Nights With You escrita por Chloe Less


Capítulo 3
Capítulo 3 - O dia broxante


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoas! Capítulo novo na área!
Boa leitura!



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Depois da nossa apresentação, onde saímos ganhadores e fomos escolhidos para o solo das regionais, Edward e eu nos aproximamos ainda mais. Era como se nos conhecêssemos desde criança, com nossos gostos musicais parecidos e vozes que se encaixavam.

Nós tínhamos nossas pequenas desavenças, afinal, não dá para combinar em tudo com uma pessoa. Mas nós conseguíamos nos entender.

E não era apenas na música. Eu e Edward havíamos nos tornado amigos, do jeito que eu havia desejado no primeiro dia em que conversamos.

Logo Alice e Edward começaram a sentar na mesma mesa que eu e Rose na hora do almoço, onde as vezes até Jasper sentava conosco, por causa da garota de cabelos arrepiados, deixando seus amigos nerds por alguns momentos.

Eu gostava dessas novas aquisições para minha turma de amigos. E aparentemente até meus pais, que viviam chamando os Cullens, Alice, Edward e seus pais, para jantar na minha casa.

Mike era o único não muito feliz com essa aproximação, por ele eu não teria nenhum amigo homem. Odiava todos os garotos do coral, fazia seus amigos do time manterem distância e até Jake, que era o único garoto no grupo das líderes de torcida, era alvo da implicância dele. Eu não imaginava que Mike fosse tão ciumento e isso fazia com que brigássemos com frequência.

Rosalie, que nunca foi muito fã do meu namorado, mesmo que Emm e ele jogassem no mesmo time, vivia dizendo que nosso relacionamento não era saudável, que Mike tentava me controlar. Mas quando não estávamos brigando, Mike me fazia bem, me tratava com carinho e dizia que me amava.

*****

O dia nos namorados estava quase chegando e eu estava realmente animada com aquilo, era um dos meus feriados favoritos e eu queria que aquele dia fosse especial, afinal, era o primeiro dia dos namorados que eu realmente tinha um namorado.

Era segunda-feira e eu havia combinado de ir com Rose comprar os presentes de nossos respectivos namorados após a aula.

No shopping, as lojas decoradas em tons de rosa, branco e vermelho, com flores e corações espalhados por todo o canto, enchiam meu coração de amor e alegria. Eu queria que todos os dias fossem dia dos namorados.

Rosalie comprou um relógio para Emmett e uma corrente de prata, era bem o estilo dele e apesar da Rose estar com medo de ele não gostar, eu sabia que meu amigo gostaria. Achar um presente para Mike havia sido mais difícil, eu sabia que seu gosto para roupas era apenas uma merda, sempre enjoado com tudo. Mas acabei comprando um boné da marca que ele gostava e uma camiseta.

Depois disso fomos comprar lingeries, eu estava animada com isso. Eu amava minha coleção de calcinhas boxers, eu tinha pretas, brancas, cor de rosas, floridas, com caveiras, notas musicais e com ursinhos. Mas não achava que seriam adequadas para uma primeira vez.

— Tem certeza que quer perder a virgindade com Mike? – questionou Rose pela milionésima vez.

— Eu já te respondi isso, Rose – respondi revirando os olhos.

— E eu ainda não estou acreditando na sua resposta. – Retrucou.

— Mike é meu namorado, Rose. É natural que a gente transe. – Dei de ombros.

— Ele nem devia ser seu namorado. Você é toda cheia de vida, alegre, inteligente. Tem sua própria opinião! – tentou me convencer. – A única coisa que ele serve é pra dar uns beijos. E nem isso vocês têm feito direito, porque ele está sempre brigando com você por causa da sua roupa ou de um dos garotos.

— O Mike é sim um pouco ciumento. – Comecei.

— Um pouco? ­– me interrompeu com sarcasmo.

— Okay, ele é realmente ciumento e isso é uma merda. Mas eu não ligo, não parei de falar com ninguém por causa dele, ou mudei minhas roupas.

— Ainda bem. Ou eu teria que bater em você. – Ameaçou-me. – Vamos lá, Bella. Ainda dá tempo de desistir dessa loucura.

— Não vou desistir, Rose. Mike é meu namorado, eu tenho dezessete anos, quase dezoito e eu vou dormir com ele – falei com convicção.

— Não vou discutir com você. Parece não enxergar o mais importante, o que está de baixo dos seus olhos.

— Ainda bem. Vamos, me ajude a escolher entre essa pink ou a azul. – pedi com dois conjuntos na mão.

Rosalie resmungou alguma coisa que eu não entendi e começou a me ajudar a escolher.

Acabamos ficando mais tempo do que o esperado nessa loja, escolhendo pijamas e eu aumentando minha coleção de calcinhas grandes.

Quando saímos, meus olhos encontraram uma loja de joias e semi-joiais, diferente daquele em que compramos o presente de Emmett. Arrastei Rose até lá, querendo olhar tudo de perto.

A vitrine era linda, anéis de noivado, brincos e correntes brilhavam na vitrine, que estava decorada como as outras lojas, com balões coloridos. Eu conseguia escutar uma música romântica que vinha de dentro da loja, então quis entrar e apreciar mais um pouco.

Olhando as estantes de dentro da loja, encontrei uma corrente que fez eu me apaixonar. Era linda, tinha um pingente como o de uma placa de identificação, com notas musicais e My heart beats for*... com o desenho de uma clave de sol. Era linda, meu coração acelerou assim que eu a olhei. Era perfeita, eu iria leva-la.

— Não vou nem perguntar pra quem é essa corrente – disse Rose com um pequeno sorriso.

— É para mim – afirmei. Mas nós duas sabíamos que não era.

*****

Na terça-feira, nós tínhamos ensaio do coral. Vencer as regionais apenas fez com que todos criassem uma expectativa maior para as nacionais, então acrescentamos mais um dia de ensaio. Queríamos muito ganhar as nacionais desse ano.

As regras das nacionais desse ano estavam ainda mais livres do que as regionais, mas nós havíamos decidido manter um dueto, onde faríamos outra pequena competição para ver quem receberia o solo, cantaríamos algo clássico e a terceira música seria um solo feminino.

Edward e eu estávamos animados, procurando outro dueto para a nossa competição, havíamos vencido a outra, mas haviam outras ótimas duplas no grupo do coral.

O ensaio do dia foi divertido, com Jéssica mostrando uma musica nova que ela havia descoberto no Spotify e com Tyler tentando nos ensinar uma coreografia nova.

Quando saí do ensaio, corri para o estacionamento, eu havia ido de carona com Mike e ele odiava me esperar nos dias de ensaio. E aparentemente aquele dia ele odiava ainda mais, já que havia me deixado para trás.

Puta merda! Mike era um filho da puta. Como eu iria embora andando, nesse frio? Eu não tive muito tempo para praguejar, pois logo Edward estava atrás de mim.

— Problemas no paraíso, Bella? – indagou tentando esconder o pequeno sorriso.

— Vá se foder, Edward! – resmunguei.

— Falando palavrão? Uau. Alguém está realmente brava. – Riu com gosto. Cretino! – Mike é um babaca.

— Vamos lá, eu sei que tem mais de onde veio isso. Pode dizer que odeia meu namorado.

— Ah, minha Bella! Você está enganada, passarinha, eu não tenho nada contra seu namorado – disse com um sorriso pequeno no rosto, esbanjando sarcasmo.

— Não?

— Não. Eu apenas sou contra vocês estarem juntos. Você merece o melhor, Bella. – Afirmou sério. – Agora vamos, preciso passar no centro e comprar algumas coisas. Mas vem comigo, vou te dar uma carona.

— Obrigada. – Agradeci com a raiva por ter sido abandonada se esvaindo diante da delicadeza de Edward.

Subi em Miramanee e agarrei a cintura de Edward. Eu amava aquela moto quase tanto quanto Edward.

Apreciei a vista em alta velocidade, observando cada canto da linda cidade onde eu vivia. Eu amava Sacramento, a capital da Califórnia era um lugar maravilhoso para viver, com seus pontos turísticos e seu centro interessante. Eu tinha vontade de sair de lá, cursar a faculdade em outra cidade, talvez em outro estado, mas realmente amava o lugar onde eu havia nascido.

Edward me levou para o mesmo shopping que eu havia ido com Rose no dia anterior e eu sorri, pensando na corrente de prata que estava escondida em minha gaveta.

Edward primeiro me arrastou para uma loja de música, alegando precisar comprar cordas novas para o seu violão. Nós parecíamos crianças em uma loja de brinquedo, apreciando os instrumentos e testando-os. Quando caminhamos para a sessão de CDs, a empolgação foi ainda maior e acabamos saindo de lá com meia dúzia de CDs.

Assim que saímos de lá, Edward ainda me levou para uma loja de artigos de moto. Ou algo assim, mas vendia capacetes para moto e artigos esportivos, como joelheiras.

— O que acha desse? – perguntou me mostrando um capacete azul.

— Para que você quer outro capacete? – indaguei com os olhos semicerrados, sem responder sua pergunta.

— Você sabe para que – respondeu revirando os olhos.

— Não precisa comprar um capacete para mim. – Afirmei.

— Bella, você vive andando comigo e eu sempre te dou meu capacete. Mas nós precisamos ser mais cuidadosos – falou sério.

— Tudo bem. Se um dos amigos de papai nos pegar e você estiver sem capacete estamos encrencados. – Cedi. – Eu gosto do seu capacete, preto com tarraxas.

— Então compraremos um igual para você. – decidiu Edward.

— Podemos colocar adesivos? – perguntei tentando fazer os olhos pidões que Alice havia me ensinado.

— Podemos. – Riu concordando.

Saímos de lá com o capacete de tachinhas e uma dúzia de adesivos, que eu tinha certeza que não caberiam todos em meu capacete e acabariam indo parar dentro de meu guarda-roupa.

Paramos para comer, antes de irmos para casa. A praça de alimentação cheia, pessoas indo e vindo com suas sacolas, comprando presentes para o dia de amanhã. Edward a minha frente comia seu hambúrguer com um sorriso, como se aquele fosse o melhor hambúrguer que ele já havia comido na vida.

— Obrigada, Capitão Kirk –  falei. Pela carona, pelo capacete, por se preocupar, eu quis acrescentar.

—  Sempre as ordens, madame. –  Respondeu piscando.

*****

Dia dos namorados. Eu sempre amei aquele dia.

Desde pequena meus pais me ensinaram a amar aquela data.

Papai me ajudava a confeccionar cartões feitos a mão para que eu presenteasse os amiguinhos que eu gostava no jardim de infância e mamãe me deixava ajuda-la a fazer deliciosos biscoitos em formato de coração, com a mesma finalidade.

Charlie todos os anos recusava a minha ajuda quando ia escolher um presente para Renée e todos os anos acertava. Renée, ao contrário, sempre aceitava a minha ajuda, dizendo que eu parecia demais com Charlie e que eu saberia o que escolher. Ambas as táticas sempre funcionavam, pois os dois passavam meses exibindo os presentes que haviam ganhado de dia dos namorados.

Além deles haviam os pais de Charlie, que sempre faziam uma caça ao tesouro um para o outro, e os pais de Rosalie, Lilian e John, que cozinhavam algo surpresa para o outro.

Não havia como não amar aquela data, tendo crescido em volta de tanto romance. Amor que transbordava as datas comemorativas.

Então naquela manhã eu acordei cedo, mais cedo do que o de costume e fiz uma tonelada de biscoitos de coração sozinha, confeitando com decorações coloridas ou glacê branco. Aproveitei que estava cuidando da cozinha e fiz panquecas em formato de coração, com calda de morango.

Quando meus pais acordaram e desceram para o café, um sorriso grande habitava o rosto deles, que logo se refletiu no meu.

— Alguém está inspirada – disse mamãe vindo me dar um beijo de bom dia, sussurrando Feliz dia de São Valentim no meu ouvido.

— Eu amo o dia dos namorados – falei animada, indo para os braços de papai e o desejando um Feliz dia de São Valentim.

— Você caprichou esse ano – comentou Charlie colocando uma panqueca em seu prato.

Eu gostava disso, das pessoas gostando do que eu fazia, de poder demonstrar meu amor livremente, sem a frieza normal do cotidiano. No dia de São Valentim eu podia ser a romântica incorrigível que eu era sempre, mas que guardava apenas para mim.

Nós passamos o café conversando amenidades, planejando o que faríamos no decorrer do dia. Eu dormiria na casa de Mike esta noite, eu e Renée havíamos dito para Charlie que uma colega minha da turma de ciências faria uma festa do pijama só para garotas, querendo deixar os pais livres para curtir o dia dos namorados. E para tornar tudo aquilo mais verídico, Rosalie dormiria na casa de Emmett. Não que os pais dela não soubessem que ela namorava com Emm, ao contrário de meu pai, que não sabia sobre Mike, mas John era tão fechado quanto meu pai para esse assunto de dormir na casa do namorado.

Mike continuava afirmando ser cedo demais para conhecer meus pais, então eu aceitava aquilo e deixava de lado, talvez fosse cedo mesmo.

Assim que acabamos o café, deixei alguns biscoitos para meus pais, mas coloquei a maioria na bolsa, a fim de levar biscoito para os meus amigos, para o pessoal do coral e para Mike.

— Vamos lá, diz que você tem biscoitos na bolsa – disse Jasper assim que entrei no carro de Rose.

— Por favor, passarinha, não nos decepcione. – pediu Rose me olhando com expectativa.

— Mas é claro que eu fiz biscoitos, não é dia dos namorados se eu não fizer. – Me gabei. Eu realmente amava isso, a tradição de fazer biscoitos e as pessoas esperarem por isso e gostarem.

— Vamos, passarinha. Sabe que somos seus degustadores oficiais – pediu Jasper, havia um biquinho ridículo em seu rosto.

Não fiz com que eles implorassem por muito tempo, principalmente com Rosalie dizendo que não ligaria o carro enquanto eu não desse um biscoito para ela. Eu tinha amigos irritantes e chantagistas.

Nós fizemos o caminho até a Sacramento High School animados, Rosalie e eu louca para sabermos quantas flores ganharíamos de nossos namorados no correio elegante, e Jasper dizendo que mandaria para uma garota que ele estava a fim. Eu e Rose rindo, afirmando que sabíamos que era Alice e o fazendo corar.

Quando saímos do carro, aproveitei que era cedo e passei na secretaria, distribuindo biscoitos para as mulheres que trabalhavam lá e para os funcionários da limpeza.

Na primeira aula, fiz a mesma coisa, mas dessa vez distribuindo os biscoitos para os meus amigos e para a professora de literatura, que pareceu bem animada com uma dose de açúcar.

A primeira entrega do correio elegante foi feita na segunda aula e eu estava tão animada, havia comprado meia dúzia de flores para Mike e adoraria ver a reação dele quando as recebesse. Quando as garotas do conselho estudantil passaram na minha classe, meu coração acelerou. Quantas flores Mike havia comprado? Ele era do tipo exagerado como eu? Ou dos práticos que compravam apenas uma rosa?

Mas assim que as meninas saíram da sala, a decepção veio. Não havia nenhuma rosa para mim.

— Bella, você tá bem? – questionou Rose com o olhar preocupado, escondendo as rosas que ela havia ganhado de Emmett.

— Estou sim – falei forçando um sorriso. – O dia ainda não acabou, ele pode apenas ter esquecido. Ou querer fazer surpresa – disse dando de ombros, querendo mostrar que eu não me importava.

— Tem certeza? – perguntou estendendo a mão.

— Relaxa, Rose. Eu estou bem. – A tranquilizei com um novo sorriso.

Eu esperei a terceira aula chegar e então a quarta, onde uma nova remessa de flores foi entregue. Mas mais uma vez não havia flor alguma para mim.

Após a quarta aula, veio o intervalo. Nossa mesa estava cheia, com algumas líderes, além de Jéssica e Ângela do coral. Todas as garotas haviam recebido flores, até Edward havia ganhado uma rosa e eu tentei não sentir inveja. Mas era difícil quando nossa mesa estava cheia de flores e nenhuma delas era minha.

— Hey, baby! Feliz dia dos namorados! – disse Mike me levantando para um beijo, faminto, um pouco agressivo.

— Gostou das flores? – questionei, tentando ver se ele falaria algo.

— Ah, gostei. Mas sabe como é, né? Não fazem muito meu estilo. Acho bobagem toda essa coisa de flores e biscoitos – disse dando de ombros. – Preciso ir, docinho. O treinador quer falar comigo agora no almoço. Nossa noite ainda está de pé, certo?

— Claro, Mike. – murmurei tentando sorrir.

Ele me puxou para um beijo, ainda agressivo, firme, como se quisesse marcar território e deu adeus, dizendo que me pegava as 17h.

Assim que ele saiu, o olhar de Rosalie cruzou o meu. Havia pena ali e eu sabia o que ela estava pensando. ‘Sinto muito’, sussurrou nos braços de Emm. É, eu também sentia.

Respirei fundo e coloquei um sorriso no rosto, fingindo que não me importava. Eu não deixaria a falta de romantismo de Mike me afetar, ele não estragaria o meu amor pelo dia dos namorados.

Logo após o intervalo, outra entrega de flores foi feita, mas dessa vez havia uma dúzia de rosas brancas, todas para mim. Abri um sorriso largo quando as recebi, era um pedido de desculpas de Mike?

Ele não te merece.

Com amor, C.K.

Eu não precisava ler mentes, ou ser mestre em adivinhação para saber de quem eram aquelas iniciais. C.K. Capitão Kirk, Edward.

Quando procurei Edward pela sala, o encontrei olhando para mim. Sorriu torto assim quando percebeu meu olhar. Ele tinha aquele ar perigoso, a expressão sarcástica sempre ali, mas ele não era um badboy. Estava mais para um mocinho desajustado. Por que meu namorado não podia ser como ele?

*****

Depois da aula Rose me levou para casa, por um milagre não falando o quanto ela odiava Mike, ou de o quanto ele foi babaca hoje. Mas tagarelou sobre o campeonato de atletismo e sobre o de líder de torcida o caminho inteiro, enquanto eu fingia que prestava atenção, murmurando qualquer coisa que parecesse que eu estava ouvindo.

Em casa, me joguei na minha cama, mil pensamentos rondavam a mente. Mike valia mesmo a pena? Minha melhor amiga o odiava, nós vivíamos brigando por causa de meus amigos e hoje ele havia conseguido se superar em sua idiotice.

Mas nós estávamos juntos há mais ou menos seis meses, era muito tempo para jogar tudo para o alto. E ele podia ser carinhoso quando queria, me tratava como uma princesa quando estávamos sozinhos, bem até o momento que ele tentava avançar e eu dizia não estar pronta para sexo. Mas ele era bom se eu não olhasse para esses momentos, eu gostava dele.

Acabei tirando um cochilo em meio a todos esses pensamentos, mas felizmente não me atrasei para sair com Mike.

Levantei da cama, tomei um banho demorado, aproveitando cada segundo da água quente para relaxar. Arrumei o cabelo em seguida, alisando os fios naturalmente ondulados. Fiz uma maquiagem elaborada graças aos tutoriais no YouTube, um delineado gatinho e um batom cor de rosa.

O vestido preto, tomara que caia e com detalhes prateados ficou perfeito em meu corpo, e eu me vi feliz por ter o comprado semanas atrás. A calcinha que eu havia comprado com Rosalie na segunda-feira já estava me incomodando, seria muito vulgar se eu fosse sem?

Calcei o par de sandálias prateadas e me olhei no espelho, me sentindo linda, apesar de saber que meus pés estariam doendo muito no final da noite.

Mike atrasou trinta minutos, mas quando ele finalmente chegou o atraso dele não importou. Ele estava tão bonito com o cabelo milimetricamente arrumado. A roupa que ele vestia nunca seria minha primeira opção para um encontro, não no restaurante em que iriamos, mas ele continuava lindo. Uma jaqueta do time de basquete que ele torcia, uma camisa cinza que fazia seus olhos azuis ainda mais chamativos e uma calça jeans. Realmente lindo.

— Ei, docinho – me cumprimentou com um beijo leve. – Você está tão gostosa. – Completou apertando meu joelho.

— Você também, Mike.

— Comprei para você – disse se esticando e pegando algo no banco traseiro.

Um buque. Um buque enorme. Com diversas flores lindas. Okay, havia algumas um pouco murchas, mas a maioria ainda estava bonita. E ele havia lembrado.

— Obrigada, Mike. Eu amei. – sorri pra ele. – Também comprei algo pra você. – falei pegando a sacola e entregando para ele.

O sorriso largo que ele deu quando viu o boné e a camiseta me fizeram ter certeza que eu havia acertado com o presente. É, eu era boa nisso.

Nós fizemos o caminho em silêncio, já que Mike não conseguia prestar atenção no trânsito e conversar ao mesmo tempo, até mesmo música conseguia tirar sua concentração.

O restaurante que tínhamos reserva era lindo, sofisticado. Muito iluminado, as paredes em um tom claro, bege ou creme, o chão de madeira. Os funcionários exibiam um uniforme impecável, cabelos arrumados. Realmente sofisticado.

Quando pedíamos a comida, eu quase não soube escolher o que queria, o cardápio parecia grego, com seu monte de nomes em francês e russo. Precisei olhar a descrição de cada prato com cuidado, para não escolher nada que eu me recusava a comer, como o coração de um cordeiro.

Acabei pedindo algo que era basicamente peito de frango com molho de frutas cítricas, mas que no cardápio levava um nome estranho em Russo. Mike ficou bem feliz com uma costela, o único prato em inglês.

O jantar foi tranquilo, como todo jantar com Mike, nós dois comentando sobre a escola, eu sobre o coral e as líderes, ele sobre o time de futebol. Mas eu logo fiquei dispersa, ansiosa sobre perder a minha virgindade.

Eu não era do tipo puritana, que queria se guardar até o casamento, como minha amiga Angela. Pelo contrário, eu não via a hora de fazer sexo, mas queria que fosse algo especial, com alguém especial. Eu sabia que Mike não era mais virgem e talvez toda essa espera tivesse feito nosso relacionamento se desgastar, talvez, depois de sexo essa noite nos transformássemos em um casal que brigava menos.

Quando Mike pediu a conta e saímos do restaurante ainda era cedo, ele entrelaçou nossos braços e me ajudou a andar até a frente do restaurante, onde o manobrista disse que era para aguardarmos enquanto ele buscava o carro. O nervosismo aumentou, eu não via a hora de tirar essa calcinha.

Mike dirigiu pela primeira vez com pressa, passando os semáforos desertos no sinal vermelho. Eu sabia que o Sr. e a Sra. Newton estavam em algum lugar comemorando o dia dos namorados entre eles, então nós tínhamos algum tempo para aproveitar, sem que virasse aquela coisa constrangedora dos pais dele nos ouvindo transar, sem nem ao menos terem me conhecido.

Ele aproveitou isso e pediu que eu esperasse uns minutos no corredor. Meu coração acelerou mais uma vez, ansiosa imaginando o que ele estaria arrumando em seu quarto. Assim como meu pai não sabia que eu e Mike namorávamos, os pais dele também não sabiam sobre mim, ou seja, o quarto de Mike ainda era território estranho para mim.

 Assim que ele me chamou para o quarto, meus olhos correram para a cama, não encontrando pétalas de rosas, mas pelo menos uma cama arrumada. Havia uma pilha de roupas emboladas em cima de sua escrivaninha e na parede perto de sua cama, diversas marcas de papel, como se pôsteres tivessem sido arrancados dali.

 – Tem certeza que quer isso, baby? – perguntou se aproximando. Ele estava perguntando, mas eu sabia que se desistisse ele ficaria decepcionado. Eu também não queria desistir.

— Tenho. – Assenti.

Ele não esperou mais nada depois disso, passando um braço pela minha cintura e me aproximando dele, tomando meus lábios em seguida. Mike sabia o que estava fazendo, talvez por isso nós começamos a namorar, porque ele era bom no que fazia.

Seus beijos eram quentes, famintos, apenas com eles eu já começava a ficar excitada. Com destreza ele abriu o zíper do meu vestido e o jogou no chão.

— Você é tão gostosa, baby – disse com a voz rouca de desejo, dando um pouco de espaço para observar meu corpo.

A camisa dele no chão.

Beijos.

Minhas mãos bagunçando os seus cabelos.

As mãos dele passeando pelo meu corpo.

Nus.

Mais beijos.

Meu corpo sob a cama dele.

Gemidos.

Camisinha.

Mais beijos.

Dor.

Frases desconexas murmuradas.

— Isso foi tão bom, baby. – disse Mike saindo de cima de mim, deitando ao meu lado. Suas mãos brincando com meu cabelo.

— Hã, claro, baby. Foi bom. – Concordei.

Mas cadê o resto? Eu queria perguntar. Nos romances e filmes de Hollywood aquilo parecia melhor, onde estava a sensação de tocar as estrelas? Talvez nós tivéssemos feito algo errado. Ou Mike era virgem também e havia escondido aquilo de mim.

Não é como se tivesse sido horrível, Mike sabia como beijar uma garota, mas além dos beijos, nada era muito bom. Parecia que seria bom, depois da dor eu achei que seria bom. Mas havia acabado.

Não era possível que as pessoas se sentiam deslumbradas por isso.

Eu estava quase pedindo para Mike tentar de novo, talvez uma segunda vez fosse melhor, mas quando olhei para o lado, ele estava dormindo.


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Notas finais do capítulo

* My heart beats for: Meu coração bate por

Heey pessoas! Penúltimo capítulo da short fic. O que vocês estão achando? Me contem, estou curiosa pra saber.
Beijinhos e até breve