O Mito das Guerras Santas - O Legado dos Gêmeos escrita por Waulom Amarante


Capítulo 23
Capítulo XXIII: Vipera Mortiferum


Notas iniciais do capítulo

O cavaleiro de Leão havia sido incumbido de investigar uma movimentação estranha num vilarejo europeu. Acompanhando de Lillian de Serpens, o Leonino se deslocou até o local, porém ao chegar naquele vilarejo que agora parecia a concepção de nada eles se deparam com algo muito superior a meros Espectros de Hades, eles estavam diante do Panteão dos Sonhos...



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— Como ousa… uma mera Amazona de Prata… querer tocar um deus?!

Os olhos dele estavam carregados de ódio e fúria.

— Ei! Deus! Seu inimigo sou eu! Lightning Bolt!

O golpe do Leonino acertou em cheio o estômago do Deus que se dobrou. Uma risada começou tímida, vinda da divindade caída, e foi tomando forma, ganhando força.

— Você… você achou mesmo… achou mesmo que poderia me causar algum dano sério com esse ataque ridículo?!

O corpo da amazona sentiu um calafrio que lhe subiu a espinha. Um golpe de um cavaleiro de ouro, a Elite do Exército de Athena, ainda mais de Cészar, um dos mais poderosos entre os doze, não havia sequer fustigado o inimigo divino.

Quando os outros quatro ainda ocultos pela própria penumbra fizeram menção em entrar em batalha foram impedidos.

— Deixem! Quero que voltem ao Mukai. Eu mesmo vou lidar com esses insolentes.

— Tem certeza…?

— Eu sou Fobetor, um deus dos Sonhos!

Ao sentir o cosmo do irmão entrando em incandescência, os quatro apenas desapareceram.

O deus maligno se virou, agora, para os seus inimigos.

— Cavaleiro de Leão! Você é o líder dessa tropa, creio eu, já que é o de patente mais alta.

O punho do leonino se fechou ao lado do corpo e uma cosmo-energia já o envolvia.

— Eu, assim como meu pai, não sou adepto da morte, entende… mas não posso negar que o sofrimento me atrai muito.

Nesse instante a alma do Deus deixou o receptáculo e se mostrou finalmente em sua forma real. Os cabelos selvagens se aprumavam pelo elmo córneo. Seu rosto era sombrio e seu semblante transmitia o puro terror. A íris desapareceu de seus olhos deixando apenas a parte branca, o que denotava ao rosto da divindade um tom ainda mais horripilante.

Sua sobrepeliz, tinha um tom negro que se misturava com o tom da atmosfera ao redor, que havia mudado completamente com a ascensão da alma divina de dentro do receptáculo, de foram não era possível distinguir detalhes, apenas formas pontiagudas que se sobressaíam com um brilho negro vigoroso.

— Porque abandonou seu receptáculo?! - indagou o cavaleiro de ouro.

— Eu não abandonei… - nesse momento o corpo que antes abrigava a alma divina, se ergueu. O Santo de Ouro logo percebeu os olhos mortos do corpo a sua frente - tomamos esses corpos um pouco antes de tomar a vila por completo, portanto eles ainda não estão acostumados com nossos cosmos grandiosos.

— Tomaram… esses… corpos…- as palavras saíram pausadas e carregadas.

O deus, no entanto, deu uma gargalhada vigorosa e continuou…

— Aqueles que tinham os sonhos mais pujantes, nós devoramos seu ímpeto, retiramos dele sua vontade e por fim… - ele riu mais uma vez - por fim nós lançamos sua alma para sempre numa das regiões do Mukai. Para podermos aproveitar das cascas vazias que restaram aqui no Mundo dos Homens.

— Maldito… - respondeu entre dentes a amazona.

— Sabe qual era o sonho desse aqui cujo corpo agora me pertence?

O deus ergueu a mão direita e como se redesenhasse o espaço, o cenário mudou completamente.

— O… o que é isso?

De repente a vila estava cheia de transeuntes, o mercado a todo vapor, pessoas seguindo sua vida pacata como impõe nascer numa vila pequena num lugar perdido do mundo. Um garoto passou correndo rente a perna de Cészar.

Aquele garoto…

O menino sorriu com alegria e abriu os braços.

— Um dia… um dia eu vou ser um cavaleiro de Athena!

— Não seja tolo, Gevanni - respondeu um outro que o seguia de perto - para se tornar um cavaleiro de Athena é preciso muito tempo e treinamento.

— Não importa! Eu quero proteger as pessoas, quero proteger a paz na Terra e acabar com aqueles que a ameaçam.

Ele deu um soco no ar e recolheu o braço em seguida olhando com firmeza para o punho fechado, envolto em faixas.

— Eu também quero interceder junto de Athena pelo povo pobre dessa vila.

— Interceder… Interceder junto a Athena?! Que tipo de sandice é essa?! - redarguiu o parceiro.

—Você não entenderia, Domain… - seu olhar se voltou para o céu desta vez.

— Athena é uma divindade. A divindade que rege e protege a Terra em paz e justiça, porque diabos você acha que ela daria ouvidos para um cavaleiro que quer melhorar algo para uma gente perdida num canto escondido do mundo?

— Exatamente por isso. Por ser uma divindade. Esse é o papel dos deuses com os humanos… os deuses devem usar seus poderes para guiar a humanidade para a prosperidade e a evolução.

De repente um clarão lancinante tomou conta do ambiente, quando regrediu o céu era pesado e escuro. Uma fenda enorme rasgou as nuvens. Pessoas simplesmente começaram a tombar uma a uma.

— O que… o que está acontecendo? - se perguntou o dourado.

Cinco silhuetas imponentes verteram da fenda celeste. A maior delas se revelou ser de Fobetor.

Enquanto os que ainda tinham forças corriam desesperados para salvar suas próprias vidas. As divindades derrubavam os moradores do vilarejo em um sono eterno e perturbador.

Até que finalmente encontraram um garoto de coragem que lhes fez oposição para salvar o amigo.

— Largue-o!

— Quem é você moleque? - perguntou Fobetor, enquanto segurava o pequeno garoto pelo pescoço e sentia o aroma que exalava dele.

A imensidão do ser ante aos garotos era abissal.

— Eu sou um futuro Santo de Athena! Servirei aos deuses para proteger a paz na Terra.

O deus deu uma gargalha. Tencionando o pescoço entre seus dedos ele assassinou o garoto na frente do amigo e jogou o corpo para o lado como se fosse apenas um resto de alimento estragado.

Então esse seu ímpeto e seu desejo alimentaram a ira de um deus de verdade!

A última coisa que o garoto viu foi o rosto macabro do deus dos sonhos avançando com uma boca imensa repleta de presas em sua direção.

O cenário voltou para o vilarejo como era antes.

— Seu maldito… maldito você destruiu o sonho de garoto inocente!

— Vejamos uma Amazona de prata falando nesse tom com uma divindade…

— O garoto acreditava nos deuses, em sua misericórdia, em sua benevolência, porém seus últimos instantes de vida foram apenas a prova de que deuses são apenas formas dantescas que buscam na vida humana uma forma de se satisfazerem seus egos inflados… vocês não são regentes, não são protetores! Não são dignos de serem chamados de divindade!

A manopla da mão direita da armadura de Serpens se articulou e uma pequena serpente prateada envolveu a mão da Amazona, formando uma espécie de ferrão.

— Eu vou acabar com você maldito deus dos sonhos! - o cosmo dela se elevou grandemente.

— Lilian…

Vipera Mortiferum!

O golpe da amazona milagrosamente acertou o deus na testa.

— Ela… ela acertou…

O corpo e a alma de Forbetor pareciam imóveis atrás da Amazona.

— O Vipera Mortiferum é um golpe que ataca como uma corrosão celular do ponto que atinge. Ele vai destruir e consumir você, seu corpo e seu cosmo a partir do ponto de impacto. Para o seu descuido eu acertei bem na sua cabeça, logo a sua destruição é certeira.

Uma risada tímida veio do corpo paralisado. Foi tomando altura e força, até explodir em uma gargalhada.

— Você acreditou mesmo que a técnica de uma Amazona de Prata poderia me derrotar?

O deus agora ria compulsoriamente uma das mãos espalmadas na face.

— Maldição… - praguejou o cavaleiro de Leão.

— Você obriga…

Ela se virou e se movimentou tão rápido que a reação seria impossível.

Vipera Mortiferum: Secunda Fatale!

A alma voltou ao corpo físico, seus olhos se abriram, despertando um brilho maligno, um sorriso malicioso foi a última coisa que ela vislumbrou.

Ele se moveu levemente para o lado, segurou-a pelo pulso, acertando-lhe um golpe poderoso no queixo, a força era tanta, que partiu sua máscara de amazona em migalhas e quebrou seu pescoço jogando-a para trás

— Lilliaaaaaaaaaan!

Um cosmo dourado explodiu em raios.


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Notas finais do capítulo

Na próxima Semana:
Capítulo XXIV: Relâmpago e Carmim, um Selamento de Vingança



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