O amor abençoado pelo Nilo escrita por kagomechan


Capítulo 3
Quanto é "pouco"


Notas iniciais do capítulo

não era pra eu estar escrevendo fic kk era pra eu estar tentando ser útil. Mas o que fazer quando a inspiração bate? Aqui está um cap novinho para vcs. Espero que gostem. Eu sincerametne gostei um bocado XD

gostaria de enfatizar tbm que eu tento seguir mais a mitologia do que o Rick Riordan kkk então, vcs vão descobrir um pouco mais sobre o Anúbis e aprender um nome novo, Kebechet



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O sol brilhava sobre a cidade de Atenas enquanto um casal, ele de cabelos negros, ela de cabelos dourados, tentava tirar uma foto na frente do Parthenon. O monumento se erguia atrás do casal com suas colunas, ornando com o melhor que se tinha da arquitetura grega e acabado pelo tempo e a falta de reparos de um país em crise.  Ela segurava um celular e tentava encaixar os dois e o monumento centenário dentro de uma selfie. À frente deles, a cidade se estendia com suas centenas de casas até alcançar o mar azul que atingia a linha do horizonte e refletia a luz do sol.

A jovem conseguiu enquadrar os dois dentro da foto e tirou uma, duas fotos. Na segunda, no entanto, o jovem virou o rosto beijando a amada, a noiva, na bochecha. Seu doce beijo saiu na foto, assim como a vermelhidão no rosto da amada.

— Gostei dessa foto - disse Anúbis pegando o celular de Sadie para ver a foto melhor.

Sadie se virou e encarou o grande monumento que havia diante de si. Haviam saído de Santorini naquela manhã e ido visitar a capital grega antes de dar o passeio como terminado. Era muito prático poder contar com o poder de viajar pelo Duat de Anúbis, tudo ficava muito mais rápido e econômico. Sadie botou a mão sobre os olhos protegendo-os da intensidade da luz do sol enquanto admirava a beleza do mais famoso monumento grego.

— Você chegou a o ver? Quando ele era novo? - perguntou Sadie e, diante da pergunta, ele desviou o olhar do celular e olhou na direção que ela olhava.

— O Parthenon? - perguntou ele.

— É.

— Na verdade sim - disse ele dando o celular de volta para ela e então encarando também o monumento - Terminaram de construir ele pouco antes dos gregos dominarem o Egito.

— Quanto você chama de “pouco”? - perguntou ela fazendo ele dar uma pequena risada e olhar para ela com um sorriso.

— Uns 100 anos.

Apesar do sorriso que estava em seu rosto, Sadie viu o que aquele olhar dele guardava no fundo que ele não queria mostrar. “Pouco”. Uns 100 anos, era “pouco”. Teriam sorte se tivessem mais tudo isso de vida pela frente. E, no entanto, era isso que 100 anos sempre representou para ele. Pouco.

Foram esses pensamentos repletos de culpa que assolavam agora a mente de Sadie enquanto eles andavam pela capital grega. E, por isso, ela pouco disse. Anúbis, claramente, não deixou de notar isso. Sabia muito bem como a noiva era tagarela e faladora.

— Sadie? Sadie? - dizia ele tentando chamar atenção.

— Hum? - perguntou ela meio perdida, meio aérea.

— Você está bem?

— Estou… eu só… estava… pensando. - dizia ela olhando para o chão.

— Sobre? - perguntou ele curioso.

Ela olhou em seus olhos e não teve coragem de perguntar o que queria. Não ainda. Teria ele pressa de viver vendo tão poucos anos à sua frente comparado ao que tinha antes? Talvez por isso ele tivesse terminado a faculdade tão rápido também. Sim, querendo de fato viver uma vida de humano com ela, ele tinha feito a faculdade. Terminou o curso muito rápido. Mais rápido do que o esperado talvez. Mas talvez seja meio injusto ao se comparar que ele teve 5 mil anos para aprender todo tipo de coisa, que ele teve 5 mil anos de experiência como juiz dos mortos e, ali estava ele, um advogado que estava contando os dias para conseguir ser juiz dos vivos.

— Você realmente não liga de se casar numa igreja? - perguntou Sadie. A tentativa de desviar do assunto foi percebida pelo outro. Mas ele se deixou levar, perguntaria sobre o que ela de fato estava pensando quando ela estivesse mais propensa a falar.

— Por mim, podemos nos casar no Vaticano se você quiser. - disse ele num tom tão simples e direto que, junto com a irônica fala, fez Sadie rir e sair dos pensamentos que dominavam sua mente.

— Vaticano! Não acho que eles façam cerimônias de casamento. Não tem medo de pegar fogo quando entrar? - disse ela dessa vez fazendo ele rir.

— Da última vez que chequei, eu não era um demônio.

— De toda forma... não sei onde quero casar. Tem igrejas lindas na Inglaterra. Mas a ideia de casar numa praia tropical sempre pareceu meio romântico. Como era um casamento no Antigo Egito?

— Você provavelmente vai achar sem graça - disse ele com um suspiro.

— Vai… conta. O que a noiva usava? Como era a cerimônia?

— Elas usavam vestidos longos de linho branco e muitas jóias de ouro, prata e lapis lazuli. Da cerimônia… eis a parte que você vai achar sem graça. Não tinha uma.

— Eim? To surpresa que um povo, até onde eu peguei, gostava muito de festa, não tivesse uma cerimônia de casamento.

— Casar não era algo tão… religioso. - disse dando de ombros - O casal só começava a morar junto. Os mais ricos assinavam um contrato de casamento e então faziam uma festa com muita comida, bebida e música.

— Hum… - disse Sadie enquanto pensava sobre o assunto e olhava ao redor.

Os dois estavam caminhando por um bairro da cidade ateniense que ficava aos pés do morro da Acrópole, o mesmo morro onde ficava o Parthenon, onde eles estavam antes. O bairro, chamado Plaka, era cheio de restaurantes e lojas que, na maioria, vendiam bugigangas para atrair o turista. A cidade íngreme facilmente formava vistas incríveis para os pequenos prédios que ficavam mais para baixo ou para algum templo ou construção antiga que ainda enfeitavam a paisagem da capital. Para cima, da rua onde estavam, só se dava para ver a alta parede de pedras e algumas árvores que levava para a Acrópole novamente. Na rua, as flores roxas e rosas enfeitavam as árvores que cresciam perto das casas de dois andares e aparência antiga. Entretanto, infelizmente, aquele relevo da cidade fazia com que ficasse facilmente cansativo andar por ela.

— Vamos parar um pouco para descansar? - sugeriu ela sem esperaer uma resposta logo se sentando em um pequeno muro que contornava uma igreja de aparência antiga, mas não tão antiga quanto todas as outras construções que estavam ali.

Anúbis olhou para ela. Notava o quanto ela estava pensativa. Ele coçou a nuca perguntando-se sobre o que ela pensava. Ele se aproximou dela e agachou-se à sua frente tomando delicadamente as mãos dela. Seus olhos se encontraram e ficaram apenas se olhando por uns segundos até que a mão direita de Anúbis se elevou lentamente no ar indo até o rosto da noiva e tirou do lugar um fio rebelde que estava fora do lugar e levou-o para atrás da orelha dela. Em seguida, a mesma mão acariciou gentilmente a bochecha de Sadie.

— Em que pensas tanto hoje? - perguntou ele.

— …

— Seria… - disse ele depois de não receber uma resposta dela - Seria sobre algo que disse no Parthenon?

Sadie abriu a boca para falar mas logo a fechou com um suspiro deixando a mente viajar pelo cenário que estava à sua volta. Uma cidade centenária. E, ainda assim, ele conseguia ser ainda mais centenario do que a própria cidade. Ela algumas vezes se perguntava como deveria ter sido a vida nos lugares que há tantos séculos atrás ele esteve. Como deveria ter sido o Antigo Egito.

Eles já tiveram seus momentos para conversar sobre assuntos do tipo, mas ela queria ter visto. Ele já havia mencionado que em alguns períodos ele praticamente nem havia saído do Duat. Inclusive, boa parte do “Depois de Cristo”. “Até aproximadamente o ano 500, já estávamos praticamente esquecidos e ninguém sabia ler os hieróglifos. Ficamos fracos demais. Alguns deuses simplesmente desapareceram devido ao esquecimento. Chegou um ponto que eu não tinha muitas forças para ficar longe do Duat por muito tempo. Só voltei a sair mais de lá quando Napoleão chegou e um de seus soldados achou a Pedra Rosetta”. Foi o que ele disse uma vez, entre muitas outras coisas.

Sadie conhecia bem a Pedra Rosetta. Já havia passado muito tempo a encarando no Museu britânico enquanto se perguntava onde estava e o que estaria fazendo seu pai, egiptólogo. A pedra, parte de um fragmento maior, tinha o mesmo texto escrito três vezes, uma vez para cada idioma. Demótico, grego, egípcio. Foi graças à ela que conseguiram decifrar os hieróglifos “e nos dar nome de novo e nos trazer de volta à memória. Mas não mais como religião, apenas mera mitologia”. Foi o que ele acrescentara à história da Pedra Rosetta.

— Você… - disse Sadie depois de um bom tempo em silêncio - Você não se arrepende?

— De quê?

— De abandonar a imortalidade. De abandonar boa parte de seus poderes. De reduzir sua vida à “pouco” tempo. De ter que envelhecer. Não se preocupa em eventualmente abrir mão de toda essa gostosura por causa da idade? De ter que encarar todos os problemas da idade? De ter que encarar todos os problemas dos mortais? Diga a verdade!

— Sadie… - disse ele pegando em seu rosto delicadamente com as duas mãos - Tem muitas coisas em minha vida que me arrependo. Essa não é uma delas. Mas eu estaria mentindo se eu dissesse que eu não tenho medo.

Já haviam tido aquela conversa outras vezes. Ele se perguntava quantas vezes mais teria que repetir para ela deixar de ficar preocupada. Ao ouvir aquelas palavras dele, uma memória encheu sua mente. Ele havia um dia a falado do que era que ele mais tinha medo depois que virou mortal. Ela lembrava bem.

— O mesmo o medo que me contou antes? - perguntou ela.

— Sim.

— Você tem pressa de viver a vida? Já que agora… - disse ela deixando a frase no ar. Não tinha tão coragem de a terminar ‘já que agora tem tão pouca’. Ele pensou na pergunta dela por um tempo. Considerou seus atos e pensamentos desde que tinha desistido da imortalidade. Algo que chocou muitos já que a imortalidade era algo que muitos buscaram durante anos e anos.

— Acho que sim. Isso é ruim?

— Eu não sei - disse ela levando as mãos até o rosto dele tocando-lhe gentilmente as bochechas e então aproximando seu rosto do dele até que as testas de ambos estavam se tocando.

Ela fechou os olhos. O pensamento que havia tido na banheira voltou até sua mente. Ele esperou, até que os olhos da amada abriram-se lentamente. Ele tinha pressa de viver. Ela tinha pressa de ser feliz.

— Posso fazer outra pergunta complicada? - perguntou ela enquanto o rubor sobia por suas bochechas.

— Sabe que pode. - respondeu ele.

— Vocês… antigos egípcios… o povo… o que eles achavam de bebês? - perguntou ela mal conseguindo olhá-lo nos olhos. Anúbis travou, suas mãos tremeram um pouco e sua boca ficou um pouco aberta numa expressão de surpresa como se duvidasse de seus ouvidos.

— Q-Que são uma benção. E-Eram preciosos e…. muito bem cuidados. - disse ele depois de uns segundos, ainda chocado se perguntando se aquela conversa levaria para onde ele queria. Não queria mencionar a parte que eles eram preciosos também pelo fato de que poucos passavam dos cinco anos. Odiava a quantidade de crianças pequenas que costumava receber no Salão do Julgamento.

— Você t-...Você quer… um bebê? - perguntou Sadia lentamente quase deixando escapar a palavra “também”.

Ela tinha plena consciência que talvez algumas pessoas, o irmão dela no topo da lista provavelmente, iam dizer que estava cedo demais. Que casassem antes e aproveitassem a vida de casados primeiro. Tinha lá suas dúvidas se Anúbis ia achar isso também. Considerando que, sim, ela sabia, aos 12 anos meninas já se casavam no Antigo Egito com o intuito de ter filhos. Afinal, ele mesmo perguntou uma vez quando ela tinha 12 como ela não era casada. E não seria como se, quando ele respondesse a pergunta de forma afirmativa… se respondesse de forma afirmativa… um bebê fosse magicamente aparecer em seus braços pronto para ter a fralda trocada. E sim, outro motivo, sabia da história de Kebechet, a filha que ele um dia teve com outra deusa. Mas sabia pouco. Ele não gostava de tocar no assunto mas obviamente lembrou-se da história diante da pergunta que ela fez. Contudo, vários séculos tinham se passado desde Kebechet e ele se sentia pronto para tentar de novo. Quanto à situação de Kebechet, Sadie entendia o posicionamento dele perfeitamente. Afinal, perdas eram difíceis. Mas, ainda assim, ela pouco sabia da história. 

Ele olhou nos olhos dela por mais alguns segundos. Quase teve que limpar os ouvidos para ter certeza do que ouvia. Já sabia qual era a resposta, há muito tempo sabia e, por isso, foi fácil a proferir:

— Eu quero.


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Notas finais do capítulo

e aí, mereço comentários? XD
obrigada por lerem e até o prox cap!

momento propaganda:

fic do passado do Anúbis no Egito Antigo: https://fanfiction.com.br/historia/750415/A_Morte_Das_Areias_do_Saara/

fic crossover de todas as sagas do Rick Riordan (inclui toda a decisão e processo de Anúbis virar mortal pra ficar com a Sadie): https://fanfiction.com.br/historia/747866/Os_Deuses_da_Mitologia/