Avatar: A lenda de Mira - Livro 4 - Fogo escrita por Sah


Capítulo 25
Bravura


Notas iniciais do capítulo

Olá. Tudo bem com vocês? Faz tempo não é? Queria agradecer a aqueles que permanecem aqui, querendo saber a conclusão dessa história. Eu pretendia finalizar a história nesse capítulo, era uma meta que coloquei para mim. Porém, com a pandemia, e outras coisas, como a falta de um lugar para escrever, isso impossibilitou a finalização dessa história, porém agora, eu estou com um equipamento novo, e espero que eu consiga dessa vez.

Nesse tempo todo eu também pensei em reestruturar o final. Ele já estava passando das 10 mil palavras e eu ainda estava longe de terminar, por isso o dividi em alguns capítulos. Por isso irei postar o que está pronto nessa e nas próximas semanas, e nesse meio tempo, finalmente finalizar essa história.

Muito obrigada de novo!



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Sina

Alguma coisa me movia naquele momento. Eu nunca fui vingativo. Não era um sentimento muito presente em minha vida. Mas, depois do que aconteceu com Hina, e de como a minha vida mudou drasticamente. Me fez avaliar meus ideais. Eu sei que não tenho poder para isso. Eu nunca estive tão impotente. E agora eu estava cercado de pessoas com muito mais poder que eu. Todos ali tinham um motivo, mas na minha opinião, meus motivos eram os mais fortes. Eu e Mira compartilhávamos essa ferida, que estava sangrando.

O que eu podia fazer? Antigamente eu me escondia atrás de leis, e regras burocráticas. Meu antigo objetivo era trabalhar no governo e viver tranquilamente, até que eu vi que precisava de um pouco de emoção na minha vida patética. Decidir trabalhar com dobradores , foi uma jogada arriscada. Mas, eu comecei a me sentir mais satisfeito conforme o meu trabalho evoluía. Trabalhar com Riku e posteriormente com a Mira, pessoas muito diferentes de mim, deu uma cor para aquela minha vida ordinária.

Eles são as únicas pessoas que conseguem provocar alguma ebulição no meu coração frio. Por isso eu estou aqui. Por isso eu larguei tudo para estar aqui. Por Hina, por eles. Meus objetivos de vida mudaram, e mesmo com todas as complicações e tragédias, eu posso dizer que morrerei sem arrependimentos  assim que  aquele bastardo morrer, seja pelas minhas mãos, ou pelas da Mira.

Eu respiro fundo. Olho para aquelas pessoas, e dou o meu sorriso mais falso.

— Então o que podemos fazer agora?

Suni e Meelo, tem seus próprios pensamentos e discussões. Não posso dizer que sou tão próximo deles. Eles são pessoas especiais, mesmo no meio em que eu trabalhava. São descendentes de grandes pessoas,  filhos de líderes do conselho, eu diria que são intocáveis.  Normalmente pessoas assim são perigosas, ainda mais com o poder que possuem. Só que por minha sorte, e sorte de todo mundo, eles são pessoas admiráveis. Mesmo com a família que tem, eles conseguiram se destacar por coisas boas. 

Eu olho para o grupo que nos rodeia. Cidadãos desse país fechado e quase esquecido. Que um dia quase dominou o mundo.

É estranho confiar nessas pessoas. Nossos objetivos são diferentes. Eu não consigo confiar nelas. Suni parece à vontade, mas eu estou com um pé atrás.

A criança que parece o líder delas, é implacável. Parece ser muito mais velho que todos nós. Seu olhar e duro, um pouco sofrido. Sua vida não foi fácil, de nenhuma daquelas pessoas é.  Eles depositam alguma tipo de expectativa em nós, e parecem saber mais do que demonstram..  Por isso eu espero eles se posicionarem. Seja qual for nosso papel nessa bagunça, eu preciso saber.

— Alguma coisa aconteceu com a facção do herdeiro. – eu ouço um deles dizer por longe.

Facções. É um assunto que aparecia bastante quando eu era um mensageiro.  Eu tinha ordens restritas para tomar muito cuidado com alguns tipos de cartas. Facção do Herdeiro são pessoas que acreditam que o próximo a ascender ao posto de grande líder, deve ser o filho do atual marechal.  Suas cartas vinham com um selo vermelho e robusto. Com o símbolo de uma ave em chamas.  Pelos rumores é uma facção perigosa, que usa de meios ilícitos para atingir seus objetivos.

Apesar de haver várias facções, podemos dizer que o poder, se resume em apenas duas, a facção do Herdeiro e a facção vigente, aquela na qual pertence o marechal, que atualmente é liderada pelo Zunder.  Não é estranho pensar que o próprio filho é líder da facção rival. Mas, acho que isso ajuda no equilíbrio do poder.

Por um rádio comunicador uma daquelas crianças intercepta o rádio da polícia. Eles falam em códigos numéricos. Eles parecem um pouco confusos, tentam decifrar , mas todo esforço parece inútil.

Eu peço licença.

— Eu aprendi um pouco sobre  códigos nos correios. É quase um código binário . Só que eles usam um padrão de letras  e números

Eu pego o rádio e ouço com atenção. Todos os toques e sons.

— Alguém tem um papel? – eu pergunto

Assim na minha frente surge todos os materiais que eu preciso.

Eu escrevo os símbolos que consigo identificar. Não são muitos. Eu não tive tempo para decorar todos. Mas, os principais eu sei. No final eu olho para a folha. Os códigos desconhecidos eu os deixei em branco.

Quadrante dragão, código vermelho, 01100011.  É a única frase legível.

Eu não sei o que significa, mas aquelas pessoas sabem.

— Eu nunca vi nada assim. O quadrante dragão é altamente protegido. Ninguém quer mexer com os dragões vermelhos. Isso só prova, que as coisas estão mais sérias do que parecem.  – Uma mulher mais velha diz.

Todos parecem desconfortáveis. São olhares de surpresa, mas é possível notar em como estão cansados. Muitos colocam as mãos na cabeça, outro soca a parede com força.  O único que não parece se atingir é a criança. Isso me faz suspeitar levemente de suas ações. 

Andamos mais um pouco, até que meus pés comecem a reclamar, parece que andamos em círculo, procurando um lugar que não existe.  Quando tudo parece que não vai dar em nada.

Um barulho muito alto me faz tampar os ouvidos.  O som é estridente, parece que não foi muito longe.  Ainda ouço um zumbido quando ele para.

Zunder

Eu ando de um lado para o outro. Olho para o caixão de vidro no meio daquele enorme salão . O antigo marechal foi embalsamado. Esse foi o seu desejo antes de morrer, ele queria se tornar um santo, uma espécie de Deus para ser adorado. Desejos egoístas. Apesar de ter vivido como qualquer um de nós, ele considerava sua ascensão um desejo divino.

Um misto de sentimentos me inunda. Um dos motivos de eu ter me tornado seu protegido, foi por minha infância ruim, ter mendigado pelas ruas da capital o fez ter empatia. Nós compartilhávamos um passado parecido. E ele se enxergava em mim. Claro, eu ser um dobrador de fogo fez essa empatia crescer em seu coração de pedra.  Eu deveria sentir gratidão? Muitos dizem que sim. Só que o seu desejo em me tornar uma versão melhorada dele, me custou muito.

Eu respiro fundo e tento pensar. Minhas chances estão de esgotando. Essa será minha última jogada. O que me tornará definitivamente o novo Marechal. A única maneira é me tornar o Deus que eles querem. Me tornar o Avatar.

Foi um erro levar a garota até Tormun. Mas, foi uma jogada para conseguir o apoio dele. Tormun não é idiota, ele seria o único a duvidar das minha intenções, e depois que eu descobri que a garota era neta dele, foi a única forma de ter o apoio dele. Pelo menos foi o que ele me prometeu. Porém, assim que ele conseguiu o que quis. Ele me virou as costas.

Eu suspiro fundo. Sinto os meus punhos queimarem.

Eu deveria ter esperado? Não. Dizem as histórias que Tormun foi o mais honrado da revolução. O único líder que não quis as glórias, mas ajudou humildemente o povo que clamava por liberdade.

Eu seguro uma risada. Mal sabiam que sua estratégia solidificou sua reputação e sua influência em tudo o que estava para acontecer.  Fui burro por não ter previsto isso

Olhar para o corpo desse homem me trás de volta a realidade.  Eu presencieis seus últimos suspiros, quando o veneno fez efeito e seu coração parou de bater.  Mesmo sendo o homem mais poderoso do país, ele caiu como qualquer ser humano.

Isso acendeu um sentimento que a muito tempo eu não lembrava. Uma histeria que eu apenas havia sentido quando a minha própria vida estava em risco. 

Para os que sabem da sua morte, eu sou o maior suspeito, porém ninguém da minha facção tem coragem de me confrontar .

Eu ouço uma batida na porta. Sei que são problemas. A facção do herdeiro está cada vez pior. Entre espiões e tentativas de golpes, cada dia um problema diferente.  Minha cabeça chega a doer, tantas coisas para se resolver, e eu tenho que me importar com aquele sádico.

Lokin teve acesso a todos os privilégios que ser filho do Marechal trazia, porém, nada parecia suficiente para ele. Praticamente crescemos juntos, se posso dizer assim, as cicatrizes no meu pescoço não me deixam mentir em como a nossa convivência foi difícil. Foram três vezes que ele tentou me matar enquanto eu dormia, fora as vezes que ele tentou às claras. Tudo por causa da preferência  do seu pai por mim.  Um sorriso escapa do meu rosto. Eu também nunca deixei barato. Ele mesmo carrega as próprias cicatrizes de suas tentativas em vão. Antes de tudo eu sou um dobrador de fogo, e sempre deixei claro, que iria usar tudo o que eu tinha.

O soldado parecia inquieto, e eu logo soube o motivo. Quando me disseram o que estava acontecendo, eu não entendi bem.

— Ela fez o que?  -- Ele falava aflito, coisas quase desconexas.  Eu senti a cor do meu rosto desaparecer.

A culpa era minha toda minha. Era o início da minha queda.

Haru

Eu não conseguia ver nada. Existia uma cortina de fumaça atrapalhando a minha visão. Eu podia ouvir algumas pessoas gritando ordens, outras correndo. Os cheiros se mesclavam a minha frente.  Era uma confusão. Só que no meio de tudo isso, uma luz brilhava. Uma luz que só eu via. Era ela, eu tinha certeza. Desde o desabamento do palácio, eu não me sentia assim. Era uma força maciça, quase palpável. A coisa mais forte que eu havia sentido.

 Eu não sabia se me sentia feliz ou assustado. Mesmo com todo esse poder dentro de mim. No fim O avatar é a reunião dos quatro elementos, uma ponte entre os dois mundos. Não há nada mais poderoso.

Eu o sinto se mexer, ele está animado, e essa sensação vem de mim. Eu ando vagarosamente. Estou cheio de expectativas. Finalmente. Tudo o que eu fiz foi para estar preparado para esse momento. Todos esses espíritos, essa força que eu reuni, foi para isso.

A terra treme. Eu sinto a lava se remexer com força, tudo isso são consequências do que está acontecendo a minha frente.

— Haru! – Vernon grita ao se aproximar de mim. Ele coloca a mão na frente dos olhos para se proteger.

— Se afaste. Eu finalmente consegui. Eu a encontrei. Se você não quiser se machucar,  por favor corra para longe

Seus olhos parecem surpresos.Talvez pela minha preocupação com ele?  Apesar de tudo, ele foi um dos poucos que acreditou em mim. Eu tenho um pouco de gratidão por isso.

— Obrigada por ter me trazido aqui.  – Eu finalmente digo.

Seus olhos estão marejados. Ele parece muito emocionado.

— Mas, eu quero ser útil. Eu posso ser.

Eu suspiro. A minha gentileza está gerando atrasos desnecessários.

— Você fez tudo o que podia. Agora. Não me atrase. – Eu digo tentando segurar a raiva que começa a surgir.

Um rajada de vento surgi do nada. A fumaça se dissipa. E eu a vejo.

Eu empurro Vernon da minha frente e corro em direção a ela. Seu corpo está a pelo menos 5 metros do chão. Suas roupas estão intactas, e a casa embaixo dela arde em chamas. Seus olhos não estão iluminados. Ela não está em estado avatar. Eu não sei o que aconteceu, ou o que está acontecendo.

De repente aquele poder que eu sentia acabou. Foi como um sopro.  O corpo dela caiu na casa em chamas.

Eu fiquei preocupado. Eu tentei chegar mais perto, só que dessa vez pessoas me impediram. Eles usavam a mesma roupa que Lokin. Eles estavam armados. Se preparando para atacar. Isso eu não posso permitir.

Bato as minhas mãos e o vento que se forma se expande até que a brisa se torna uma enorme ventania. Alguns quepes se desprendem das cabeças e voam em direção ao vento, pequenas pedras no chão começam a  rolar, e a nuvem de poeira começa a ficar mais rala.

Eles tampam os olhos, parecem muito confusos.

Eu ando através desses homens e mulheres, passo pela barreira de isolamento e vou em direção a casa em chamas.

Mira

De todas as vezes que eu senti que meu coração ia explodir,de longe essa foi a pior delas. A dor era tão forte, que eu não sabia se ela era real.

A raiva que eu havia sentido se foi, assim como aquele homem que havia causado, só que depois disso, a dor e o vazio permaneceram. Tirar a vida de alguém me fez sentir coisas que eu nunca havia sentido. O alivio que eu achei que ia sentir nunca veio. Somente um sentimento ruim. Isso era culpa? Seja o que for é bem diferente da culpa que normalmente eu sinto. Por que eu fiz isso? Por que? Mesmo que seja por vingança. Eu não desejaria isso para ninguém.

— Não se culpe tanto. – Uma voz suave me disse.

Eu olhava para o vazio tentando encontrar um rosto conhecido.

— Korra? – Eu chamei.

Só que eu sabia que não era ela. Era uma voz conhecida. Nostálgica.

— Mãe. – Eu chamei a seguir.

Folhas, que eu ainda não havia visto se agitaram no chão, e um perfume de madeira tostada invadiu meus sentidos.

A forma que surgiu diante de mim. Fez meus olhos lacrimejarem.  Ela era grande, muito grande.

— É assim que apareço em suas memórias. Você ainda era muito pequena quando me viu pela última vez.

— Mãe, é você mesmo?

Aquele sentimento que ela me passava estava ficando cada vez mais forte. Eu estava me sentindo acolhida, e a dor foi aos poucos perdendo a força.

— Eu morri? – Eu perguntei.

— Não! – Eu pedi permissão a ela para te encontrar. Você está viva. Mais do que antes. Agora o espírito do fogo está de dando forças.

Eu consigo me lembrar de dizer palavras que não eram minhas. De sentir coisas que eu não deveria. Isso tudo era o espírito do fogo? 

Eu tampei os meus olhos quando um dragão em chamas cruzou a minha visão. O calor era intenso, mas ainda assim confortável.  A junção de tudo o que eu sinto quando eu penso no fogo.

Eu tinha uma sensação parecida quando eu encontrei o espírito da água, só que por um motivo que eu já sabia, eu me sentia muito mais conectada a esse, mesmo que eu nunca havia dobrado fogo.

Dobrar fogo, eu já dobrei fogo. Eu quase havia esquecido o que eu tinha feito.

— Se acalme. – Minha mãe falou com uma voz suave. — Não foi apenas a sua culpa. Foi minha também.

Eu não podia acreditar que ela estava tentando pegar um pouco da culpa. Ela era apenas a vitima, a única vitima.

—Não. A culpa é dele , só dele.

Ela sorriu.

— Sim. Todo ódio e raiva ficou acumulada, por minha causa. Se eu não tivesse pedido para YueBay apagar a sua memória, você não teria sido tão reprimida. Mas, na época, pareceu ser a melhor coisa a se fazer.  Mas, eu não apenas bloqueei sua dobra de fogo, mas também todas as outras, você só descobriu o que podia fazer por que quase morreu.

As memórias daquele fatídico dia, estão frescas. A água gelada entrando pela minha boca e nariz, afogando os meus  pulmões, um medo aterrador que me permitiu dobrar a água ao meu redor.

Eu agora sabia o por que eu nunca gostei de água. Desde que aquele homem me jogou para a morte,  quando eu cai na piscina eu apenas revivi aquilo que estava bloqueado.  Mas, apesar de tudo a dobra de água foi o elemento que me ajudou a descobrir quem eu era. Os outros elementos vieram conforme eu evolui, e agora, eu finalmente posso dobrar o fogo.

Aos poucos  sua altura  diminuindo, estou fazendo novas memórias dela. E isso me deixa momentaneamente feliz.

— Mas, agora,você não pode escapar do que está prestes a acontecer. Vocês sempre serão atraídos um para o outro. Afinal vocês compartilhavam a mesma alma. Mesmo que agora apenas reste um fragmento com ele, Vaatu conseguiu fazê-lo reunir mais poder.

O rosto dela se distorce um pouco. Sua preocupação é evidente.

— Meu tempo está acabando.

O dragão de fogo passa através dela. E me assusta.

— Ele me deu a energia necessária para finalmente falar com você. Ele precisa da sua ajuda. Haru veio atrás dele, como veio atrás dos outros espíritos. Eles não tiveram chance contra ele. 

Tudo começou a se esvainecer. Eu tentei tocar o seu braço, mas ele desapareceu.

— Foi bom falar com você minha pequena.  – Seu sorriso era triste, mas eu senti um pouco de força ao vê-lo.

— Confie em quem te ama de verdade. Seus amigos, eles  são de alguma forma parte de toda a sua força. Sempre foi assim, com todos os avatares. Eles nunca estão totalmente sozinhos.

Tudo se apagou.

Riku

Se fosse em qualquer circunstância eu me animaria para o que estava prestes a acontecer. Mas, naquele momento eu senti um medo que eu nunca havia sentido. Medo não era um sentimento que eu estava familiarizado. Por isso era estranho, e fazia com que tudo piorasse. 

Eu já sabia que o mundo era cruel, que o destino faz com que tudo sempre seja o pior. Por isso ao ver Haru, esse pânico me assolou. Meus joelhos estavam tremendo, e eu estava ofegante. Eu me abaixei com Mira em meus braços. Torcendo para que ele não nos percebesse. Só que eu tinha a impressão de que era apenas questão de tempo. Fugir era quase inútil. E eu e ela estávamos na nossa pior fase. .  E eu sei que mesmo que estivéssemos bem, não teríamos chance. Eu só conseguia ver nossa derrota, nossa morte.

Só que ao mesmo tempo que esse medo crescia, outro sentimento aumentava na mesma intensidade.  Era como se fosse uma necessidade de vê-la bem. Tentar a todo custo salvá-la e foi isso que me fez me mover.  Com dificuldade eu consegui retornar ao jardim.  Eu a deitei.

—Mira, você precisa se manter consciente. Sei que é difícil, mas as coisas estão acontecendo da pior maneira. Ele já está aqui. Haru veio atrás de nós.

Quando eu disse isso seus olhos tremeram levemente.

— Eu sei. – Eu a ouvi sussurrar.

— Precisamos ir embora. Arranjar alguma maneira.

Ela abriu os olhos. Sua pupila estava bem dilatada, e seu rosto muito corado. Ela ainda tinha sérias dificuldade para respirar, parecia fazer ainda mais esforço agora.

—Não adianta. O destino sempre irá tentar fazer com que estejamos próximos.  Não existe uma maneira de eu me livrar dessa sina. A menos que um de nós esteja morto. Ele é uma parte de mim, e eu sou uma parte dele.

 Ela parecia outra pessoa enquanto dizia essas palavras.

— Não! – Eu gritei. – Você é você!  Muito diferente daquele babaca homicida. Você pode ter o pavio curto, mas pelo menos tenta se controlar, ser justa.  Você tem muito mais moral que ele. Não se compare. Nunca ache que é parecida com ele.

Ela parecia surpresa.

— Eu  nunca minto. Acredite em mim. Você é muito melhor que ele. Sempre foi.

Ela tentou se levantar.

— Ela me disse que eu ainda não estava pronta, que precisava treinar mais. Só que não temos tempo.Nunca tivemos. Eu estou com medo. Sempre estive, mas..

Ela se ajoelha.

— Eu vou tentar, eu juro que eu vou. Não posso deixar ele fazer tudo o que quer. Eu estou cansada de fugir.

Suas palavras, fizeram com que aquele sentimento que vinha crescendo se sobrepor ao medo.

— Nós vamos. Eu não sairei de perto de você. Mesmo que minha vida termine hoje.

Ela sorriu. Um tipo de energia passou por todo o meu corpo. Era um calor agradável. Eu sabia que isso era coragem .


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