Único:

All I Want

“When you said your last goodbye

I died a little bit inside”

Naruto acordou com o cheiro de café que tomava conta da casa. Sorriu imediatamente, porque tinha começado a comprar café apenas por causa dela. Apenas quando ela estava ali é que aquele cheiro lhe acordava. Abriu os olhos lentamente e sua visão não poderia ser melhor.

A bela mulher que roubara o seu coração estava parada bem ao seu lado. Via as belas pernas nuas na direção de seus olhos. Subiu o olhar, chegando até o vestido que ela usava com alguns botões abertos, deixando os seios parcialmente expostos. Subiu mais, encontrando o cabelo preso em um coque e um sorriso nos lábios. O belo rosto estava corado, como sempre ficava quando ele lhe olhava daquela forma.

— A melhor forma de acordar... — ele disse com a voz rouca.

Ela se sentou no sofá, cruzando as pernas, mas ele se limitou a olhar para os seios fartos. Tinham estado naquele tapete há algumas horas, se amando e tomando um do outro tudo o que podiam. A lareira ainda estava acesa, e ele pensava se não podiam repetir a dose depois que ela terminasse de tomar aquele café.

Hinata, porém, estava sentada em um estado contemplativo. Não se atrevia a olhar para outra pessoa que não o homem deitado no chão, apenas com a cintura coberta pelo edredom que tinham usado há poucos instantes. O que ela tinha que fazer lhe destruía e não podia negar que se odiava por não conseguir evitar.

Naruto notou então o olhar perdido que ela tinha, mesmo o encarando. Sentou-se, aproximando-se das belas pernas e apoiou as mãos em seus joelhos. O edredom ainda cobria sua nudez.

— Hey, o que foi?

O fato de Naruto ser sempre tão carinhoso fazia tudo ser ainda pior. Ela queria chorar, mas não podia o fazer ainda. Tinha feito uma escolha e iria até o fim com ela.

— Precisamos conversar. Podemos fazer isso na cozinha? — Ela indicou a caneca de café, provavelmente estava vazia.

Ele sabia que coisa boa não deveria ser. Apenas acenou com a cabeça e se levantou, buscando a calça que usara mais cedo. A mulher saiu na frente até a cozinha e assim que ele terminou de se vestir, a seguiu. Sentou-se na cadeira de frente para ela, esperando com impaciência.

— Meu pai me chamou para conversar hoje mais cedo. — Ela suspirou, olhando para a caneca cheia, mas não tomou o líquido. — Ele está irredutível quanto a nós dois, Naruto.

— Podemos fugir. Fugimos e nos casamos. — O loiro estendeu a mão, tentando tocar as dela, mas não consegui, pois Hinata as retirou de cima da mesa.

— Você irá me esquecer. — Ele não podia acreditar que a ouviu dizer aquilo. — Estamos juntos há pouco menos de um ano, você é um homem interessante, bonito e muito divertido... Qualquer mulher gostaria de estar com você.

— Mas eu quero você. Hina...

— Hanabi já fugiu, mesmo tão nova, e vejo como isso entristeceu minha mãe. Não tenho coragem de fazer o mesmo, Naruto. Perdão.

— Temos de lutar. Temos de mostrar que somos melhores juntos. Se seus pais não querem lhe perder, eles vão aceitar. Não desista ainda!

— Eu não posso! — Agora ela não conseguia mais conter as lágrimas. Se levantou, deixando a caneca ainda cheia sobre a mesa e o olhou nos olhos, não se importando em mostrar sua dor. — Eu te amo e sempre lhe amarei, Naruto. Espero que um dia possa me perdoar.

— Não, Hinata... — Mas ele não pôde terminar, pois a Hyuuga saía correndo pela porta, deixando para trás os sapatos, o café e o coração de Naruto.

“But if you loved me

Why did you leave me?”

A pouca luz que preenchia o cômodo vinha da lareira acesa. Não estava mais tão frio quanto no mês anterior, mas o único morador da casa não se importava com aquilo. O homem estava deitado no chão, coberto por um edredom. Tinha nas mãos um violão velho e o dedilhava sem prestar atenção nas notas que saíam.

Se alguém entrasse pela porta da casa naquele momento, não o veria de imediato, pois ele estava em meio a panos. Mas a melodia triste o denunciaria. Era fácil saber que a mesma melodia era tocada em seu interior. Sua alma podia não emitir qualquer som, mas encontrava-se tão melancólica quanto as notas daquele violão.

Naruto Uzumaki não era mais visto pela cidade como antes. Quando ele saía de sua casa era para trabalhar e comprar alguns mantimentos. O rapaz alegre, sorridente e prestativo que todos os seus vizinhos e amigos conheciam tinha desaparecido há um mês.

Nesse mesmo tempo, Naruto pensou que seu coração tinha sido abandonado, mas a verdade é que a responsável por sua dor o tinha levado e o deixado sem nada. Ele perdera as esperanças e a força. Tinha se doado completamente, tinha feito planos para uma vida inteira e perceber que nada continuaria, o tinha destruído.

Algumas pessoas viam aquilo como um exagero, afinal, ele era ainda jovem, tinha toda a vida pela frente e muitas decepções amorosas pelas quais passar. Porém, Naruto sofria a rejeição desde que seus pais faleceram. Ele fora criado em lares provisórios até seu padrinho aparecer milagrosamente e lhe dar o conforto que tinha. Porém, mesmo sendo o mais próximo de uma família que ele tinha, Jiraya não era muito afetivo e, sempre garantindo que Naruto tivesse tudo, continuava viajando.

Não fora rejeitado por seu tutor, mas ainda sentia a carência que todo jovem órfão costuma ter. Não que ele fosse admitir aquilo para si. Naquele momento ele só pensava que tinha se doado completamente à Hinata e ela o deixara, pois, provavelmente, não o amara como pensava. Se assim o fosse, por que teria o deixado?

Ele ainda se lembrava de como ela fez dele uma pessoa melhor. Naruto era o típico rebelde sem causa. Trabalhava, mas não tinha muito compromisso e nem buscava nada melhor, pois gostava de sair à noite, beber e voltar para casa sem muitas lembranças. Ele buscava atenção em outras pessoas, já que nunca teria de quem realmente queria. Até a conhecer...

“You took my soul wiped it clean

Our love was made for movie screens”

Naruto tinha enfim aceitado o convite de seu amigo, Sasuke, para um jantar em sua casa. O Uzumaki achava tudo aquilo muito formal e, por isso mesmo, muito não a sua cara. Mas como a ocasião era especial — o jantar era de noivado do amigo com a, também amiga, Sakura —, ele não poderia inventar mais uma desculpa.

Foi quando entrou na sala, usando os seus melhores trajes, como pedira o amigo, que ele a viu. Ela estava conversando com Sakura alegremente, como se fossem amigas há muito tempo. A risada não tinha chegado a seus ouvidos ainda, por conta da distância, mas o sorriso que ela tinha no rosto lhe deixou sem chão de imediato. Automaticamente, começou a caminhar na direção da bela moça desconhecida.

Sasuke foi quem o interceptou, notando o olhar de Naruto e sabendo que nada de bom sairia daquilo. Pegando no braço do amigo, o arrastou para longe das duas.

— Está louco?

— Estou te salvando e a salvando de um momento embaraçoso.

— Embaraçoso?

— Você nem a conhece e eu sei o que esse olhar quer dizer. Você ia flertar com ela. E como a conheço, ela ia ficar muito sem graça e se afastar.

— Você a conhece? Quem é ela? Por que nunca a vi?

— Ela é minha prima. Bem, uma prima um pouco distante, mas ainda assim. Vieram para o meu noivado, mas o pai dela pretende ficar para fixar uma filial da empresa.

— Ela vai ficar? — Sasuke revirou os olhos ao ouvi-lo. De tudo o que tinha dito, o outro só tinha absorvido aquilo. Respondeu com um balançar de ombros. ­— Me apresente.

— Não. Você vai fazer besteira e ela é uma boa pessoa.

— Tá dizendo que sou uma má pessoa?

— Instável — respondeu Sasuke.

— Não vou fazer besteira. Me apresente ou eu irei pedir à Sakura.

Por mais que soubesse que Sakura iria tentar advertir Naruto, ela acabaria cedendo para que o amigo a deixasse em paz.

— Apenas não haja como... Você.

E com isso os dois caminharam até as duas moças. Sakura abraçou o noivo assim que ele se aproximou, contando algo sobre a moça. Mas assim que viu o olhar de Naruto nela, sabia o motivo da aproximação.

— Hinata, esse é meu amigo e meu padrinho, Naruto Uzumaki. Naruto, essa é minha prima e amiga da família, Hinata Hyuuga.

A moça estendeu a mão, sorrindo. Naruto a pegou e beijou, mantendo os olhos nos dela... tão claros que pareciam pérolas! Ele não acreditava em amor à primeira vista, mas sabia que atração era comum. E ele estava completamente atraído por aquela moça. O que ele não sabia é que seu jeito tímido iria acabar conquistando-o em pouco tempo.

Eles acabaram conversando durante a noite do jantar de noivado de Sasuke e Sakura e, ousadamente, Naruto a convidou para tomar um sorvete no final do dia seguinte, após o seu trabalho. Sua surpresa maior foi ela aceitar.

E aquele pôr do sol foi especial, porque junto de Hinata, ele percebeu que conseguia ser ele mesmo, sem precisar pensar em formas de chamar a atenção dela. Hinata lhe dava atenção, ria de seus comentários bobos e o olhava nos olhos. Até mesmo quando ele caminhou com ela até a casa onde estava hospedada, ela se mostrou relutante em entrar e terminar o momento com ele.

Talvez o seu encantamento tenha surgido por ter ganhado uma atenção que nunca teve antes, mas aumentou por conta de quem ela era e de quem ela permitia que ele fosse.

Os dois se encontravam todos os dias depois que se conheceram. Foi algum tempo depois, enquanto visitavam o parque de diversões que estava na cidade e competiam entre si para ver quem acertava o alvo e ganhava o prêmio, que Naruto percebeu quanto tinha mudado.

Ele pensava todos os dias na bela moça que conhecera. No início, apenas desejava beijá-la, mas conforme a observava, notava coisas nela que o fazia querer conhecer cada vez mais sobre ela. Como quando ela ficava concentrada e mordia o lábio inferior. Ou quando ficava envergonhada e juntava os indicadores em pequenas batidinhas. Tudo parecia tão natural, leve e encantador...

Quando Hinata acertou em cheio o centro do alvo, deu um pulo, comemorando a vitória e soltando um gritinho. Foi nesse momento que ele sorriu bobo, constatando que queria ser sempre esse bobo que a fazia sorrir. Que poderia não ter nada e ter que trabalhar toda a vida para dar-lhe a mesma vida que ela tinha, mas que precisava tê-la em sua vida.

Hinata se virou em sua direção, pronta para dizer que tinha ganhado dele quando viu o sorriso e o olhar. Corou no mesmo instante e no seguinte, o sentiu bem próximo de si.

— Seja minha namorada — pediu em um sussurro.

Ela apenas assentiu, sorrindo timidamente. Foi ali, em frente a todos que estavam na rua, que ele a beijou pela primeira vez. E foi então que tudo se encaixou.

“I lay in tears in bed all night

Alone without you by my side”

A alegria dos dois foi posta à prova quando Hiashi decidiu se pronunciar sobre o que pensava da relação que eles estavam construindo. O pai de Hinata era dono da maior companhia de construção da cidade, que estava se expandido. Aquele era o motivo da família Hyuuga estar ali e o patriarca não estava disposto a deixar que nada, nem ninguém, manchasse o imaculado nome da família.

Naruto era uma mancha, afinal, quem ele era? Seus pais eram pessoas de classe média, ele, órfão e trabalhador, pois sua herança lhe conferia a casa e um pouco de conforto, mas nada como os Hyuuga. Ele nunca seria bom o bastante para a princesa que Hinata Hyuuga era.

Não que Hinata se importasse com isso. Ela via em Naruto a sua chance de ser feliz, pois ele a fazia se sentir bem, especial e única. O modo como ele a olhava, arrancava-lhe do chão e tudo o que descobriu sobre ele a fazia crer que Naruto era uma pessoa especial também, alguém que valia a pena lutar para ter ao lado. Ele se doava quando gostava de alguém e ela experimentava aquilo todos os dias desde que o conhecera.

No início, foi muito fácil lutar contra o desejo de seu pai. Os dois estavam apaixonados e não estavam dispostos a abrir mão daquela felicidade. Mas foi quando Hanabi, a irmã mais nova, sumiu de casa e não apareceu mais, que tudo começou a desandar. Duas semanas de procura e foi então que uma carta chegou, avisando que a jovem Hyuuga havia se casado e morava em outro país com seu marido. Hanabi havia se casado com alguém de classe inferior e manchado o nome da família.

Hiashi Hyuuga nunca poderia aceitar que a história se repetisse e, por isso, começou a procurar pretendentes para Hinata. Sua esposa adoeceu com o baque e a filha mais velha começou a se preocupar com seu destino, assim como o de sua mãe.

Mas mesmo com essas dúvidas e essa culpa corroendo Hinata, ela nunca demonstrou nada disso ao loiro. Eles lutaram cada dia, fugiam e, em determinado momento, ela se entregou a ele com todo o amor que podia, tendo a certeza que mais ninguém a poderia ter daquela forma. Foi nesse dia que Naruto achou que eles poderiam ter uma chance.

Havia juntado dinheiro, comprado um belo anel de noivado, digno dela e estava pronto para entregar no momento perfeito. Porém, para seu azar, esse momento nunca chegou, pois ela foi embora antes. Ela desistiu dele, desistiu de lutar e aceitou seu destino como a princesa Hyuuga.

Mas ela não seria uma Hyuuga por muito tempo. Naquele dia, quando chegou do trabalho com o jornal nas mãos, enquanto comia, lia a matéria que acabara de vez com o seu coração: ela se casaria.

A nota estava no jornal! Um lugar que apenas os mais afortunados e famosos ficavam, isso porque o noivo era um empresário famoso. Na foto, o homem abraçava sua amada e tinha um sorriso orgulhoso nos lábios. Ele sorriria da mesma forma se estivesse com Hinata.

Desde então, ali estava ele, dedilhando acordes de músicas que mostravam a dor de sua alma. A vontade de ir até ela e questioná-la sobre o noivado viera e se fora. Naruto se afogara na auto piedade que nunca tinha se permitido sentir antes. Sabia que estava sendo fraco, que um dia se arrependeria daquilo, mas não conseguia evitar naquele momento.

Enviara cartas para ela e nenhuma havia sido respondida. Tentara ir atrás dela, mas ela não o recebeu. Nada do que tivesse tentado tinha dado certo. Aceitara que a perdera, mas não conseguia aceitar que deveria viver com isso. Mesmo depois de um mês, ainda doía.

“All I want is nothing more

To hear you knocking at my door”

O dia chegava ao fim mais uma vez. Naruto tinha passado todo o final da tarde jogado no chão da sala. Dormira por alguns minutos após deixar a dor sair em forma de lágrimas junto com sua melodia melancólica. Agora, decidido a seguir com sua vida, mesmo que a passos lentos, estava terminando de fazer seu jantar.

Pensar em jantar o fazia se lembrar que naquele momento, em algum lugar, Hinata estava jantando com seu noivo, anunciando para amigos e parentes que ela iria se casar.

Em um ímpeto de raiva de si mesmo por voltar a pensar nela e se condenar a mais alguns momentos de sofrimento, Naruto jogou o copo que tinha em mãos na janela. Virou-se para o lado oposto, sentindo as lágrimas escorrendo mais uma vez e chutou a lixeira. O estrago estava feito.

Ofegante, observou sua cozinha suja de lixo e cacos de vidro. Agarrou o cabelo, um pouco maior do que há um mês e o puxou, frustrado. Como ele iria se concertar se há muito tempo não sabia o que era ser completo?

Mesmo sem saber a resposta para sua pergunta, e sem se importar em secar as lágrimas dos olhos, Naruto começou a limpar a bagunça, varrendo todo o lixo e vidro e colocando em uma nova sacola. Se concentrava na básica tarefa, evitando pensar muito além daquele momento.

Abaixou o fogo da comida, apenas para ter certeza que não deixaria queimar, amarrou a sacola que continha o lixo que juntou e saiu de casa pelos fundos, apenas para jogar na lixeira compartilhada na rua. Ele não esperava que estivesse chovendo tanto do lado de fora.

Vivia tão alheio a tudo que não notou como a chuva caía sem piedade, parecendo querer inundar as ruas e limpar tudo o que tinha nelas.

Enquanto ele jogava a sacola na caçamba da rua, um táxi passou e parou em frente a sua casa. Curioso, se virou para encarar o louco visitante que decidira sair na forte chuva para o ver. Tão louco como ele, tinha certeza, que já estava todo molhado e não se importava com aquilo.

Cambaleou no mesmo lugar quando a viu.

Hinata correu até a entrada da casa, molhando-se mesmo no pequeno percurso que fizera. Ela usava um lindo vestido azul de mangas compridas. Estava bem arrumada para o seu jantar... Mas estava ali, batendo à sua porta.

Ele se perguntava se estava imaginando coisas enquanto caminhava lentamente para mais perto. Em determinado momento, ela o notou ali e desceu correndo as escadas, encarando o homem que estava tão diferente do que lembrava.

Naruto usava uma calça de moleton surrada, assim como a camiseta. Estava frio e chovendo, mas ele não parecia se importar em estar com tão poucos trajes e descalço, além, claro, de estar se molhando completamente. Outra diferença marcante para ela era o cabelo muito maior, como se ele não tivesse cortado desde a última vez que o vira, o que realmente acontecera. E as olheiras... Naruto tinha fundas e escuras olheiras. Seu coração doeu ao ver o tão iluminado Naruto Uzumaki, apagado.

— O que...? O que faz aqui? — ele finalmente encontrou a voz para perguntar.

— Eu não podia ficar sem você mais. Não é justo, eu agora vejo.

— Você está noiva. Você me deixou. — Havia dor em cada uma das palavras que ele dizia e Hinata podia sentir.

— Eu... Achei que conseguiria ser o que precisavam que eu fosse, mas... Não esqueci você um só dia. Por favor... — Ela se aproximou, mas parou a pouca distância. — Eu te amo, Naruto.

— Por que não me respondeu? — Ele viu a confusão no rosto de Hinata. — Lhe escrevi inúmeras cartas. Fui lhe ver e não me atendeu.

Hinata negou com a cabeça, mas não desviou o olhar dele.

— Não recebi nada. Acredite em mim... Papai me mandou para fora do país enquanto acertava tudo para o noivado. Conheci este homem no dia que tiramos a foto... Foi tudo armado e eu não agi. Se for me culpar, me culpe por ter sido covarde, mas, por favor, permita-me lhe mostrar que o amo.

Naruto não respondeu de imediato. As palavras dela estavam ecoando diversas vezes em sua mente. Ela não sabia que ele a procurara, ela não sabia das cartas, ela não queria estar noiva. Ela realmente estava ali?

Caminhou até Hinata e a tocou na mão. Ela era real. Tão real quanto a água fria que encharcava seus corpos. Tão real quanto o cheiro que emanava e lhe confundia os sentidos.

— Você realmente está aqui... — ele sussurrou.

— E se me aceitar, não irei embora nunca mais — ela afirmou, segurando ambas as mãos do homem.

A dor foi substituída pela esperança. Por mais que ela conseguisse ver que ele tinha receio, ele queria acreditar. Ela lutaria todos os dias para provar aquilo.

— Não cansarei até provar que me tem para sempre, Naruto...

Antes que ela pudesse dizer mais qualquer palavra, ele a puxou ali mesmo, embaixo da chuva torrencial, envolvendo-a em seus braços e selando os lábios em um beijo ansioso e sôfrego.

Nunca mais ele a deixaria sair de sua vida. Se ela o amava, como disse que amava a ponto de enfrentar a fúria dos pais, abandonar o noivo e voltar para ele, estava mais do que disposto a deixar que ela provasse que era dele, assim como ele provaria que era dela e que ali era o seu lugar.