Lágrimas da Realeza escrita por ShinySaturn


Capítulo 5
Capitulo 4: Perdida nas tremendas duvidas


Notas iniciais do capítulo

No meio da sua profunda confusão, Pérola Rosa segue uma ordem de Hessonite, e, durante a mesma, começa a refletir com os acontecimentos anteriores e sobre si.



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Alguma coisa estava errada em tudo aquilo.

Mas esta simplória Pérola Rosa encontrar-se-ia em um estado de demasia confusa para pensar em tal com extrema clareza… Mas mais alguém, ali naquele lugar, mais alguém muito mais sábio e experiente com tais assuntos, parecia, pensar com tamanha lógica, alguém que tinha a real certeza disso… Alguém que tinha a certeza que tudo aquilo estava errado…

Pérola fitou a Jaspe a se afastar dela, com um sorriso meigo gravado na face depois de pronunciar tamanhas palavras aconchegantes, sorriso este que logo se desvaneceu quando encarou as outras jóias, ali fora encontradas, nos seus devidos deveres. Não tardou em começar a ordenar estas, a guia-lhas, mais uma vez, de forma a realizarem um bom, ou melhor trabalho, de forma dedicada, do que aquele que elas já haviam realizado nos momentos anteriores.

Então, a Pérola Rosa, um tanto confusa, afastou seus passos, entrando na base reforçada. Com calma, não sabia o que lhe esperava, mas logo reparou que estava num grande e simplório corredor. Apenas decidiu seguir este corredor sempre em frente, como a sua Hessonite tinha ordenado. Caminhava, olhando atenciosa para todos os lados. Reconheceu bem algumas das placas de metal amolgadas usadas para construir esta base, as mesmas placas que lhe tinham esmagado o seu corpo, as mesmas placas que esta tentara limpar á uns três dias…

Apesar de terem sido um pouco trabalhadas, para permitir tal suportado papel de paredes da estranha base, dividindo assim as diversas áreas para estudos ou repouso das guerreiras, curiosamente, ainda dotavam de restos de tais resíduos que, de modo suposto, as iriam corrigir durante as limpezas da nobre empregada. Pode-se ser notável várias paredes escavadas nas rochas que também adotavam um objetivo semelhar.

Ela estremeceu, ao se relembrar que resíduos estes foram expelidos pelo aspirador, seu novo e primeiro inimigo… Sim, ela ficara com medo daquela máquina peculiar, de forma clara. Não queria se relembrar do que ocorrera, além disso, tinha que procurar os deveres que sua senhora Hessonite lhe havia deixado, como informou, portanto, apenas acelerou o passo, se afastando do local, enquanto observavam com pressa todo o restante redor, com o objectivo claro, encontrar tais peças importantes que tinha que limpar, esclarecer a questão que lhe perguntava qual a dimensão do objetivo que tinha a fazer.

Parou, então, ao pressentir uma nova sensação estranha sobre a pele, um respirar não muito longínquo, que apenas indicava que ela não estava sozinha.  Foi então, que avistou alguém, ao se aproximar de si, vinda do outro lado do corredor.

De mera passagem ao seu lado, esta nova figura sussurrou-lhe algo no ouvido.

— Ei… Tudo isto não foi sua culpa… Vem ter comigo, daqui a umas sete horas, se possível, á sala principal desta base… Preciso de alguns favores seus… - Esta pareceu, assim de tal modo, gerar um mero sorriso ao passar ao lado de Pérola, um tanto estranho, depois de pronunciar tais palavras incógnitas.

Olhou sobressaltada para quem lhe dirigiu, repentinamente, tais palavras. Para a presença passageira que já desaparecia, caminhante em marcha firme, ao entrar numa sala não muito longe dali. Não a seguiu, apenas encarou os cabelos e a sua forte estrutura física, igualmente reconhecendo um pouco a sua voz.

Não tardou a descobrir que era uma Ametista, não uma Ametista qualquer, reconheceu bem a sua voz e pronuncia característica, e logo chegou á conclusão que era a mesma guerreira, a outra jóia que tentou preceder a uma defesa desta Pérola, nos momentos anteriores, quando Hessonite havia lhe dado uma poderosa chapada na face.

Parou seus passos, confusa, observando o corredor em frente, focando o seu confuso observar no local onde a tal Ametista havia se dirigindo, agora vazio, a mesma já a muito desaparecera de vista.

Deu um suspirou, e virou o corpo, ainda parada… Não sabia em que pensar exatamente, passou a mão na sua bochecha, ainda inchada, que lentamente recuperava, mas ainda doía…

Refletiu um pouco sobre tudo, não sabia a que conclusões chegar… Era muita coisa que acontecera tão rápido, e isto foi algo que lhe fez olhar para as paredes compostas por tamanhas placas metálicas, as mesmas que lhe tinham esmagado o corpo. Não sabia em que pensar, apenas não sabia, só tinha certeza que teria que prosseguir no seu trabalho.

 Em um simples e quase instintivo observar, observar estas paredes, um observar profundo que tentava buscar respostas, tentava buscar tais respostas por um modo tão simples, modo este ao tentar se relembrar do seu primeiríssimo serviço…  Dever este que, o que quer que tenha acontecido após seu corpo ceder, fora a causa daquela desgraça… Refletir sobre as consequências do seu primeiro dever… Procurar entender… Onde tinha começado tudo aquilo…

 Com os olhos bem focados em direção a parede, reparou em algo, marcas de afiadas garras, novas marcas estas que não existiam quando ela tentou limpar as amolgadelas irreparáveis… Do mesmo modo, encontrou os vestígios da tal substância peganhenta que nesses ainda permanecia, não conseguindo qualquer utilidade… Porém, tal chamou a sua atenção mais a fundo, aquela substância era diferente da que fora expelida pelo aspirador, e parecia estar a corroer ainda mais os metais que compunham a parede.

Encostou a testa a essa placa, encarando todos os seus detalhes mais de perto, aproximando seu corpo do local, com curiosidade.

Passou a mão, com cautela e em gestos bem suaves, seus dedos com leveza esfregavam na substância, que em vez de reparar as marcas, pareciam destruir e ainda mais sujar aquela superfície, lentamente. Ao início sentiu como que fosse alguma coisa peganhenta normal, mas depois apercebeu-se que o seu próprio dedo começara, tal como a própria placa metálica, a corroer…

Assustada com aquilo, sentiu seu corpo estremecer e doer intensamente, principalmente na ponta dos seus dedos, e nos seguintes instantes, o mecanismo encontrado preso na superfície de sua pedra mágica pareceu soltar um fluxo de energia que logo acalmou tamanha ardência, recuperando igualmente o estado normal dos seus dedos delicados. Pérola, durante este processo, acabou caindo e se ajoelhando… Depois de aliviada, foi quando se apercebeu que ela já havia presenciado dor semelhante, como também essa mesma sensação de protecção vinda do tal dispositivo preso em si… Algo que ocorrera naquele mesmo dia, á vários minutos atrás, quando esteve exposta a um incógnito denso vapor verde expelido por uma das inúmeras crateras deste planeta.

Foi quando, envolta em luz que clareou totalmente aquela zona escura, a tal Jaspe surgira, com sua jóia cintilante combatendo a escuridão da noite que já se fazia ali dentro á muito sentir. Imediatamente, para atender esta presença mais superior, colocou-se em pé, numa posição composta, físico em ângulo reto e braços cruzados entre si.

Ao tomar uma maior aproximação, aquela Jaspe deu-lhe um pequeno carinho sobre a cabeça, emaranhando os cabelos púrpuras da Pérola Rosa, um gesto atencioso, e esta nobre empregada, sem saber como reagir mais, acabou corando, nervosa. Não sabia á quanto tempo a Jaspe esteve ali perto, como também se a mesma tinha visto o que aconteceu… Talvez, a pequena fala desta nobre guerreira, obtivesse essa mera resposta.

— Tem muito cuidado com esses resíduos… A Hessonite me despedaçava se descobrisse que a sua primeira e valiosa Pérola sofreu com Erosão…

Pérola encarou-a confusa, sua típica confusão gravada em seu olhar, e a Jaspe noticiou imediatamente que ela não sabia nada do que ocorria… Aqueles olhos cor de rosa só demonstravam confusão, nada mais além de confusão e da falta de respostas, apenas, nada mais. Provavelmente esta Jaspe já tinha reparado em tal antes, mas achou que não era a altura certa para esclarecer as coisas… Portanto, decidiu dar-lhe uma explicação bem simplória, para começar. Talvez, estava sentido piedade face á situação da novata… Jóia pura que acabara de nascer e já se encontravam numa situação daquelas, não conhecia nada de nada, ou quase nada ainda, sobre o  mundo que a rodeava, só sabia o seu propósito funcional, nada mais.

— A atmosfera e vários resíduos deste planeta são extremamente corrosivos, graças a estes dispositivos que carregamos, estamos a salvo… Porém, cada dispositivo não aguentará muito e é uma tecnologia ainda nova e… Pouco confiável – Fez uma pausa pensativa, e logo depois, prosseguiu, e a nobre empregada estremecera um pouco ao reparar neste lento momento de silencio - Tem muito cuidado, não abuse contactos diretos com os gases tóxicos e essas mucosas que existem nas paredes… - Pausou e novamente, continuou, com o mesmo ar pensativo - A Erosão é um castigo pior que… A Corrupção…

A partir de agora, alguns factos começariam a encaixar melhor… Alguns… Nem todos… Só alguns…

De seguida, sem mais nenhuma palavra, a Jaspe continuou sua marcha em frente, depois de acariciar, mais uma vez, os cabelos da pequena e frágil empregada. Por algum motivo, esta acabara bem confiante de si, a confusão passara-lhe devido a tal informação, apesar de não ter entendido bem os conceitos que a compunham… Erosão? Corrupção?... O que seria isso exatamente? Pérola era demasiado nova para saber…

Mas conhecer aquilo já era o suficiente, pois sabia que tinha que se afastar e evitar um contacto com aquilo que a Jaspe havia dito. Seu corpo sentiu paz naquele instante. Era uma sensação simples de segurança, pois agora sabia que, ou tinha quase a certeza que, apesar de tudo, ainda existia Jóias naquela nave que acreditavam na sua inocência, e que estas podiam facilmente acreditar nela, ou defende-lha, em algum caso mais extremo, se tivessem boas motivações para tal.

Tal como fizera com a Ametista, gravou uma pura inocente reacção nos seus olhos, manteve-se imóvel, observando a poderosa guerreira desaparecer… Porém, esta não desapareceu totalmente no final do corredor, parou, e virou a cabeça para trás, encarando novamente a Pérola Rosa, com um ar de curiosidade,, á distancia. Era claro que esta guerreira não queria deixar a Pérola ali, assim, sozinha.

Como reacção ao observar súbito de Jaspe, a Pérola deu um pequeno pulo, seguido de um sorriso, um pequeno e simples sorriso, apertando a sua mão ao peito. Um gesto impulsivo, não sabia os motivos para tal, depois de tudo. Alguma aproximação, talvez, ou a sensação de que tinha ganho algum novo amigo, apesar de nunca ter conseguido um nos poucos momentos que já vivera, depois de nascera, todo o tempo em que manteve-se viva e consciente, fora da sua forma Jóia… Talvez, nem sabia o que era ter um amigo…

— Bem… A Hessonite não especificou se eu podia te ter só para mim… - Pronunciou, com um pequeno sorriso na face – Acho que podes ser minha, enquanto ela está fora…

Com a mão, chamou a empregada, seus dedos em movimentos simples lhe ordenaram uma silenciosa aproximação, e foi assim que Pérola fez, sem grandes questionamentos, ou sem grandes duvidas. Apenas respeitou e seguir a ordem de sua temporária superior. Acelerou o passo, e começou a caminha ao lado da Jaspe, mais perto dela ainda, com o corpo bem posicionado, como se fosse realmente a sua nobre empregada. Esta, com um olhar bem sério, focava sempre o caminho em frente.

— Hessonite quer que realizes uns trabalhos, ela sabe que és capaz de os cumprir sem grandes estragos, pois mais estragado do que isto, a situação, sem duvidas, não fica… Porém eu não te quero deixar sem supervisão… - Informou sem grandes delongas, enquanto lhe dirigiu os olhos de lado, com ar sério num breve momento, voltou a mover-lhos em frente. Era bem claro que aquelas palavras continham o tom de segundas intenções.

***

Chegaram a uma grande zona. Se não fosse a luz que a jóia da guerreira expelia, Pérola podia ter a certeza que não passava de um buraco escuro, entre destroços de metal, bem no fundo de uma rocha que aparentava ser bem diferente das restantes em termos de minerais que a compunham.

Esta mesma guerreira, depois de entrarem no local, de alguns passos para o lado e ligou então um interruptor bem estranho numa das paredes, num simples clique. Clique este que criou um pequeno clarão de luz, luzes de lanternas fracas enfileiradas nas paredes combateram tal escuridão, possibilitando uma melhor visão do local, por parte do olhar curioso de Pérola.

Não tardou em se aperceber que aquela zona era bem antiga, não fora construída junto com a base criada com a própria nave desfeita, curiosamente. Era claro, Hessonite não escolhia um desfiladeiro daqueles por mero acaso para construir sua base de alta segurança. Tinha que existir algum subtexto, entre seus motivos. E este era o motivo dos seus mais poderosos motivos, a base interligava-se a ruinas antigas, de outras eras.

Vários outros ecrãs flutuantes, ou interligados ás velhas paredes, foram ligados, igualmente, á medida que as principais luzes começavam a faiscar, com dificuldade a acender, devido a tanto antigas que eram, apesar de algumas já serem de tecnologia mais recente, talvez, ali também instaladas durante a construção daquele forte.

Esses mesmos ecrãs iam, aos poucos, revelando imagens aleatórias, de vários locais, ruinas, tudo não passava de ruinas. Ruinas de diversos pontos, umas totalmente escuras, devido á sua localização no subsolo, outras iluminadas com uma fraca claridade proveniente do exterior, através de buracos nas paredes ou nas suas coberturas.

Alguns destes ecrãs e luzes, ou, no caso, de modo mais específico, quase tudo, não funcionava, ou continha certas dificuldades em se manter estável. Porém, as luzes que em flashes constantes e graves falhas temporárias, eram suficientes para combater a escuridão, revelando a Pérola o recheio daquela câmara antiga.

Depois de observar as fontes de luz e ecrãs com atenção, e tentar compreender, chegou a uma conclusão rápida e simples, aquilo ali, só podia ser, em outros tempos, uma das principais salas das ruinas, sala esta que monitorizava as outras. As paredes tinham marcas daquilo que pareciam ser outras portas de pedra, mas, estavam tapadas por poderosas e pesadas placas de metal, ou algum outro material resistente, impossibilitando a passagem, do que quer que fosse…

A empregada, então, logo de seguida, acabou dirigindo seu olhar ao solo, procurando o seu trabalho a fazer, onde contemplou várias peças de inúmeras máquinas espalhadas pelo chão. Umas dentro de caixas, pelos cantos, outras amontoadas, em tudo o que era sitio.

Peças aleatórias, estas que pareceram pertencer ás próprias ruinas, deviam contar com alguma utilidade, e todas estavam completamente carregadas de poeira e rochas, além de ferrugem, umas até foram completamente afectadas pelos resíduos tóxicos do planeta, mas com os cuidados certos, podiam ser reparáveis, provavelmente.

— Isto é tudo o que tens que limpar – Disse Jaspe, finalmente, com bastante simplicidade, apontando para o solo, o que fez a Pérola movimentar a cabeça de modo afirmativo, teria um grande trabalho em frente, e aceitara tal, apenas aceitou, pois era seu óbvio trabalho. Seu instinto, era trabalhar naquilo, pois fora sua ordem.

Enquanto a Pérola deu passos em frente, abaixando o corpo e já pegando em algumas das peças, procurando um modo como limpar estas, já que reparara que não tinha nada em mãos, apropriado para tal, e então, a guerreira lhe chamou sua atenção, e apontou para uma coisa estranha ao lado de uma parede, parecia ser um pouco de tecido, e um balde, carregado de água, bem localizado, lá no fundo daquela antiga câmara, e esta água já estava bastante poluída, por sinal.

— Usa aquilo. É uma forma bem arcaica, que em outros tempos nós partilhamos com uns seres chamados Humanos… Voltaremos a tais técnicas dos primórdios da nossa sociedade, para não gastarmos os outros recursos de limpeza… Podem ter alguma outra finalidade para nossa sobrevivência enquanto estivermos nesta situação… - Informou em tom alto, o que fez a empregada ouvir com bastante atenção - Espero que compreendas…

Ao inicio não entendera, nunca tinha visto uma coisa daquelas, muito menos aprendido no Jardim de Infância, a manusear tais técnicas de limpeza assim tão, estranhas, assim tão, arcaicas. Muito menos, sequer tinha visto o que era água em toda a sua jovial vida. Mas tinha que ser, foi em direção ao balde, segurou o pano, e começou a interagir directamente com o liquido, tentando compreender como o utilizar, ao explorar o objecto a fundo.

Pérola iria realizar um trabalho á moda antiga, sabia que tal era crucial, as típicas e altas tecnologias de limpeza, como Jaspe tinha acabado de informar, teriam qualquer outra finalidade bastante útil para a sobrevivência da tripulação da desfeita nave. Talvez, seriam maquinas desmanchadas, para suas peças servirem para alguma outra máquina, útil, ou suas habilidades magicas de limpeza seriam adaptadas e usadas, de alguma forma, para a protecção do próprio forte… Esta sociedade, era tão avançada que tal era extremamente difícil de pensar, ou explicar… Até mesmo algumas Jóias, de hierarquia mais baixa, mais ignorantes por vezes não entendiam as funcionalidades de tamanhas tecnologias…

É claro que este não era o caso… Já que todos os fieis seguidores de Hessonite eram técnicos e guerreiros altos, bastante qualificados. Eles sabiam o que fazer e como adaptar tais máquinas aparentemente inúteis para tudo além de limpezas, de forma a serem armas capazes de suportar a pressão erosiva do planeta.

Pérola logo colocou as mãos ao trabalho. Para começar, mergulhou os dedos no líquido, tentando compreender, sem medo, como manusear de modo a limpar tais peças, foi quando reparou que, tal líquido escuro lembrava, suas próprias lágrimas, lágrimas estas que ela chorara quando Hessonite lhe tinha dado uma grande chapada na cara. Lágrimas estas causadas pelo seu sofrimento, pela dor que sentira. Porém, as do balde, eram lágrimas escuras, e mais frias.

Era a primeira vez que Pérola via água a sério, água nesta quantidade, e tinha um contacto direto com ela, e, por isso, começava a raciocinar coisas completamente viajadas sobre aquele liquido escuro, claramente. E para começar, pôs-se a refletir de onde tanta água vinha…

Na sua mais pura e jovial inocência, chamou mentalmente aquilo de lágrimas, e que alguém chorara tanto para encher tal balde… Talvez, lágrimas da própria Diamante Azul. Ao pensar nisso, Pérola sentiu-se honrada, já conhecia naturalmente e instintivamente quem eram as Diamantes, e sabia o quanto esta grande líder específica chorara constantemente. Ela só podia ser a fonte daquele liquido em todo o mundo dos cristais! A grande jóia, criadora da água, milagrosa coisa que limpava tudo e deixava num brilho!

Infelizmente, a água estava demasiado suja para esta jóia conseguir ver, com sucesso, seu próprio reflexo, ou conhecer melhor as propriedade daquilo, conhecer o lado mais puro e límpido da água.

Colocou as mãos na água, molhando o seu pano. Um contacto tão direto com aquela água suja, pareceu refrescar sua mente, aumentar sua inteligência, arrefecer tudo o que sentia sobre tudo o que passou.

Sua mente parecia estar mais livre, nenhuma grande dúvida de relevância a assombrava no momento, quase todas as suas perguntas se mantinham sem resposta, mas agora, que adotava uma posição mais calma, podia facilmente tomar atenção ao mundo que a rodeava. Mundo este que nunca tinha conhecido ainda, mundo pelo qual nunca adotara tamanha e direta aproximação, depois de nascer. Isto pois, aquela água, era o seu primeiro contacto calmo, contacto calmo com este mundo exterior… Mas, apesar de suja, sua energia parecia purificar... Energia que acalmava, e que a embalava… Á medida que limpava sem pressas, e com todos os cuidados, apesar de sua atenção estar parcialmente focada no pensamento.

De vez em quanto, encarava os grandes ecrãs que mostravam imagens, tanto de outras ruinas, como de inúmeras áreas do exterior além destas, procurando melhor conhecer estes locais, ao longe, só com sua simples observação.

Só se lembrava da nave, antes de ser desfeita, e do Jardim de infância onde nascera, este que provavelmente ela nunca mais iria voltar a ver. Os primeiros e fracos raios de luz a embater em seu corpo, o barulho dos injectores a plantar mais jóias, suas irmãs, que ela nunca iria profundamente  conhecer… Tudo isto agora não passava de pensamentos passageiros, que a Pérola, por algum motivo, estava a imaginar na sua mente sem grandes preocupações, á medida que realizava aquela tarefa simples, sem grandes problemas… Talvez, esse suposto nenhum motivo, estaria na essência daquela suja e velha água…

Limpava cada peça com cuidado, não exagerava na água, pois, eram objectos antigos, que podiam se estragar ainda mais se o líquido fosse em excesso… Apenas tentou usar a quantidade certa de água, liquido sem exagero, mantendo o pano quase seco, tal como a Jaspe lhe tinha indicado á instantes atrás. Demorava cerca de uns 20 minutos limpando cada peça, seria um longo trabalho pela frente, e bem, desgastante…. Felizmente, a Jaspe estava ali, e lhe quis dar uma pequena ajuda no comprimento da tarefa.

Pegou em outro pano, e sentou-se, ao lado dela… Deixou uma determinada Nephrite que lhe era de confiança, a cargo dos seus deveres, e supervisão da nave, em geral. É claro que esta não adotara uma boa cara a ver que uma guerreira quis ajudar uma Pérola. Mas Jaspe explicou que a empregada ainda era nova, não conseguiria limpar tudo a tempo, e que Hessonite não ficaria satisfeita com tal, além disso, ela própria explicou que, muito antes desta líder ganhar este seu próprio brinquedo, Jaspe já estava encarregada de tarefas como aquelas ou semelhantes, portanto, tinha experiencia. Talvez, esta técnica certificada relembrou-se de tal, afinal, era uma jóia já bem antiga na nave, talvez chegou mesmo a participar nessas tarefas… Portanto, Nephrite concordara então, depois de ser convencida, resultado de tal conversa.

Pérola Rosa, por alguma razão não conseguiu ouvir com clareza aquela conversa com Nephrite, estava tão concentrada no trabalho e pensamentos, curiosidade sobre as ruinas, que quase esquecera tudo relacionado sobre as companhas encontradas ao seu redor. As palavras de Jaspe foram bem cruciais para avivar as suas memórias, e a Nephrite em questão simplesmente virou as costas, voltando aos seus deveres, e novos objectivos ordenados pela Jaspe.

Iniciou então, realmente, seus movimentos de auxílio. Sentou-se perto de Pérola, com outro pano em mãos. O silêncio dominou a área. Aquelas importantes peças de utilidades desconhecidas, as já devidamente limpas, foram sido amontoadas numa outra área mais restrita e organizada daquela sala. Com Jaspe no serviço, Pérola pareceu ver seu trabalho adiantado, cada vez mais rápido, e se ambas se mantivessem naquele ritmo, iriam terminar tamanha tarefa, e ainda restava minutos os suficientes para descansar algum tempo, mesmo antes de Hessonite chegar.

O tempo ia passando com calma, de vez em quanto, o alarme da nave soava, alertando sobre uma nova onda daquele gás que o planeta iria expelir nas proximidades. Pérola era demasiado frágil, mas conseguia aguentar bem, e além disso, a localização quase imune daquela sala das ruinas era para esta uma vantagem.

 Olhou ao redor, quando sentiu o alarme soar, e reparou que, através dos ecrãs flutuantes que apontavam outras áreas, várias outras guerreiras conseguiam aguentar bem, outras cediam facilmente, tal como ela… Tudo parecia depender de diversos factores, talvez o tipo de Jóia de cada uma. Porém, os danos nessas próprias guerreiras também variavam, Jaspe era fortemente atingida por certos gases em alguma em certas ocasiões, e por outros, não sofria dor… Era como se o próprio planeta tivesse algum género de vida própria, e modificasse os componentes do seu gás esverdeado, a cada vez que o mesmo era expelido…

Pérola sabia que tinha que encontrar muitas respostas por si só, estava no momento mais aconchegante, menos confusa, e, desse modo, conseguiu, finalmente, depois de longos momentos perdida nas tremendas duvidas, estava a conseguir raciocinar com muita clareza.


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Notas finais do capítulo

Peço desculpa se encontrarem algum erro neste capitulo, ou se a partir dele, a narrativa acabar um pouco diferente. Estou a tentar simplificar um pouco mais a minha forma de narrativa.



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