo o cinto de segurança.

Emmett chegou um passo para trás.

— Tchau, amorzinho.

— Tchau, papai.

Ele ficou ali, na calçada, mesmo após o carro se afastar.

— Emmett — Rosalie chamou. — Amor? — como não respondeu, levantou e foi até ele. Entrelaçou seus dedos ao segurar na mão dele. — O que houve? — pediu.

Emmett a olhou de forma breve.

— Estou me sentindo estranho. Não sei o que está acontecendo comigo.

— Vai ficar tudo bem. Esme é extremamente cuidadosa com a nossa pequena. Ollie estava tão feliz por voltar ao parque hoje.

Emmett anuiu.

— Você tem razão.

— Vem, vamos entrar — convidou Rosalie. — Está quente demais aqui fora. Ollie vai se divertir no parque. Não tem porque ficar assim.

Emmett soltou um suspiro, olhando o caminho por onde o carro de Esme desapareceu de vista.

Rosalie afagou o peito dele afetuosamente. Emmett passou o braço em volta da cintura dela, e sentiu quando inclinou o corpo contra o seu. Ambos em silêncio. Ela inclinou a cabeça em seu ombro. E ele teve a sensação de que nada poderia deixá-lo mais à vontade que aquilo. Beijou no alto da cabeça dela. Viraram-se de frente para a casa, refazendo o caminho de volta a varanda. Ele afastou o braço da cintura dela somente ao passar pela porta, de volta ao frescor do ar-condicionado.

[…]

Esme estava tendo dificuldade, assim como Emmett teve no dia anterior, em encontrar vaga para estacionar. Perdeu alguns minutos que poderiam ter sido gastos no parque com a neta.

Ao sair do carro, o calor foi rapidamente sentido. Aproximou-se da porta traseira e abriu para Olívia saltar.

— Vovó, eu quero ir primeiro nas xícaras-malucas.

— Vovó precisa comprar os tickets antes.

Olívia deu pulinhos de alegria ao seu lado. A bolsinha se agitou com o movimento, ela precisou segurá-la junto ao corpo.

O barulho da movimentação chegava ao estacionamento, da mesma forma que o cheiro de comidas vendidas nas barracas.

— Está feliz, meu anjo? — Esme pediu, fechando a porta do carro.

— Sim, estou muito feliz — respondeu pulando. A mão no braço da avó.

Deram uns poucos passos, se afastando do carro. Esme de cabeça baixa, guardando na bolsa a chave do veículo.

Um movimento no entorno dos carros estacionados, chamou atenção. Ergueu os olhos e não acreditou no que viu; Carlisle estava bem ali, a poucos metros de onde estavam ela e Olívia. Os cabelos louros refletindo a luz do sol. A expressão séria, a postura agressiva.

— Carlisle — o nome do ex-marido deixou seus lábios em tom de espanto.

— Achou que eu não sabia que estava aqui?

Olívia olhou de um para o outro, sem entender.

— O que você quer? — Esme pediu.

Olívia sussurrou ao seu lado:

— Vovó…

Esme olhou para baixo, a neta ao seu lado. Escutou passos atrás de suas costas. Primeiro viu os pés, calçados com sapatos pretos. Ao levantar o rosto, reconheceu o homem de cabelos escuros, alto e forte, que trabalhava para Carlisle.

Sua primeira reação foi pôr a mão nas costas de Olívia, aproximando-a ainda mais. Voltou olhar no rosto do ex-marido.

— O que pretende com isso? Você nunca quis…

Carlisle fez sinal para o homem perto delas. Esme o olhou de um jeito nervoso. Percebeu Carlisle se aproximando.

O homem reagiu segurando repentinamente seu braço esquerdo.

— Vovó — Olívia chamou assustada. — Vovó.

Esme forçou o braço na tentativa se soltar do aperto.

Carlisle pegou Olívia nos braços.

— Vovó, vovó, vovó… — a menina chamou incessantemente por Esme, amedrontada.

— Carlisle… Por quê? Por que está fazendo isso? Solte-a.

Olívia estendeu os braços, chamando por ela. Os olhos escuros, cheios de lágrimas.

— Vovó. — Ela se debateu, tentando escapar.

— Olívia — Esme chamou seu nome num misto de desespero e culpa. — Olívia.

— Vovó.

— Por que está fazendo isso, Carlisle? — gritou para ele. O homem permanecia segurando firme seu braço, impedindo-a de sair do lugar.

— Vovó.

— Está assustando ela, Carlisle.  Pare com isso.

— Vovó.

Carlisle começou se afastar, levando nos braços a criança que se debatia, no desespero de escapar.

— Ela não pertence a essas pessoas — falou, virando as costas.

— Você está louco — gritou Esme.

— Vovó.

— Não tenha medo, meu anjo — pediu para a menina, em uma tentativa de amenizar o medo que estava sentindo. — Me solte — exigiu ao homem segurando seu braço. Forçou o braço a todo tempo. Para a neta afirmou: — Ele não vai machucar você, Olívia. Ele é seu avô.

— Não… — Olívia gemeu. — Não é meu avô. Não é.

Carlisle tentou fazer carinho no rosto de Olívia, mas ela se afastou, recusando. O chapéu que usava, ficou no chão do estacionamento.

— Sarah — Esme o ouviu chamar.

— Ela não é Sarah, Carlisle.

— Vovó.

— Não chore, meu anjo. Ele não irá machucar você. É seu avô. Pai de sua mamãe Sarah.

— Não, vovó. Não…

Carlise chegou ao lado do Mercedes-Benz. Um segundo homem, usando terno, saiu para abrir a porta traseira. Carlisle colocou Olívia no interior do veículo, mesmo ela tentando escapar, agitando as pernas com energia.

— Não pode fazer isso, Carlisle. Não pode levar Olívia com você.

Carlisle entrou no carro e fechou a porta.

Esme caiu quando o homem que segurava seu braço a deixou livre. O calor no calçamento do estacionamento maltratou suas mãos ao se apoiar para levantar.

Avistou o carro de Carlisle deixando o estacionamento.

— Carlisle… Olívia — gemeu, derrotada. — Não leve a menina. — Olhou no outro lado, o chapeuzinho abandonado. Pegou-o com desespero. Colocou-se ao lado do carro; as mãos tremendo ao retirar a chave da bolsa. Sentou-se, ofegante, atrás do volante. Atrapalhou-se ao pôr o carro para funcionar. Teve dificuldade em manobrar para deixar o estacionamento. O pensamento em uma única coisa; seguir o carro do ex-marido.

Não foi fácil como achou que seria. A grande quantidade de pessoas circulando a caminho do parque atrapalhou seus planos, tirou sua atenção do foco. As ruas interditadas se tornaram mais um obstáculo. Perdeu completamente de vista o carro onde Carlisle mantinha Olívia a força.

[…]

Olívia ficou de joelhos no banco de couro, chorando, batendo os punhos no vidro traseiro.

— Vovó. Vovó.

— Shhhh… — murmurou Carlisle, pegando-a pela cintura. Colocou-a sentada no banco mais uma vez.

— Me solta… me solta. Quero ir com a vovó. Não quero ir com você.

— Ei, ei, ei — repetiu ele, aborrecido. Segurou o rosto de Olívia entre as mãos. — Sou eu — falou. — Não me reconhece?

Um soluço fez os ombros de Olívia tremer. Ela balançou a cabeça, negando.

Carlisle a abraçou, mesmo com a recusa da menina.

— Senti tanto sua falta — murmurou ele.

— Quero ir para casa — soluçou Olívia.

— Eu vou te levar para casa, Sarah.

— Meu nome não é Sarah — negou.

Carlisle a olhou com tristeza.

— Por que está sendo malcriada?

— Quero ir para casa.

— Nós vamos para casa. Você não me ouviu?

— Esse não é o caminho de casa. É outro…

Carlisle forçou ela ficar sentada, pondo de volta o cinto de segurança.

— Vai ficar tudo bem. — Ele afagou o rosto de Olívia, que apertou os olhos, chorando. — Eu te amo tanto — declarou ele.

— Não ama, não.

— Você é minha garotinha.

— Não sou. Não sou sua garotinha.

— É claro que é. — Segurou o pingente de clave de sol, pendurado no pescoço de Olívia. — Dei isto para você, quando começou fazer aulas de música.

— Não — soluçou Olívia. — Não foi você. Foi vovó Esme.

— É claro que fui eu. Você não lembra?

— Não foi assim. Você está mentindo. Foi vovó Esme.

— Por que está sendo tão teimosa?

Olívia balançou a cabeça, negando.

Carlisle segurou sua mão pequena. Observou cada um dos seus dedos.

Olívia puxou de volta a mão.

— O que você quer fazer? — tentou Carlisle.

— Quero ir para casa.

— Já disse, estamos indo para casa.

— Não a sua casa. A casa do meu papai.

Carlisle perdeu a paciência, levantando o tom de voz.

— Pare de falar isso.

Olívia fechou os olhos, abraçando o próprio corpo. Lágrimas deslizaram depressa por suas bochechas coradas.

— Desculpe, desculpe… — Carlisle mudou imediatamente o tom de voz. — Não queria gritar com você. — Fez carinho no rosto de Olívia. — Você quer ver desenho no meu celular?

Olívia continuou chorando, evitando, a maioria do tempo, de olhar no rosto do avô materno.

 


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