Perdido em outro mundo escrita por Lilian T


Capítulo 26
Paulo Pritchett


Notas iniciais do capítulo

Olá, jovens!
E depois de muito tempo, consegui postar escrever e postar mais um capítulo da minha fanfic.
Peço desculpas pela demora, mas agora estou aqui. Obrigada pela paciência àqueles que já estão seguindo, e espero que vocês possam comentar o que acharam do capítulo o final.
Acho que é só isso mesmo. Então, boa leitura!



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Parado no hall de entrada, olhando para a porta fechada à sua frente, Harry se sentiu estranhamente só.

O carro da Sra. Graham já deveria ter desaparecido na esquina lá fora, levando Eveline e Ronald consigo, os rostos mais familiares para ele naquele mundo. Era esquisito não ter seus melhores amigos ao seu lado às vésperas de enfrentar um grande perigo e, embora soubesse que não eram verdadeiramente Hermione e Rony, a mera presença deles já lhe dava confiança para encarar o que quer que fosse.

E Gina também se fora... logo depois de beijá-lo.

Por que as coisas eram sempre tão complicadas?

A Gina em seu mundo havia gostado dele e o garoto não retribuíra. Depois, ela deixara de gostar dele e Harry se apaixonara por ela. Agora, havia uma Gina apaixonada por ele e Harry não podia tê-la. Isso era tão frustrante!

Pegou-se desejando, de repente, que a vida fosse mais simples.

— Ei, Romeu — ouviu uma voz chamar — Precisamos descer ao porão.

Sentindo a bochecha arder levemente, Harry olhou de soslaio para Marisa, que permanecia imóvel à sua esquerda, após ter trancado a porta.

Ela assistira toda a cena entre Gina e o garoto e não mostrara o menor tato ao comentar sobre assunto. Sorria com certa malícia, o que irritou Harry à princípio, mas seus olhos não demonstravam o mesmo deboche. Havia neles alguma comoção, como se o romance entre jovens tivesse certa ingenuidade admirável e, talvez por isso, ele a tenha perdoado quase que imediatamente.

Harry virou-se e a acompanhou até a cozinha, onde Lílian os aguardava.

A ruiva, pelo menos, tivera alguma consideração em não demonstrar que também estivera espiando e ocupara-se em afastar um pouco as cadeiras para conseguir abrir a porta secreta debaixo da mesa.

Assim que a passagem ficou livre e a portinhola se escancarou, Lílian deslizou para dentro do alçapão, seguida por Harry e Marisa, que demorou-se um momento puxando novamente os bancos e fechando a porta acima de si.

Eles desceram pelas escadas, que infiltrava-se alguns metros nas profundezas do solo, até desembocarem no pequeno túnel, que dava para o búnquer de Sirius Grey. Ao alcançarem a porta, Lily bateu três vezes, anunciando sua chegada.

Fez-se um breve silêncio, seguido do barulho de algo sendo destrancado do outro lado e o ranger da porta se abrindo.

A claridade que vinha da pequena sala inundou o corredor escuro, incidindo inteiramente em Lílian e em uma parte do rosto de Harry, que se espichara para olhar por cima do ombro dela. Atrás dos dois, Marisa continuou oculta pela sombra.

— Já não era sem tempo! Entrem, entrem...

Sirius estava de pé diante do trio, sorrindo, e deu um passo em direção à parede para que entrassem. Quando Harry atravessou o batente, o homem deu ma piscadela de cumplicidade para ele, que foi retribuída com o melhor sorriso que o garoto poderia dar naquele momento.

Marisa passou por ele logo depois, colocando a mão afetuosamente em seu braço. Sirius apertou-a com uma pressão carinhosa por um segundo, antes de deixá-la pender e cerrar a porta com um baque pesado, aferrolhando-a com correntes e trancas reforçadas.

Tudo aparentava estar como Lílian e Harry tinham deixado no dia anterior, a não ser pela quantidade de pessoas presentes na pequena sala.

Alastor Morgan estava sentado à mesa examinando alguns papeis, enquanto Elisadora Brooks permanecia de pé ao seu lado, ligeiramente inclinada em sua direção, uma expressão meio frustrada desenhada em seu rosto ao mesmo tempo que balançava a cabeça, concordando com tudo o que o homem resmungava. Na verdade, não pareciam frases, e sim, um monte de rosnados tão baixos e irritados, que Harry chegou a duvidar que a moça estivesse assimilando qualquer coisa do que ele explicava.

Do outro lado da mesa, sentado defronte à Morgan, estava André Russell, com sua barba e cabeça raspadas, e os mesmos olhos tristes de perdigueiro do ruivo do encardido Mundungo Fletcher. Mostrava-se tão à vontade naquela salinha apertada, recostado esparramadamente na cadeira, as pernas cruzadas e as mãos sobre o colo, que era sensato presumir que estava acostumado a frequentar reuniões em búnqueres secretos.

Não obstante, foi a pessoa acomodada entre Morgan e Andy que chamou a atenção do garoto.

Era um homenzinho baixo e meio gordo, usando um casaco cinzento e tomando chá com gestos um tanto acanhados. Estava com a xícara a caminho dos lábios quando parou, a boca aberta tolamente em um esgar no instante que seu olhar recaiu sobre Harry.

O garoto encarou-o de volta. À despeito de não estar faltando nenhum tufo de cabelos castanhos em sua cabeça ou que seu nariz arrebitado fosse um pouco menos pontudo do que Harry se lembrava, não havia dúvidas de que estava diante do duplo de Pedro Pettigrew.

Essa simples constatação aflorou em sua mente as lembranças da traição de Rabicho e sua contribuição no retorno de Voldemort. Foi suficiente para enchê-lo de repulsa contra o homem sentado ali. Naturalmente, aquele tal de Paulo devia ser da mesma classe abjeta que Rabicho!

Harry avançou com passos firmes em direção a mesa, sem desviar os olhos do homem. Contudo, foi surpreendido pela cumprimento jovial de Brooks:

— Que bom vê-lo de novo, Harry! Então chegou aqui inteiro, afinal!

— Graças a vocês — admitiu o garoto, voltando-se para ela. — E conseguiram escapar sem problemas?

— Foi moleza! Você não notou que sou um Ás no volante?

— Está mais para maluca na estrada, isso sim — comentou Morgan, desta vez de forma bastante audível. — Quase bateu o carro umas três vezes e por pouco não nos fomos parar dentro do rio...

— Ora, seria apenas um mergulho refrescante.

— Ah, é claro! Um mergulho em alta velocidade em águas quase congeladas.

— Não é você que vive dizendo que adora salmão? Que mal faria passar para fazer visita?

— Uma coisa é comer peixe — Morgan retrucou, ainda sem erguer a cabeça dos papeis. — Outra é ir dormir com eles!

— Você se preocupa demais, Alastor! Tem de confiar mais nas habilidades das pessoas...

Ouviu-se uma gargalhada do outro lado da mesa.

— Se tudo o que ouvi dessa perseguição for verdade, você devia estar dirigindo um tanque de guerra ao invés de um carro... — debochou Andy, o sorriso provocativo preenchendo o seu rosto. Ele voltou-se para Harry: — O tour de vocês pela cidade fez um baita estrago. Barracas de frutas atropeladas, viaturas da polícia capotadas e troca de tiros, não é? Fazia tempo que não se ouvia falar de uma coisa dessa! Foi tão comentado que o Ministério mal pode encobrir os fatos.

— Então saiu no jornal?

— Não como realmente como ocorreu — esclareceu ele ao garoto, encolhendo os ombros. — O Ministério não iria admitir que a polícia perdeu um prisioneiro e que, de quebra, ainda levaram um baile durante uma perseguição. Publicaram uma manchete informando que pegaram a "quadrilha em fuga" e outra notícia dizia que você faz parte de um grupo de procurados. É como se uma coisa não tivesse nada haver com a outra.

— Esta gente sempre arruma as desculpas mais fantásticas — comentou Sirius, enquanto puxava uma cadeira para Marisa e outra para Lílian. — Mas agora que estamos todos aqui, podemos voltar a discutir como resgataremos Tiago.

— E como nós faremos isso?

Nós, não inclui você — rosnou Morgan, mal humorado.

— Ah, qual é? Não podem me deixar de fora!

— Podemos sim, rapaz.

— Lílian já falou com você, Harry — disse Sirius, em tom de quem pede desculpas. — E concordamos que você não participaria da ação.

— Eu lembro da conversa, mas não me lembro de ter concordado com nada — rebateu Harry. — E não vejo porquê não posso ajudar, se qualquer um pode participar!

Seu olhar recaiu sobre o homenzinho sentado ao lado de Andy, em disfarçar seu descontentamento.

— Acho que não os apresentei — falou Sirius, um tanto admirado pela postura ríspida do garoto. — Harry, este é o meu velho amigo, Paulo Pritchett. Paulo, este é Harry Potter.

Paulo se levantou desajeitadamente e dirigiu ao garoto, estendendo o braço para apertar sua mão.

— É um prazer conhecê-lo, enfim — ele chiou, fitando Harry como se este fosse um fantasma. — Quando Sirius me contou a história toda, nem pude acreditar. Mas você é mesmo igualzinho ao Henry!

Harry olhou a mão estendida por um instante, sem esboçar nenhuma intenção de retribuir o gesto. Algo lhe dizia para não confiar naquele homem. Sirius havia lhe contado sobre o desaparecimento de Rômulo Lewis e de como desconfiara de que Pritchett pudesse estar envolvido. Grey podia ter desistido da ideia de traição, mas para Harry aquilo era um fato que não poderia ignorar.

Ele viu a expressão confusa de Pritchett com a demora do cumprimento e quando este fez menção de retirar a mão, o garoto estendeu a dele, em um aperto sem convicção.

— Paulo veio de Oxford só para nos ajudar — comentou Sirius.

— Sério? Então já sabe de tudo? — questionou o garoto.

— Uma tragédia, uma tragédia — guinchou Pritchett, com sua voz fina. — Tiago preso, Lílian procurada, uma fuga da prisão. Ah, isso é tão ruim, tão ruim! Mas eu não podia deixar de ajudar, não o Tiago. Somos amigos há anos, veja bem...

O homenzinho estremeceu ao pensar. Tirou um lenço do bolso e limpou a testa um pouco suada. Lílian, sentada na cadeira, apoiou a mão em seu cotovelo.

— Não se preocupe, Paulo. Logo Tiago estará de volta. Vai dar tudo certo, você vai ver.

— Sim, sim — concordou ele, guardando o lenço e tentando dar um sorrisinho tranquilizador à Lílian. — Mas só de imaginá-lo numa cela, fico aflito. Se fosse comigo, acho que não teria forças para aguentar. Temos de trazê-lo de volta o quanto antes...

— E por isso estamos aqui — ponderou Sirius, resoluto. — Vamos pensar em como arrancá-lo da prisão!

Uma ruga se formou entre as sobrancelhas de Harry ao mirar Sirius. Virou-se novamente para Paulo, com seu jeito nervoso e amedrontado, e o vinco aumentou mais ainda.

— Sirius, posso falar com você em particular?

— O quê? Agora? Hum... é claro...

Sem se preocupar com os outros ocupantes da sala, que observavam-no aturdidos, Harry se dirigiu ao quarto de dormir. Foi seguido de perto por Sirius, que também não estava entendendo nada.

Assim que adentraram no cômodo, Sirius acendeu a lâmpada, lançando um brilho pálido sobre os beliches. Harry atravessou a porta logo em seguida, cerrando-a atrás de si com baque suave e cuidadoso. Endireitou-se e encarou Sirius, que parara com as mãos nos quadris. Ele exibia uma postura muito firme, para um homem que estava prestes a ser ridiculamente enganado.

— O que esta acontecendo, Harry?

— Eu é que pergunto à você, Sirius!

— O que quer dizer com isso?

— Não é óbvio? — indagou, em um sussurro. — Depois de tudo o que me contou sobre Lewis, você ainda trouxe o Paulo até aqui? Deixou que entrasse no esconderijo e está prestes a revelar todos os seus planos na frente dele? Ele vai sair daqui e nos trair.

Sirius arregalou os olhos, chocado.

— Quê? Paulo nunca faria uma coisa dessas. Confio nele.

— E Lewis também deve ter confiado!

— Já lhe expliquei isso. Paulo não entregou o Rômulo!

— Mas você chegou a desconfiar dele.

— E me envergonho muito disto! Não sei como pude pensar numa coisa destas.

— Se pensou, deve ter tido um motivo.

— Paulo não sabia sobre o segredo do Lewis. Nunca soube. Eu fui atrás dele, eu o questionei sobre tudo. Ele olhou nos meus olhos e disse que não sabia de nada. Que não tinha nada haver com o desaparecimento do Rômulo.

— Como sabe?

— Ele olhou nos meus olhos!

— Então ele mentiu olhando nos seus olhos.

O queixo de Sirius caiu. Foi como se o garoto tivesse lhe dado uma bofetada.

— Quem você pensa que é?

Ele estava vermelho e seus punhos cerrados.

— Como se atreve? Você não sabe de nada! — sua voz era apenas um rosnado entre os dentes. — Você não conhece o Paulo. E acha que só porque passou uns dois dias comigo sabe alguma coisa sobre mim? Alguma coisa sobre o Tiago? Você não tem ideia...

— Do que não tenho ideia? Não tenho ideia de que o Sr. Parker é seu melhor amigo? Que vocês são tão próximos como se fossem irmãos? Que você faria qualquer coisa por ele e até preferiria morrer ao invés de entregá-lo? Que se você tivesse tido a chance, faria a mesma coisa pelo Lewis?  Acha que não sei que você se sente culpado pelo que aconteceu? Você sabia o que ele escondia. Você era um dos responsáveis por protegê-lo. Mas o segredo vazou e você não pôde fazer nada. E se nem você nem o Sr. Parker revelaram alguma coisa, só outra pessoa próxima poderia ter feito isso. Só que é difícil demais para você ter de admitir que um dos seus melhores amigos é um rato!

Sirius arregalou os olhos. Tremia dos pés à cabeça, mas Harry não recuou diante daquela raiva mal contida.

— Estou certo, não é?

Sirius não respondeu. Ainda tremia, e o garoto lançou-lhe um olhar oblíquo, avaliando-o.

— Sabe, eu conheço um homem idêntico ao Paulo em meu mundo.

— Eu já imaginava — falou o outro, num arranque. — Mas Paulo é uma pessoa diferente.

— É mesmo? Como sabe, se ainda nem lhe contei o que houve?

— Mas posso adivinhar. Este cara deve ter aprontando uma das grandes contra você e agora supõe que Paulo seja igual à ele apenas porque os dois têm a mesma aparência.

— Não é só a aparência, Sirius — afirmou Harry, resoluto. — As pessoas que vivem neste mundo e no meu são iguais, Sirius. São as mesmas pessoas.

— Paulo é meu amigo! Ele é diferente desse outro cara que você conheceu.

— Está enganado. Assim que a situação se complicar para o lado dele, Paulo vai fazer tentar de tudo para se salvar, incluindo trair os amigos! É isto que os covardes fazem.

— Que absurdo! Como pode pensar uma coisa destas?

— Por que foi assim  tudo aconteceu no meu mundo. Pedro Pettigrew era um dos melhores amigos do meu pais, mas mesmo assim os traiu. Entregou a posição de nosso esconderijo a um homem que queria nos matar e eles acabaram assassinados enquanto tentavam me proteger. Depois, Pettigrew forjou a própria morte e jogou toda a culpa no meu padrinho, que ficou preso por doze anos enquanto ele vivia livre. E aquele homem sentado à mesa na sala é o mesmo tipo de pessoa!

Os olhos de Sirius se arregalaram tal forma e sua boca se abriu em um "O" tão proeminente que se assemelhou ao quadro "O Grito". A revelação de Harry soou em seus ouvidos como se fosse o relato de um pesadelo.

Ele balançou a cabeça negativamente, como que para espantar aquele pensamento hediondo.

— Não pode ser... não pode...

— Precisa se livrar dele, Sirius. Precisa mandá-lo embora — aconselhou Harry, porém, a ideia imediatamente pareceu-lhe péssima. — Ou melhor: não deixe que saia daqui! Assim que sair, vai nos entregar ao Ryder, com certeza. Mantenha-o aqui, sob vigilância. Não deixe que fuja, mas não conte mais nada na presença dele. Está me ouvindo, Sirius?

Sirius Grey fixou a atenção nos próprios pés, refletindo. Demorou um instante para erguer o rosto para o garoto.

— Você entendeu o que estou tentando lhe dizer? — repetiu. — Não confie em Paulo.

— Eu entendi, Harry.

— Ótimo!

— É só que...

Sirius parecia estar tendo um tipo de luta interna. Ia e vinha de um pé para o outro, como um homem ébrio, passando a mão sobre a testa como se quisesse esclarecer um pensamento.

— Ainda acho... Ainda acho que você pode estar errado sobre ele — contestou o homem. — Não pode estar certo. Quer dizer, eu o conheço há anos. Nos somos amigos desde crianças, crescemos juntos. Não posso imaginar Paulo tramando algo sequer parecido com o que acabou de me contar. Ele não desceria tão baixo! Nunca!

O garoto percebeu que Sirius precisava argumentar.

Tinha se convencer da inocência de Paulo, pois admitir que o amigo seria capaz de traí-lo era como admitir que fora ele mesmo quem denunciara Rômulo Lewis. Seria admitir que não sabia julgar a uma pessoa e que se deixara enganar todos aqueles anos, como um perfeito idiota.

Sirius Grey sustentara a versão de Paulo por tanto tempo, que desfazê-la agora o quebraria seu espírito. E naquele momento, estava tentando manter-se forte para salvar Tiago.

O garoto observou-o com uma mescla de compaixão e exasperação. Não queria magoá-lo e, no entanto, não poderia permitir que um traidor colocasse todos em perigo. Sirius precisava ser forte.

— Então, você pretende continuar confiando nele?

— Não. Vou seguir seu conselho.

— Qual parte?

— Segurá-lo aqui até que tudo tenha se resolvido.

— Aqui em baixo? — questionou Harry. O espaço era um tanto apertado e o garoto não gostava da ideia de dividir o quarto com aquela cópia de Rabicho.

— Ele poderá ficar lá em cima, na casa.

— E não irá escapar se quiser?

— Paulo não é um prisioneiro para escapar, mas não o deixarei que saia sem mim.

— Você vai ficar de olho nele?

— Ficará sob supervisão, como me sugeriu. Não dará um passo fora daqui sem mim ou outra pessoa de confiança — Sirius cruzou os braços, mirando-o, com um olhar incisivo. — É o suficiente para você?

— É o bastante.

— Muito bem.

— Sirius?

— O quê?

Harry respirou fundo, fixando a atenção no rosto do homem ali de pé.

— Olhe, não me leve a mal — esclareceu, em tom ameno. — Não estou querendo lhe dizer o que tem de fazer, mas precisava dizer em quem não confio aqui e a o porquê não confio.

Sirius suspirou.

— Está tudo bem — exibia um ar chateado, mas também conformado. — Compreendo o seu receio. Não posso culpá-lo por tê-lo.

Houve uma pausa desconfortável.

— É melhor voltarmos para junto dos outros — Sirius sugeriu, indicando a porta do quarto com a cabeça.

— Ah, sim... claro.

Eles saíram do quarto em silêncio.

— Mas já não era sem tempo — comentou Marisa, quando retornaram a sala. — Algo errado?

— Não, não. Harry queria que eu convencesse Lílian à deixá-lo ir junto para resgatar Tiago — inventou Sirius, em seu tom habitual. Seus olhos cruzaram o de Lílian e ele acrescentou: — Eu já lhe expliquei que será muito perigoso.

— Isso mesmo! — concordou Lílian, com aprovação.

— Ah, tá! — suspirou Brooks, quase desapontada. — Achei que era tinha dado a ele conselhos masculinos de como conquistar garotas.

— E esta agora?

Sirius ficou confuso, porém, Harry entendeu a insinuação e sentiu as bochechas ficarem desconfortavelmente vermelhas de repente.

— Não é nada — murmurou sem jeito.

— Nada? Mas você deve ser mesmo um pegador — riu Brooks. — Beijou Gina Winston e diz que não é nada.

"Que mulheres fofoqueiras!", pensou Harry, olhando feio para Brooks e depois para Marisa, que apenas encolheu os ombros. Tantas coisas importantes para discutirem e estavam mais interessadas na vida amorosa dele? — se é que ele realmente tinha uma vida amorosa.

— Não foi nada mesmo — garoto repetiu. — Ela foi embora, não foi?

— Foi, sim. Uma pena para você — disse a jovem, erguendo as sobrancelhas agora sem sorrir. — Eu a achei muito legal.

— Quer deixar o garoto em paz, sim? — ralhou Morgan. — Já é bem ruim ele ter ficar neste buraco sem a namorada e você ainda fica enchendo a paciência dele?

— Ela não é minha namorada.

— Não estava enchendo nada, Alastor — retrucou Brooks, ignorando Harry. — Só estou fazendo uma observação.

— Esse rapaz tem muito bom gosto, se querem saber minha opinião — comentou Andy, em seu canto. — Escolheu a garota mais bonita. Não é todo o fugitivo que consegue uma namorada assim.

— Ela não é minha namorada! — ele insistiu, mas foi novamente ignorado.

— Sabe, não é só a beleza que conta — contestou Brooks. — Ela também pareceu ser uma menina muito divertida.

— E daí?

— Daí que é o interior que conta, ué?

— Bobagem!

— Falou o cara que nunca tem encontros — argumentou a moça balançando a cabeça. — Harry deveria namorar uma garota personalidade e Gina tem um caráter bem forte. Acho que formam um ótimo casal.

Harry de um suspiro de exasperação e cruzou os braços. Evitou dizer alguma coisa, pois sabia que seria novamente desconsiderado, ainda que não aprovasse o grupo discutindo sua intimidade como se fosse da conta de todo mundo. Todavia, não pode deixar de sentir-se um pouco satisfeito ao escutar que ele e Gina formavam um bom casal.

— Que pena que Marta e as crianças foram embora — Brooks continuou. — Eu realmente gostei deles.

— Não se pode exigir que uma mãe envolva seus filhos em uma empreitada perigosa sem garantia de dar certo — disse Morgan. — A partir daqui, não sabemos o que vai acontecer e não seria prudente envolvê-los mais que o necessário. Já foi muito bom o auxilio que Artur prestou ao Sirius e eles estão de prontidão caso precisemos novamente de sua ajuda.

Seguiu-se uma concordância geral às palavras de Morgan.

— Agora, sem perdemos mais tempo, acho melhor voltarmos ao assunto de Tiago.


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Notas finais do capítulo

E esse foi o capítulo da semana. Espero que tenham gostado!
Comentem o que vocês acham que vai acontecer: Pritchett terá entregado Rômulo?Será que vai trair o Sirius? Eles conseguirão resgatar o Tiago? E o Harry vai conseguir voltar e finalmente desencalhar?
Deixem suas opiniões!
E obrigada por lerem até aqui!
Tchau!



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