Humanidade: A Queda escrita por Daniel A Soares


Capítulo 8
Capítulo 8 - Sacrifício


Notas iniciais do capítulo

Aaaaah. O que falar da Isabela? Essa pessoa maravilhosa que está acompanhando e que até deixou uma recomendação ♥ Melhor leitora. Esse capítulo é dedicado a você, trouxe até mais cedo de tão feliz que fiquei com a recomendação haha nos vemos nas notas finais.
Até mais dear zombies ♥



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Capítulo 8 — Sacrifício

"Nenhum sacrifício feito por um bom motivo é em vão. Às vezes precisamos perder para ganhar e no final tudo gira em torno do que você está disposto a abrir mão." SOARES, Daniel

Ok, vou contar um pouco da minha história e sei que vai soar estranho pra caralho, mas eu não tenho culpa de ter me tornado carente depois do meu melhor amigo virar um maluco assassino, depois da minha namorada morrer e depois do mundo inteiro se tornar um inferno com esses zumbis. Minha namorada provavelmente reclamaria do meu palavreado, mas ela não está mais aqui mesmo.

Eu sou o Fernando, eu trabalhava na organização que buscava uma cura efetiva para os males da humanidade, eu estava estudando ciências biológicas quando fui chamado para essa organização, apesar da preguiça eu me destacava nos conhecimentos e era forte o que também fez de mim um bom agente dentro da organização. Primeiro fiz uma grande amizade com Luís, depois comecei a namorar com uma agente de alto escalão da organização, ela trabalhava infiltrada na ufma, tinha se tornado melhor amiga de um imune afim de conhecer a rotina e coletar, lembro que a primeira vez que ela disse o nome Daniel percebi o quanto esse nome era normal, mas era impossível não notar a admiração que existia na voz dela e acho que comecei a admirar também alguém que eu nem conhecia. É estranho lembrar disso, eu tento não pensar muito se não posso enlouquecer, ela falava de uma forma que me dava a impressão de que a gente devia proteger esse carinha e no dia que a organização caiu, no dia que eu vi meu melhor amigo atirar na minha namorada, ela me fez prometer que eu protegeria o imune, acho que ela já imaginava que isso poderia acontecer e tinha de certa forma me treinado para isso.

Fiquei abalado quando ela se foi, mas tudo piorou ainda mais quando o mundo virou esse caos. Recebi uma mensagem programada do doutor com uma foto do Daniel, eu sentia como se tivesse transferido o sentimento da minha namorada para esse imune e sei isso tá soando estranho pra caralho de novo, mas é isso que aconteceu, minha namorada me treinou para isso, eu sou um soldado e está na hora de cumprir minha missão. Não irei desapontar você amor e nem irei decepcionar Daniel, vou ajudar a salvar o mundo e seu sacrifício não será em vão.

°°°°

Luís avisou de longe aquela multidão de zumbis entrando no Shopping e percebeu que algo estava errado, antes mesmo de sentir aquele estranho cheiro incrível e inebriante.

°°°°

— DANI!. — Rebeca gritou grudada no meu pescoço. — Achei que eu ia morrer presa dentro daquela geladeira.

— Rebeca. — me virei e abracei a garota que tinha acabado de me assustar. — Estou tão feliz de te encontrar. Mas precisamos ser rápidos tem uma horda imensa de zumbis lá fora.

Eu me sentia eufórico, a garota juntou a bolsa dela, um facão e me deu um taco, mexi levemente na minha bolsa e indiquei o urso e ela sorriu. Corremos do estabelecimento, minha mente parecia dar voltas, mas a presença daquela garota era o suficiente para me manter são, a presença dela era tão reconfortante para mim que por um momento imaginei que talvez a gente pudesse ser parentes mesmo.

Entramos em um corredor e estava cheio de zumbis, íamos voltar, mas eles estavam nos cercando, tirei a arma do bolso e apontei para a escada. Eram muitos zumbis, eles vinham de todos os lados, subir podia não ser a melhor idéia, mas eu tinha um plano.

 

Fechei os meus olhos e tentei pensar onde eu tinha errado, eu era fraco, não conseguia agir com rapidez em situações de perigo, no geral eu travava em situações assim. Então como eu, um ser humano tão patético, tinha sobrevivido a essa merda toda de morte, de sangue, de cenas grotescas e perigo por todos os lados? Um grito ecoou, um grito feminino, meus sentidos voltaram, coloquei a arma na minha cintura, peguei uma barra de metal caída no chão e me preparei, a garota gritou novamente meu nome, mas eu já estava pronto. Como eu tinha sobrevivido? Só tinha uma explicação: ela.

Aquelas pessoas me olharam, na verdade não era mais seres humanos, eram animais movidos pelo instinto de matar e se alimentar, eu podia não ser forte por mim, mas quando era para lutar por outras pessoas eu mudava por completo, uma fúria assassina percorreu meu rosto e era assim que deveria ser. Pelo menos eu tinha despistado o maníaco que antes fora meu amigo.

Subimos correndo as escadas e corremos pelo corredor, eu precisava encontrar a saída de emergência ou provavelmente este seria meu fim e dessa garotinha, correr é a melhor alternativa no momento e eu só espero estar certo. Olho para Rebeca que está com uma expressão de valentia, mas tem lágrimas nos olhos, seguro a mão dela e aperto de leve enquanto falo ofegante.

— Tudo vai ficar bem. Eu prometo.

°°°°

ANTES

Meu pai trabalha nessa coisa de empresa, ele é médico, mas trabalha nesse lugar, ele me falou sorrindo que pode estar perto de encontrar a cura para a maioria das doenças humanas. Ele quer que eu substitua ele um dia, por isso me trouxe para ver essa organização. De longe vejo algumas pessoas parecendo soldados treinando e um dos homens estranho me olha, apresso o passo e acompanho meu pai segurando o Pi contra mim, meu ursinho inseparável. Meu pai me apresenta Fernando, assistente dele, um cara legal, ele deixou eu jogar no celular dele para eu não me entediar quando meu pai precisou ir analisar uma descoberta. O tio Fernando me mostrou o resto da organização e me mostrou a namorada dele, uma moça muito bonita que riu quando eu falei isso. No fim do passeio, antes da gente ir embora, meu pai me levou no escritório dele e me aplicou uma injeção, ele disse que era um soro, um preparado especial que junto com meu metabolismo acelerado iria melhorar minha imunidade. Saí de lá um pouco irritada, sinceramente, eu esperava um sorvete no fim do passeio, não uma injeção, meu braço ainda dói.

Rebeca

°°°°

HOJE

Droga, droga, droga. Bato minha cabeça no volante várias vezes, o que eu posso fazer? Tentar entrar ali agora seria suicídio e então como vou cumprir minha missão? Daniel e Rebeca, por favor saiam vivos daí, por favor.

Ao levantar meu rosto noto duas figuras correndo para a avenida, reconheço Daniel e Rebeca, começo a gritar para chamar a atenção deles e os dois vem em direção ao carro que estou. Saio do carro e quando eles estão chegando perto vejo Daniel levantar a arma e dar um tiro em minha direção.

°°°°

Caramba, tenho que admitir que minha mente científica acha incrível, apesar de relutar em aceitar toda essa loucura, essa reanimação de cadáver proporcionada pela ação de um vírus é loucura, mas apesar de achar incrível não tenho como deixar de notar o horror disso tudo.

Estou agora de volta a São Luís, eu iria viajar para outro país, mas houve um problema e tivemos que fazer um pouso de emergência, passei os momentos iniciais da infecção preso dentro de um aeroporto, onde apenas portas simples de vidro separava um grupo de sobreviventes de vários desses indivíduos reanimados com uma fúria assassina. Eu sabia reconhecer todos os sintomas antes que a pessoa chegasse ao nível final da infecção, minha palavra virou ordem e minha presença era reconfortante para alguns e terrível para outros que perderam os seus quando eu determinava a infecção.

Em pouco tempo estávamos em um número muito reduzido e nossos suprimentos eram pouca coisa, conseguíamos enganar os zumbis que passeavam do outro lado colocando cadeiras na frente da porta, se eles não nos ouviam e não nos viam nós estaríamos seguros, mas aquilo era um paliativo apenas, nós precisávamos sair dali e eu precisava encontrar minha filha e em seguida procurar um local seguro.

Éramos 7, decidimos sair do aeroporto e pegar uma mini van para procurarmos um local para ficar e suprimentos, 3 mulheres sendo uma delas uma segurança do aeroporto e 4 homens sendo um deles um policial. Nós tínhamos 5 armas que conseguimos no aeroporto e decidimos sair do nosso lugar secreto, eu torcia para que meu assistente encontrasse minha filha e ativasse o localizador.

Saímos durante o dia e formamos um perímetro de segurança, uma das mulheres disse que sabia arrombar um carro e deixamos ela fazer o trabalho enquanto a gente cobria o perímetro, foi nosso primeiro erro. Assim que ela abriu a porta da mini van senti um cheiro estranho e antes que pudesse falar algo duas coisas pularam na mulher, mordendo a jugular e arrancando a pele com sangue e veias. A segunda criatura a derrubou caindo em cima da barriga e mordendo furiosa. Atiramos nas duas, eram apenas crianças, mas o barulho do tiro foi o suficiente para atrair outros zumbis. Um dos policiais entrou na mini van para ver se estava seguro e logo em seguida entramos no carro para tentar fazer ligação direta, todos estávamos em desespero, os atiradores tentavam ganhar tempo e ouvimos o motor dar sinal quando iríamos avisar, a mulher que tinha sido atacada e que pensávamos estar morta, se levantou e atacou um dos policiais, olhamos para o lado e estávamos sendo cercados. Isso é definitivamente uma situação muito ruim. Quantos mais seriam sacrificados para que os outros pudessem sobreviver? Apertei o palmtop contra mim e torci para que minha filha encontrasse o localizador no urso e que eu pudesse sair dessa enrascada para ir ao encontro dela.

Rebeca, se mantenha viva, papai prometeu que iria voltar e ele vai fazer o possível e o impossível para cumprir a promessa.

°°°°

RÁDIO (ALGUMAS HORAS ANTES)

"Um estranho surto iniciado no Brasil está assustando o mundo inteiro. De início fomos avisados que o surto era local e os outros países estavam seguros, apesar da estranha nuvem tóxica negra ter viajado por todo o globo. O que era segurança se tornou caos quando durante a posse do novo presidente dos Estados Unidos, o presidente antecessor Barack Obama, teve um súbito mal estar e ao se levantar atacou o novo eleito com mordidas. Policiais atiraram imediatamente, mas outras pessoas no público também desmaiaram e todos acordaram atacando quem estava próximo. Na BBC um âncora atacou sua parceira ao vivo e durante uma partida de futebol da Eurocopa, o estádio virou uma poça de sangue. Não sabemos o que está acontecendo, o governo do Brasil organizou uma transmissão, mas quando a câmera foi ligada só se via sangue. Estamos todos em pânico, as redes de TV não estão operando, a Internet ameaça cair a qualquer momento, não temos a quem recorrer, só podemos pedir a Deus que nos proteja e lutar por nossa sobrevivência. Se você está ouvindo essa transmissão se esconda, salve-se a si mesmo e proteja os seus que sobreviveram. Não existe uma esperança, não existe uma escolha, este é o apocalipse e o mundo se tornou um inferno."

°°°°

AGORA

Daniel deu um soco no rádio irritado, aquela mesma mensagem repetia há horas, ele estava suando e seus olhos pareciam um pouco perdidos. Fernando parecia nervoso, o tiro de Daniel tinha atingido um zumbi atrás dele, mas eu sei que ele se assustou.

Fiz um rápido exame visual em Dani e finalmente vi o que estava me assustando, conclui com espanto e falei em voz alta.

— Dani está infectado. Mas como?

Ele me olhou, seus olhos um pouco fundos, parecia comer e dormir mal há dias, parecia muito cansado e eu torci para que ele me dissesse que eu tava enganada.

— Sim. Eu fui infectado, por algum motivo os vírus não me mataram, mas eu sei que o vírus tá aqui. — ele apontou pra cabeça dele.

Fernando colocou a mão na perna de Dani e apertou, mas Dani parecia perdido e de repente começou a gritar com as mãos na cabeça, pedindo pra memória dele ficar. Foi tudo muito rápido, ouvi um barulho de moto se sobressaindo aos gritos, ouvi tiros, puxei o meu cinto quando ouvi um barulho de algo estourar, estávamos na ponte Bandeira Tribuzzi e de repente todo o mundo começou a girar. Ou isso, ou o carro estava capotando numa ponte.

°°°°

Eu vou conseguir eu preciso conseguir, minhas memórias estão turvas pela falta do soro, mas sei quem eu sou e sei qual é minha missão, eu não sou um monstro, não sou, eu sou humano ainda e é por minha humanidade e por minha família que luto. Porra, isso é injusto, eu vivia uma vida calma e comum quando esses surtos começaram, meus familiares adoeceram e acabei aceitando o convite de uma organização pronto para fazer o que fosse preciso para salvar aqueles que eu me importava e foi assim que conheci o cientista, assim me tornei um agente duplo e assim me tornei o que sou hoje. Mas Daniel está aí, vivo e imune ao vírus, porra, ele deveria se entregar pra mim de bom grado, ele deveria dar todo o sangue dele se preciso, afinal ele é meu amigo. Ou não?

Malditos imunes, desfilando por aí sua evolução enquanto o resto de nós morre, eu preciso pegar ele e levar para o cientista, sei que devo fazer isso, mas é realmente isso que eu quero? Olho para o carro a minha frente e percebo que sim, é o que eu quero e o que vou fazer. Dou 4 tiros e no último vejo o carro capotar perigosamente na ponte. Droga Daniel, não morre agora!

°°°°

Me assusto, estou de cabeça pra baixo, passo a mão no meu cabelo e tem sangue. Estou dentro de um carro e um homem me ajuda a sair, uma garota assustada me olha e me abraça assim que eu saio. Rebeca? Fernando? Quem? O que está acontecendo? Minha cabeça dói muito e eles sorriem quando o homem me mostra um aparelho com pontos vermelhos e um deles se movimenta.

— É o doutor. — o homem grita apontando para uma mini van que surge na ponte. — Estamos salvos. — ele me abraça com força. — Ele vai te ajudar Daniel.

Ele se afasta um pouco olhando nos meus olhos, parece emocionado e parece estar se contendo. Eu forço um sorriso e acho que isso deixa ele ainda mais feliz pois ele me abraça de novo e sinto que estou sendo sufocado. Vejo a porta da mini van se abrir e para minha surpresa apenas 3 pessoas saem de lá, a garotinha que estava conosco corre em direção a um homem e o abraça chamando de papai. Papai é o nome dele? O homem ao meu lado passa as mãos em volta dos meus ombros e me leva em direção a mini van, caminhamos quando de repente escuto um tiro e vejo Fernando colocar a mão na costela. Fernando? Fernando! Eu estou me esquecendo, olho para trás e vejo o Luís andando, vindo bem longe, me coloco na frente de Fernando e vejo que o tiro foi superficial. Fecho os olhos forçando minha memória a ficar e tentando sentir, mas sinto que tudo está indo embora e de repente penso em como essas pessoas seriam ótimas criaturas. Não, não, NÃO!

— Vão embora. — falo sentindo minha voz alterada e embargada. — É a mim que ele quer e no momento eu represento um perigo para a vida de vocês. Não adianta argumentar, eu vou ficar. Se vocês encontrarem um lugar seguro, voltem e me procurem, mas agora vocês precisam ir e sem mim, vocês não sabem do que sou capaz.

Fernando olha pra mim e se levanta, coloca as duas mãos em meu rosto e limpa as lágrimas que caem. Porque estou vazando pelos olhos? Sinto uma imensa confusão me tomar, e o homem a minha frente me olha, eu quase consigo sentir o calor dos olhos dele lutando contra o frio que preenche meu interior. Ele parece pensar em algo, mas eu tiro a mão dele do meu rosto e sussurro. "".

Não vejo ele entrar na mini van, pois me viro para o atirador que me observa, não vejo a mini van ir embora, mas ouço o barulho dela se afastando. E de repente deixo todas as minhas memórias ir embora, todos os sentimentos, tudo indo como se uma torneira tivesse acoplada na minha cabeça, enquanto eu aperto um urso de pelúcia azul e manchado de sangue. Me sinto calmo e vejo que meu suor adquire um aspecto diferente, vejo criaturas saírem debaixo dos carros, criaturas vem de todos os lados em minha direção, elas vão me obedecer, elas vão me proteger, elas vão me ajudar.

— A humanidade é uma praga. — alguém fala com esforço e com uma voz gultural. — E deve ser exterminada. Eu sou o fim da humanidade. — percebo que a voz sai de meus lábios e sinto que isso é normal.

O atirador ergue a arma e tira os óculos, Luís é o nome dele, ele me encara e parece ligeiramente assustado, ou está com raiva, não consigo definir. Aponto a mão em direção a ele e um vulto se move em meu campo de visão, um pouco antes de eu ouvir o primeiro tiro de Luís.

Fecho os olhos me sentindo completamente calmo, talvez tenha sido o último tiro dele.


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Notas finais do capítulo

Que final foi esse? :o Assim termina o primeiro ciclo da história, o nosso mocinho já não parece tão mocinho assim e o nosso vilão pode ter sido aquele que vai salvar o mundo, tudo pode ter sido decidido por esse tiro, ou simplesmente nada acontece. Provavelmente na próxima semana já estarei trazendo o primeiro capítulo da segunda parte aqui mesmo, fiquem atentos. Os zumbis nunca param.

Bjs, até o próximo capítulo :*



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