Entrei na secretaria revirando cada milímetro quadrado da sala em busca da pasta do Chuck. Eu precisava encontrar um endereço. Um telefone. Um fio de cabelo, sei lá, qualquer coisa.

- Você já pensou em procurar no arquivo?  - Ianka disse com uma sobrancelha arqueada enquanto eu ia até ele e começava a procurar na letra C, achando o nome Charles Bass logo depois.

- Por que alguém colocaria uma pasta no arquivo? – Eu falei um pouco indignada e ela pareceu rir levemente.

Sentei na cadeira apoiando a pasta na mesa e lendo-a rapidamente. Para minha surpresa, havia um endereço. Um hotel. Ele ficava à uns 4 quilômetros da escola e se chamava Londres Plaza Hotel. Havia um telefone também, que eu anotei rapidamente no meu celular e liguei. Supreendentemente, ou não, ninguém atendeu.

Assinei a lista de saída e peguei um táxi, mandando tocar para o hotel enquanto eu tentava ligar para ele. Apenas tocava e ninguém atendia do outro lado da linha. Suspirei firmemente me escorando no banco. Eu não deveria estar fazendo isso. É loucura. Por que eu estou fazendo isso? Maneei a cabeça e percebi que o motorista falava. Foi ai que eu percebi que era uma motorista.

- Então, qual o nome dele? – Eu a olhei um pouco confusa. – Desculpe, não pude deixar de perceber que você parece pensativa e tem duas coisas que deixam uma mulher pensativa desse jeito: homem e filhos, e você parece jovem demais para ter um filho. – Ela falou com um sorriso acolhedor no rosto.

- Charles. – Eu falei em um suspiro, me martirizando mentalmente por estar falando com uma motorista de táxi. A que ponto cheguei.

- E o que ele fez? -  Outro suspiro escapou pela minha boca.

- Destruiu minha vida em Nova York, me fez fugir para Londres e resolveu aparecer agora, 8 anos depois para bagunçar minha vida novamente. Ai ele resolveu que tinha que ir embora e a idiota aqui não consegue tirar ele da cabeça, portanto vai entrar no hotel e torcer para que ele esteja no quarto. – Falei em tom irônico ao perceber o quão meu plano era maluco.

- Você não é idiota, é corajosa. Eu tenho 3 filhos com um cara que não amo porque o cara que eu sempre vou amar decidiu tentar a vida na Inglaterra e eu permiti. – Foi a fez dela suspirar pesadamente. Eu parei para pensar que esse poderia ser o meu destino. É claro que ao invés de três filhos eu terei três gatos persa, mas isso não tem muita diferença.

O resto do caminho foi silencioso. Eu apenas fitava a janela e as nuvens pesadas que começavam a encobrir a cidade e ela olhava firmemente para o volante. Quando paramos na frente do hotel, eu não sabia o que dizer. Ela apenas virou para mim com um sorriso acolhedor.

- Boa sorte. – Ela sorriu um pouco mais.

- Obrigado. – Também sorri enquanto descia do carro. Subi as grandes escadas até a recepção correndo, o que me fez torcer o pé umas 4 vezes já que eu estava de salto alto. Cheguei a recepção e olhei em volta, vendo uma senhora de aparentemente 40 anos com um uniforme horrível e uma cara estranha. Pensei em dizer que ia visitar o Chuck, mas provavelmente ela interfonaria para o quarto e se ele não estivesse em casa, bem, ia ser complicado.

- Olá, eu gostaria de um quarto. – Eu disse dando meu melhor sorriso.

- É claro. Preencha os papéis. – Ela me passou uma ficha e eu bufei.

http://www.youtube.com/watch?v=6dMVaNV2390 || Ke$ha - Feels like Rain

Preenchi as duas páginas rapidamente. Para que diabos precisavam de tantas informações minha? Eles queriam me hospedar ou me sequestrar.  Entrei no elevador sem olhar o número do meu quarto. Olhei na ficha e vi que o quarto dele era na cobertura e reprimi um sorriso. Ele sempre gostou de estar no alto.

Parei na frente do quarto e bati insistentemente. Nada. Suspirei e senti no chão forrado por um fofo carpete olhando o céu pelo telhado de vidro.

Looking out the clouds are gray. Got no missed phone calls from you.

Lá for a as nuvens estão cinza. Não tenho ligações perdidas suas.

Olhei enquanto alguns pingos desciam e encontravam o telhado.  Foi a primeira vez que parei para pensar no que eu diria para ele.

But I can't find a way to say: Come back. You make up what I lack. My pride has left me all alone. It's getting so cold

Mas não encontro uma maneira de dizer: Volte. Você compensa o que me falta. Meu orgulho me deixou completamente só. Está ficando tão frio.

Ouvi barulho de passos dentro do apartamento e sorri. Os passos chegaram perto da porá e ouvi barulho de botões de celular. Os passos se distanciaram novamente e meu celular tocou.  Olhei no identificador de chamadas e sorri.

- Oi... – Eu falei calmamente recebendo uns segundos de silencio como resposta.

- Blair? É você? – Meu sorriso se abriu um pouco mais ao perceber uma ponta de alegria.

- Sou eu sim. – Eu disse calmamente.

- O que... você quer? – Ele pediu um pouco desconfiado e eu reprimi outro sorriso.

- Por que você não abre a porta e descobre? – Ouvi um balbucio de confusão mas os passos se aproximaram da porta e ela se abriu. Olhei para cima e ele estava com uma expressão engraçada. Apressei-me em levantar. Ele me olhou um pouco confuso.

- O que esta fazendo aqui? – Olhei par ao chão.

- Olá para você também. – Eu levantei os olhos e ele estava com um meio sorriso.

- Olá. – Ele sorriu. – O que você quer? – Ele não parecia frio, parecia... triste.

- Eu vim dizer que você não vai embora. – Ele arqueou uma sobrancelha, como se duvidasse da minha capacidade de impedi-lo. – Eu ainda tenho meus truques. – Eu sorri e ele abriu um pequeno sorriso malicioso.

- E por que você não quer me deixar ir? – Ele se aproximou um pouco de mim, me deixando tonta. Minhas mãos se contorciam nervosamente eu decidi que não mentiria. Fale B.!

- Eu não posso dizer que te perdoei e que quero continuar para sempre do seu lado, porque isso não é verdade. Eu ainda não te perdoei e não sei quando vou conseguir. Mas eu posso te dizer que não quero que você vá. Que é uma escolha errada. Que você ter vindo para cá foi a melhor coisa que me aconteceu nesses 8 anos e que eu só interpretava estar bem antes disso. Eu quero dizer que você me fez falta e que eu me sinto uma idiota por estar fazendo isso, mas preciso pedir que não vá embora. Preciso pedir para que me de... tempo para te perdoar. – Eu olhei para ele. – Então, acha que vale a pena?