Os olhos do cavaleiro de Leão eram azuis como os mares tropicais. Seus cabelos num tom de amarelo claríssimo lembravam fios de ouro e lhe emolduravam o rosto até a altura do maxilar.

— Vocês foram chamados diretamente pelo Senhor Itia?

— Sim.

— Antes disso treinávamos com Senhor Brafmah.

— O antigo cavaleiro de Virgem… - ele ponderou sorvendo um pouco de uma bebida quente numa caneca.

— Sim! O conhece Senhor Cészar?

— Sim, estive em Jamir logo quando assumi o posto como cavaleiro de Ouro.

Ambos repararam que Cészar era mais velhor talvez uns quatro anos.

— Então o senhor se tornou cavaleiro de ouro com a nossa idade?

— Mais ou menos… - ele sorriu bebendo mais um pouco.

— Me permite falar uma coisa? - Sage pareceu tímido.

— Claro…

— O senhor… consigo sentir um imenso senso de justiça em suas palavras ainda que não tenhamos conversado nada demais.

— Eu devo agradecer…

— Acredito que vocês querem continuar subindo.

— Sim… queríamos conhecer os outros cavaleiros de Ouro.

— A próxima casa é a do sucessor do mestre de vocês. O cavaleiro de Virgem desta era.

— O senhor o conhece?

— Não necessariamente. Ele é um homem muito misterioso.

— Bom acho que podemos subir e conhece-lo.

Os dois subiram as escadas em direção a casa acima. O Templo de Virgem.

Antes mesmo de chegarem a escada da entrada da casa eles sentiram uma pressão imensa sobre seus corpos.

— Esse poder… que poder é esse?

Eles entraram com cautela no recinto da casa de Virgem, mas mesmo com toda aquela pressão eles não sentiam cosmo algum.

— É possível que o cavaleiro desta casa não esteja aqui e isso seja apenas uma defesa da própria casa.

— Pode ser…

Finalmente eles chegaram num salão mais amplo o teto alto e as paredes grandes. Ao fundo era possível ver uma espécie de altar em forma de lótus. Sentado no centro em posição de lótus em profunda meditação...

— Esse homem… será que ele é…

— Sim veja…

Hakurei apontou para cima onde a Armadura de Virgem flutuava no ar em sua forma “object”

— Ele pode nos ouvir?

— Aspirantes… - a voz parecia vir de todas as direções.

— O que…

— Conseguem me ouvir não é mesmo?

A voz era serena e tranquila.

— O que está acontecendo?

— Vocês estão ouvindo minha voz. Estou falando através de seus cosmos.

— Uau! Isso é impressionante.

— Eu sou o cavaleiro de Virgem…

— Sabemos, você é o sucessor do Mestre Brafmah.

— Espere… são os discípulos de Brafmah?

Nesse momento eles viram uma silhueta se formando.

— Como… como estão? - perguntou.

O cavaleiro tinha os cabelos num tom de castanho como areia da praia. Pendiam na altura abaixo da cintura. Ele usava o elmo da Armadura de Virgem e seus olhos tinham um tom de âmbar que ornavam o rosto calmo. No centro da testa eles reparam um ponto pequeno na mesma cor dos cabelos. Seu corpo era esguio, alto em estatura e magro em aspecto.

Jamir

— Eles chegaram…

Uma luz brilhou nas costas dos gêmeos e quando olharam viram a imagem de seu mestre. Diferente do costume ele estava jovem os cabelos em uma trança longa pendendo nas costas e tinham um tom louro mais escuro.

— Mestre Brafmah! - os garotos disseram em uníssono.

— Estava esperando vocês chegarem até a casa de meu discípulo para voltar a vê-los.

— Mestre!

A projeção do Cavaleiro de Virgem se ajoelhou diante do Mestre de Jamir.

— Vocês são mestre e discípulo também?

— Então por isso se ausentou por tantos anos de Jamir? - perguntou Sage ao seu Mestre.

— Sim estive no santuário e nos templos antigos hindus treinando meu sucessor.

— Se vocês são discípulo do meu mestre e futuros cavaleiros eu os permito passar pelo meu templo.

— Vão - aconselhou Brafmah - o Templo de Libra está vazio há muito tempo, acima dele está a casa de Escorpião… apenas vão - ele deu uma risada leve, porém suspeita.

— Esquecemos de perguntar seu nome, Santo de Virgem. - lembrou Sage.

— Eu sou Shiva, o Santo de Ouro de Virgem.

Passando pelo templo de Libra os irmãos pareceram sentir uma energia muito familiar, mas seguiram subindo as escadarias em direção ao próximo templo.

Lá chegando eles perceberam que não podiam sentir cosmo algum, porém, uma presença intensa permeava o local.

— Essa presença é quase palpável de tão densa.

— Realmente…

Antes que pudesse terminar a frase Sage viu seu rosto emoldurando por uma mão enluvada por uma manopla dourada, rente a sua têmpora do lado oposto uma unha com um tom de vermelho tão vívido que parecia ser esculpida em rubi.

— Invasores ou apenas recrutas desavisados? - perguntou a voz feminina.

Os músculos de Hakurei retesaram, ele sabia que não teria tempo para reação, ainda que ele fosse veloz ele não poderia ser mais rápido que um Santo de Ouro, que se movia na velocidade da luz.

Uma amazona?! - se espantou Sage.

— Desculpe senhorita… meu nome Sage, sou de Jamir, sou um aspirante…

— Os jovens trazidos pelo Senhor Itia de Jamir.

A pegada afrouxou e a unha carmim se retraiu.

— Eu sou Isis, Amazona de Ouro de Escorpião.

Eles fizeram reverência se curvando para frente.

— Eu sou Hakurei, somos irmãos.

— Percebo… gêmeos por sinal… o que aspiras estão fazendo tão alto nas doze casas?

Ela tinha o corpo esbelto com curvas bem definidas. Seu rosto estava coberto por uma máscara, como mandava a lei do Santuário, de modo que não puderam ver seus olhos. Seus cabelos muito lisos tinham a cor de sangue vívido e pareciam reluzir como o pedras de granada. Emolduravam o rosto mascarado partidos ao meio sob a tiara da Armadura, quando ela passou por eles puderam perceber o longo comprimento que formava uma trança dourada grossa presa por uma fita vermelha na ponta.

— Decidimos conhecer os Santos de Ouro, os mais fortes do exército de Athena.

— Compreendo. Bem sendo vocês discípulos do senhor Itia eu permito que sigam adiante. A próxima casa habitada é a de Aquário, sendo que as duas próximas não tem cavaleiros ainda. Tenham muito respeito ao entrar na casa de Aquário, lá é morada do Senhor Krest.

Os gêmeos deixaram para trás a casa de Escorpião subindo em direção ao templo de Sagitário, como havia dito Isis estava vazio. Subindo mais passaram por Capricórnio que também estava vazio, como haviam sido avisados e finalmente chegaram ao templo de Aquário. Ainda da entrada puderam sentir a temperatura baixando vertiginosamente.

— A temperatura…

— Baixou bruscamente… a julgar pela sensação térmica eu dificilmente diria que estou no Santuário de Athena.

— Não resistem a uma brisa gelada como esta, aspirantes discípulos de Itia?