— Krest, proteja Athena!

— Itia, o que…

O Grande Mestre desapareceu, surgindo há alguns metros da batalha.

—Albert… aquilo é… a Sagrada Armadura de Ouro de Capricórnio!

Itia observou atentamente o garoto. A energia se estabilizou, mas seu braço estava agora tomado por uma macha vermelho escura. A parte branca do olho contíguo ao braço estava negra.

— É realmente como eu pensei, o poder da Merodach quer tomar conta do corpo dele, mas a Excalibur não permite. Preciso selar a Pecado Original.

Naquele instante Itia se movimentou em alta velocidade se interpondo, como que surgido do nada entre os adversários.

— Mestre Itia… - a voz do garoto estava alterada.

— Albert preciso que você se tranquilize. O poder da Merodach não fará você vencer essa batalha.

— Saia do caminho Mestre Itia… Queen não é mais o mesmo… ele se tornou um Espectro de Hades.

Nesse momento Itia sentiu o ataque traiçoeiro e se voltou para Queen.

— Sentence of Judgment: Gate of Destiny (Sentença de Julgamento: Portão do Destino)!

Itia estendeu o braço para frente como se liberasse algum objeto, frente a ele surgiu então uma fenda dimensional pela qual o espectro passou, não deixando vestígios para trás; ao fechar a abertura no espaço, ele foi acometido pelo grito do cavaleiro.

— Albert!

— Não permitiu que eu acabasse com aquele desgraçado, vai pagar por isso!

Quando o capricorniano fez menção de atacar o Grande Mestre, ele sentiu seu corpo aprisionado. Foi quando percebeu sob seus pés um selo luminoso.

— O que é isso?!

— Sentence of Judugment: Corpus Carcere (Sentença de Julgamento: Aprisionar Corpo)… Esta é uma das seis versões da minha técnica Sentence of Judgment. Somente os deuses podem quebrar esse sigilo restritivo, o meu cosmo está impedindo que seu sistema central dê comandos para o seu corpo ao mesmo tempo que impede seus membros motores de responder qualquer eventual comando que consiga transpor a primeira restrição.

Itia deu dois passos adiante. Tirando da manga três papiros pequenos.

— Isso são os Selos de Athena, eles foram criados por Athena, para diversas finalidades. Com o poder sagrado de Athena nesses selos, eu ordeno que o poder corrompido da Merodach regrida e seja selado!

Sob o comando de Itia a marca regrediu novamente a um símbolo nas costas da mão de Albert. Os sinais em forma de corrente novamente se entrelaçaram ao longo do braço do garoto e em cada cruzamento das marcas um selo de Athena foi imposto reforçando o trabalho do Grande Mestre.

— Eu vou te levar a um lugar… selar o poder da Merodach não vai ajudar em nada sua evolução como cavaleiro, você tem que dominar as trevas que A Pecado Original representa em sua alma.

Ilha da Rainha da Morte

Emergindo em meio ao Oceano Pacífico, oculta junto ao grupo das ilhas que formam o continente da Oceania, está um resquício do naufragado continente de Mu. O continente onde Athena, ainda nos princípios da Era Mitológica, solicitou que os Muvianos forjassem as Sagradas Armaduras de Athena. Durante a batalha contra Poseidon, o Deus dos Mares, todo o continente foi afundado, mas este local ainda estava sobre as águas.

O local quente e praticamente hostil a vida, fora encontrada muitos séculos após e nele algumas armaduras desconhecidas do Santuário. Elas eram, em forma, idênticas a algumas das armaduras de Bronze, vestidas pelos Santos de Athena, mas todas tinham algo em comum, a cor negra de seu metal.

Descobriu-se em algum momento da pesquisa feita pelo Santuário que tais armaduras foram forjadas por muvianos renegados afim de agregar para si o poder das armaduras Sagradas. Porém sem a benção da Constelação as armaduras ficavam negras. Os cavaleiros do Santuário se negavam a trajar tais armaduras, porém com o tempo aqueles que não se tornavam cavaleiros se reuniram na Ilha para tomar para si tais vestimentas apócrifas.

Os Cavaleiros Negros da Ilha da Rainha da Morte.

Ainda que não representassem perigo algum para o Santuário, uma vez que em sua maioria as Armaduras Negras eram cópias da patente de Bronze, sendo que a de Fênix a mais copiada por ser a mais poderosa nesse patamar, haviam algumas cópias de armaduras de Prata, como Baleia, Corvo e Cães de Caça. Até alguns anos atrás não se sabia se algum desses ferreiros havia conseguido copiar uma Armadura de Ouro.

Ainda assim em uma de suas encarnações Athena decidiu por selar o lugar para aprisionar os renegados e impedir que causassem calamidades na Humanidade. Para isso um cavaleiro do Santuário fora escolhido para ser o guardião de tal lugar e sua identidade seria oculta por uma máscara que representaria o poder do Selo de Athena naquele lugar. A única forma de romper com tal selo era vencendo o Cavaleiro Guardião.

A cisão no espaço abriu-se em um campo aberto, onde não havia um resquício que fosse de verde. As árvores eram apenas representações em galhos e troncos retorcidos. A frente era possível ver um vulcão em estado de atividade mediana.

As botas douradas tocaram o solo, a capa esvoaçante em meio ao vento violento do campo aberto. O homem tinha uma postura imponente e estava lá em meio ao deserto cenário, trajando sua indumentária dourada completa com o elmo carregado  sob um dos braços junto do tronco.

— Este lugar… - sua mente vagueou em lembranças dolorosas…

Ilha da Rainha da Morte 3 anos atrás

O comboio atravessou o portal dimensional. O Cavaleiro de Prata de Cefeu, Edomon, o Cavaleiro de Prata de Cães de Caça, Johan, a Amazona de Prata de Pavão, Helga e o Cavaleiro de Ouro que liderava a equipe, Damien de Gêmeos.

— Temos de ir até o altar da Armadura de Fênix. - afirmou em tom de comando o cavaleiro de ouro.

— Sim, Senhor! - disseram os outros em uníssono.

— Os cavaleiros negros devem estar espalhados indo em direção a costa da ilha, por isso preciso que retardem o máximo deles que encontrarem no caminho. Nos encontramos no ponto de encontro.

Eles se dividiram em direções opostas pela ilha.

Ao longo do caminho o Cavaleiro de Gêmeos encontrou com alguns cavaleiros negros, aos quais deu cabo com muita facilidade.

Atravessando a floresta ele finalmente divisou a cadeia de montanhas que circundava o vulcão principal da ilha.

Do lado oposto vindo pela encosta do vulcão estava Helga de Pavão. Quando começou a subir pelo lado oeste afim de alcançar o altar da Armadura de Fênix, ela se deparou com 3 inimigo. Um deles era um cavaleiro trajando uma armadura de Cisne Negro, um segundo trajando uma armadura de Andrômeda Negro e por fim um último trajando a armadura de Cães de Caça Negro.

— Saiam do meu caminho! - alertou a Amazona.

Ela tinha os cabelos em um tom de ruivo forte que lhe emolduravam o rosto encoberto pela máscara das amazonas, a dela tinha traços em tom de vermelho que circundavam os olhos e contornavam o que seria os sulcos da face partindo do nariz para os cantos da boca. Seu corpo era esbelto e torneado e a armadura em tom de prata lhe caía perfeitamente nas curvas. O corpete lhe moldando o torso formando atrás uma calda como as dos ternos de mordomos, um adorno prateado no pescoço, as botas se encaixando perfeitamente na parte que lhe cobria as coxas e os antebraços protegidos também.

— Uma amazona do Santuário…

— Isso significa que já foram informados que a Máscara não está mais sendo usada pelo Guardião.

— Ela não deve estar sozinha, mas precisamos dar cabo dela…

 Os três avançaram com rapidez em direção a amazona…

O cavaleiro de Gêmeos chegou até o altar da Armadura de Fênix. Logo em seguida juntaram-se a ele, os outros dois prateados.

— Desculpe a demora senhor. Tivemos de enfrentar uma dúzia de cavaleiros negros.

— Onde está Helga?

— Não a encontramos. Ela tomou o rumo do lado oposto da ilha.

— Então você veio mesmo, Damien…

— Essa voz, mas…

Um homem trajando uma armadura negra segurava Helga pelos cabelos.

— Como é possível que você esteja vivo?!

O rosto do homem estava coberto por uma máscara diabólica em tons de vermelho.