Samara arregalou os olhos e sua boca abriu completamente em surpresa ao tirar a máscara e reconhecer a colina na qual costumava passar o ano novo com a família quando era criança. — Eu... Não acredito.

— Espero que seja um “não acredito” no bom sentido. — Toby respondeu mordendo o próprio lábio inferior, encarando-a com um olhar que evidenciava o seu nervosismo.

— Não só bom, Toby. É num ótimo sentido! Maravilhoso. Pode acreditar. — Confirmou fechando os olhos e respirando bem fundo para sentir aquele cheiro que continuava sendo tão familiar embora não sentisse há anos.

— Ah, que bom. — Suspirou aliviado enquanto tirava a mochila pendurada só por uma alça em seu ombro. — Eu passei um muito tempo pensando, tipo bastante tempo mesmo, em algo pra fazer por você que seria especial, sabe? Mas pra ser especial de verdade, teria que ter a ver com você e, se tem uma coisa que Samara Cook é, essa coisa é uma pessoa bem simples. — Discursou enquanto forrava o chão com um grande cobertor com uma estampa xadrez vermelha e preta, colocando uma pedra nas quatro pontas para mantê-lo imóvel. — Então me lembrei de uma das nossas conversas, a que você me contou que durante toda a sua infância, seus pais te traziam aqui junto com seus irmãos pra passar a virada de ano novo porque era bonito e calmo. E os fogos da meia-noite eram lindos vistos por cima da cidade.

— Você não imagina o quanto isso significa pra mim. — Murmurou Sam sem disfarçar como estava emocionada em estar ali.

Fazia anos que não pisava naquele local, pois seus irmãos haviam crescido, construído suas vidas e a tradição de família acabou se perdendo e ficando para trás. Mas mesmo assim, a colina ainda era um de seus lugares favoritos no mundo inteiro.

Toby sorriu largo e foi até a caminhonete para pegar a caixa terminado cheia de gelo, onde trouxera refrigerantes e sucos, e uma sexta de piquenique repleta de sanduiches, bolos e outras guloseimas.

— Desculpa se esse banquete pomposo for chique demais, é que você sabe como sou um cara sofisticado. — Brincou, se ajoelhando parar organizar tudo em cima do cobertor.

— Imagina. — Samara sorriu e piscou. — Um lugar lindo, a comida certa... Até a parte da máscara, tenho que admitir que deu uma emoçãozinha a mais. Você está se saindo muito bem hoje, Senhor Cavanaugh.

— Obrigado, Senhorita Cook. É uma honra vê-la feliz. — Respondeu fazendo uma leve reverência antes de se sentar ao dela.

Enquanto comiam, os dois adolescentes já quase adultos brincaram bastante sujando um ao outro, rindo e se divertindo como se fossem duas crianças de cinco anos. Samara não se lembrava de sentir-se tão bem na vida com nenhuma outra pessoa, era como se somente Toby tivesse o dom, feito sob medida para ela. Por isso foi tão fácil de apaixonar.

Ainda estavam rindo quando o relógio no pulso do carpinteiro começou a apitar alto, fazendo-o exclamar empolgado ao apertar o botão para desligar o alarme.  — Oba! Finalmente chegou a hora!

— Hora de que? — A garota questionou erguendo uma sobrancelha.

— Você já vai ver. — Respondeu sorrindo de alegria e nervosismo ao mesmo tempo, e apontando em direção à cidade. — É só ficar olhando pra lá.

— Tá bom então. — Ela obedeceu deixando-se contagiar por toda aquela animação.

— Se prepara. — Pediu com os olhos fixos na telinha do relógio digital em seu pulso. — E em dez, nove, oito, sete, seis, cinco, quatro, três, dois...

E então, assim como costumava acontecer em sua infância, os olhos de Sam puderam contemplar fogos de artifício explodindo sobre a cidade de Rosewood. Mas agora, ao invés de escrever as palavras “Feliz Ano Novo” no céu, os milhares de pontos multicoloridos formavam “SAMARA COOK”. E alguns segundos depois, novos fogos explodiram, formando a frase “QUER NAMORAR COMIGO?”.

Pela segunda vez em uma única noite, as pálpebras de Samara se separam o máximo possível e o queixo caiu, fazendo com que sua boca formasse quase o formato perfeito de “O”.

— Mas isso... Isso não... Como é que... Como você... — Todas as tentativas de pergunta falharam, pois o cérebro da garota ainda estava ocupado demais processando e registrando o que havia acabado de acontecer.

Toby riu ainda bastante nervoso e começou a explicar. — Eu não vou mentir dizendo que já tinha esse contato e nem que foi fácil de conseguir. Mas como eu já disse antes, queria fazer uma coisa especial pra garota por quem estou completamente apaixonado. E, bom... Eu achei que você fosse gostar de...

Samara repousou dois dedos sobre os lábios do garoto, fazendo-o parar de falar no mesmo instante, então murmurou com um sorriso. — Sim.

— Sim? — Toby sussurrou porque se aumentasse o tom o mínimo que fosse, já seria incapaz de conter sua euforia.

— Sim! Sim! Sim! Sim! Sim! — Já Sam não se preocupou em poupar a voz. — Mil vezes sim! Eu quero namorar com você Toby Cavanaugh!

Antes que Toby tivesse tempo de expressar de alguma forma o quanto estava feliz, sentiu o corpo de sua, agora, namorada se chocando contra o seu, derrubando-o metade por cima do cobertor e metade no chão irregular de terra e grama, e a próxima coisa que sentiu foi a boca dela iniciando um beijo intenso e cheio de emoção.

— Espera aí. — Pediu segurando-a pela cintura para não deixá-la se afastar. — Tem só mais uma coisinha que preciso fazer.

— O que? — Samara perguntou franzindo o cenho.

Toby não respondeu, apenas sorriu e esticou o braço para alcançar o celular do outro lado do cobertor, desbloqueou a tela e clicou em “enviar” na mensagem já escrita desde que saíra de casa.

Menos de um minuto se passou e mais fogos de artifício pintaram o céu de Rosewood. Foram três explosões que formavam respectivamente:

“ELA ACEITOU”

“#TAMARA”

“É REAL E OFICIAL”

— Agora sim. Já pode voltar a beijar seu namorado. — Constatou o carpinteiro.

— Seu doido. — Samara replicou rindo. — Esqueceu que pra todos os efeitos, você é o namorado da Spencer?

— Claro que não, né? — Respondeu com uma piscadela. — Por mais que eu quisesse muito esbanjar toda a minha felicidade explodindo um grande Samara Cook e Toby Cavanaugh no céu, coloquei só Tamara porque todo mundo vai saber que é uma junção dos nomes de um casal, mas ninguém vai saber ao certo de quem é esse “T” em “Tamara”.

— Muito esperto. — Concluiu selando seus lábios mais uma vez.

— É, parece que você tem bom gosto. — Respondeu entre beijos.

— Bobo. — Ela riu.

E naquele momento, ambos se sentiam as pessoas mais felizes do mundo.