Ode aos desafortunados escrita por Angelina Dourado


Capítulo 34
O Sangue e o Aviso


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoal! Estou bem feliz em estar conseguindo postar os capítulos com certa frequência, e mais feliz ainda ao ver que mais gente começou a acompanhar e também comentar aqui! Isso ajuda muito a história, obrigada ♥
Espero que gostem do capítulo, boa leitura!



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Friedrich não imaginava que tão logo compreenderia a urgência de Loki estar sempre com os pés na estrada. Ele sempre havia sido um grande adepto a permanecer com a mesma rotina, afinal, esta era uma das grandes características de um bom monge. Mas depois daquele ano repleto de caminhadas, improvisos e até mesmo fugas, ele começava a sentir também um pouco da mesma necessidade de estar sempre em movimento.

Acreditava que era por que nenhum dos dois conseguia se encaixar direito dentro das normas, e isso ia muito além da relação clandestina que levavam, ou tudo o mais pelo qual eram perseguidos, fosse doença ou paganismo. Eles desafiavam as regras, impunham-se com suas próprias ideias e seguiam a vida no ritmo que eles mesmos decidiam. Loki não continha-se mais dentro dos muros de um feudo, enquanto Friedrich descobriu que não seria mais capaz de permanecer enclausurado em um mosteiro para sempre. A liberdade do mundo lhe abriu os olhos de uma forma que jamais conseguiria voltar a ser o mesmo homem de antes e, se um dia acreditou nisso, agora via que isso não era algo necessariamente ruim, mas inspirador.

Despediram-se do grupo de médicos de Saint Benedictus quando perceberam que as feridas deixadas pela peste começavam por fim a se cicatrizarem depois de tanto esforço. Por mais doloroso que aquele trabalho tenha sido, foi gratificante verem que havia valido de alguma ajuda. Mesmo que a peste ainda rondasse o lugar como um lobo cerca um rebanho, os doentes diminuíam a cada dia, e aos poucos as cruzes vermelhas eram lavadas das portas com as famílias podendo retornar a viver quase de forma ordinária como antes. Podiam não compreender por completo a forma que a doença encontrava seus enfermos, mas usando a lógica de separar os doentes dos sãos e livrando-se dos corpos, a melhora foi notável.

Foi uma partida difícil, como sempre o era quando apegavam-se as pessoas e ao lugar da qual haviam sido acolhidos, mas precisavam seguir o chamado que o restante do mundo clamava em suas almas, de todos os lugares que ainda podiam descobrir e das pessoas que poderiam conhecer. Que assim pudessem ao menos levar tal iniciativa para qualquer outro lugar que precisasse. Batalhariam contra a peste ao invés de continuarem a fugindo dela.

Paris tornava-se cada vez mais próxima com o andar de seus passos. E de todas as histórias e dizeres quanto à grandiosa cidade, sequer imaginavam que poderiam sentir sua importância ainda antes de sequer verem suas muralhas, com seus longos campos tomados de moinhos. Mesmo com o país em desgraça, a estrada tão bem delimitada os levava com uma facilidade que parecia até mesmo irreal para eles que já haviam tanto se enfiado nos mais densos bosques. Haviam tantas pessoas, carruagens e carroças puxadas por bois e trupes de cavalos a irem e virem, que os encantava da mesma forma que uma criança vendo uma procissão pela primeira vez. Em certa situação, chegaram a parar a caminhada somente para admirar a aparição de um brasão da cidade no meio do caminho, tremulando ao vento em vermelho e azul, com o navio tão bem bordado e as flores de lis á sinalizarem que muito em breve qualquer transeunte estaria em seus domínios, anunciando seu ‘’Fluctuat nec mergitur’’ numa arrogância de quem conhece a própria importância.

Mas até lá, a caminhada persistia, com ambos torcendo para não encontrarem muitos pedágios a serem pagos. Eis a dolorosa sina das grandes cidades!

— Estou verdadeiramente impressionado com tua escrita Loki. Não apenas dominou as letras de forma pródiga, mas aprendeu a tomar notas quase com a beleza de um poeta.  – Friedrich elogiou, sentado na grama enquanto descansavam naquele final de tarde, lendo impressionado e orgulhoso com as notas tomadas pelo parceiro sobre a praga que tentavam compreender. Tirando alguns erros gramaticais aqui e ali, facilmente corrigidos raspando as letras com uma ponta de faca e escrevendo de novo, ele acreditava que Loki poderia ser um bom escritor.

— Que você disse?! – Loki indagou afobado saindo de trás de arbustos aos tropiques e erguendo os calções, não tendo ouvido direito daquela distância.

— Encantador... – Friedrich murmurou com um revirar de olhos, tentando entender como por vezes o parceiro podia ser Ivar O Desossado e Carlos Magno no mesmo corpo. – Estava a elogiar tua escrita!

— Ah, obrigado! – Disse orgulhoso de si, arrumando a túnica e se aproximando do alquimista, repousando ao seu lado e apontando para os papéis. – Percebe que até arrisquei desenhar as letras da mesma forma formosa que fazes?

— Claro que sim, admiro tua persistência. – Friedrich acariciou com ternura os cabelos e o rosto do druida, que não demorou a aproximar-se ainda mais feito um gato a ronronar por afago.

— Não diria que foi persistência, foi mais como distração para a falta disso. – Loki declarou abraçando sua cintura e puxando Friedrich mais para si, enchendo seu rosto de ósculos a estremecerem a pele do amante que não pode conter alguns risos de prazer e surpresa.

— Como um ermitão feito você se tornou tão apegado? – Indagou afagando os cabelos de fogo e encostando suas frontes para admirar cada detalhe das íris esverdeadas de Loki.

 – E como não me tornar com tal beleza encantadora a me tentar? – Retrucou de forma galante, sentindo o companheiro anuir-se em seus braços por embaraço como havia previsto, aproveitando para provar ainda mais de sua pele, não se dando o cuidado de não marcá-lo, pois no fundo até desejava deixa-lo como um pergaminho marcado com cera e selo em seu nome. – Por vezes me pergunto como sou capaz de me conter por tanto tempo o tendo tão próximo.

Com isso pegou com delicadeza seu queixo, virando o rosto do amado em sua direção e o beijando com ardor, matando a fome e a saudade que tinham pelo corpo um do outro, permanecendo com o decoro de uma relação que ainda não se tornara inteiramente íntima, mas de toda forma se deleitando entre aqueles toques breves. Deuses, Loki pensava, Que será de mim se o tiver por inteiro? Enlouquecerei.

— Ás vezes duvido que não sejas realmente um bruxo. – Friedrich disse entre a falta de fôlego, com um sorriso envolvente que fisgava a base da espinha de Loki. – Um que tenha plantado um feitiço em mim para eu acabar me apaixonando tanto por ti.

Friedrich selou seus lábios brevemente, afastando-se apenas o bastante para poder falar olhando fixamente para as esmeraldas, acariciando sua face como faria com o mais valioso dos tesouros.

— Aposto que ele está em teus olhos.

Já enlouqueci.

Acabaram por se deitarem na própria grama, descansando os corpos exaustos e aproveitando de perto a companhia um do outro. Conversavam calmamente, seja contando histórias pelo qual passaram ou ouviram falar, fazendo graça, ou simplesmente fitando-se em um silêncio que não era desconfortável a eles mas sim afetuoso.

E por um bom tempo permaneceram em tal morosidade, se dois olhos sempre tão atentos não tivessem notado os filetes de fumaça pelo céu, não volumosos como de um incêndio ou queimada, mas finos iguais os de chaminés.

— Loki. – Chamou intrigado e se erguendo em seus cotovelos, chamando a atenção do ruivo que quase cochilava. – Acho que há uma vila por perto.

O druida logo se colocou em pé, observando os mesmos filetes cinzentos que o parceiro.

— Que demos uma olhada então. – Loki declarou, andando até um salgueiro e se pondo a escalar seus galhos, percorrendo os espaços quase sem folhas devido ao inverno e que espinhavam sua pele durante a subida. Ao chegar quase ao topo, pode ver ao longe numa distância de um pouco mais que um quarto de hora o cenário típico das muralhas e torres de feudo. Constatando isso, olhou novamente para baixo onde a figura esguia de Friedrich o esperava pacientemente, com um leve franzir de seu cenho por preocupação ao ver Loki tão no alto. – É realmente uma vila!

— Acha que conseguimos chegar antes de anoitecer? – Indagou, batendo sutilmente os pés de nervosismo. – Não fique tão acima desse jeito!

— Talvez, se apressarmos o passo! – Exclamou, tentando pescar qualquer outro sinal a mais que sua fraca visão de homem era capaz de distinguir naquela distância. Quando começou sua descida, uma de suas mãos resvalou no tronco, desequilibrando-o por um momento que pareceu parar uma batida de seu peito pelo susto, com o parceiro lá embaixo soltando um arquejo apavorado. Felizmente, logo Loki conseguiu apoiar-se em um galho e impedir uma queda. – Eu estou bem!

Friedrich fez o sinal da cruz.

Loki notou que algo prendera-se em sua mão, e dando uma olhada, constatou que se tratava de um líquen a tomar a árvore, pintando-a parcialmente de vermelho, ficando levemente desprendido devido a mão do homem a retirá-lo sem intenção. Sua palma por consequência pintou-se daquele rubro, que se misturava com as feridas raladas a escorrerem um pouco do sangue de mesma cor. Intrigado, ele olhou para a floresta.

As árvores não possuíam olhos, mas Loki sentia que elas olhavam para ele com o fundo de suas almas dormentes. Havia apreensão em seus dizeres, um pedido de cautela era trazido pelo vento a balançar seus galhos.

Haverá morte era o que elas avisavam.

Atordoado, Loki fechou a mão ferida, começando a descer com cuidado enquanto tentava digerir o que havia se passado.

— Seu tolo inconsequente! – Friedrich falou irado e compadecido ao mesmo tempo. – Não precisava ir tão alto! Deixe-me ver isso.

Pegou sua palma ferida, a princípio se assustando com a cor, mas dando um suspiro de alívio ao perceber que não era sangue.

— Apenas musgo... Menos mal, mas pensa se tivesse caído! – Disse inconformado, mas logo percebendo o olhar atônito do druida, se apiedando ao imaginar o provável pavor que deve ter sido a ele. – Está tudo bem querido, apenas não faça uma loucura dessas novamente.

— Sim, claro. – Respondeu um tanto distraído, visto que seus pensamentos pareciam ter ficado lá em cima junto com as árvores. Piscou os olhos com força, tentando retomar um pouco do foco, olhando para Friedrich com uma seriedade que parecia muito mais anciã e sábia que seu corpo mortal. – Creio que seja melhor permanecermos por aqui mesmo, Freddie.

— Por quê? – Indagou confuso, percebendo que aquela aura mística e exótica tomava o olhar dele, parecendo o bruxo que por vezes incorporava os seus olhos de cobra. Friedrich não compreendia exatamente o que era aquela energia que tomava Loki, e suspeitava que nem ele próprio nos seus conhecimentos obscuros era capaz de dizer com certeza, apenas que estava ali.

— Intuição. – Respondeu simplesmente, achando mais sensato do que falar ‘’As árvores me disseram. ‘’ Quiçá não passasse disso mesmo, mas fosse aquilo um instinto apurado ou a natureza falando consigo, Loki não queria arriscar saber se estava certo.

***

A enxada revolveu a terra mais uma vez, mas ele não a ergueu novamente. Deixou-a afundada na terra, já quase escurecida pela noite que começava a aparecer. Quase todos os lavradores já haviam deixado seus postos, guardado as ferramentas e retornado para suas casas, mas o garoto permanecia ali, encarando todo o feixe de terra que precisava ainda capinar, mas que não conseguira trabalhar nem metade do que deveria ter feito. Estava fraco demais, cada passo lhe era um tormento e não duvidava que talvez a enxada fosse mais pesada que ele. Havia tropeçado e caído tantas vezes aquele dia que os joelhos estavam sujos, com a visão escurecendo e rodando cada vez mais.

Qual era o seu nome mesmo? Achava que era Crepin, mas já fazia tanto tempo desde que alguém o havia chamado pelo nome que por vezes se perguntava se não havia dado um para si quando se esqueceu do de batizo. Contudo, realmente não sabia dizer com certeza há quanto tempo estava vivo, visto que a passagem dos anos sempre pareceram tão triviais a ele. Já se sentia velho demais para ser um mancebo, mas seu corpo era tão pequeno que não tinha como ser homem feito, porém poderia ser apenas a falta de carne em seus ossos. A fome já era tanta que chegou a pensar se não teria já devorado as próprias entranhas, pois só sentia-se cada vez mais vazio e corroído por dentro.

Naquele instante, se deu conta que não conseguiria mais continuar. Caiu no chão, tombando como um saco, não sendo capaz nem de poupar a própria queda com as mãos, caindo de joelhos e logo então com o rosto a deslizar pela terra, deixando-se repousar como se na mais macia das plumas.

A visão já não passava de um mero borrão, mas de forma parca pode distinguir dezenas de tochas ao longe, passeando como anjos no céu, iluminando a noite com suas brasas dançando no ar, sendo estas as últimas luzes que veria na vida.

Há fogo, mas não é dia de procissão. Pensou levemente encantado nos seus últimos suspiros.

Pensava que teria medo da morte quando ela chegasse, mas acabou abraçando-a como uma mãe e sentindo-se em paz conforme deixava de sentir o corpo exaurido e lentamente sua mente e alma era posta para descansar. Deixou o mundo da mesma forma que havia vindo. Sozinho.

Ninguém o viu morrer, pois apenas seguiam a procissão silenciosa em direção ao manso senhorial. Contudo, não havia nenhum padre a rezar.

Aquele não era um dia comum.

Há tempos os homens jovens e fortes foram tirados de suas famílias para morrerem na guerra, aumentando os custos das terras por sua falta nos trabalhos do dia a dia e consequentemente os impostos. A colheita havia sido fraca, doente e parca, pouca para venda e também a estocagem, com os grãos não sendo o bastante para aquele inverno que fora especialmente cruel. A fome chegou com o fim das sacas, os impostos aumentaram ainda mais com os maus negócios e a peste ao ouvir o chamado do desespero apareceu para completar a desgraça daquele povo.

 Então começaram os saques, a violência, os animais sendo mortos um por um para alimentar as bocas famintas, fossem eles roubados na calada da noite, ou abatidos ainda antes de completar o tempo da engorda. Mas quando os porcos, aves e vacas se foram, os ratos e sapos tiveram de ser devorados. Contudo, por mais abundantes que as pragas fossem, elas não podiam sustentar o corpo necessitado de um camponês a trabalhar na neve.

A lenha foi cortada dos primeiros que não puderam pagar suas dívidas, dessa forma, o frio levou embora as crianças, os velhos e os doentes. As dívidas da propriedade se acumulavam e para conseguir manter a condição do castelo o lorde vendeu os melhores cavalos e mandou abater os doentes e magros para dar de comer ao povo, pensando que dessa forma conseguiria conter aquela crise por mais um tempo. Contudo, na semana seguinte quando o tabelião foi coletar os impostos, acabou sendo enforcado pelos endividados raivosos, com os soldados sofrendo para conseguirem conter o tumulto e prender os responsáveis.

Os assassinos foram decapitados na frente de todos, e demais rebeldes receberam uma ida às masmorras e uns dias no pelourinho, servindo assim de exemplo aos outros que tentassem se revoltar novamente, mas recompensando os servos leais com uns punhados de farinha a mais e confiscando o pouco que os rebeldes possuíam como penitência. Isso deveria contê-los, era o que os senhores feudais diziam para si, afinal, tal estratégia costumava segurar as pontas até os ânimos se acalmarem.

Mas algo havia mudado. A exaustão e dor daquele povo havia atingido um limite desconhecido por todos até então. Pois por quanto tempo mais teriam que suportar aquela vida de servidão cega, sofrendo no gelo e na míngua enquanto suas choupanas eram barradas pelos muros do castelo a permanecer intocado naquele cenário triste e pobre? Esperariam sempre pelos mortos caindo na terra com a mesma frequência das folhas a caírem das árvores no outono? Por que precisavam esperar tanto pela sorte de uma boa colheita, quando o senhor que dizia protegê-los continuava a cobrar pelo que não tinham? Já havia tirado seus filhos, seu pão e sua dignidade, e agora eles começavam a dar-se conta que haviam oferecido muito mais que os braços para o trabalho. Não poderiam mais aceitar migalhas para compensar tantas perdas.

Por isso, algo mais além da tristeza e desespero da fome e da doença começou a tomar seus espíritos. Passaram a sentir o rancor e a revolta, mistos de uma raiva quase animalesca derivada daqueles tempos que tornava o mais bem quisto dos homens a se comportar como um lobo selvagem a lutar pela própria sobrevivência. Mas o que é que se esperaria ganhar de um homem tratado feito bicho além de mordidas?

Quando atearam fogo nos celeiros e no moinho, pouco se importaram com a integridade de seus próprios corpos. Já estavam feridos demais, era a vez deles de trazerem o caos ao invés de apenas recebê-lo. Por mais bem armados que os soldados fossem, acabaram se tornando uma minoria contra o povo que se empunha com cutelos, foices, machados e martelos. Enquanto suas lanças e espadas empalavam dois, outros cinco atacavam e entravam pelas frestas das muralhas com tochas acesas para atearem mais fogo ao feno.

As mulheres, criados e crianças do castelo corriam e gritavam de desespero com os rebeldes a invadirem o lugar com seus pés imundos e olhares selvagens e furiosos. O padre foi acertado na cabeça com um castiçal de ouro, os pajens trancados aos choros nas masmorras e os escudeiros mortos e com as espadas confiscadas, usadas para matar os conselheiros do lorde e lutar contra a infantaria que antes os protegiam. Os cavaleiros tentaram lutar contra a rebelião durante toda a noite, mas perto do amanhecer eles alcançaram os aposentos principais do lorde e de sua família. Por mais que implorassem por suas vidas e a de seus filhos, nenhum pescoço foi poupado.

Com as lanças dos cavaleiros mortos, empalaram os corpos dos nobres e deixaram nas ameias para que todos vissem, sangrando de forma lenta e contínua enquanto os gritos de fúria tomavam toda a fortaleza. A cabeça do herdeiro foi arrancada, sendo chutada de um lado para o outro com escárnio.

No brasão da família, agora se escorria sangue e esterco jogado em sua afronta. Depois de todo saque, o fogo foi o último visitante dentro daqueles muros, junto a todo sangue do vil ao inocente que banhou aquelas terras.

No dia seguinte, ao avistar de longe o tanto de fumaça a tomar conta da propriedade, Friedrich sentiu a necessidade de observar por alguns instantes o incêndio, atordoado com a visão por mais sereno que estivesse seu semblante.

— Você estava certo. – Comentou, chamando a atenção de Loki que junto dele também parou a caminhada, olhando para o mesmo ponto fumegante ao longe. – Ou sua intuição, no caso.

— Ela sempre sabe quando há fogo. – Declarou simplesmente, seguindo seus passos com um ar de quase desinteresse, não demorando a ser seguido pelo companheiro. Prosseguindo assim quase que completamente alheios com o que acontecera, não imaginando estarem diante dos dias e anos que precederiam o fim da Idade Média.


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Notas finais do capítulo

*Fluctuat nec mergitur: ''É sacudida pelas ondas mas não afunda'', lema da cidade de Paris.
Muitos foram os fatores que levaram o fim da Idade Média, mas sua queda pode começar a ser observada no século em que Ode se passa, XIV, visto que não foi um período exatamente favorável. Guerras, a chegada da peste e terríveis colheitas a causarem grandes fomes, foram fatores importantes para determinar o fim desse período da história. As revoltas populares foram muito constantes e frequentes durante esse período, onde por vezes os nobres conseguiam acordos com o povo, outras acabavam conseguindo deter a revolta, e ás vezes... O pessoal colocava tudo abaixo mesmo.
Como sempre, comentem o que acharam e nos vemos no próximo capítulo! ♥



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