Girls like Girls escrita por victor hugo


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem :3



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Garotos são idiotas.

E é isso.

Nada de novo.

Ah, sim. Certamente, essa não é uma novidade para você, mas, apesar de tudo, é provável que o seja para Letícia. Afinal, é por isso que ela está ali naquele momento, não é? Ainda mais daquele jeito, abraçada contra o próprio corpo, fungando e com o olhar ao mesmo tenso e distante que apenas aqueles que já passaram por situações difíceis têm.

E talvez seja por isso que, quando Camila enfim abre a porta – e, apesar de serem apenas uns cinco ou seis segundos depois da primeira batida, parece ser uma eternidade –, ela não consegue fazer nada além de a encarar. Na verdade, é isso que ambas conseguem fazer. Olhar uma para a outra, apenas.

Só depois de muito tempo é que uma delas realmente consegue abrir a boca.

— Você... Está bem? – é Camila quem pergunta.

— Estou – Letícia diz, mas, apesar de suas palavras, sua voz sai muito mais baixa que o normal.

— Você não devia estar com o Felipe agora?

A hesitação de Letícia é suficiente como resposta. Em menos de um segundo, e mesmo sem querer, os braços de Camila se veem cruzados e todo o seu corpo já está tenso. As suas sobrancelhas estão tão próximas que quase poderiam passar por uma monocelha.

— O que foi que ele fez?

Mais uma vez, a resposta demora a chegar. E isso apenas contribui para que a tensão entre os ombros de Camila cresça. Letícia não é o tipo de pessoa que demora para responder. Muito pelo contrário.

— Nós.. Nós terminamos.

Camila pisca algumas vezes, como se isso fosse ajudá-la com a possibilidade de não ter escutado direito, mas, claro, isso não muda nada, porque Letícia realmente disse aquelas palavras. E, bem... Como Camila deveria reagir a isso?

— O que foi que ele fez?

— Nós brigamos. E foi isso.

— Letícia...

— Ele estava sendo um idiota. Está tudo bem.

Camila levanta uma das sobrancelhas.

— Você não parece bem. Muito longe disso.

Os lábios de Letícia se contraem por um instante antes de ela dizer algo. Camila não consegue evitar perceber a forma como a linha de seu batom vermelho – ah, Deus, por que tinha que ser um batom vermelho? – se desfaz, imperfeita, quando ela faz isso. Camila precisa resistir ao impulso de retocá-lo.

— Eu estou bem.

— Não tem problema você não estar bem.

— Não me diga como eu devo me sentir – Letícia retruca.

Dessa vez, é Camila quem fica em silêncio por um momento.

— Eu só achei que podia passar um tempo aqui.

— Aqui? Na minha casa?

— Você não está ocupada, está? – a ligeira quebra no brilho do olhar de Letícia é suficiente para fazer com que Camila negue com um movimento entusiasmado, talvez entusiasmado até demais, da cabeça.

Mas a verdade é que, ainda que pareça surpresa com a sugestão, não é como se elas já não tivessem passado a noite na casa uma da outra desde que se conheceram, experimentando as roupas do guarda-roupa ou arrumando as unhas uma das outras. Não é como se já não tivessem se visto chorando por qualquer motivo que fosse... Mas se bem que, bem, as coisas com Felipe sempre pareceram mais sérias do que com qualquer outro, não é?

Camila sempre se preocupou com ele. Não, não com ele, mas com o que ele poderia fazer com Letícia. Saber que suas preocupações estavam certas é... Agridoce.

Também é agridoce ver Letícia se aconchegando no seu sofá, encolhida contra o edredom fino. Camila está encolhida ao seu lado, mas tem medo de fazer qualquer movimento brusco. Há algo de frágil em Letícia quando ela faz isso, quase como se pudesse se quebrar a qualquer instante.

— Você... hum... precisa de mais alguma coisa?

Letícia franze o nariz.

— Não pareça assim tão preocupada. É estranho.

— Ei! Mas eu estou preocupada!

— Não deveria. É melhor assim. Você mesma sempre disse que ele era um idiota.

— Bem... Sim. Mas...

— Eu disse para mim mesma que deveriam existir limites. E ele nem mesmo se importou com isso.

— Letícia...

— Eu deveria ter te ouvido antes.

— Você sempre disse que eu estava mandando energias negativas pra vocês – Camila diz, mesmo sem saber muito bem o porquê de estar insistindo tanto nisso. Talvez, ela precisa admitir para si mesma, haja um certo prazer em saber que ela estava certa sobre Felipe.

Letícia revira os olhos, mas, apesar do gesto, ela não parece realmente irritada.

— Por que é que garotos têm que ser tão babacas, hein?

Agora, Camila não sabe o que responder. Garotos, afinal, nunca despertaram muito do seu interesse, então o que mais ela poderia dizer? Que nenhum garoto entendia que Letícia, definitivamente, seria a melhor coisa que poderiam agregar em suas vidas? Dizer isso não soaria apenas piegas, mas extremamente estúpido.

— Mas, você sabe de uma coisa? A gente não deveria precisar de garotos – para a surpresa de Camila, essas palavras saem dos lábios de Letícia – Será que dá para apenas apertar um botão e parar de gostar tanto deles?

Camila volta a levantar uma das sobrancelhas.

— Eu acho que não é assim que funciona.

Letícia bufa exageradamente, como se apenas naquele momento tivesse descoberto aquilo.

— Seria mais fácil, não seria?

— Sobrariam umas cinco mulheres héteros no mundo se isso fosse possível – Camila brinca.

— Eu não posso discordar da sua lógica.

Há uma espécie de sorrisinho no rosto de Letícia enquanto ela diz isso, Camila percebe. Ela não consegue evitar sorrir também.

— Eu sempre digo a coisa certa, não digo? – Camila provoca.

— Você sempre diz o que eu preciso no momento.

— Talvez esse seja um superpoder meu, o que acha?

— Bem... Eu não acho que funcione assim.

Mais uma vez, as duas estão sorrindo.

E, nesse momento, Camila sente que não há nada de mais importante que isso.

Nada mais importante que o sorriso de Letícia.

Nada mais importante que as duas, juntas, sendo tudo o que ambas precisam.

Como se as duas, juntas, fossem a coisa mais importante em todo o universo.

Mas, bem, para Camila, talvez realmente seja.


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Notas finais do capítulo

E então, o que acharam? :D



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