Memento escrita por Jafs


Capítulo 3
Relíquia




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/754687/chapter/3

A viagem de carro já durava um tempo e o cenário não mudava muito entre os arranha-céus e os grandes condomínios residenciais.

Até aquele momento.

De repente, tudo deu lugar para a vegetação. Ainda havia os postes, mas o reino além do que a luz deles alcançavam era de escuridão. A estrada agora era uma subida, eles haviam entrado em uma zona de serra.

Depois de um curto túnel, o carro virou para um trajeto ainda mais escuro e deserto. Era estreito ao ponto do veículo ameaçar atingir alguns galhos das árvores na beira da estrada. O ar estava mais frio.

Logo eles começaram a passar ao lado de um grande muro de pedra, tomados por vinhas, e a estrada terminava em um grande portão de ferro. O carro não precisou parar, pois o portão se abrira.

As rodas faziam um suave som enquanto deslizavam sobre o caminho de saibro do pátio do casarão de três andares, com uma imponente arquitetura européia de fachada vermelha com grandes janelas brancas. A iluminação que vinha delas, mais dos postes ao longo do caminho, traziam o alento ao breu que cercava o lugar.

O carro parou em frente da entrada principal e o motorista rapidamente saiu do veículo e abriu a porta para Homura. Madoka mal teve tempo de remover seu cinto de segurança e o homem já havia passado por trás do carro e aberto a porta dela.

A porta da casa abriu-se e mais dois homens de terno e gravata apareceram e foram direto ao porta-malas para pegar as bagagens. Mulheres com roupas de criadas espiavam o que estava acontecendo de dentro da casa.

Madoka observava tudo aquilo e Homura, que estava ao lado dela em silêncio, evitando contato visual com todos.

Da casa saiu mais uma pessoa, uma mulher baixa. Vestia um vestido formal e salto alto de cor verde escura, combinando com os seus olhos e o bem penteando cabelo curto. A maquiagem era pesada, de batom vermelho, mas as raízes brancas do cabelo denotavam que ela já tinha certa idade. Ela parou na frente da Homura, sorrindo.

Madoka notou que Homura havia olhado de relance para a mulher e leu seus lábios proferindo um nome de forma hesitante.

“Chi... haru...”

A mulher a envolveu com os braços lentamente e pousou a cabeça no ombro da garota. Sua face se contraiu em uma quase expressão de choro, seguida de um longo suspiro.

Enquanto isso, Homura permaneceu imóvel, sem reação.

“Eu cheguei a pensar que eu nunca mais poderia fazer isso,” disse a mulher.

Homura perguntou, “Onde está ele?”

A mulher se afastou, endireitou a postura, e respondeu, “Ele virá amanhã.”

Homura cerrou os punhos.

A mulher notou a tensão do corpo dela, mas olhou para a outra garota.

Madoka hesitou um pouco antes de sorrir. “Oi?”

“Você deve ser a filha da família dos Kaname.” A mulher foi em direção a ela.

Não era só voz, Madoka podia sentir uma fragrância suave vindo dela. “Você sabe sobre nós?”

“Nós procuramos saber para quem enviaremos nossas cartas.” Ela assentiu. “Porém diga o seu nome.”

“Madoka Kaname.”

Ela se curvou. “Nós estamos agradecidos por terem cuidado de Homura-san, Madoka Kaname-san.” Então disse ao levantar, “Eu sou Chiharu Nishimoto, a governanta dessa casa, por favor, qual mala é a sua?”

Madoka apontou. “Essas duas.”

Chiharu olhou para os homens com as malas e eles adentraram na mansão em passos rápidos.

Madoka ouviu o som do motor e o carro saindo.

Chiharu juntou as mãos. “Vamos entrando? Não é saudável ficar na friagem da noite.”

Elas passaram pela grande porta e estavam em uma sala iluminada por um grande lustre. Havia belas pinturas nas paredes e até no teto, de temas da igreja cristã. No entanto, era um tanto pequena comparado com o que havia sido visto do lado de fora. Nenhuma criada curiosa estava mais ali, mas se podia ouvir movimentos pela casa.

Nada comparado com o som do salto de Chiharu enquanto ela fechava a entrada. “Kaname-san, nós já preparamos um quarto para você, me acompanhe.”

“Então a minha irmã está viva.”

As garotas olharam para uma das portas da sala, ali estava um rapaz encostado na vista. Ele era mais alto e aparentava ser mais velho que Madoka e Homura. Seu cabelo preto era bagunçado, com as pontas descoloridas, e usava brincos e corrente no pescoço, ambos prateados. A maquiagem deixava a pele de sua face como porcelana e a camisa justa de manga comprida acentuava o seu corpo esguio.

“Udo-san!” Chiharu o repreendeu, “você não deve falar assim.”

“Desculpa...” Com as mãos nos bolsos da calça, ele andou em direção a Homura, sorrindo. “Como eu deveria reagir com alguém que ficou mais de um ano sem dar um sinal que ainda existia.”

Madoka viu que Homura havia baixado ainda mais a cabeça e seu olhar não sabia para onde ir.

“Hmmmm...” O rapaz se aproximou mais seu o rosto ao dela. “Você não mudou desde a última vez que a vi, talvez mais alta... Como está o seu coração? O pessoal do hospital te tratou bem? O pai pagou uma nota.”

“Udo-san...” Chiharu olhou intensamente para ele.

“O que foi dessa vez? O que eu falei de errado? Ou você não se importa com o tempo que ela ficou no hospital?”

A mulher cruzou os braços e afirmou, “Então escolha melhor suas palavras.”

“Tssss...” Ele deu de ombros e tornou sua atenção para outra garota enquanto voltava a sorrir. “Mas você é a maior surpresa. Como devo chamá-la?”

Ela examinou os olhos dele, eram roxos como da Homura, um pouco mais escuros, evidenciados com o rímel de seus cílios. “Eu sou Madoka Kaname, uma amiga.”

“Amiga?!” O rapaz voltou a olhar para Homura. “Congratulações! Você está fazendo amigas novamente. Eu sabia! Eu sabia que você ia conseguir.”

Homura virou a cara.

Madoka estava tão focada observando o visível desconforto dela, que mal se deu conta que rapaz estava na sua frente após ele dar um grande passo lateral.

“Eu sou Udo Akemi, o irmão que ela nunca te contou.”

“Eh?” Madoka não tinha muito que dizer sobre aquela verdade.

Udo tinha. Ele se inclinou e escondeu boca com a mão enquanto sussurrava, “Ela te contou que ela é órfã, né?”

Diante de outra verdade, Madoka baixou o olhar, mas então os dedos dele acariciaram sua franja.

Udo deu uma piscadela. “Está tudo bem, eu não tenho ressentimen-”

Chiharu se pôs entre ele e Madoka. “Udo-san, elas tiveram uma longa viagem e estão cansadas.”

Udo se afastou. “É, eu converso com elas em outra hora.” Então se inclinou para o lado para ver a garota atrás da mulher. “Ow, posso chamá-la pelo primeiro nome. ‘Madoka’ soa legal.”

“Claro.”

“E me chama de Udo, não precisa ser educada comigo, okay? Essa casa é velha, eu não.”

Chiharu respirou fundo, quase um bufo.

“Eu não estava me referindo a você.” Ele foi até outra porta que havia na sala. “Vou ver algo para comer.”

“O jantar será servido lo-” A porta fechou antes que Chiharu pudesse terminar de dizer.

Então houve um silêncio. Madoka até pensou que a mulher iria atrás dele.

Chiharu, no entanto, se virou para as garotas, com um sorriso educado, como se nada tivesse acontecido. “Vamos indo.”

Elas seguiram a governanta até a porta onde Udo estava antes. Ali havia uma sala maior, que terminava em uma escadaria em espiral.

Chiharu começou a instruir, “Nesse andar é onde fica a cozinha, a sala de jantar, banheiros e a biblioteca. Segundo e terceiro andar são para os quartos, sendo que o segundo é usado pelos funcionários.”

Elas subiram a escada, ouvindo o ranger da madeira.

“Kaname-san, as suas malas já devem estar lá. Enquanto eu te mostro onde é, Homura-san irá ao quarto dela.”

Nisso Homura disse, “Nishimoto-san...”

A mulher franziu a testa. “Hã? Por que está me chamando pelo nome de família?”

Homura parou. Cabisbaixa, ela juntou suas mãos inquietas. “C-Chiharu-san, poderia mostrar onde fica o meu quarto para Madoka?”

“Eu pretendo fazer isso depois que eu mostrar o dela.”

“Eu... gostaria...” Homura se esforçou para esconder o ranger de seus dentes. “... que fizesse isso por primeiro.”

Chiharu balançou a cabeça, não compreendendo a importância daquilo, mas disse, “Sim, claro...”

Elas continuaram a subir até o terceiro andar. Madoka sentia o passo vagaroso e pesado da outra garota, era como se naquele momento Homura havia voltado a ser quem ela disse que não era mais. [O que há de errado?]

Homura fechou os olhos e suspirou. [Eu não me lembro onde fica o meu quarto.]

Madoka não fez nenhuma pergunta a mais.

O terceiro andar tinha longos corredores com muitas portas, lembraria um hotel se não fosse pela falta dos números dos quartos. Eles se cruzavam, formando uma rede intricada onde alguém sem conhecimento poderia acabar andando em círculos.

Não era o caso de Chiharu, que logo encontrou a mala de Homura no chão em frente a uma porta. “Oh... Eu esqueci de te dizer.” Ela se virou para garota. “Seu pai lhe pediu que eu deixasse o seu quarto da forma como estava quando você partiu para Mitakihara. Nenhum funcionário entrou nele além de mim.”

Madoka viu Homura assentir, mas aquela notícia não havia deixado a garota de óculos mais feliz.

“Bem, mas ele deveria esperar por ti e não deixar sua mala no chão. Eu peço desculpas.” Chiharu segurou a maçaneta.

E Homura também. “Não. Eu... quero que somente eu entre no quarto.”

Deixando a governanta confusa. “Você não queria mostrar o quarto para a sua amiga?”

“Eu queria mostrar onde ficava.”

Madoka se manifestou, “Ehhh... Está tudo bem Chiharu-san... Eu posso chamá-la assim?”

“Hã? Sim, claro.”

A distração de Chiharu foi o suficiente para que Homura pegasse a mala e entrasse no quarto escuro. “Eu vou checar se tudo está ordem... e vou encontrar um espaço para a minha mala. Madoka, depois nós conversamos.”

“Sim! Eu-”

Ela fechou a porta de madeira maciça, fazendo mais barulho do que esperava, mas o abrupto silêncio que se seguiu foi um convite para que pudesse soltar sua respiração angustiada.

A escuridão não importava, Homura já podia sentir o peso daquele lugar. Até o sutil cheiro do ar estagnado dizia muito. Ela se virou lentamente e primeira coisa que enxergou foi a luz vinda da janela, proveniente da iluminação do lado de fora. Seus olhos se acostumaram rapidamente com a penumbra, talvez rápido demais, e pôde ver sua cama logo abaixo da janela. O criado mudo que ficava ao lado da cama tinha sobre ela uma caixa de música e um despertador.

Estranho.

O despertador tinha um aspecto antigo, com ponteiros e um par de sinos, mas Homura não o reconhecia. Não era o fato de que ela não se lembrava, mas de justamente lembrar de que não deveria haver esse objeto em seu quarto. Chiharu não cometeria um erro desses, então estava claro o que isso representava.

Eu não pertenço a esse tempo... Então até o passado contém anomalias.

No entanto, Homura estava ciente que certas coisas não mudam e nunca irão. No chão, próximo ao armário, estava uma grande casa de boneca, vazia e sem vida. Quem morava ali se foi.

Sombras começaram a dançar atrás da casa e Homura sentiu um frio na espinha. Uma pessoa comum poderia pensar que fossem os galhos de alguma árvore no quintal que estavam coalescendo aquelas imagens. Ela não tinha esse luxo.

Então chapéu negros, de variadas formas, despontaram logo seguidos por seus respectivos donos, com olhos vítreos de tênue brilho azulado, pálidas e lisas faces com sorrisos largos e escancarados.

/人 ‿‿ 人\

Madoka e Chiharu estavam olhando para a porta. Já haviam se passados alguns minutos.

“Parece que está tudo bem. Eu fui muito minuciosa com esse quarto.” A governanta veio com um olhar convidativo para a garota. “Vamos.”

Elas seguiram pelos longos corredores em silêncio. Madoka quase continuou quando a mulher parou em uma porta.

“Eu escolhi esse quarto, pois a mobília está em bom estado. É próximo da suíte do Hiroshi-sama.” Chiharu pôs a mão na maçaneta, mas então olhou para a garota. “Hiroshi-sama é o pai dela.”

Madoka assentiu.

Chiharu perguntou, mais séria, “É verdade?”

“O quê?”

“É verdade o que Udo-san lhe disse? Que Homura-san te contou que ela era órfã?”

Madoka desviou levemente o olhar e então novamente assentiu.

Chiharu ficou olhando para ela por um tempo, antes de retornar sua atenção para a porta e abri-la. “É uma mentira.”

Assim que a luz se acendeu, Madoka se viu em meio ao requinte. Tudo era feito com madeira de primeiríssima qualidade, com gravuras de cisnes, muito limpo e polido. Na cama repousava suas duas malas e o que continha nelas pouco ocupariam o espaço do enorme armário.

Chiharu foi até janela e afastou as cortinas. Madoka se aproximou e viu através dela os jardins da casa, incluindo um grande labirinto de cerca-viva. Mais distante, além do topo da vegetação que cercava o lugar, era possível ver a cidade como um tapete de luz que fazia uma longa curva.

“Ali fica a baía de Sagami,” disse a mulher, “se amanhã tivermos um clima limpo, você terá o Monte Fuji no horizonte.”

Madoka se virou para ela e se curvou, “Eu estou muito agradecida por poder ficar aqui.”

“Conseguiu memorizar o caminho?”

A garota assentiu lentamente. “Sim...”

“Visitantes já se perderam por aqui, não se acanhe.” Chiharu saiu do quarto. “Vamos voltar, eu ainda tenho algumas salas para te mostrar.”

Quando elas retornaram ao corredor, Madoka comentou, “Muita gente trabalha aqui.”

“A maioria irá embora amanhã de manhã. Eles apenas estiveram aqui para preparar a casa para a chegada de Hiroshi-sama. Ele na verdade mora em Yokohama e é um homem que aprecia a discrição e isolamento.”

Elas desceram as escadas, retornando ao primeiro andar.

Enquanto Chiharu continuava, “Essa casa foi construída quando Tóquio ainda era conhecida como Edo, como uma embaixada não oficial para estrangeiros. Ela resistiu a ataques e ocupações de rebeldes, além do grande terremoto de Kantou.”

A governanta abriu a porta, mostrando para a garota um banheiro de tamanho modesto, mas luxuoso.

“Na segunda guerra mundial, ela finalmente virou cinzas junto com Tóquio. Com o fim da guerra havia muito que reconstruir, foi onde o pai de Hiroshi-sama viu a oportunidade.”

Chiharu abriu uma porta dupla, mostrando uma sala maior iluminada por outro lustre magnífico, abaixo dele uma mesa redonda e cadeiras. Perto das paredes ficavam pedestais com réplicas de esculturas européias famosas em escala reduzida. “E esta é a sala de jantar...”

“Então ele herdou de seu pai a construtora,” Madoka falou, “foi ele que reconstruiu esse lugar.”

A mulher assentiu. “Não foi apenas uma reconstrução, a estrutura foi modernizada e o pátio expandido. Essa casa foi o presente de casamento para esposa dele, que tinha muitas saudades da Europa.”

“Homura me contou que ela morreu.”

Chiharu fechou a porta e a convidou, “Quer conhecê-la?”

Elas foram até outra porta fechada. Dessa vez Chiharu tirou um molho de chaves para poder destrancá-la. “Quando Hiroshi-sama vier, não conte a ele que esteve aqui.”

“Uhum.”

De imediato podia sentir o cheiro de papel velho. Era a biblioteca, com estantes que chegavam até o teto, mas também havia um bar com uma seleção de bebidas destiladas ou fermentadas. Sobre um grande tapete ficavam confortáveis poltronas, todas viradas para um altar com um gramofone e um porta retrato de uma mulher de cabelos longos e escuros como da Homura, com um gracioso olhar bordô.

Chiharu sussurrou, “Venha.”

Elas ficaram de frente ao altar. A governanta juntou as mãos e rezou em silêncio.

Madoka fez o mesmo.

Após contemplarem por um tempo o semblante da mulher na foto, Chiharu fez uma pergunta, “Homura-san... Ela chegou a te dizer o que aconteceu?”

A garota pôde sentir certo temor naquelas palavras, mas não hesitou em responder, “Ela foi assassinada.”

“É uma mentira!”

Madoka pressionou os lábios e olhou para a Chiharu.

A mulher estava com a mão na boca, suspirando e então disse, balançando a cabeça, “É uma mentira cruel que vive repetindo e repetindo...” Ela se recompôs. “Quando eu era jovem, eu conheci Ai Akemi brevemente, mas eu pude ver a postura corajosa e determinada que ela tinha. Não me foi uma surpresa a escolha que ela fez.”

Madoka abaixou o olhar.

“Quer saber como ela morreu?” Chiharu olhou para garota, com uma sutil raiva em sua voz, “ela morreu para dar vida a Homura-san. Essa é a única verdade.”

As duas se curvaram para o altar e saíram da sala.

Chiharu chaveou bem a porta. “Lembre-se do meu aviso, seja discreta quanto ao que você viu e ouviu aqui.”

“Nunca me esquecerei,” Madoka afirmou.

“Muito bem.” Chiharu sorriu educadamente. “Eu irei até a cozinha checar se o jantar está pronto, enquanto isso se sinta a vontade. Eu creio que você vai checar como Homura-san está.”

“Eu acho que sou um pouco previsível.” Madoka compartilhou o sorriso.

“Tome cuidado para não se perder.” Chiharu se ausentou. “Grite se precisar, ninguém irá criticá-la por isso.”

“Obrigada.”

Já de volta ao terceiro andar, Madoka logo estava de frente a porta do quarto de Homura, que continuava fechada.

E nenhum som vinha através dela.

Madoka deu leves batidas na porta e aguardou por um bom tempo. Contudo, ninguém a abriu, nem uma singela resposta.

“Homura?” Dessa vez, Madoka tocou a porta com a palma da mão aberta, sentindo a madeira dura.

Silêncio.

Com a outra, ela alcançou a maçaneta de metal frio e girou lentamente.

[Madoka.]

A voz estava em sua mente, mas Madoka a sentia dentro do quarto. [Por que telepatia? Por que não abre a porta?]

[Eu estou descansando.]

Madoka aproximou mais a sua face à porta. [Nós teremos um jantar. Eu acredito que deve ser especial por sua chegada.]

[Diga a Chiharu-san que estou indisposta. Ela vai entender...]

[Mas isso vai deixá-la preocupada. Isso é desne-]

[Madoka.]

A garota na porta fechou os olhos e baixou a cabeça.

[Eu...] Houve uma longa pausa antes da voz de Homura se manifestar novamente. [É muita coisa.]

A mão que tocava na porta foi descendo pela superfície áspera.

[Eu estarei melhor amanhã.]

Madoka tirou a mão da maçaneta e se afastou da porta. Ela então ergueu a cabeça e abriu um sorriso. “Certo! Mas se a comida for gostosa, eu irei te contar todos os detalhes.”

[Aproveite.]

O entusiasmo logo se foi, mas Madoka manteve o sorriso. “Boa noite, Homura!”

[Não precisa falar tão alto.]

“Pensei que não pudesse ouvir direito,” ela retorquiu.

Uma voz veio da porta, abafado porém discernível, “Boa noite, Madoka.”

A garota saiu rumo à escadaria. Ela estava um pouco mais satisfeita, mas não era o suficiente, algo que não escondia em seu semblante.

Foi quando viu.

A janela alta que havia na escadaria mostrava as estrelas no céu, guardando aquele lar sob o cerco de sombras.

E Madoka assentiu levemente para elas.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Próximo capítulo: Boas vindas



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Memento" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.