We are blue escrita por Kagura May


Capítulo 9
Capítulo 8




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Ira

 

Após voltar para o esconderijo, escondi o cordão dentro da jaqueta e fui jogar boliche como sempre.

Droga! Por que tô...?

Briguei comigo, mentalmente por ter corado novamente. Mesmo naquele momento estando preocupado com o presente podendo ficar a mostra, a sensação de ter sido ganho por ela não sumiu nenhum pouco. E quando digo sensação, quero dizer todas as explosões de sentimentos que nem sei explicar. Agradecimento? Felicidade?

Até agora, nunca fiz questão de entender como é receber ou dar presentes, mas ela me faz querer agradá-la sem motivos e que seja mútuo. É isso que chamam de se apaixonar? É isso que chamam de gostar? Não sei se gosto ou odeio, só sei que me trás a sensação de estar em montanha russa sem fim.

Gostar...? E ela... Gosta de mim?

 

— Olha quem finalmente chegou.

 

Respirei fundo, quase jogando o colar pra dentro da jaqueta.

 

— Vai encher o saco da sua mãe! 

 

Leva me ignorou totalmente e segurou nos meus ombros. Saí de perto desse agarramento, mas não foi o suficiente, ele logo jogou seus braços no meu ombro e me puxou para volta de si.

Vou matar essa desgraça!

 

— Ira, por que não vamos juntos derrotar as Precures hoje?

 

Percebo o deboche em sua voz. Tenho certeza de que está tramando alguma pra cima de mim, se é que já não estava. Observei seus movimentos com o braço esquerdo se aproximando cada vez mais do meu pescoço. 

 

— Nem fodendo! Vai pros quintos dos infernos, desgraça.

 

Peguei seu braço e joguei para longe de mim. Mesmo assim, continuou a me ignorar e apoiou seu cotovelo perto no meu ombro.

Virei burro de carga, caralho!?

Nessa distraída, Leva segurou a corrente em meu pescoço e começou a observar com o sorriso mais sinistro que já o vi dar.

Canalha!

 

— E isso daqui, em?

— Tira suas patas imundas daí!

 

Bati em sua mão e o afastei de mim, dessa vez um pouco mais longe do que antes. 

 

— Você devem matar as Precures. Não foi isso que o Rei Jikochu falou?

 

Pensei ter ganhado a discussão e a chantagem até Leva afirmar já ter conversado com o Rei sobre isso. 

Por alguns momentos, só quis esganá-lo. Apenas segurei o sorriso falso e mais medonho que pude e aceitei sem ter outra opção.

Dessa vez, tô literalmente fodido!

Nos teletransportamos direto para a praia perto da cidade. Gula logo saiu em frente, acredito que seja para procurar alguém e corromper sua psyche. Olhei para Leva que não fez movimento algum desde que chegamos. Talvez para ficar de guarda? Ele acha mesmo que vou fugir dele numa situação dessas? Vai entender esse cara.

 

— Não vai fazer nada não?

 

Fui ignorado.

Decidi esperar um pouco e observar como as coisas acontecem.

Não demorou muito para Gula chegar com um Jikochu, destruindo tudo o que podê ao redor.

 

— Ei! É sério que precisa de mim?

 

Ignorado.

Suspirei impaciente. O que ele pensa que está fazendo gastando meu tempo? Se pelo menos pudesse destruir o lugar como Gula, mas não, tenho que ficar aqui observando tudo com a droga desse cara. Têm inferno pior que esse?

 

— Ei! Me responde porra!

— Finalmente.

 

Escutei-o sussurrar.

A aura de Leva mudou drasticamente e ficou obscura. Olhei impulsivamente para as árvores que ficam a frente da praia e vi as Precures chegando. Elas se transformaram logo após chegarem e atacaram o Jikochu com todas as forças. Por incrível que pareça, ele é mais forte do que os outros que fiz, ou até mesmo os de Bel.

Um mau pressentimento tenho disso, admito, mas ignorei totalmente. Logo será a minha vez de entrar em jogo e acabar com essas garotas! Ou pelo menos, foi o que achei...

 

— Gula, agora!

 

De repente, braços grandes me envolveu por trás, diferente das Precures que foram jogadas contra a parede e prendidas com ferros.

Olhei para o dono mesmo já suspeitando quem é.

 

— O que vocês estão aprontando?

 

Perguntei em puro desespero.

Tentei me soltar, mas Gula apertou-me mais ainda contra si. Toda a região próxima de onde me segurou começou a ficar dolorido. Não pude evitar de contrair meu corpo.

 

— E aí, me diz, qual delas é sua namoradinha?

— Do que está falando!?

— Sei que está saindo com uma delas.

 

Segurei todo minha dor por puro orgulho e tentei me soltar, berrando qualquer merda que veio na mente.

Isso não pode estar acontecendo... Não pode!

 

— Quem é?

 

Leva segurou meu queixo me forçando a olhá-las. Odeio admitir, doeu muito vê-la assim, se contorcendo com a dor e toda machucada. Tenho que salva-la! Não posso deixa-la assim!

 

—Ela está ali, sofrendo e a culpa de tudo isso é sua.

 

Minha culpa... Ele tem razão. Soube desde o inicio que era uma cilada, mas não dei tanta importância mesmo ficando levemente preocupado.

Rikka.

 

— Imagine só o quanto vai sofrer quando perceber que seu amado a traiu só para matá-la.

 

Não... Não! Eu não fiz isso!

Me lembrei dos sorrisos que me deu durante todo esse tempo e até mesmo, quando me deu esse colar para me animar.

— Posso ser a primeira a proteger seu sorriso?

 

  – Twinkle Diamond!

 

Olhei para Rikka que jogou seus diamantes para todos os cantos que podê, até mesmo atingindo os ferros de suas amigas e as libertando junto consigo mesma.

 

— Não brinque comigo! Achou mesmo que só isso ia nos deter?

 

Que idiota que fui achando que ela não iria conseguir. Subestimei-a imaginando ser seus últimos segundos de vida e agora, posso olhá-la ali, mais firme e confiante do que nunca.

Após a batalha se encerrar como sempre. Gula me soltou e voltou para o esconderijo junto com Leva que reclamou da derrota. Continuei-a observando, quase em uma troca de olhares. Notei seu sorriso convencido por sua vitória. Quero ficar puto com ela, brigar e xingá-la com todos os xingamentos e gírias possíveis, mas esse sentimento me faz só querê-la em um abraço forte e ter certeza de que está tudo bem com ela. 

Me retirei um pouco mais aliviado do que antes.

 

— Não está preocupado com sua namoradinha?

 

Leva de novo.

Com certeza percebeu minha volta não tão demorada.

 

  – Falou a pessoa que perdeu pra ela.

 

Provoquei com um sorriso mais cínico que o dele.

Sentei-me perto de Mammo querendo ter um sossego ou até mesmo ter algo que me fizesse parar de pensar nela por uns minutos sem parecer suspeito na próxima saída. 

 

— Então estávamos certos.

 

Mammo sorriu com malicia.

Merda!

 

— Até deu um pingente pra ele.

 

Mammo foi tocando em meu pescoço. Segurei-a e joguei de volta para si.

Me levantei, evitando encará-la.

 

— Vão se foder vocês dois!

 

Me teletransportei para a casa de Rikka, mais aliviado.

Paz e sossego.

Me sentei no chão, encostando minhas costas na sua cama. Segurei o pingente com força, como se o objeto conseguisse sentir a dor que estou no peito. Acabei por me denunciar e além de estar cada dia indo para pior. Não vai demorar muito para alguém me dedurar para o Rei Jikochu.

Permiti a lágrima cair dos meus olhos e percorrer meu rosto. Essa montanha russa não têm fim? Que idiota, morrendo por uma garota. Quem diria, eu em uma situação tão ridícula dessa. 

 

— Ira? Está tudo bem?

 

Ela veio correndo até mim e segurou meu rosto de leve. Enxuguei o molhado que ficou em meu rosto e puxei-a pra mim. Apertei-a cada vez mais contra meu corpo.

 

— Foi mal.


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